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Tempo psicanalitico

versão impressa ISSN 0101-4838

Tempo psicanal. vol.44 no.2 Rio de Janeiro dez. 2012

 

ARTIGOS

 

Percursos delirantes em análise

 

Delirious ways under analysis

 

 

Eduardo Rodrigues Peyon

Especialista em Psicologia Clínica (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2002); Mestre em Psicologia (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2008); Psicólogo Pleno da Petrobras

 

 


RESUMO

A partir de um acontecimento cotidiano, porém inusitado, o artigo desenvolve uma reflexão sobre o trabalho analítico e, especialmente, sobre a participação do analista na narrativa do analisando e na construção do caso clínico. As verdades construídas em análise são entendidas como delirantes a partir de uma perspectiva cética que é contraposta ao cinismo dos impostores. Por meio dessa contraposição é empreendida uma reflexão sobre o estatuto da verdade do sujeito na contemporaneidade.

Palavras-chave: caso clínico; construção; narrativa; verdade.


ABSTRACT

From an unusual event, the article reflects on the analytical work and especially on the participation of the psychoanalyst in analyzing the narrative of the patient and in the construction of a clinical case. The truths built under analysis are understood as delusional from a skeptical perspective which is opposed to the cynicism of impostors. Through this contrast a reflection on what might be the truth of the subject nowadays is realized.

Keywords: clinical case; construction; narrative; truth.


 

 

Outro dia vi, em um cartaz publicitário da Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) afixado no elevador do meu edifício, uma frase escrita a caneta, em letra infantil, (des)-coberta por um corretor ortográfico, um corretor de textos de tinta branca que, contudo, não impedia a leitura daquilo que se quis apagar, e até mesmo denunciava que havia algo ocultado. A frase dizia: "minha mãe está sofrendo". Fiquei profundamente tocado com o texto e com a ocult-ação. Vários pensamentos, sempre delirantes (pois como saber a realidade? Existe uma realidade externa completamente acessível?), invadiram-me: "será isso um pedido de ajuda?"; "será o apagar da frase um zelo pelos espaços público e privado, e a situação está sendo cuidada no devido lugar?"; "será que em algum lugar eu acho que a minha mãe está sofrendo?"; "será que a imaginária criança leu isso em algum lugar e repetiu?"; ou ainda "será o corretor de texto, a borracha, o branco, a lacuna, uma negação da verdade que assombra a minha imaginária criança que me faz sofrer?" (as ambiguidades não foram propositais, mas sim inevitáveis). Essas várias possibilidades representam diferentes caminhos de investigação entre tantos outros que se poderia vislumbrar, inclusive o fato da minha recusa em considerar o nome assinado ou evocado pelo autor da frase, também semiocultado ou (des)-coberto pelo corretor; por que insisto em esquecer o nome sem esquecê-lo completamente? (Aliás, nenhuma das ocultações foi efetiva...). Analistas (aqui emprego a palavra com toda sua pompa imaginária) também negam, esquecem, recusam informação sem se darem conta. Afinal, são gente como toda gente, estranha e falível ao ser olhada de perto e cheia de contradições não percebidas por si mesmas.

Escrevo, contudo, sobre a possibilidade teórica (?) de que o corretor seja negação de uma verdade que desejo escrever aqui: digamos que essa é a hipótese (delirante percurso?) que me atrai e, a partir dela, pergunto: o que se constrói após ou sobre a passagem do corretor de texto? Aquilo que dissimula a verdade do sujeito, um novo texto, uma lacuna, um sintoma, uma memória encobridora. Poderíamos utilizar qualquer um desses conceitos presentes no nosso campo do verdadeiro, o nosso discurso psicanalítico. Todas essas formas de significação poderiam ser então dissimulações da dissimulação que em si mesma já poderia ser uma dissimulação de algo mais perdido - "nada foi dito", "nenhum corretor foi passado", "quando? Não, claro que não", "nunca houve nada parecido com isso" -, e algo dissimula a própria dissimulação em uma cadeia na qual a dissimulação inicial - talvez pudéssemos dizer o recalque originário - está perdida: o acontecimento originário, mítico, real - pouco importa o termo - é algo inalcançável. Só existe através de uma reconstrução após uma sequência de dissimulações. A verdade primeira do sujeito é da ordem do impossível, ela só pode existir miticamente, isto é, por meio da poesia, da criação, da construção.

