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versión impresa ISSN 0101-3106

Ide (São Paulo) vol.42 no.69 São Paulo ene./jun. 2020

 

EM PAUTA | O VALOR DA VIDA

 

Alma em lama... movente: psicanálise em inconfidências discursivas1

 

Soul in mud... moving: psychoanalysis in discursive inconfidences

 

 

Maria Lúcia Castilho Romera

Psicóloga. Psicanalista. Membro efetivo e docente da SBPSP e do CETEC. Membro do Núcleo de Psicanálise de Uberlândia da Febrapsi. Coordena a comissão organizadora da trilogia "Psicanálise em Perspectiva" - SBPSP/Edufu/IPUFU. E-mail: mluciaro941@gmail.com

Correspondência

 

 


RESUMO

A partir de considerações sobre a condição do analista de estrangeiro no trânsito, sempre em movimento, que lhe é destinado pelo ofício da interpretação no campo transferencial, procurar-se-á delinear as estruturas da angústia no mundo hoje. Um relato clínico servirá de parâmetro para adentrarmos nas formas de relação que vêm se estabelecendo e que trazem a marca da prevalência da pulsão de morte. Esta se expressa na desconsideração para com o outro-alteridade e pela verdade falseada que nos é imposta. Nesse sentido, toma-se a tragédia-crime em Brumadinho como emblemática da lógica das relações vigentes, ou seja, a alma em lama. O conceito de verdade na tensão entre invenção-descoberta (I / V / D) será abordado.

Palavras-chave: Psicanálise. Campo transferencial. Angústia. Verdade. Estranho.


SUMMARY

Based on considerations about the condition of the foreign analyst in transit, always on the move, which is assigned to him by the role of interpretation in the transference field, an attempt will be made to outline the structures of anguish in the world today. A clinical report will serve as a parameter to enter into the forms of relationship that have been established and that bear the mark of the prevalence of the death drive. This is expressed in the disregard for the other-otherness and the falsified truth that is imposed on us. In this sense, the crime tragedy in Brumadinho is taken as emblematic of the logic of current relationships, that is, the soul in mud. The concept of truth in the tension between invention-discovery (I / V / D) will be addressed.

keywords: Psychoanalysis. Transferential field. Anguish. Truth. Weird.


 

 

Introdução

Quando pleiteei, junto ao nosso Núcleo de Psicanálise de Uberlândia, apresentar um trabalho no evento-mesa do Pré--Congresso Brasileiro de Psicanálise da Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi) 2019, senti um movimento quase juvenil: um querer meio desengonçado, como se eu tivesse algo a dizer que já deveria ter sido dito. Talvez, um querer dizer que sempre somos estrangeiros, mesmo em terras conhecidas! E, enquanto analistas, transitamos, não raramente, pelo desconhecido, pelos trânsitos imantados de afetos ou transferência, que nos destinam à interpretação. Estamos, no entanto, em tempos que colocam as fronteiras em questão, com muito medo da invasão do estrangeiro e evadindo da estrangeirice que nos é própria.

Na travessia percorrida, delineadora de minha vida pessoal, profissional, como analista-investigadora e professora-pes-quisadora, eu já havia feito alguns pousos em Uberaba (mg). Um período de psicoterapia, logo que fui querendo entornar-me mineira-uberlandina. Também, umas visitas itinerantes onde estive em entrevistas com colegas querendo conhecer, um pouco mais, sobre a transmissão-difusão da psicanálise nos Cursos de Psicologia do Brasil Central, mais especificamente no Triângulo Mineiro. Tal temática circunscreveu a tese de meu doutoramento. Lá se vão bons anos desde então, que parecem ter ressurgido por ocasião da preparação para o pré-congresso em questão.

 

O estranho: diálogos e miragens inconfidentes

O analista e seu estrangeiro ou seu "Estranho em inconfidências"! Ao perder o chão das certezas2 ou a fidelidade a si mesmo, invocada pelas inconfidências, o analista sofre uma impulsão para alçar voos. Para isso haverá de construir suas próprias asas, apropriadas àquele momento, já que só nos são dadas as asas sonhantes, ou asas do desejo. Este nos destina a sempre buscar o que nunca tivemos, mas teimamos em acreditar na ilusão de que poderiamos ter tido, ou temos. Desencontrados somos... na nossa condição desejante.

