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Ide

versão impressa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) vol.40 no.65 São Paulo jan./jun. 2018

 

CRIATIVIDADE E OUTRAS PAUTAS

 

Sísifo e Héracles: o trabalho do conflito pulsional

 

Sisyphus and Heracles: the work of the drive conflict

 

 

Ana Belchior Melícias

Membro associado à Sociedade Portuguesa de Psicanálise (SPP) e à Associação Psicanalítica Internacional (IPA). Psicanalista da criança e do adolescente. Formadora do Instituto de Psicanálise da SPP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora parte da polissemia da palavra trabalho e da analogia entre o trabalho da análise e o modo de funcionamento espontâneo do aparelho psíquico. Centra-se na passagem da teoria freudiana para a kleiniana e, portanto, na conceptualização das pulsões de vida e de morte (Eros versus Thanatos, criatividade versus inveja) para abordar, através dos mitos de Sísifo e Héracles, a questão da articulação das pulsões. A sua fusão-desfusão, com a predominância de uma ou outra, é o que caracteriza o conflito pulsional, marcando as respectivas qualidades do trabalho psíquico

Palavras-chave: Trabalho. Conflito pulsional. Sísifo. Héracles.


SUMMARY

The author starts from the polysemy of the word work and the analogy between the work of analysis and the spontaneous functioning of the psychic apparatus. It focuses on the passage from Freudian theory to Kleinian, and therefore on the conceptualization of life and death drives (Eros versus Thanatos, creativity versus envy) to approach, through the myths of Sisyphus and Heracles, the question of the articulation of drives. Its fusion-defusion with the predominance of one or the other is what characterizes the drive conflict, marking the respective qualities of the psychic work.

Keywords: Work. Drive conflict. Sisyphus. Heracles.


 

 

Morrer de vida, viver de morte.

(Heráclito)

Somente pela ação concorrente ou mutuamente oposta das
duas pulsões primevas – Eros e pulsão de morte – e nunca só
apenas por uma ou outra sozinha, podemos explicar a rica
multiplicidade do fenômeno da vida.

(Freud, 1937/1982b, p. 276)

É verdade que há no funcionamento mental do analista algo
que lembra o procedimento mitopoético, e não é por acaso que
Freud e os psicanalistas sempre encontram na poesia do mito e
da literatura, uma das duas fontes da Psicanálise, a outra tendo
que ser buscada do lado da biologia. [...] Talvez a biologia seja
mais poética do que parece e a poesia mais ligada à "natureza"
do homem do que se pense.

(Green, 1982, p. 27)

Partimos do significado da palavra trabalho, segundo Ferreira (1975): ocupar-se em algum mister, exercer o seu ofício; esforçar-se, lidar, empenhar-se; estar em movimento, em funcionamento, desempenhar funções; pensar, cogitar; pôr em obra. Albornoz (1986) acrescenta que é possível encontrar na palavra trabalho duas significações: a de realizar uma obra criativa que permanece além do indivíduo e a de um esforço rotineiro e repetitivo, sem liberdade. Traduzindo simultaneamente o esforço e o resultado obtido, o seu conteúdo oscila, adquirindo inúmeras qualidades: ora carregado de emoção, lembra dor, tortura, suor, fadiga e fardo, ora designa a operação humana de transformação da matéria natural em objeto de cultura. Trabalho e sofrimento parecem encontrar-se intrinsecamente associados. Expulsos do Jardim do Éden, depois de terem provado da maçã do conhecimento, Eva "parirá com dor" e Adão "amassará o pão com o suor do seu rosto".

Também em psicanálise encontramos a e-"labor"-ação psíquica no trabalho do sonho, da condensação, do deslocamento, do luto, da pulsão, da análise, como exigência dolorosa de movimento, de transformação e a resistência que a ele se opõe. Na busca de uma verdade em si própria inapreensível, a psicanálise remete continuamente à incompletude: na busca do equilíbrio instável entre as pulsões de vida e de morte; na oscilação das posições esquizoparanoide e depressiva; nas qualidades de relação narcísica e objetal; no jogo da transferência e da contratransferência; na análise como processo interminável; na interpretação desvelando a falta através do pensamento; no ofício do analista em constante transformação e no próprio corpo teórico-clínico da psicanálise em permanente evolução.

Para Ricoeur (1969/1978), o termo trabalho é utilizado pela psicanálise em duas direções: como técnica, manobra do psiquismo pela qual o desejo se torna irreconhecível e que é um trabalho de distorção, de encobrimento; e como um conjunto de operações de transformação num produto deformado - sonhos, sintomas, delírios. "A psique converte-se numa técnica exercida sobre ela: técnica de despistamento, técnica de desconhecimento. A alma dessa técnica é a busca do objeto arcaico perdido, incessantemente deslocado e substituído por objetos substitutos, fantasmáticos, ilusórios, delirantes ou idealizados" (Ricoeur, 1969/1978, p. 157).

