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Ide

versão impressa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) vol.39 no.62 São Paulo ago./dez. 2016

 

CONTRAPONTO 2: TATUAGEM, MARCAS CORPORAIS

 

Tatuagens. A pele como tela de expressão cultural

 

The skin as screen for cultural expression

 

 

Luisa Elena AlvarezI; Lourdes Garcia CastroII; Clarisa LaskyIII

IMédica psiquiatra; psicanalista titular em função didática da Sociedade Psicanalítica de Caracas; professora de psiquiatria e clínica mental na pós-graduação da Universidade Central da Venezuela; professora titular do Instituto de Psicanálise da Sociedade Psicanalítica de Caracas; atualmente presidente da Sociedade Psicanalítica de Caracas (desde outubro de 2015)
IIPsicóloga, doutora em humanidades (filosofia da ciência) e psicanalista didática da Sociedade Psicanalítica do México (SPM)
IIIMestra em psicologia clínica, psicanalista didática da Ampiep (Associação Mexicana para a Prática, Investigação e Ensino da Psicanálise) e ex-diretora do instituto Sigmund Freud da Ampiep

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A pele é considerada como uma tela sobre a qual se projeta o material inconsciente que constitui o psíquico. Tentamos dar uma explicação ao fenômeno da tatuagem a partir de uma perspectiva cultural, como fenômeno de massa mais do que individual. A tatuagem é vista como um relato. A pele é a nova tela para fixar as experiências não metabolizadas, a nova "tela permanente". Como a parede das cavernas do homem primitivo, a pele é vista agora como tela de expressão cultural da humanidade.

Palavras-chave: Tatuagens. Pele. Expressão cultural.


SUMMARY

The proposal of this work is to consider the skin as a screen on which the unconscious material is projected. We try to explain the phenomenon of tattoo from a cultural perspective, more than as an individual mass phenomenon. The tattoo is seen as a story. The skin is the new canvas to set non metabolized experiences, the new "permanent screen". As the wall of the caves of primitive man, the skin is now seen as a canvas for cultural expression of humanity.

Keywords: Tattoo. Skin. Cultural expression.


 

 

O estudo dos sonhos permitiu a Freud expor sua teoria sobre o psiquismo. "A via régia ao inconsciente" possibilitou a explicação de uma série de fenômenos por meio dos quais se realiza a transformação e a integração entre o mundo sensível e o mundo interno do sujeito. Do mesmo modo que a análise dos sonhos nos permite essa observação, a análise da transformação da pele, expressão contemporânea da cultura popular, permite-nos transitar por outra via régia ao mundo interno do sujeito e observar estruturas e funções que conformam o psíquico.

A proposta é considerar a pele como tela sobre a qual se projeta o material inconsciente que constitui o psíquico, e as transformações contemporâneas da pele, em especial as tatuagens, como se fosse o material manifesto do sonho. Tentaremos, assim, dar uma explicação ao fenômeno da tatuagem a partir de uma perspectiva cultural, como fenômeno de massa, mais do que individual. Aceitamos o valor que cada experiência de tatuagem pode ter na história de cada indivíduo - paciente em particular-, mas tentamos analisá-la como um fenômeno de expressão generalizada que se popularizou em nossa cultura ocidental, tornando-se um elemento "de moda" entre a juventude.

Para termos uma ideia, segundo o CCEM (Centro de Cirurgia Especial do México), em 2006, nos EUA, 14% da população estava tatuada, sendo 36% da população entre 18 e 25 anos, e a porcentagem cresce até 40% entre a população de 25 e 40 anos. No México, no mesmo ano, os dados eram de 9,6% da população total.

Por meio da análise da expressão consciente da transformação na pele, é possível a análise do conteúdo inconsciente que a determina, supondo que sua representação na pele é produto dos mecanismos básicos do funcionamento psíquico, deslocamento e condensação (metonímia e metáfora respectivamente), que permitem a expressão do psiquismo inconsciente. A desestruturação desse material manifesto mediante a regressão dos processos supostos nos permite identificar tanto os elementos que estão se integrando no psiquismo como os mecanismos utilizados para sua elaboração.

As imagens estampadas sobre a pele representam o processo do pensamento: material que está se transformando psiquicamente e que constitui essa estrutura somática que é o sujeito. Elas são a representação do processo psíquico em desenvolvimento, da integração de conceitos e abstrações de sensações, ideias e pensamentos.

O Eu, antes de tudo, é um eu corporal, afirmava Freud em "O eu e o Id" (1923). É um Eu montado sobre um corpo, que vai se formando a partir de um encontro com outro sujeito que, por sua vez, carrega um eu. Sobre seu corpo vai delimitando, por meio de um encontro, a constituição subjetiva desse corpo desamparado. Um corpo/sujeito que entendemos como gerador de uma inscrição que dará forma a esse outro. E através desse encontro corpo a corpo se instaura uma dimensão subjetiva que os modifica.