Nossa sensibilidade em conjunção com a encarnação do método psicanalitico, interpretativo, nos possibilita infinitas investigações. A interpretação surge e faz surgir distintas modalidades de criação estética. E assim podemos tomar de nossas vivências as indagações necessárias para sustentar a constante abertura de perguntas a serem respondidas a cada tempo, lugar e sujeição de maneira peculiar, particular. Na vivência do estranho, haveriamos de perguntar com ingênua curiosidade (de) viajante: existe água nos salares... mares do Deserto de Atacama? Tal água, por já ter estado lá, ainda persiste no cenário estético de miragens que insistem em confundir o espectador extasiado com aquilo que não é, por um dia ter sido.

Estranhamento, estranha mente... é o que nos é dado carregar pelos ais do mundo! Ai de mim. Querendo investigar como havia feito paragem nessa região, nos cursos de psicologia, a nossa ilustre visitante e velha senhora psicanálise,3 acabei por tomar pulso da investigação de minhas origens, de minhas raizes, de mim mesma. É mesmo sempre assim, e como nos instrui Boaventura Souza Santos (2004) e não menos que o velho Freud: todo conhecimento é autoconhecimento.

O estranho a que Freud se propõe debruçar no texto centenário,4objeto das considerações centrais do XXVII Congresso Brasileiro, é o que promove a repulsa e a aflição, o que assusta ao mesmo tempo "que remete ao conhecido de velho, e há muito familiar" (Freud, 1919/1976, p. 277). Toma de Schelling a definição de unheimlich como sendo "o nome de tudo que deveria ter permanecido... secreto e oculto, mas que veio à luz" (Idem, ibidem, p. 281). Podemos perceber que comparecem no texto vários sentidos que soam estranhos e embaralham a compreensão univoca do mesmo. A saber: escondido, oculto e secreto. E com o prefixo a, o negativo un-, misterioso, sobrenatural, que desperta horrível temor. horror!

Para Fabio Herrmann, o objeto da psicanálise é o homem psi-canalitico, que é o ser em condição de análise. Em suas palavras:

"O homem psicanalitico é o ser do método da Psicanálise, transferencial e descentrado internamente, dividido e múltiplo no intimo de suas operações, este que aparece na sessão por efeito da ruptura de campo: o homem psicanalitico é um ser da estranheza" (2006a, p. 62).

Estranheza familiar que aparece e desaparece e nasce de uma quase impossibilidade, de uma in-confidência da alma! Alma em inglês é soul. Um gênero musical dos Estados Unidos nascido do blues e do gospel no fim da década de 1950. Mas as inconfidências da alma talvez sejam, entre tantas possíveis, angústias que sinalizam um advir, um sobrevir - sobrevivência. Ou seja, um vir a partir de um forte incômodo. Indica algo acontecendo no acaso, no desvão, um aparecimento/chegada.

Assim são aqueles elementos que se hospedam em nós e exigem algum movimento. Freud na introdução de texto em questão lança uma conexão entre o inquietante e a angústia, mostrando a equivalência entre esses termos, mas buscando a especificidade ou o núcleo da estranheza.

Uma narrativa ou uma construção discursiva de atendimento clínico, tangenciada por inconfidências, poderá ser útil neste momento.

Chegou, muitos anos atrás, em meados da década de 1980, uma pessoa para se hospedar em minha clínica em seus iniciais. Entre seus 15 e 16 anos, estava rebelde com a vida, que entendia não necessariamente precisar ser vivida. Saía sozinha, queria namorar o lixeiro e algumas vezes não conseguia voltar para casa, pelo estado de embriaguez.

Na conversa comigo, mostrava-se tímida, assustada com o mundo e ansiosa por delinear-se como alguém. Durante as sessões, tanto eu quanto ela suspirávamos muito, como se o ar mais do que nos faltasse, estivesse em falta. Era como se houvesse uma dívida do mundo ou uma ausência de elementos fundamentais do mundo que pudesse nos garantir a respiração. Eu me lembrava de uma fala de um supervisor que dizia: "a verdade é o oxigênio da mente", mas, para achar a verdade, quando o ar nos falta, haveremos de inventar5 descobertas.