Se do lado do psiquismo temos o trabalho do desconhecimento realizado pela técnica da distorção através de uma manobra "encobridora" do desejo, do lado da análise temos o trabalho de reconhecimento por uma manobra "decifradora" do desejo que se constitui numa técnica de "veracidade". Trabalho de pensar, de analisar, de ligar, de significar e encontrar sentido, implicando-se emocionalmente numa relação. "Assim, o trabalho em que consiste a análise, sob sua dupla figura de trabalho do analista e de trabalho do analisando, revela o próprio funcionamento psíquico como trabalho" (Ricoeur, 1969/1978, p. 156). A existência de uma analogia entre o trabalho do tratamento analítico e o modo de funcionamento espontâneo do aparelho psíquico é a ideia-chave que nos traz Ricoeur. As resistências que se opõem à análise são as mesmas que estão na origem e constituem o psiquismo enquanto trabalho. Quais serão as resistências intrínsecas ao próprio aparelho psíquico?

A não satisfação plena do desejo vivenciada na experiência de frustração impõe um trabalho ao aparelho psíquico. Exigência de um trabalho na direção da realidade enquanto necessidade de postergação e experiência de separação, estabelecendo o conflito pulsional nas suas múltiplas manifestações. Que tipo de trabalho será desencadeado pelas pulsões? A realidade última do psiquismo não seria justamente o conflito pulsional a exigir trabalho permanente? Qual a qualidade do trabalho da pulsão de vida e qual a qualidade do trabalho da pulsão de morte?

Segundo Laplanche e Pontalis (1967/1986), Freud conceptualiza a pulsão sempre contraposta a outra e como conceito limite entre o psiquismo e o somático (Freud, 1905/1989), evidenciando o sentido de impulsão, de pressão (Freud, 1915/1976), de uma exigência de trabalho imposta ao aparelho psíquico.

Em "Além do princípio do prazer" (1920/1976b), caracterizado por Meltzer (1989) como o dobrar dos sinos pela morte da teoria da libido, Freud debate-se com a questão da dor mental (masoquismo) aproximando-se da ideia de que os afetos, e particularmente os sentimentos dolorosos, estavam no coração do problema, e que o princípio de prazer não é apenas uma questão de evitar desprazer, mas de lidar com a dor. Se de um lado Freud confere às pulsões uma base mais biológica, por outro, a partir do que ele desenvolve no texto de 1920, as emoções e afetos passam a regular o psiquismo como uma dinâmica em que os conceitos não se ajustam de forma literal e coordenada, surgindo o demoníaco, o inapreensível do próprio movimento psíquico e da sobredeterminação inconsciente.

Tomando a "muda e silenciosa" pulsão de morte, assim postulada por Freud, Klein demonstra que ela nada mais é do que o próprio superego, sendo as suas manifestações clínicas profundas e muito visíveis."Descobrira um meio de lidar com dois problemas de realce ao mesmo tempo: solver o enigma da origem inicial do superego e colocar 'carnes' clínicas nos ossos da teoria freudiana da pulsão de morte" (Hinshelwood, 1992, p. 445).

Klein (1935/1996a) acreditava que a ansiedade provinha da operação da pulsão de morte dentro do organismo, vivenciada como medo de aniquilamento, e vai se aproximando da formulação do conceito de posição depressiva, em 1935, e esquizoparanoide, em 1946. Simultaneamente aos processos projetivos, outro processo primário - a introjeção - tem início e é essencial para inaugurar a fusão das pulsões de vida e de morte. Em 1957, com Inveja e gratidão, Klein efetua a sua última contribuição: a inveja é primária e deriva diretamente da pulsão de morte. Ambas atacam a vida e os objetos amados, fonte de vida.

Com a inveja, a pulsão de morte, como fator negativo e desagregador, está fundida com a pulsão de vida, mas é dominante: o objeto é atacado como satisfação da pulsão de morte e ao mesmo tempo é atacado como defesa contra a inveja, pela destruição do objeto que dá surgimento à necessidade. A saúde, o desenvolvimento normal e a criatividade, apoiam-se na dominância da pulsão de vida, pela sua tendência à integração presente nos mecanismos de reparação postos em ação pelo sentimento de culpa. "[...] a integração vai gradualmente chegar ao ápice na posição depressiva, depende da preponderância da pulsão de vida e implica em certa medida a aceitação pelo ego do trabalho da pulsão de morte" (Klein, 1958/1991b, p. 279).