Toda história que nos é narrada pode ser vista como uma sequência infinita de dissimulações, de encobrimentos de um impossível de saber e de dizer. Quando vamos construir um caso clínico podemos acreditar na existência de uma verdade perdida ou impossível ou inacessível, algo que nos contornos e na miragem do objeto a - o objeto causa do desejo, o objeto perdido -, algo que no olhar e na voz desse outro que causa tanta intensidade nos evoca esse impossível de dizer, nos impõe um oráculo, um enigma, uma busca. O que me causa o desejo naquilo que digo desejar? Serão os cabelos negros, os olhos verdes, o corpo em violão? O objeto do desejo começa aí com certa objetividade, "eu prefiro morenas", "eu prefiro grandes", "eu gosto das inteligentes", "eu adoro as mandonas", "eu amo aquelas que possuem certo brilho no nariz", "eu gosto das que parecem putas", "eu gosto das que parecem santas", "o que me captura é um olhar de soslaio que abre um enigma e uma voz forte com um leve acento no erre e que me ordena". Até que ponto pode ir o refinamento acerca do objeto do desejo? E para que essa interminável construção se é algo incontrolável e incontornável pelo e para o sujeito? Está aberta a pergunta do desejo - "que querem de mim" e, depois, "o que quero", Che Vuoi? Mas o ingresso na ordem do desejo pressupõe e exige o ingresso em uma ordem simbólica, em um grupo social. Um grupo que nos conta as origens e nos fornece um primeiro liquid paper ante o absurdo da nossa existência. Sempre estamos, sob certo prisma, delirando, o que varia é a extensão coletiva do nosso delírio e a quantidade de angústia sentida pelo sujeito. A angústia parece crescer proporcionalmente à incapacidade do mito coletivo e individual de suturar o rasgo que o real oferece a partir de alguns acontecimentos impossíveis de serem plenamente representados como, por exemplo, a morte e a diferença sexual.

Escrevo isso para dizer que aquilo que apresentamos como verdade nos casos clínicos não passa de delírio, pois, quanto mais possamos saber, de nada continuaremos a saber, assim como a (re)-construção, hoje, da acrópole de ontem tem mais a ver com o arquiteto que a (re?)-faz do que com a verdade perdida, remoída, esmagada, desgastada, reescrita, destruída, enterrada, negada, dissimulada, corrigida; assim como os restos, reminiscências, lacunas, obsessões, conversões, sonhos que nos são apresentados em ruínas, em enigmas, em significantes cuja abertura à construção de um significado, mesmo que delimitemos muros, é sem fim. Dizemos "foi assim", mas não sabemos se realmente foi porque o real e a história sempre nos escapam com o peso da morte e o enigma do outro sexo: delirantes, dizemos "foi assim" ou "tem sido assim". Deixar de ser delirante seria deixar de ser humano, isto é, não falar, mergulhar no nada sem que isso angustie, morrer ou, talvez, alcançar o nirvana dos orientais, estar vivo e não desejar... Mesmo quando o objeto desejado nos mata (aliás, quando ele não nos mata?), há desejo. O que fazemos ou tentamos fazer na nossa escuta analítica é não julgar moralmente o delírio que o sujeito nos conta; afinal, mais do que ele, reconhecemos nosso não saber e nossa necessidade de uma ordem de discurso que nos proteja e forneça um prumo, uma moldura, um mínimo de equilíbrio. Acompanhamos o questionamento que ele faz acerca do próprio mito, seus caminhos através dos véus e camadas, seu encontro com os enigmas que a vida propõe e, na tentativa de entender o mito originário de cada um, acompanhamos o sujeito na infinita reconstrução do delírio que o sustenta no mundo. Somos um simulacro de saber para acompanhar o sujeito na travessia do impossível e na incessante reconstrução de seu estar no mundo.