Para firmarmos nosso trabalho, precisávamos da presença de seus pais que, a princípio, não colocavam qualquer resistência ao contato comigo. No dia marcado, para minha surpresa, veio somente o pai. Chapéu de boiadeiro, alinho nos trajes, bota bem engraxada. Respeitoso no trato, ele iniciou a conversa: "Doutora, a situação não é fácil... minha filha me disse que tem que vir aqui?! Pouco ou quase nada sei do que é isso... parece umas palestras que a senhora vai dar com ela, né?! Os outros meninos foram bem, estão trabalhando bem lá na fazenda comigo. A irmã mais velha está bem casada... e ela está nessa situação de sair desregrada. Tem bom coração, mas é arredia".

Eu acompanhava, com certo constrangimento, o que ele me falava. Talvez algo de indignada, apreendendo um pouco uma atitude patriarcal. Mas em alguns momentos avizinhava-me dele no jeito de falar. Seu jeito sertanejo fazia me lembrar do meu avô Lindório, aquele "lindo rio" dizendo para os netos que "em festa de criança quando sai errado é que dá mais certo...". Mas também dizendo de seu medo das filhas estudadas se afastarem dos pais, por vergonha. Porém tal apreensão não era suficiente para que se abrisse uma porta de entrada para o diálogo com o pai da paciente. Eu estava habitando o fora, o antes do alpendre da casa-mente daquele homem.

Seguiram-se algumas falas sobre sua preocupação com a filha e quase um lamento por aquilo que ele dizia ser "esse trem doido que dava na menina". Por fim, quando já estávamos na reta final da nossa "palestra", em vias de vir conversa, ele colocou: "A menina me falou que a senhora quer receber o dinheiro das consultas toda semana ou no final do mês, mas isso não entra no meu esquema. Eu vivo da renda de venda de boi e safra de lavoura e o dinheiro vem só em uma ou duas épocas do ano. A senhora podia fazer o preço por empreita: quanto a doutora acha que fica pra colocar a menina no jeito?".

Eu arregalei os olhos e na hora algumas imagens de meus tios e avós, negociantes das Gerais, me ajudaram a superar a indignação. Soltei um "noooó", e ele então sorriu e disse: "Minha mulher bem que me avisou que era pra eu não assustar a senhora". Eu recuperei o fôlego e sorri também, numa espécie de cumplicidade entre o blues e o gospel. Saiu de minha boca uma pergunta: "Por que ela não veio?". Ele respondeu: "Está na lida, mas acho que ela tem vergonha de umas coisas que eu falo. Ela estudou em São Paulo, no Santa Marcelina. A senhora sabe, né?! Parece que a senhora veio lá de São Paulo mesmo. A vida aqui é muito diferente".

Eu então disse que sim, que a diferença entre as cidades era muito grande, assim como a diferença entre as pessoas. Ele era diferente de sua esposa, que era diferente dele. Cada um era de um jeito, e por isso que a gente fica até sem jeito, meio sem saber muito bem o que é colocar alguém "no jeito". Ele me olhou enviesado e colocou: "Mas a gente vai se adaptando à situação... eu mesmo pra vir aqui... na verdade preferi que minha mulher não viesse, mas se a doutora achar que é bom ela vir...".

Eu só disse: "Na próxima vez o senhor vem com ela". Ele voltou ao problema do pagamento. "Então a senhora acha que não dá pra fazer um pagamento no total?"

Lá se vão esses tantos dias... Hoje nossa clínica é hospedeira do mundo em ebulição ou altíssima tensão. Se a descrição da jovem dos idos anos 1980 guarda alguma correspondência com jovens dos tempos atuais, a relação com os pais é bem diferente. Há sofrimento "melancólico" que impede de se ver a perda, evitando ou alijando a frustração. Para Laurie Laufer (apud Santos & Prado, 2018), a melancolia configura-se como suspensão temporal, esse momento em que a morte não existe mais, basicamente. Sem limites, sem finitude.