Os mitos de Sísifo e de Héracles (Hércules na mitologia romana) ilustram a exigência de trabalho constante que o conflito pulsional impõe ao psiquismo - Eros versus Thanatos, pulsão de vida versus pulsão de morte, criatividade versus inveja. Parecem configurar tanto a relação entre as duas pulsões como as respectivas qualidades de trabalho psíquico que cada uma delas acarreta: a inveja como representante da predominância da pulsão de morte e, na criatividade, o predomínio da pulsão de vida.

 

Trabalho de Sísifo - compulsivo, estéril: predominância da pulsão de morte

Sísifo, herói absurdo, do esforço inútil e incessante do homem, foi considerado muito sagaz e o mais audacioso dos mortais. Por duas vezes desafia Thanatos e é caracterizado como bandido, interesseiro e mentiroso. Um dia, porém, Thanatos veio buscá-lo em definitivo, seja porque traíra o segredo de Zeus, seja porque sempre vivera de rapinas e não tinham conta as vezes que assassinou inocentes viandantes. Sísifo conseguiu escapar a Thanatos, enganando o deus Hades e finalmente Hermes castiga-o impiedosamente, condenando-o a empurrar um bloco de pedra encosta acima até ao cume de uma montanha. Mas Sísifo mal chegado ao cume, no momento em que estava quase a atingir o alto da colina, era infalivelmente empurrado para trás pelo peso do malfadado bloco, que acabava por rolar montanha abaixo; então, penosamente, Sísifo tinha de recomeçar a tarefa, que durará para sempre2.

Camus descreve Sísifo como o herói absurdo "[...] tanto pelas suas paixões como pelo seu tormento. O seu desprezo pelos deuses, o seu ódio à morte e a sua paixão pela vida valeram-lhe esse suplício indizível em que o seu ser se emprega em nada terminar" (1943, p. 148). Esse "longo esforço, medido pelo espaço sem céu e pelo tempo sem profundidade" (Camus, 1943, p. 149), circunscreve-o num trabalho tanático estéril, fútil e sem esperança. Sísifo é levado por Thanatos, mas "não morre", mantendo-se como o "trabalhador inútil dos infernos" (Camus, 1943, p. 147), escravo do trabalho da pulsão de morte, num ciclo eterno de compulsão à repetição.

Freud debateu-se com a questão da fusão e desfusão das pulsões e com os riscos e as consequências da desfusão pulsional:

[…] realiza-se uma fusão e amalgamação muito ampla, em proporções variáveis das duas classes de pulsões, de modo que jamais temos de lidar com pulsões de vida puras ou pulsões de morte puras, mas apenas com misturas delas em quantidades diferentes. Correspondendo a uma fusão de pulsões desse tipo, pode existir, por efeito de determinadas influências, uma desfusão delas. (Freud, 1924/1982a, p. 205)

E Sísifo parece espelhar a operação da pulsão de morte em estado quase puro. O mito evoca e ressalta não a sua vida nem exatamente a sua morte, mas esse "estado próximo da morte", no qual a vida pode continuar desde que nada viva, nada funcione realmente. "Sísifo vê então a pedra resvalar em poucos instantes para esse mundo inferior de onde será preciso trazê-la de novo para os cimos. E desce outra vez à planície" (Camus, 1943, p. 149).

Vários autores pós-kleinianos se dedicaram a investigar as manifestações da pulsão de morte: a inveja que ataca a fonte de vida, constituindo-se numa tendência à desintegração; o narcisismo negativo, em que os bons objetos do self são atacados pelas partes destrutivas predominantes; a identificação projetiva como modelo evacuativo chegando à despersonalização, ao aprisionamento e à perda do self; os ataques aos aparelhos perceptivo, físico e psíquico, redundando numa impossibilidade de pensamento.

Em termos clínicos, a ideia de uma desfusão total e absoluta das pulsões parece difícil de sustentar, uma vez que a questão da desfusão se manifesta como uma predominância, no sentido de gradação, da intensidade da própria fusão, contida na noção de um fracasso desta. No entanto, nos casos mais graves,

[…] agora que temos técnicas mais desenvolvidas, estamos mais aptos para distinguir os componentes da pulsão de morte na fusão […] e podemos chegar a detectar a operação da pulsão de morte em estado quase puro no seu conflito com as forças de vida mais do que na fusão, e isto não apenas com o psicótico. (Segal, 1988, p. 35)

Sísifo mantém-se eternamente enclausurado nesse percurso solitário pela predominância da pulsão de morte. Dramatiza sua própria vida, em que o outro não representou a falta e todos os limites foram por ele negados. A morte, como figuração do limite maior, e a dor de se ver castrado/separado/humanizado, são justamente o que Sísifo desafia numa atitude onipotente.

