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Ide

versão impressa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) vol.38 no.60 São Paulo jul./dez. 2015

 

EM PAUTA | SEGREDO

 

A autobiografia de Wilfred Bion: o segredo como fonte de si mesmo

 

The autobiography of Wilfred Bion: the secret as a source of the self

 

 

Anne Lise S. Silveira Scappaticci

Membro efetivo e professor da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Psicanalista infantil, Tavistock Clinick (Roma), Psicoterapia Familiare, Scuola Romana di Terapia Familiare, Psicologa Clinica La sapienzadi Roma. Doutora em Saúde Mental, Departamento de Psiquiatria da UNIFESP-EPM

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora apresenta trechos da primeira parte da Autobiografia de Wilfred Bion, fazendo conexões com outros autores, com o propósito de ilustrar a necessidade de conhecer e, também, de permanecermos numa área de desconhecimento, o segredo. A busca é pela expressividade e não por justificar-se a priori por meio do entendimento da obra. O psicanalista, assim como o poeta, arrisca, e tenta não resolver o conflito. Entretanto, a mente humana oscila sempre, sendo necessária no processo epistemológico de cada um para conhecer/desconhecer.

Palavras-chave: Biografia. Poema. Experiência emocional. Desconhecido.


SUMMARY

The author presents excerpts from the first part Wilfred Bion's Autobiography making connections with other authors in order to illustrate the need to know and also to remain in unawareness realm, the secret. The search is for expressiveness and not by justify oneself a priori through the search of understanding.

Keywords: Biography. Poem. Emotional experience. Unknown.


 

 

Nisi dominus frustra1

Se o Senhor não constrói a casa,
Os construtores trabalham em vão
Se o senhor não cuida da cidade,
De nada adianta a vigília dos guardas

(Bíblia Sagrada, Salmo 127)

No final de sua vida, Wilfred Bion busca uma linguagem que alcance uma descrição mais próxima da experiência do menino, de sua infância marcada por suas primeiras-últimas impressões/ intuições sobre si mesmo e seu grupo. Com frequência, o autor cunha palavras, utiliza termos antigos, salmos, hinos, patrimônio de todos, algo da sua/nossa infância, repertório conhecido para introduzir o desconhecido, um manejo cuidadoso, de cada expressão, de modo não usual e surpreendente.

Contudo, a expressão da condição humana que vai surgindo, ganhando corporeidade, é sempre efêmera... Registro dessa passagem pela vida, ela permanece no psíquico de maneira profunda, uma Evidência de nós mesmos.

Estas impressões aparecem como uma apreensão pura e singela da realidade, um salto para o futuro que soa como uma "pré-visão", uma intuição de nossa própria personalidade. Levar a sério nossas impressões e intuições nos coloca diante da incerta condição humana, o contato possível e mais próximo com nós mesmos.

O infante e o infinito (2015), um dos textos apresentados por Meg Williams no Brasil, enfatiza o vínculo de Fé (Bion, 1970) cuja função é negociar nossa relação com o desconhecido - a futura forma da personalidade. Esse vínculo entra em jogo quando a mente está no limiar de uma ampliação da visão, que é acompanhada por uma reviravolta nas crenças estabelecidas. Se a postura de fé diante do desconhecido preponderar, a pessoa poderá tornar-se cada vez mais aberta à realidade de si mesma e de seu entorno. Nesse sentido, ao contrário da crença comum, ao introduzir a experiência estética, o segredo, no qual beleza e conhecimento verdadeiro se acomunam, a psicanálise e a arte promovem a capacidade objetiva do sujeito.

Love, hate, dread are sharpened to a point where the participating pair feel them to be almost unbearable: it is the price that has to be paid for the transformation of an activity that is about psychoanalysis to one that is psychoanalysis. (Bion, 1970, p. 66)2

 

O Self como um poema

Christopher Bollas escreveu sobre a importante contribuição psíquica inerente à busca de integração e de contato entre a cultura do Ocidente e a tradição oriental, China on the mind (2013). O autor discorre sobre The book of songs (Shi Jing), que inicia com uma homenagem aos reis e à elite da China, mas que nos últimos dois terços do texto celebra as agruras, tribulações e realizações do homem comum. Reunido ao longo dos séculos, o livro foi compilado em sua maior parte pelo monarca dominante, que iria enviar escribas às aldeias para gravar as canções, hinos e poemas de trabalhadores comuns. Dessa forma, a alma de um povo foi integrada em um documento que se tornou um texto fundamental para a China e para a estrutura do pensamento, da mente oriental. O valioso segredo que passou de geração a geração.