A cultura se encontra inscrita nesse outro, no corpo que se aproxima do bebê desde o início. Uma cultura que indica como se deve fazer, um referente que dá códigos, modos, símbolos e significados a cada um desses gestos. Nesse sujeito que está se moldando, a cultura incide diretamente nesse eu corporal, que a princípio é um eu-pele (Anzieu, 1985), que contém, que permite que o mundo psíquico se forme, mas que ao mesmo tempo contém esse corpo que está inscrito no mundo da cultura. Uma cultura que define gêneros, desejos, modos de vinculação, que constitui uma marca que propomos e que se instala diretamente no corpo, em forma de impressões que não são sempre simbolizáveis.

O corpo da mulher ou do homem, de adulto ou de criança, define-se não somente pelo biológico, pelo genético ou pelo pensado por esse outro que forma a díade constitutiva, mas também a cultura produz uma marca nesse corpo que se encontra além do encontro intersubjetivo.

Na atualidade, a cultura, como elemento em que os referentes simbólicos se fazem presentes, encontra-se investida por um retorno do imaginário e do narcisista. Seu lugar como algo a mais que sustenta a repressão, a castração simbólica e que contém a atuação da violência, foi tomado por um discurso de que se pode tudo, no qual o narcisista, como sinônimo do didático, do completo, do não castrado, é possível. E não há melhor cenário para que isso se manifeste do que no corpo. Um corpo que na atualidade é vivido e pensado como um projeto, um corpo perfectível segundo os ideais de cada indivíduo.

Cirurgias, tatuagens e perfurações são somente algumas das maneiras de abordar o projeto de um mundo em que os ideais da cultura não implicam renúncia ou repressão, mas um corpo a ser utilizado como um comunicador de uma mensagem que se dá a outro, mas que fundamentalmente se dá a si mesmo, um corpo "identitário" que pode, como uma espécie de pele semelhante à argila ou tela, ser modificado de acordo com o desejo de quem o executa.

É por isso que vemos como o corpo se converteu em um cenário ideal para estampar diretamente o imaginário, sem que isso seja necessariamente tramitado pelo sujeito. É um corpo marcado na superfície, penetrado, rasgado, que se vale desse grande órgão receptor que é a pele para fazer uma história não simbolizada. É uma pele que se converte em memória, em relato que se leva.

A tatuagem dá conta da passagem da vida no sujeito, viabiliza a vivência e as experiências de maneira indelével, funciona como uma memória manifesta. A tatuagem é um relato. Levando em consideração as características do relato segundo Walter Benjamin (1936), a fonte do relato é a experiência, o relato é subjetivo. O rastro do narrador está constantemente presente.

Não se trata tanto de contar os fatos no relato, mas de contar a experiência dos fatos. O relato faz referência ao passado, narra o passado, recorda-o. Não há relato sem lembrança - o relato não necessita de novidade, não deixa de estar na moda.

Contudo, a tatuagem é um relato que se sustenta como um sistema monádico, como define Frank (1991), fechado sobre si mesmo, com a intenção de que a pele porte uma mensagem que ateste o perigo da intimidade, definida não somente como a intimidade em um vínculo com o outro, mas a intimidade consigo mesma. Visto que a intimidade significa renúncia e dor, essa mensagem se envia a outro, mas com a intenção de que não seja decodificada, que coisifique ela mesma e se converta em uma representante não de palavra, mas de coisa. Não representa necessariamente o intercâmbio simbólico com o outro, não há que se pensar, metabolizar, mas, sim, levar-se como um estandarte (baluarte talvez, como pensam os Baranger), formando parte de uma nova forma de identidade. Uma identidade sensorial, como a define

Konichekis (2000), em que a mesma se dá pelas experiências de apresentação que geram marcas de permanência e não por representação da ausência, da interiorização do objeto. Devemos nos perguntar: esse é um fenômeno que se refere necessariamente a modos de funcionamento mais primitivos ou se refere a novas formas de funcionamento psíquico de nosso tempo, de nossa cultura? Então não estamos diante de uma moda, mas diante de novas propostas, de produtos desses novos paradigmas?

No ensaio "O narrador" (1936), Benjamin relaciona crises da narração com a irrupção de uma forma de comunicação tipicamente burguesa: a informação, que não precisa, diferentemente da narração, da experiência. Em um universo no qual a narração está radicalmente em crise, há lugar também para uma crise da experiência, e vice-versa. Na modernidade, a experiência tem sido substituída pelo experimento, a narração pela informação. A vida humana, então, fica desprovida de sentido, fica desestruturada simbolicamente.