Seguindo Ricoeur,

[…] a onipotência está entre os mais arcaicos sonhos do desejo. É por isso que o princípio de realidade só é o respondente do nosso poder, se o desejo despojou a sua onipotência. Somente o desejo que aceitou a sua própria morte, pode dispor livremente das coisas. Mas a ilusão da sua própria imortalidade é o último refúgio da onipotência do desejo. Somente o desejo que passou pelo que Freud chama de resignação, isto é, o poder de suportar a dureza da vida, segundo a expressão do poeta, é capaz de usar livremente coisas, seres, bens de civilização e de cultura. (1969/1978, p. 164)

Camus recorre a Píndaro para transmitir poeticamente essa ideia na epígrafe do seu ensaio sobre o absurdo: "Oh, minh'alma, não aspires à vida imortal, mas esgota o campo do possível" (1943).

Sísifo cativo no seu próprio triunfo sobre a morte? Sísifo no seu cativeiro de morte como fuga da dor de viver?

Não aceitando o limite - a morte -, Sísifo não pode dispor livremente da vida, permanecendo aprisionado à ilusão de sua imortalidade como último refúgio, que leva a pensar numa busca masoquista "de expiação pelas censuras da consciência sádica ou pelo castigo do grande poder parental do Destino" (Freud, 1924/1982a, p. 211), isto é, de um superego sádico que o condena a repetir e a nada criar. "Os deuses tinham pensado, com alguma razão, que não há castigo mais terrível do que o trabalho inútil e sem esperança" (Camus, 1943, p. 147). Não seria a ira de Zeus, expressa no castigo terrível a que Sísifo foi submetido, a representação do superego arcaico e severo, que predomina no self, atacando de dentro a própria pulsão de vida?

Segal coloca-nos a seguinte questão:

Se a pulsão de morte é uma tentativa feita com vista a não perceber, não sentir, recusar as alegrias e a dor de viver, por que este trabalho da pulsão de morte está associado a tanta dor? Penso que a dor é experimentada pelo eu libidinal - originariamente ferido pela ameaça da morte. (1988, p. 40)

Não estaria a satisfação da pulsão de morte, não sendo a própria morte, na dor? Na compulsão à repetição? Sísifo, pela fusão/desfusão das pulsões, revela a sua onipotência negando a mortalidade, mas também o prazer masoquista de triunfar sobre a parte de si que deseja viver: o triunfo da pulsão de morte sobre a pulsão de vida e a satisfação aí obtida pela libido colocada a serviço da primeira. Invejoso da imortalidade, Sísifo perpetua compulsivamente o estéril e vazio trabalho da pulsão de morte: atacar a ligação à vida.

A pulsão de morte, desintegradora do psiquismo, quando predomina, corresponde a esse trabalho pulsional, sustentado num equilíbrio mortífero e perverso, isto é, pelo avesso. Avesso daquilo que dá sentido ao humano: a busca de ligação, de integração, de reconciliação entre a vida e a morte.

O compromisso entre as duas pulsões, ou seja, o conflito, é a própria vida.

 

Trabalho de Héracles (Hércules) - elaborativo, criativo: predominância da pulsão de vida

Sem nos determos na monumental história que é a vida de Héracles, "o maior e o mais humano dos mortais", esta parece figurar a própria vida, ou seja, a luta incessante entre pulsão de vida e pulsão de morte. Dos numerosos mitos que compõem a sua figura ("1. nascimento, infância e educação de Héracles; 2. o ciclo dos doze trabalhos; 3. aventuras secundárias, praticadas no curso dos doze trabalhos; 4. gestas independentes do ciclo anterior; 5. ciclo da morte e da apoteose do herói" (Brandão, 1990, p. 91), tomaremos apenas o segundo e o quinto período. A turbulência e o dinamismo da sua vida revelam a abrangência do movimento a que o ser humano é impelido no caminho da integração pulsional.

A descrição que se segue da personalidade de Héracles transmite de forma sucinta e precisa a força pulsional irrefreável, a luta da pulsão de vida para integrar e não agir a pulsão de morte.

Héracles foi o homem mais forte da Terra, senhor de suprema autoconfiança que a força física magnífica confere e de ânimo indomável. Considerava-se igual aos deuses e com uma certa razão, pois haviam recorrido ao seu auxílio para combater os Gigantes. As inúmeras querelas que criou tinham apenas a intenção de que o seu desejo fosse satisfeito. Héracles, fosse quem fosse que se lhe opusesse, saiu sempre vitorioso e nunca foi vencido por nada que vivesse nem na terra, nem no mar, nem no ar. Só uma força sobrenatural, como Hera, seria capaz de o dominar. As suas emoções eram susceptíveis de ser subitamente despertadas e facilmente descontroladas. Tinha o poder do sentimento profundo coexistindo com a sua tremenda força física, o que era estranhamente cativante mas também muito prejudicial. Tinha acessos de ira furiosos sempre fatais e dirigidos a maior parte das vezes para objetos inocentes. Passado o acesso de raiva e recuperada a calma, Héracles mostrava-se penitente e aceitava humildemente qualquer pena que lhe fosse imposta - só podia ser punido com o seu consentimento - e no entanto nunca ninguém sofreu tantas provas. Teria sido absurdo pô-lo a chefiar um reino, pois já era muito ter de governar-se a si próprio e tentar descobrir a melhor maneira de matar os monstros que a todos ameaçavam. Não obstante, tinha verdadeira grandeza de alma; não propriamente pela sua coragem, que se baseava na força esmagadora, que não passa de uma mera questão de natureza física, mas pela tristeza que sentia em praticar o mal e pela vontade de se purificar. (Hamilton, 1983, pp. 230-232)

Alcides é o seu primeiro nome e significa "força em ação, vigor".