Esta obra forneceu uma compreensão do papel da poesia na relação do Self (si mesmo) e do grupo, e da sacralidade do poema como a casa do Self - um Self que, caso contrário, apareceria regulamentado como parte de uma vontade (desejo) do coletivo/grupo [...].

Como David Hinton escreve: É a poesia secular com voz direta e pessoal da experiência imediata e concreta falando, e é uma poesia que funciona como uma janela para a vida interior de uma pessoa. (Bollas, 2013, p. 27 - tradução e grifos nossos)

O autor complementa que, de maneira intrigante, embora esses poemas tenham se tornado cânones compartilhados por todos, eles eram governados pela ambiguidade inerente de seus personagens. Cada pessoa poderia ler o poema de uma maneira altamente individual: o Self privado e o Self social entrecruzando-se por meio do efeito único da expressividade linguística chinesa.

 

O feto: o que viu, sentiu? intuição? e qual seria a sua linguagem?

Quando inicia o pensamento? Quando termina? Bion, em suas Memórias, escreveu:

Roland: Um feto pensa?

Médico: Seguramente chuta sua mãe lá de dentro. Poderia chamá-lo de um ato agressivo.

P.A.: Não consigo pensar em alguma verbalização que possa ser adequada para descrever os processos mentais de um recém-nascido ou de um feto. Teria necessidade de estender a esfera atualmente delineada pela palavra "mental" para adaptá-la de modo que pudesse incluir a atividade do feto.

Médico: O que diria dos elementos beta?

P.A.: Na medida em que propus os elementos beta como uma categoria não-mental, não teria objeção quanto a associar o chutar "fetal" como o de um elemento beta, o protótipo de um elemento onírico, um elemento transitivo que se torna uma formulação exprimível verbalmente: "agressão". Pensaria na atividade física fetal como um gerador de ideias, ou ainda "idéemère". (1998, p. 52)

...

Alice: um feto pode cometer um suicídio ou um homicídio?

PA.: Uma ideia embrionária pode matar a si mesma, ou pode ser morta e isto não é apenas uma metáfora. As metáforas podem ser usadas como fantasmas de ideias que esperam ser parturidas [...]. (Bion, 1977/1991, p. 201)

Assim, parafraseando Sócrates, o psicanalista seria um parteiro das ideias, que, para Platão, já estavam "lá"... Onde? Segredo...

 

 

Em busca de um novo idioma, o poeta tenta o entardecer. Crepúsculo

Através da aba na entrada da barraca o sol ao bater no chão vai drenando a cor da grama e tornando intensamente negro tudo para além do círculo de luz. Luz intensa; negro intenso; nada no meio; nenhuma penumbra. Sol severo e silêncio; noite negra e barulho violento. Coaxar dos sapos, pássaros martelando caixas de lata, sinos que tocam, gritando, berrando, urrando, tossindo, gritando, zombando. Naquela noite, aquele é o mundo real e o ruído real. (Bion, 1982, p. 18 - tradução nossa)

De maneira semelhante, Kandinsky tenta, por meio da forma, saltar à vista a luz interna do quadro: "Eu vi todas as minhas cores em espírito, diante de meus olhos. Selvagens, linhas quase loucas foram esboçadas na minha frente" (Wassily Kandinsky, 1917).

 


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India on the mind

A Autobiografia é um retrato da busca de apreensão do mundo que sustenta o desafio do Infante Bion em tolerar seu paradoxo, o vínculo que sentia pelas duas culturas, sua mãe, a Aya, a tigresa. Bion, mais velho, segue o olhar da criança capaz de permanecer no gap dos vários vértices, ou seja, de sentir que seus vínculos não são melhores ou piores. Vedanã é a palavra em sânscrito e em pali traduzida como feeling ou sensation. Em geral, Vedanã se refere a sensações de prazer, desprazer ou, ainda, neutras, provocadas nos órgãos internos dos sentidos pelos objetos externos associados à consciência. Os sentidos são seis, de acordo com cada órgão perceptivo: olhos, nariz, ouvido, língua, corpo e mente. No budismo, o desejo ardente de apego ao Vedanã leva ao sofrimento, enquanto a sua consciência pode evitar o sofrimento desnecessário.