Para mim é absolutamente difícil falar da construção dos meus casos clínicos porque toda e qualquer exigência de que eu expresse verdades cartesianas, científicas, fechadas, ou mesmo simplesmente baseadas em modelos estruturais, lança-me numa inconsistência insuportável. Não possuo verdades a não ser o dilaceramento que se dá no embate entre vida e morte no meu peito. A história que se conta é um delírio inaugurado por um método que diz: "fale tudo que lhe vier à cabeça, livremente, sem preocupações com coerência ou lógica, sem censuras". A partir daí, apesar do muito que pensamos e sentimos, continuamos sem entrar na cabeça do outro, sem entender a diferença entre os sexos, morrendo de medo do silêncio da morte. As palavras ditas nesse (des)-encontro chamado análise vão ganhar sentido, não existe como repetir o texto de uma pessoa sem atribuir sentido e afeto. Se escutar a verdade do outro é escapar ao sentido, escutar é impossível. Por outro lado, só há análise porque se busca um sentido, aliás é impossível falar sem buscá-lo. Fala-se para encontrá-lo, definitivo e pleno, sem jamais conseguir. Alguns dizem que James Joyce fez isso em sua obra literária, escrever sem buscar construir um sentido: ele teria produzido um simbólico desatrelado de qualquer imaginário, algo que nos deixa enlevados ou angustiados por ruídos que jamais formam uma imagem, mas que para os decifradores de sua obra pode ser um trabalho para mais de trezentos anos...

Quando digo "eu", pronome pessoal reto, vocês perguntam "eu o quê?", ao que eu acrescento "eu gosto" e ao que vocês perguntam "de que ou de quem?", ao que acrescento "eu gosto de sorvete", ao que vocês podem seguir perguntando várias coisas, "de que, de que marca, por que, quando?", ao que eu acrescento "eu gosto de sorvete de chocolate", ao que vocês se perguntam "por que ele está me dizendo isso" - e me perguntam: "por que você está me dizendo isso?", ao que digo "não sei" e acrescento "meu avô também adora sorvete", e vocês sem nada entender dizem "sim, você e seu avô gostam de sorvete, um enigma", e eu continuo "lembro-me de que meu avô me buscava na escola", e vocês podem perguntar e pensar várias coisas, "que legal, meu avô também me buscava na escola" ou "puxa, eu não conheci meu avô" ou "que raio de história é essa?", ao que eu sigo dizendo "adorava quando meu avô me buscava na escola e comprava figurinhas na banca de jornal em frente à padaria", e vocês seguem querendo encontrar um sentido que é delirante porque incessantemente escapa a mim e a vocês; assim, sei o que falo, mas não entendo, e vocês me fazem entender, mas não sabem, e, ainda assim, omito, envergonhado, o que considero mais importante, "um dia, ainda menino, dei um tapa na cara desse meu avô tão querido", e quase começo a chorar, e vocês (analista) seguem ao meu lado, em silêncio, querendo entender e ajudar, mas pouco podendo dizer. Contudo, qualquer palavra que vocês digam será causa de reflexão se eu estiver transferido, isto é, amando-os/odiando-os e aguardando de vocês a resposta sobre o meu desejo, sobre a minha culpa, e vocês estarão construindo dentro de vocês uma resposta, mas não para me darem a resposta e sim para poderem continuar ao meu lado, sem nada saber, tão delirantes quanto eu, mas ajudando-me a seguir construindo e reconstruindo a minha história/vida.