A força física é ambivalente, na medida em que ela se apoia na hybris, no excesso, na "démesure". Assim, o herói oscila entre o ánthropos e o anér, entre o homem ou sub-homem e o herói ou super-homem, sacudido constantemente, de um lado para o outro, por uma força que o ultrapassa, sem jamais conhecer o métron. (Brandão, 1990, pp. 131-132)

Zeus cria Héracles por "desejar dar ao mundo um herói como jamais houvera outro e que libertasse os homens de tantos monstros" (Brandão, 1990, p. 92). Disfarça-se de Anfitreão, marido de Alcmena, para com esta gerar o herói. Hera, mulher de Zeus, deusa protetora do amor legítimo, denuncia a trama enganadora deste nascimento e vinga-se, através de Euristeu, impondo-lhe os doze trabalhos. A partir do momento em que os realiza, Alcides passa a ser chamado de Héracles, "a glória de Hera", que com ele se concilia. Se no nome Alcides o que emerge é a força desmedida da pulsão de morte, destruidora e mortífera, no segundo nome, Héracles, vemos essa força trabalhada, transformada pelas suas façanhas célebres, tomadas como o interminável trabalho de elaboração psíquica, de pensamento, de reparação em face aos ataques da luta pulsional.

A transgeracionalidade da mentira e da traição enredam Héracles, ainda antes do seu nascimento, numa teia que o predestina, concedendo-lhe o lugar de vir a tornar-se o herói da humanidade. E esse destino aponta tanto para o narcisismo fundador, enquanto libidinização da criança, como também para a recuperação, através dela, da ilusão perdida de completude.

Filho de um deus e de uma mortal, é desse lugar originário que Héracles vai se constituir e diferenciar-se, encenando a luta da humanidade em busca do métron, da tal medida humana só alcançável pela possibilidade de sentir, de se entristecer, ou seja, de sentir culpa pelos objetos danificados e entrar na posição depressiva com a sua tendência integradora, com a sua busca de reparação e transformação dos danos cometidos. O trabalho hercúleo surge como a necessidade imperiosa do aparelho de postergar, de aceitar o limite e a falta, configurando a própria vida. "Toda a dor vem do próprio fato de viver" (Segal, 1988, p. 33), do fato de se ver separado do objeto original, de se sentir desamparado e de temer o aniquilamento.

Qual é afinal o motivo que leva Héracles a tão dolorosas penas? Hera, querendo vingar-se da tentativa de legalização de uma mentira, "lança contra Héracles a terrível lyssa - a raiva, o furor -, que, de mãos dadas com a anoia - a demência -, enlouqueceu por completo o herói. Num acesso de insanidade, hei-lo matando os próprios filhos" (Brandão, 1990, p. 95). Esse "morticínio involuntário", expressão máxima da pulsão de morte, pela irrupção da loucura no filicídio - matar a vida nascente -, coloca Héracles diante da irrefreável força desintegradora e que se desintegra dele próprio, subitamente (modelo do acting da posição esquizoparanoide).

Aterrorizado com a violência do seu ato, deseja suicidar-se fugindo aos tormentos, evacuando a dor que não pode ser transformada, mas também atacando o mau objeto internalizado que, ao ser destruído, protegeria a parte boa do self. Como aponta Segal: "O trabalho da pulsão de morte suscita o temor, a dor e a culpa no eu que deseja viver e permanecer intacto" (1988, p. 40). Héracles desiste do suicídio por intervenção "da amizade humana", de Teseu, parte libidinal que aceita a culpa pelo ataque aos bons objetos. Pode, assim, através do modelo gestacional da posição depressiva, esperar a morte, isto é, aceitar as frustrações e os limites da vida e das relações. "A dor está ligada à sobrevivência. [...] A experiência das consequências reais, decorrentes do abandono à pulsão de morte, mobiliza, por oposição, suas forças de vida" (Segal, 1988, p. 39).