Assim, os jovens que nos chegam são filhos dos avós e portam estruturas ou conteúdos psíquicos transgeracionais. Elaborações que seriam imprescindíveis de terem sido feitas saltam, por assim dizer, uma geração. Há um hiato e uma lógica circunscrevendo essa forma de relação baseada numa espécie de indefinição do corpus ou indeterminação contextual de lugares e funções na dinâmica familiar.

Há uma montagem fabril-fabricada de modos de ser sempre o mesmo, construído por imposição, por assim dizer. A estranheza pede lugar para o conhecimento formatado, perenizando em formol um reconhecimento unívoco de estampas pela abolição das especificidades, ou seja, das assustadoras diferenças.

Os pais ocupam-se de forma constrangida do cuidado com os filhos e parecem estabelecer com estes uma relação tensa de irmãos. Expressam, sorrateira ou diretamente, o sentimento de que cuidar dos filhos é um estorvo a impedi-los de galgar posições melhores profissionalmente ou de extraírem mais prazer da vida. A conjunção é bem complexa. Somos protagonistas de um momento histórico de imposição de valores mediante implosão das possibilidades de (re)construção dos mesmos.

Poderíamos pensar na ausência ou falência da função paterna que tem sido trazida à tona em muitas e importantes análises da conjuntura atual. Porém talvez seja melhor suspendermos os sentidos por um pouco mais de tempo, retardarmos, por assim dizer, categorizações e, dessa condição de estranhamento, outras apreensões haverão de ser apuradas.

Em um texto anterior,6 pudemos esboçar, como lógica inconsciente determinante das formas de relação vigente, o que denominamos de bloco da solidão. Organização compactada, território chapado, sem reentrâncias ou oscilações, remete o homem ao sentimento de solidão inflexiva, ou seja, aquele que não se dobra ou reflete sobre si mesmo. Não é aquela solidão que provê condições ao homem de dormir e sonhar, mas uma que o anestesia dos próprios sonhos e o faz coadjuvante de um sonho importado e homogeneizador do desejo. Enterra-se a sujeição. Longe da autonomia, o que se apresenta são seres autômatos. O sujeito desaparece submerso nas objetificações que a massa homogeneizadora faz dele.

Hoje poderíamos configurar como mar de lama a figuração emblemática da lógica que regra, por assim dizer, nossas relações. Brumadinho, ou o crime da Vale, simboliza dramática e tragicamente essa condição. Subsumidos ou submetidos à obediência cega da verdade opinativa, é passado a nós uma certificação de segurança quando é flagrante que estamos a cada momento em situação de alto risco. Vivemos em pleno regime do atentado.7 Num quase suicídio coletivo, os nossos anestesiamentos-congelamentos nos fazem dar uma banana para a vida e nos deixamos levar pela anomia prototípica da pulsão de morte. O descuido da manutenção das comportas tem consequências previsíveis e alcançam frontalmente os mais vulneráveis.

 

Finalizando ou... em busca de novos ares

Como usar nossa chave interpretativa-interpretante para devolver ao mundo a nossa frágil humanidade? Persistindo, resistindo, re-existindo... no aguardo de que esse estado de tensão das forças antagônicas possa gerar uma descoberta inventiva, a verdade, entre a invenção e a descoberta (I / V / D), sempre parcial e contingencial que a psicanálise nos possibilita acessar.

E... voar com as palavras, inaugurando poéticas que nos ajudem a continuar, apesar de tudo...

LAMA MOVENTE

(sem rima, sem métrica... com eira e beira)

Enlamaçados
Em laços
somos

em lá
me
dispo
de
lama

supostas
venturas
vivendo
morrendo
do quê?
Vale?!
hA corda
Do seu
Latifúndio!