Essa resposta que o analista cria para ele - e para a comunidade de analistas à qual pertence - é o caso clínico. Claro que essa resposta influencia no deslizar do significante pelo analisante, e claro então que "euzinho analista" interfiro diretamente naquilo que meu paciente constrói a partir da minha presença na cena analítica. Esse delírio, instaurado pelo método e pela suposição do saber que o paciente nos faz, causa uma busca de compreensão que evoca uma série de conceitos os quais, em cada um de nós, adquirem uma especificidade na definição: complexo de Édipo, transferência, resistência, objeto a, semblante, fantasia, contratransferência, desejo do analista, desejo, eu, isso, supereu; filtros, noções, complexos são modelos que os psicanalistas constroem, ferramentas e tijolos, além de músicas, poesias, livros, autores, personagens, mitologias, amigos, nós mesmos, os outros de nós mesmos, e aí o delírio ganha forma e vira caso clínico. Isso que se constrói me parece pouco ter a ver com o que "cura"(?); o que "cura" parece-me ser o amor e o preço desse amor, a castração; o amor enquanto aquilo que causa um desejo de saber sem fim, um desejo de desejar, buscar, fazer, chorar, sentir - até, talvez, um ponto de simplicidade no qual o saber seja o mais próximo da verdade; o delírio segue, sem ele a gente não suporta a vida, mas o que cura é o amor, pois o amor aplaca o desejo de totalidade e morte, o amor dá vida ao significante e coloca o inconsciente a nosso favor. Toda compreensão, todo ajustamento, toda verdade que se possa construir só faz sentido se houver amor. Amor de transferência que nada deve ao amor dos poetas. Ou não, às vezes o amor também pode parar tudo, pode tornar-se toda verdade e todo saber, é o amor dos apaixonados, é o amor como fuga ou como resistência. É nessa navalha que a gente fica, causando amor, mas escapando... Afinal, o objeto é perdido, o desejo nunca está plenamente satisfeito, mesmo quando realizado. Somos analistas, como tudo o mais que causa desejo somos semblantes, imagens do real entrevistas pelas frestas de uma persiana. Fique claro que o que chamo aqui de amor é um amor que impede ou tenta impedir a descarga pulsional excessiva, o mais gozar da paixão, a angústia visceral de um desejo sem um mínimo de representação simbólica. Cuida-se aqui do amor que se faz predominantemente no campo simbólico, no campo da palavra.

Dizem que o ceticismo é uma posição impossível ou pelo menos inviável na contemporaneidade... e o sujeito assume a postura cética - recusa todo saber - e suspende as verdades e juízos absolutos, mas isso não impede a ciência de provar suas leis e comprovar suas hipóteses através de um método da verdade (ao menos de certa verdade: religiosa, do significante, obsessiva, a chamada verdade científica), com fórmulas e equações matemáticas, curvas cartesianas, etc.; o ceticismo tampouco impede que a indústria, de posse das tecnologias que essas verdades científicas possibilitam, siga construindo objetos incríveis que proporcionam uma série de ganhos na vida humana, como segurança, prazer, saúde, etc. para aqueles que podem comprá-los ou acessá-los. Por que o cético permanece recusando o saber e as verdades universais? Por que morremos e por que não sabemos como goza o Outro sexo, o outro bicho? (A relação sexual segue não existindo por mais que a cultura pós-moderna insista em tentar fabricar o Outro imaginariamente. A morte ainda engole todos os ícones da plenitude e do encontro sexual pleno).

O cínico contemporâneo diz "o Outro não existe, ninguém detém a verdade" e usa seu saber sobre a inexistência de um Outro consistente para tornar-se um impostor, para entrar em cena como mágico - e nunca houve tanta tecnologia à disposição dos impostores! O cínico coloca os outros a serviço do seu gozo. A tecnologia o ajuda mais do que nunca. O cético não o faz, ele recusa a posição cínica, vantajosa em nossa cultura que associa ganhos imaginários e poder, lucro, "vida boa". O cínico diz internamente "não há verdade" e, como ele sabe disso, inventa a sua verdade e a sustenta diante dos tolos que insistem em crer em algo perene: nada como um paranoico cheio de certezas para seduzir uma multidão (tudo bem, o paranoico não é necessariamente um cínico) ou um impostor cínico que demonstre com rigor lógico a sua mentira-verdade, e a venda caro. Bem caro! Afinal, as pessoas precisam de Deus até que um analista lhes dê a pílula da (não)-verdade; claro, muitas vezes Deus resiste; podemos até dizer "ainda bem", afinal, ter um poder tão grande poderia nos tornar analistas paranoicos ou cínicos... Estão aí os donos de igrejas milionários (serão eles crentes, paranoicos ou cínicos?).