Consulta o Oráculo de Delfos, como força redentora e reparadora, e aceita ser condenado a doze anos de escravatura a Euristeu. As figuras de Apolo e Atená como boas imagos parentais internalizadas, o lado amoroso, da esperança, da continência, saem em seu auxílio, pois à pena dada acrescentam que "como prêmio de tamanha punição, o herói obteria a imortalidade" (Brandão, 1990, p. 96). "Imortalidade" de um mortal como trabalho de integração pulsional pelo luto da onipotência e do narcisismo?

O ciclo dos doze trabalhos são então as tarefas a que Euristeu, primo de Héracles, o submeteu. Doze (meses do ano, signos do zodíaco, apóstolos, frutos da árvore da vida, cavaleiros da Távola Redonda, horas do dia e da noite), "simbolizando um ciclo completo do universo no seu desenvolvimento cíclico espaço-temporal. Configura igualmente o universo em sua complexidade interna" (Brandão, 1990, p. 97).

Os doze trabalhos retratam as bestas-feras, seres monstruosos, terríficos e gigantescos que assolam qualquer manifestação de vida e como uma praga devastam colheitas, rebanhos, seres humanos. Héracles necessita lutar contra a desfusão da pulsão de morte: matando animais de pele invulnerável como o Leão de Nemeia; dominando outros que se autorreproduzem como a Hidra de Lerna; obrigando-os a sair de esconderijos, como o Javali de Erimanto; caçando animais que perseguia por mais de um ano, como a Corça de Cerinia; reunindo-os ante a dispersão, como as Aves do Lago de Estinfalo; limpando a imundice dos Estábulos de Augias que esterilizavam a terra da região; capturando e entregando vivo o devastador Touro de Creta; enfrentando as quatro Éguas de Diomedes, bestas antropófagas; retirando o Cinturão da Rainha Hipólita, chefe das amazonas, guerreiras indomáveis; reunindo os Bois de Gerião e atravessando o oceano com o gado; necessita, ainda, descer ao Hades, o reino dos mortos, na Busca do Cão Cérbero, seu guardião; e, por último, necessita retirar os Doze Pomos de Ouro do Jardim das Espérides, contando com a ajuda do deus das metamorfoses e do deus filantropo, e aproximando-se finalmente do conhecimento ao oferecer os frutos à deusa da sabedoria, Atená. Héracles consegue os frutos de uma forma nova: pela primeira vez não utiliza a força física e é obrigado a pensar.

A ausência, a falta, a separação, só podem ser preenchidas por um significante simbólico: a palavra, o pensamento. Pensamento, a forma mais discriminada de funcionamento do aparelho mental, como nos diz Bion, apresenta-se aqui como sinal de integração pulsional, com predominância da pulsão de vida.

Refletindo o próprio trabalho de elaboração psíquica - a luta permanente e dolorosa das pulsões -, o ciclo dos doze trabalhos reflete também o processo de reparação e transformação que o pensamento permite, e através do qual, simultaneamente, constitui-se: o conhecimento emerge como solução para o conflito amor versus ódio. "Fechara-se o ciclo. A gnósis estava adquirida. E Héracles 'quase pronto' para morrer. Agora sim, já podia chamar-se Héracles, isto é, Héra + Kléos, 'a glória de Hera'" (Brandão, 1990, p. 116).

Duas personagens do mito merecem ser destacadas. A deusa Hera, imprimindo um movimento de busca da verdade, expressa a pulsão de vida, tendente à ligação e à integração. A sua vingança, manifestação da pulsão de morte fusionada, é predominantemente a favor da vida, a serviço de Eros, do amor verdadeiro e da apropriação da própria história. A segunda figura é Euristeu, seu primo, personificando a "gang mafiosa" de Rosenfeld (1971/1990). "Tido e havido como um poltrão, um covarde, um deformado física e moralmente" (Brandão, 1990, p. 96), subjuga "o homem mais forte do mundo. Incapaz de realizar mesmo o possível, impõe ao herói o impossível" (Brandão, 1990, p. 96).

De um lado a impotência em Euristeu, de outro a onipotência em Alcides: o ego desamparado diante da avalanche pulsional e do consequente temor de aniquilamento. Héracles, através do trabalho pulsional-psíquico, poderá vir a alcançar a "competência", o métron humano. Da impotência do desejo, na posição esquizoparanoide, para a potência da posição depressiva, não mais como onipotência, mas como competência, ou seja, o princípio de realidade a serviço do próprio desejo, o pensamento (K) como integrador do amor (L) e do ódio (H).

Sabemos que o equilíbrio vivo e dinâmico do conflito pulsional, nas suas oscilações permanentes Ps-D, inclui rupturas. Ao final do mito, já no ciclo da morte e da apoteose, Brandão (1990, p. 123) propõe um fio que conduziria ao décimo terceiro trabalho: Héracles casa-se com três mulheres, Dejanira, Íole e Ônfale, é vendido por três talentos de ouro e é escravizado por três anos. De novo, e repentinamente, enlouquece, de novo clama por condenação, de novo é escravizado e novamente submetido a quatro trabalhos - a terça parte dos célebres doze - que de novo "consistiam em limpar de malfeitores e de monstros" o reino da rainha Ônfale que o compra como escravo.