Daí o porquê da busca desta memória manifesta, da necessidade do símbolo permanente na pele.

É a chamada "modernidade líquida", de Bauman (2007), que utiliza a metáfora do sólido e do líquido para estabelecer as diferenças entre um tempo em que as instruções tinham permanência, previsibilidade e firmeza, isto é, o sólido e o tempo atual, líquido, em constante mudança e movimento, caracterizado pela dissolução do vínculo capital-trabalho da modernidade pesada, estabelecendo uma nova ordem social que transforma a vida dos sujeitos e reformula suas instituições.

Estamos vivendo uma mudança de paradigma, viemos da cultura que deu origem à psicanálise (entre outras muitas coisas), com o lema de lento e profundo, para passar agora ao de "rápidos e furiosos", velocidade e superficialidade. A ideia de beleza foi substituída pela da espetacularidade. Privilegia-se a técnica antes da inspiração, o efeito antes da verdade. Suas leis dominantes são: a simplificação, a superficialidade e a velocidade. Daí o termo em inglês para navegar na rede: WEB surfing, ou seja, cavalgar as ondas em uma prancha (rápido e superficial).

A ideia de que entender e saber significava penetrar a fundo no que estudamos, até alcançar sua essência, é uma linda ideia que está morrendo. Ela é substituída pela convicção de que a essência das coisas não é um ponto a que temos que chegar, mas sim uma trajetória. A essência das coisas deixou de estar escondida no fundo para se encontrar agora na superfície.

A experiência para as novas gerações, diz-nos Baricco (2008), tem forma de corda, de sequência, de trajetória. Supõe-se um movimento que encadeia pontos diferentes no espaço do real. Adquirir uma experiência das coisas se transforma em ficar nelas somente o tempo necessário para obter delas um impulso que seja suficiente para acabar do outro lado. Não é apenas o "surfing", mas também o "multitasking"... É como andar de bicicleta, você precisa de velocidade, senão você cai.

Também é uma geração que não conhece o esforço. O esforço era para aprofundar. Se nós pensávamos na vertical, o novo paradigma pensa na horizontal. Uma experiência que leva a outra, que a une. Para os psicanalistas seria uma interminável associação livre sem interpretação alguma. Para isso haveria de se fazer uma parada no caminho..., mas assim se cai. Por isso não há tempo para aprofundar, para introjetar. Passada a experiência, ela é registrada, tatuada na pele e aí fica intacta, tal qual é, sem elaborar. Elaborar requer tempo e esforço.A tatuagem é uma maneira de fazer de uma experiência passada algo permanentemente presente. Mas ao ser presente não tem a possibilidade de ser metabolizada. Ao tatuar a data da morte do amigo, essa cena fica petrificada. O coração ou o nome do namorado fica sempre no presente, embora a relação tenha terminado.

Haveria melhor cenário que a pele, o corpo adolescente ou o adulto jovem contemporâneo, para o retorno do pulsional, do corporal e do narcisista que precisa de um lugar de expressão? Um lugar de contenção do que antes era contido pelo social, pelo cultural. O corpo é o cenário perfeito de todas essas manifestações, já que permite a expressão daquilo que não é simbolizado, o imaginário, sem que isto seja pensado, e então aparece a partir da permanência, a partir da marca na pele, e produz uma abolição do tempo que nos remete ao imediato.

Pensamos na pele não somente como um órgão que contém um transbordamento pulsional precoce e que por meio da construção do eu se torna a receptora de uma função psíquica importante, a função continente desse eu. Também pensamos na pele como um órgão altamente erógeno que recebe esse embate pulsional. Entende-se então como essa pele, esse eu-pele, ganha importância fundamental. Uma pele a ser desfrutada, mas também uma pele-tela. Tratar-se-á então de um órgão de grande importância na adolescência, um órgão ao qual se pode recorrer para a passagem à ação.

Os cortes e lacerações, como processos prévios de transformações na pele, mostram o doloroso processo: porque é doloroso, mas necessário se desfazer da pele-recipiente, deixar de ser pertence do outro para logo, e somente então, apropriar-se de si mesmo e desse conteúdo vertido em seu interior.

As transformações da pele, efetuadas propositalmente, situam o sujeito no presente, com consciência de ser e estar, delimitado por seu ambiente e determinado por sua história. Ser Um diante do outro que inclui a delimitação de seu corpo, sua erotização e simbolização (Freud, 1923; Bick, 1968; Green, 1986; Anziu, 1987).