O cético afirma "não há verdade, isso é tudo em que acredito" e, não havendo verdade, é preciso justificar de outras formas o que se faz, individualmente e em grupo, e nesse ponto entram a transparência, a honestidade, o desejo, a diferença, o impossível de dizer e a divisão do sujeito... O cínico diz: "como não há verdade e estão todos loucos por uma verdade, vou satisfazê-los, assistam ao show! Não creio em bruxas, mas vou fazê-las existirem". Um analista cínico diz: a verdade desse sujeito é que a mãe lhe dizia isso, o pai lhe dizia aquilo e na relação atual com a mulher é assim... Ele sabe que nada disso é verdade absoluta, é apenas o efeito de uma determinada lente, mas ele o diz como sendo, com o brilho fascinante que todo impostor acrescenta à sua cena. O cético conta a mesma história sobre a mãe, o pai e a mulher e depois diz "nada sei, não tenho certeza de nada disso", mas o deslizamento prossegue justamente porque o analisante, como o seu analista, não sabe a próxima palavra a entrar em cena. Porém mesmo o cético não escapa ao desejo de saber, à busca sem fim da verdade do desejo.

A pessoa segue vindo às sessões, falando, deixando seu testemunho, narrando a sua história, interrogando. Considero que a Arte é necessária nesse processo como forma de arranhar o real: pintar, escrever poesias, compor, esculpir, desenhar; mas digo também que nem todos encontram na arte uma possibilidade viável, e também não acho que a arte esgote o campo da busca: talvez alguns raros gênios, porém nem todos suportam esse lugar que Albert Camus (1957: 130) definiu lindamente no seu conto "Jonas ou o artista no trabalho" como do artista: "solitário ou solidário?". Fazer arte não é simplesmente ater-se a uma atividade artística, é sangrar em cada pincelada ou canetada, assim como fazer análise não é fazer deslizar infinitamente o significante em busca da verdade, é encontrar-se com o nada e com o conflito que arde em cada coração e encontrar um delirante percurso a cada ciclo, para poder posicionar-se de forma ética tanto na relação com o desejo como também com a sociedade. A relação analítica oferece um espaço de reflexão e criação através de uma relação única, amorosa, delirante, sigilosa; se desse processo o sujeito extrair verdades, isso é dele, não do analista. O analista extrairá as verdades dele quando puder. Quanto ao mundo, não devemos ser neutros, é importante sim que as pessoas consigam encaixar sua loucura, sua singularidade no mundo, em algum lugar que não seja a recusa desse mundo... Mas ao lado de Eros e da palavra, com produção e contra o cinismo e a intolerância, a favor da inclusão de toda diferença e singularidade, mesmo as mais difíceis de compreender e de tolerar.

Tornei-me mestre ao assumir uma posição? Espero que não, pois os céticos também devem assumir posições. O enigma do outro e o da morte vão sempre nos instigar e angustiar, é esse o preço do existir. Na morte, a dívida com a vida é paga. Assim, seja bem vindo ao mundo com suas dores e delícias sempre abertas a uma re-escritura.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Camus, A. (1957). Jonas ou o artista no trabalho. In: O exílio e o reino (pp. 93130). Rio de Janeiro: Record.         [ Links ]

 

 

Recebido em 13 de junho de 2012
Aceito para publicação em 01 de novembro de 2012