 

Haiku

A cultura oriental parece desinvestir no poder absoluto das palavras, colocando-as como pinturas que recebem e acolhem o Self/si mesmo. Esse ato "celebra a dor, o sofrimento, e a transigência da vida de toda pessoa através de uma grande justaposição de objetos comuns. Cada poeta encontra uma maneira única ou uma forma na qual cria estas imagens" (Bollas, 2014, p. 33).

A autobiografia ou contando-se para si mesmo. O leitor permanece em suspenso na cesura confeccionada de imagens e sons, melodia, descrição psíquica, pintura, do entardecer na Índia. A Aya, a Índia, tudo surge como a canção do poeta: "Terra! Terra! Por mais distante, o errante navegante. Quem jamais te esqueceria?..." (Caetano Veloso).

Bion relata em suas lembranças que a família se reunia próxima ao órgão portátil em que a mãe tocava:

[...] hinos sobre a verde colina - tão verde comparada à Índia queimada e árida do dia apenas terminado - e sobre os seus muros em miniatura, encastrados de joias. (1982, p. 9)

E então surge algo como uma confabulação inquieta, uma conversa com seus próprios objetos internos...

Pobre pequena verde colina; por que não tem muros de cidade em seu entorno? Precisei de muito tempo para me dar conta de que o poeta infeliz queria dizer que a pequena colina não tinha muros de cidade, e ainda mais para me dar conta de que ele queria dizer - por quanto mais incrível pudesse parecer - que ela se encontrava fora dos muros da cidade.1 (Bion, 1982, p. 9, tradução nossa)

 

Mistério

Qual seria o segredo da pobre pequena verde colina tão invocada e evocada por Bion? O que queria dizer o pobre poeta? Quanto tempo seria preciso?

O autor se vale da vivência universal, quase que de um atributo sensorial da experiência imediata que guia a apreensão do mundo pela criança para trazer sua própria inquietação, curiosidade e desamparo. Muitas crianças se equivocam sobre o significado de without, que quer dizer seja "fora de", que "sem". Nessa pintura polifônica, o poeta traz a personificação da natureza, a verde colina que, como a pequena criança, precisa servir-se de uma pele (Bick, 1968), o que denominará posteriormente nesse livro de exoesqueleto, para não ficar submetida ao desamparo. Este seria um "espaço-pique-protegido" e seguro? Um espaço sagrado e misterioso? (Scappaticci, 2014).

Vivências pessoais quase que secretas parecem nos guiar intimamente. Entretanto, muitos poemas de nossas vidas são intensos demais ou penosos demais para serem lidos/vividos.

Abordei exaustivamente a questão e outras como: "o xarope dourado é mesmo feito de ouro?"- primeiramente com minha mãe, e em seguida também com meu pai, mas sem ficar satisfeito com nenhum dos dois. Concluí que, na verdade, minha mãe não entendia bem dessas coisas; apesar dela tentar de todos os modos, parecia tão desconcertada quanto eu. Com meu pai as coisas se complicavam ainda mais. Ele começava a explicar, mas parecia irritar-se quando eu não entendia a sua explicação. O clímax se deu quando repeti a minha pergunta sobre o xarope dourado pela "centésima vez". Ele ficou muito bravo. Puxa! Disse minha irmã em tom apreciativo. (Bion, 1982, p. 9 - tradução nossa)

A diferença de vértice entre o menino, cheio de perguntas - interessado em questões como no destino da Pity my Simply City, do tigre, entre outras "personificações de sua natureza psíquica", do pequeno Bion -, e seu pai, um engenheiro que construía ferrovias pela Índia, culminou no episódio da expedição de caça, The Big Game Shoot, dia do aniversário de Bion. Esta é uma encruzilhada, a tensão entre o indivíduo e seu stablishment, a criança e a sociedade, entre as culturas orientais e ocidentais. Esse episódio evoca o nascimento psíquico ou, ainda, com outras palavras que definem esse acontecimento, o encontro entre caça e caçador.