O adolescente recorre à tatuagem por vários motivos: como fazer parte de um grupo, como forma de sustentar-se na não diferenciação, no idêntico, e onde se apaga o particular. Às vezes é também um modo de comunicação em que se estabelece uma relação receptora. Mas o que acontece no mundo adolescente quando não há possibilidade de conter os conflitos de separação, o exercício da sexualidade, os novos processos de identificação, já que a cultura nos permite tudo? Vemos como as intervenções corporais se fazem presentes e perpetuam as fantasias onipotentes nas quais o outro, como sujeito necessário para a existência, é apagado. O corpo, por meio da pele, atesta um processo de autocriação, de modelagem. Este corpo, que é uma presença forçada na adolescência pela irrupção do biológico e do pulsional, é objeto destas fantasias em que o adolescente "re/ cria" a si mesmo e se dá conta de uma história não historizável. Novas formas de identidade?

Mas há outro elemento que, mediante a aplicação do método psicanalítico, pode ser observado nesse fenômeno e que nos parece algo extraordinário: enquanto manifestação cultural nos dá a oportunidade de observar uma elaboração do psiquismo coletivo, ou seja, elaboração do inconsciente individual, do inconsciente coletivo.

A integração, em cada participante desta manifestação coletiva, da história do homem desde seus estratos mais primitivos, passando por cada um dos eventos que marcaram sua história, até os desafios que enfrenta na atualidade. Cada homem integrando a outro e todos constituindo o coletivo social.

Porque da mesma maneira que podemos, pela análise, fazer uma desestruturação do individual do sujeito, podemos desestruturar a história social mediante a regressão do processo de incorporação em cada sujeito, e compreender então a atualização da história mítica e étnica, pulsões e restrições ao longo do desenvolvimento na história do homem. Cada tatuagem integra, por meio de condensação e deslocamento, todas as imagens prévias e seus sentidos.

Cada tatuagem, cada perfuração, cada expansão ou escarificação, remete-nos, mediante a associação de ideias conscientes ou pré-conscientes, ao nosso acervo cultural. Imagens históricas: piratas, marinheiros, presos, judeus em campos de concentração, Mara Salvatrucha, rock and roll etc. Pela incorporação de motivos étnicos observamos o deslocamento e a condensação das imagens originais idealizadas, constituindo-se ou constituídas pelos pais, os substitutos e os sucessores, os ancestrais, em uma cadeia que inclui e incorpora os pais originais ancestrais. Todos os pais, de todos os indivíduos, de todas as épocas, condensados em uma só imagem, deslocada a um representante ancestral, sublinhando a importância do passado incorporado no presente.

A pele do mundo conta a história da humanidade. Se o homem primitivo, os nômades, utilizavam as cavernas para deixar gravados seus relatos em paredes que abandonavam para sempre, as novas gerações deixam gravados seus relatos na pele. A pele tatuada é o livro de nossa história. O papel está desaparecendo para que as telas de cristal tomem seu lugar, tela efêmera que guarda as imagens somente por alguns segundos.

Agora a pele assume o papel de guardiã dos símbolos, a única tela que não se apaga. A nova tela permanente. A pele como tela de expressão cultural da humanidade.

 

REFERÊNCIAS

Anzieu, D. (1985). El yo-piel. Madri: Biblioteca Nueva.         [ Links ]

Baricco, A. (2008). Los bárbaros. Ensayo sobre la mutación. Barcelona: Anagrama.         [ Links ]

Bauman, Z. (2007). Tiempos líquidos. Vivir en una época de incertidumbre. Barcelona: Tusquets.         [ Links ]

Benjamin, W. (1936). El narrador. Recuperado em 13 nov. 2016: https://espanol.free-ebooks.net/ebook/El-Narrador.         [ Links ]

Bick, Esther. (1968). The experience of the skin in early object relation. The International Journal of Psychoanalysis, 49(23),484-486.         [ Links ]

Frank, A. (1991). For a Sociology of the Body. An Analytical Review. In N. Featherstone, M. Hipworth & B. Turner (Orgs.). The Body: Social Process and Cultural Theory. Londres: Sage.         [ Links ]

Freud, S. (1981). El yo y el ello. In S. Freud. Obras completas. (L. López-Ballesteros, trad., 4ª ed., p. 2725). Madri: Biblioteca Breve. (Trabalho original publicado em 1923).         [ Links ]

Green, A. (1986). Narcisismo de vida, narcisismo de muerte. Buenos Aires: Amorrortu.         [ Links ]

Konichekis, A. (2000). Identité, sesoriellechez le bebe et chezadolescent. In P. Gutton (Org.). Troubles de la personnalité, troubles de la conduite. Paris: P.U.F.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
LUISA ELENA ALVAREZ
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1070 - Caracas
tel.: +58 4143326484
luisaelenalvarez@gmail.com

LOURDES GARCIA CASTRO
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CLARISA LASKY
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cladun@prodigy.net.mx

Recebido 29.09.2016
Aceito 28.10.2016

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