Aqui vale ressaltar o "de novo" da compulsão à repetição, da pulsão de morte, cujo trabalho de integração sofre rupturas. O trabalho de diferenciação e de elaboração da pulsão de morte não se conclui, está sempre presente ao longo da vida como pressão interna, como exigência permanente. Da mesma forma, a dinâmica da posição esquizoparanoide e da posição depressiva nunca se completa com o estabelecimento desta última, na oscilação proposta por Klein e alargada por Bion e pelos pós-kleinianos com a alternância contínua Ps-D. Morin propõe a dialógica entre homo sapiens e homo demens, sabedoria e loucura, dizendo: "[...] não existe uma fronteira nítida. Não sabemos quando se passa de um a outro e existem reversibilidades" (Morin, 1997, p. 30).

O mito de Héracles inicia-se com o ciúme e a traição edípicos - o de Hera pela relação de Zeus com Alcmena - e termina também dentro do tema edípico e da traição, agora de Dejanira em função do concubinato de Héracles com Íole. Nasce de uma traição e morre por uma traição, fechando o ciclo da interdição, da lei, do acesso à cultura. O herói nasce marcado pelo complexo edípico parental e recria o triângulo (três mulheres, três talentos e três anos). Se o ciclo dos doze trabalhos nos traz a violência da pulsão de morte e a tentativa de integrá-la através do luto narcísico pela perda da onipotência, este último ciclo dos quatro trabalhos configura, pelo ciúme edípico e pela traição envolvidos, uma re-elaboração psíquica da pulsão de morte não mais no campo do narcisismo, mas numa etapa mais evoluída do amor objetal.

Héracles torna-se apto a lidar com o conflito pulsional transformando-se internamente e podendo enfrentar as infindáveis exigências da realidade externa. No fim, através do pensamento, encontra-se mais integrado e pode morrer, pode aceitar o limite maior e renascer como "homem novo para a imortalidade, conseguida por seu érgon (trabalho), sua timé (honra pessoal) e sua areté (bravura, valor guerreiro) [...]" (Brandão, 1990, p. 129).

Morte como marca do fim de um ciclo no sentido de renascimento, Héracles renasce dentro de uma nova família - reconhecimento da própria origem - como filho de Zeus e de Hera, que com ele se reconcilia, "simulando-se para tanto um novo nascimento, como se ele saísse das entranhas da deusa" (Brandão, 1990, p. 129). E constrói uma nova família, a partir do seu casamento (amor objetal) com Hebe, a deusa da juventude eterna.

Vencer a morte é um sonho do ideal heroico, que concentra todo o valor da vida na "esfuziante juventude"; vencer a velha idade, flagelo terrível que aniquila os nervos e os músculos dos braços e das pernas do guerreiro. Héracles, o Forte, triunfou portanto sobre a velhice, desposando a eterna Juventude. (Brandão, 1990, p. 131)

Em Héracles, o décimo terceiro trabalho - morrer a morte de um mortal -, nada mais é do que aceitar a dimensão da morte para poder viver (imortalidade), integrar a pulsão de morte colocando a agressividade e a destrutividade que a caracterizam a serviço da pulsão de vida.

Freud mantém-se sempre dualista nas duas teorias das pulsões: na primeira, a grande oposição é entre Fome (pulsão de autoconservação ou do ego) e Amor (pulsão sexual); na segunda teoria, da virada de 1920, a oposição que sustentará até ao fim da sua obra é tirada da tradição mítica. Amor-Eros (pulsão de vida) e Discórdia-Thanatos (pulsão de morte): "O objetivo de Eros é estabelecer unidades cada vez maiores e assim conservá-las - em resumo, unir; o objetivo da outra pulsão, pelo contrário, é desfazer conexões, e assim destruir coisas" (Freud, 1938/1982c, p. 173).

Acrescenta que, por um lado, a emergência da vida é a causa de sua continuidade, e, por outro, essa permanente marcha até à morte; a vida em si mesma seria o compromisso e o conflito entre as duas pulsões.

Em Thanatos, temos a possibilidade da vida se essa pulsão de morte estiver sob a égide da pulsão de vida e a agressividade a serviço desta. Em Eros, temos a possibilidade de conversão em princípio de divisão e morte se a erotização, a libido, estiver a serviço da pulsão de morte, fortalecendo-a. Concluindo, como na representação figura-fundo, teremos sempre duas pulsões, duas posições, duas qualidades de trabalho, dois polos psíquicos perpetuamente articulados e indissociáveis.