(Maria Lúcia Castilho Romera - Em tempos de atravessar estações. De Uberaba a São Paulo. Dezembro 2019)

 

Referências

Dürrematt, F. (1976). A visita da velha senhora (M. da Silva, referências trad.). São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial.         [ Links ]

Freud, S. (1976). O estranho. In ______. Edição standard das obras completas de Sigmund Freud (v. 17, pp. 273-315). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1919)        [ Links ]

______. (2010). O inquietante. In ______. Obras completas (P. C. Souza, notas e trad., v. 14, pp. 328-376). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1919)        [ Links ]

Herrmann, F. (1979). Há o inconsciente... In Andaimes do real: o método da psicanálise (pp. 317-360). São Paulo: Brasiliense.         [ Links ]

______. (2006a). Psicanálise, ciência e ficção. Jornal de Psicanálise, 39(70),55-79. São Paulo, jun.         [ Links ]

______. (2006b). Psicanálise e política: no mundo em que vivemos. Percurso, 36,5-24.         [ Links ]

______. (2015). Sobre os fundamentos da psicanálise: quatro cursos e um preâmbulo. Londres: Karnac Books.         [ Links ]

Romera, M. L. C. (1993). Transmissão-difusão da psicanálise: considerações a partir do delineamento de sua presença nos cursos de psicologia da região do Triângulo Mineiro - Brasil Central. São Paulo: IPUSP.         [ Links ]

Romera, M. L. C.; Torrecillas, F. G. (2000). Bloco da solidão: angústia no desamparo. Alter Jornal de Estudos Psicodinâmicos, 19(2),337-344.         [ Links ]

Santos, B. S. (2004). Um discurso sobre as ciências (2ª ed.). São Paulo: Cortez.         [ Links ]

Santos, B.; Prado, L. E. (2018). Apresentação de Laurie Laufer.         [ Links ]

Uma psicanalista inspirada por Michel Foucault e pelo feminismo. Revista Brasileira de Psicanálise, 52(3),17-30.         [ Links ]

 

 

Correspodência:
MARIA LÚCIA CASTILHO ROMERA
Av. Floriano Peixoto, 615/308, Centro
38400-102 - Uberlândia/MG
Td.: 34 3236.7985 / 34 99199.5511

Recebido 30.07.2020
Aceito 14.08.2020

 

 

1 Texto escrito originalmente para o Pré-Congresso do Triângulo Mineiro na mesa "Das Unheimliche: as inconfidências da alma", no dia 23 de março de 2019, em Uberaba (MG). Apresentado em Reunião Científica da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) Diálogos na Febrapsi: Das Unheimliche, juntamente com o de Leda Herrmann, "A subjetividade do analista e os estranhamentos da clínica", no dia 7 de dezembro de 2019, com comentários de Marina Ramalho Miranda e coordenação de Helga Machado Quagliatto.
2 Relativo àqueles momentos em que surpresas constituem obstáculos a serem transpostos. O cotidiano no ensino da psicanálise, nos cursos de psicologia do Brasil Central, foi investigado na minha tese, a partir de alguns pontos que me causaram surpresa ou, podería-mos dizer, onde houve um desconcerto da realidade na relação com meus alunos da psicologia. Momentos que nos surpreenderam e, assim, perdemos o chão das certezas. (Romera, M. L. C. Transmissão-difusão da psicanálise: considerações a partir do delineamento de sua presença nos Cursos de Psicologia da região do Triângulo Mineiro-Brasil Central. IPUSP, São Paulo, 1993. (Parte da tese foi publicada no Jornal de Psicanálise).
3 Alusão ao texto A visita da velha senhora. Friedrich Dürrematt, do Teatro do Absurdo.
4 Das Unheimliche - O estranho - O inquietante (1919).
5 No presente trabalho adotaremos a perspectiva utilizada por Fabio Herrmann no que concerne à concepção de verdade enquanto tensão dialética entre invenção e descoberta, ou seja, I / V / D (In Sobre os fundamentos da psicanálise: quatro cursos e um preâmbulo). E também a noção de que o inconsciente no sentido de existir, sem a prioris teóricos que tendem a ser aprisiona-dores da escuta analítica. No método interpretativo, vislumbra-se a bússola instauradora para a específica direção que nos conduz o paciente ou aquilo que está sendo investigado ("Há o inconsciente..." In Andaimes do real: o método da psicanálise).
6 M. L. C. Romera & F. G. Torrecillas, "Bloco da solidão: angústia no desamparo".
7 Lógica delineada por Fabio Herrmann no texto “Psicanálise e política: no mundo em que vivemos”.

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