O nascimento, algo tão especial e ao mesmo tempo tão efêmero, surge em um modelo estético, num profundo pictograma emocional evocativo: a lembrança do acampamento rondado à noite pela fêmea do tigre que tinha sido morto. Em seu rugido, ela invocava seu réquiem. A vivência, logo no início da vida, é de algo maior de si mesmo (Self), de Terror e reverência... Ou, ainda, como dizia o poeta: "And life flows within you and without you" (George Harrison).

Nessa mesma ocasião, Bion ganhou um trem elétrico que, infelizmente, logo parou de funcionar, para a frustração sua e de seu pai. Sua Aya tinha ensinado ao portador como funcionavam os "terrenos-elétricos". Ocorreu então uma tentativa de curar o trem pelo método oriental, passando no mesmo a melhor manteiga e deixando-o ao sol.

Desta vez meu pai se virou e fugiu. Tive medo que ele iria chorar e, na verdade, ele deve ter ficado muito desapontado. (Bion, 1982, p. 17, tradução nossa)

O escritor/poeta, em sua abordagem, tenta uma descrição "visual" da emoção de sua experiência. Assim, nela, os estímulos sensoriais parecem estar mais próximos à experiência vivida. Trazem o frescor e a unicidade da emoção. Os objetos são relatados em sua concretude, são menos carregados de abstração. Giuseppe Civitarese (2011), questionando a atribuição de um status mais elevado aos elementos alfa em relação aos elementos beta, os coloca em correspondência, arriscando a hipótese de que os elementos beta seriam os contêineres para o primitivo da mente, seus vestígios, o território mental anterior à possibilidade do verbal, as "pré-concepções", as premonições, a mitologia do humano. Algo que pode ser aproximado talvez pela intuição... Como diante de um céu estrelado que transporta o observador, os elementos estão colocados lado a lado numa determinada conjunção. Seu efeito é uma narrativa que ganha expressividade potencializadora do impacto estético, no qual cada indivíduo poderá encontrar a si mesmo, sua própria versão: a descoberta de seu "Self dentro do poema" (Bollas, 2013).

A experiência emocional atinge uma condição de expressão, de figurabilidade, expande o continente psíquico. Nesse contexto/continente, a obra de arte, ou mesmo a ideia surgida durante a sessão de análise (Fato selecionado, Bion, 1962), surge como possibilidade de o participante "[...] visualizar a projeção de um sentimento individual no interior de um objeto que contêm, por sua vez, o sentimento" (Bollas, 2013, p. 33).

Na autobiografia, portanto, a "verdade" em psicanálise está próxima da verdade poética e estética. Como no relato de um sonho, retrata um Pantheon de deuses, personagens, objetos parciais e não integrados, o funcionamento da mente é, no contemporâneo politeísmo e monoteísmo, palimpsesto. Bion está interessado na pré-história do humano e, portanto, sua abordagem é pelo mito, pelo onírico: "Orsu, soldado de Cristo"; "Se você está cansado, está fraco, está pego por amargos tormentos"; "Você é fraco?" (p. 52). Essas são formulações usadas para retratar estados mentais. Aparecem contemporaneamente descrições de estratégias de guerra para se livrar da culpa diante de um Superego severo e cruel, o grupo despersonificando o sujeito que permanece nele submerso. A ficção e seus personagens podem parecer mais reais ou intensos do que as pessoas da vida quotidiana...

Às vezes em meus sonhos pensava ouvir ArfArfer arfando. Era um rumor terrivelmente amedrontador. Uma vez vi os chacais sentados em um círculo enquanto um deles emitiu um "fiau". Era terrível. "Este é um ArfArfer", eu pensei.

ArfArfer era parente, mesmo que distante, de Jesus, que, por sua vez, estava implicado em nossos hinos: Jesus me ama, isto eu sei/ porque a bíblia me disse assim. (Bion, 1982, p. 13 – tradução nossa)

Arf-Arfer, o início do Pai-nosso, Our Father who are in Heaven, assim como ressoa ao ouvido infantil, (calembours) é a lembrança da poderosa risada dos adultos, personagem aparentado com Jesus, verbo de conotação sexual, "arfing", superego monstruoso que aparece de vez em quando... Intraduzível. A distância entre os vértices no indivíduo (intrapsíquico) e no grupo (interpesssoal) parece ser o pano de fundo desse romance autobiográfico. A natureza da psicanálise é ciência em evolução, assim como o desenvolvimento do próprio psicanalista. Assim, inevitavelmente, o conhecedor e o conhecimento se autoengendram.