Os conceitos de pulsão de morte e de pulsão de vida tornaram-se indispensáveis ao trabalho clínico, seja na clínica das neuroses e dos casos borderline, assim como na das perversões e psicoses, uma vez que lidamos com intensidades e proporções diferentes de uma energia paralisante e tanática, fundida a uma energia erótica, de movimento.

Uma vez que os dois polos do conflito pulsional se encontram fusionados e articulados, o trabalho da relação analítica implica uma imersão nesse processo dinâmico e ilustra o equilíbrio precário: seja pela comunicação através da identificação projetiva e introjetiva; pelos complexos fenômenos da transferência e contratransferência; mas também pela compulsão à repetição como resistência ao pensamento tanto do analista como do analisando. Exige o trabalho renovado em cada sessão para fazer frente à pressão das constantes forças destruidoras do self que se manifestam de inúmeras, subtis e complexas formas e, por meio da pulsão de vida, resgatar e fortalecer a parte do self libidinal dependente que poderá gradualmente, através do pensar e não do agir, passar a estabelecer relações de objeto gratificantes.

"Há no ser humano um salão permanente de Ubris, a desmesura dos Gregos" (Morin, 1997, p. 9).

É esse equilíbrio instável o trabalho pulsional que se impõe ao psiquismo e também à análise enquanto trabalho. Carrega consigo o germe da incompletude e do conflito incessante, na busca do métron grego, ou seja, da fecunda criatividade da medida humana. Trabalho fruto de um vaivém permanente e pulsante, vivido na relação analítica entre progressão e regressão; narcisismo e escolha de objeto; prazer e desprazer; posição esquizoparanoide e posição depressiva; manifesto e latente; amor e ódio; transferência e contratransferência; resistência e insight; continente e conteúdo. Processos intrinsecamente conectados: duas pulsões, mas infinitas modalidades de trabalho, de manifestações e de elaborações: "No mundo real, as transições e estados intermediários são muito mais comuns do que estádios opostos, nitidamente diferenciados" (Freud, 1937/1982b, p. 260).

A questão das gradações desse movimento ininterrupto da vida-morte é o terreno da dialógica sapiens-demens de Morin: "Na copulação de sapiens e demens tendes a criatividade, a invenção, a imaginação […] mas também a criminalidade, o mal, a malvadez" (1997, p. 56).

Desde o texto de 1920 - fundador da problemática conflitual das pulsões, que abriu feridas e gerou controvérsias, contradizendo, logo ao nascer, o edifício teórico até ali construído -, a psicanálise vem trabalhando, como Héracles, a força do conflito pulsional contra repetições sisíficas e pouco criativas.

Freud, ao introduzir no universo cultural a noção de inconsciente - a terceira grande ferida narcísica da humanidade -, retirou-nos do mundo da exatidão, para nos atirar ao mundo subjetivo do desejo e da pulsão, inapreensíveis e indomáveis. Esta maçã do conhecimento obriga a mudanças catastróficas, a metamorfoses dolorosas e tentativas vãs de recuar ao paraíso da completude, exigindo um incessante trabalho ante os ataques tanáticos da pulsão de morte.

A psicanálise encontra-se muito viva, apesar das resistências ciclicamente ativadas contra ela. E a pulsão de morte também parece encontrar-se muito viva nas suas alarmantes manifestações em termos sociais/mundiais. A própria psicanálise não se encontra imune às resistências que o corte epistemológico da noção de inconsciente e de conflito pulsional trouxe à cena: seja internamente enquanto ciência; seja nas cisões históricas no movimento psicanalítico; nas formas complexas de organização institucional de cada Sociedade; na dimensão de poder implícita nos modelos de formação adotados; nas expressões destrutivas e mortíferas de inveja diante da criatividade e da diversidade dos seus membros; e, finalmente, nas múltiplas formas de impasse na relação analítica apontando sobretudo para a análise do analista.

Sísifo, invejando a imortalidade dos deuses, desafia a morte e é castigado a permanecer eternamente aprisionado, como "morto-vivo", num trabalho estéril e sem sentido. Héracles, desencadeando involuntariamente a morte, encontra soluções criativas para cumprir os trabalhos a que é condenado, traçando o seu longo caminho para poder vir a morrer a morte de um mortal, alcançando assim a "imortalidade-criatividade".

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência:
ANA BELCHIOR MEL ÍCIAS
Pra ça das Águas Livres, 8/1
1250-001 – Lisboa – Portugal
tel.: 351 91955-0044
ana.melicias@gmail.com

Recebido 30.05.2018
Aceito 16.06.2018

 

 

1 Versão resumida e revista do artigo "Sísifo e Héracles: duas vertentes do trabalho da pulsão", publicado no livro Sigmund Freud: 150 anos depois (2006).
2 Compilação baseada em Brandão (1990), Graves (1990), Grimal (1951) e Hamilton (1983).

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