Em outro trecho, o pequeno Bion visa uma discriminação diante do estranhamento: está chovendo lá fora e ele quer que o grupo da escola toque "Sol esplendente", "[...] sei que o meu redentor vive e no último dia estará em pé sobre a terra" (Bion, 1982, p. 41). Então, ele acrescenta, tentando trazê-lo mais para perto da vivência de alguém que descobre o descompasso entre dentro e fora de si mesmo: "[...] porque sei que o meu vingador vive e no último dia estará em pé sobre a minha tumba" (Bion, 1982, p. 48 - tradução nossa). Parece que o estilo militar da música serve como elemento organizador, numa tentativa desesperada de permanecer coeso e integrado.

Para Gaddini (1989), o enfoque estético ou o recurso à qualidade poética possibilita permanecer em contato com a mente adimensional que sustenta o paradoxo, expressão do pensamento subjetivo, de uma primeira experiência mental de si mesmo. Essa forma primitiva ou primeira do pensar, assim como a expressão poética e artística, está em íntima relação com o pensamento onírico e com o infantil.

Em seus textos autobiográficos (Autobiografia e os três volumes de Memória do futuro), Bion tenta uma linguagem expressiva do funcionamento mental multidimensional. A busca é pela expressividade e não por justificar-se a priori por meio do entendimento da obra, o que arriscaria à perda inelutável e incomensurável na concepção de causalidade ou de oposição e conflito. O psicanalista, como o poeta, busca disciplinadamente permanecer na tensão da cesura, manter o paradoxo e não resolver o conflito. Entretanto, a mente humana oscila sempre no vai e vem do pêndulo da apreensão pelo conhecido, na dialética da oposição entre seu oriente e seu ocidente ou pela dimensão do desconhecimento, o segredo. Essas dimensões são o cerne do humano e de seu método. Na busca do conhecimento, o desconhecimento sempre se apresenta. Segredo. Nisi dominus frustra...

 

REFERÊNCIAS

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Bion, W. R. (1962). Learning from experience. London: Heinemann.         [ Links ]

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______. (1977). The past presented. A memoir of the future (Vol.2). Rio de Janeiro: Imago.         [ Links ]

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______. (1991/1998/2007). Memoria del futuro - Il sogno, Presentarei l passato, L'albadell'oblio. Milano: Raffaello Cortina Editore.         [ Links ]

Bollas, C. (2013). China on the mind. New York: Routledge        [ Links ]

Scappaticci, A. L. S. (2014). A autobiografia de Wilfred Bion. Taming. Transitoriedade entre si mesmo e o grupo. Jornal de Psicanálise, 47 (87),123-141.         [ Links ]

Williams, M. (2015). The infant and the infinite - on psychoanalytic faith - Bion, Meltzer and Kierkegaard. Psychodynamic Practice: Individuals, Groups and Organisations, v.21 (2). Recuperado em: 01 de abril. 2015, de Taylor and Frances Online: http://www.tandfonline.com/doi/pdf/10.1080/14753634.2015.1016873#.VcIl6fNViko        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
ANNE LISE S. SILVEIRA SCAPPATICCI
Alameda dos Maracatins, 426 - cj. 102
04089-000 - São Paulo - SP
tel.: 11 99297-4799
annelisescappaticci@yahoo.it

Recebido 11.05.2015
Aceito 13.06.2015

 

 

1. Emblema da família de Bion com o qual ele inicia sua autobiografia, The long weekend 1897-1919. Part of a life.
2. "Essas características fundamentais - Amor, ódio e terror - ficam tão aguçadas a ponto do par poder senti-las como quase insuportáveis. É o preço que se paga por transformar uma atividade sobre psicanálise em uma atividade que é psicanálise" (Bion 1970, p. 76 - Sandler, trad., 2007).
3. O autor se refere a um hino que em inglês inicia-se com estes versos: "there is a green hill far away/ without a city wall/ Where our dear Lord was crucified? Who died to save us all".

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