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Tempo psicanalitico

versão impressa ISSN 0101-4838

Tempo psicanal. vol.45 no.1 Rio de Janeiro jun. 2013

 

ARTIGOS

 

O amor, o feminino e a escrita

 

Love, the feminine and writing

 

 

Ana Maria Medeiros da CostaI; Maria Aimée Laupman FerrazII; Valdelice Nascimento de França RibeiroIII

IPsicanalista - membro da APPOA; Professora do Programa de Pós-graduação em psicanálise na Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Email: ammcosta@terra.com.br
IIPsicóloga; Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicanálise do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: aimeemaria@hotmail.com
IIIPsicóloga; Mestranda do Programa de Pós-graduação em Psicanálise do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Rio de Janeiro, RJ, Brasil. E-mail: valdelicepsicologia@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

O artigo propõe abordar a temática do amor para o sujeito na posição feminina e suas possíveis relações com a escrita a partir de Freud e Lacan. Lacan, em seu conhecido quadro denominado de Fórmulas quânticas da sexuação, situa a sexualidade feminina no mais além da função fálica, como correlata a um Outro gozo que não aquele dito sexual. O sujeito nesta posição feminina sente que uma parte de si mesmo está presa ao gozo fálico, e a outra, naquilo que Lacan chama de Gozo do Outro. Desse Gozo Outro nada se sabe, a não ser que se o experimenta. Propomos pensar que os sujeitos que estão na posição feminina são mais levados a aprender a fazer algo com o real; assim, poderíamos pensar na função da escrita como uma forma de contornar esse gozo suplementar.

Palavras-chave: amor; gozo; escrita.


ABSTRACT

The article proposes to address the theme of love for the subject in the feminine position, and its possible relations with writing, according to Freud and Lacan. Lacan, in his well-known picture called Quantum Formulas of Sexuation, locates female sexuality beyond the phallic function, as related to another jouissance, rather than the sexual jouissance. In this feminine position, one feels that part of him is stuck to a phallic jouissance, and the other part, in what Lacan calls the Other Jouissance. Nothing is known about this Other Jouissance, except that it is experienced. We propose that who is in the feminine position is more driven to learn to do something with the Real, and writing may be a way to circumvent this supplemental Jouissance.

Keywords: love; jouissance; writing.


 

 

Introdução

Qual é a relação entre amor, o feminino e a escrita? Sabemos que Freud situa o amor no centro da experiência psicanalítica. Também Lacan ocupou-se desse tema, desdobrando-o em diferentes proposições ao longo de sua obra. A seguir, transitaremos por algumas dessas elaborações.

 

O amor em Freud

Inicialmente, recorreremos ao texto freudiano "Sobre o narcisismo: uma Introdução" (Freud, 1914/1976). Nesse texto, Freud aborda o amor a partir da escolha de objeto. Postula que o narcisismo situa-se entre o autoerotismo e o amor objetal. A libido objetal atinge sua alta quando o sujeito se encontra apaixonado e parece desistir do seu próprio ser a serviço do amor ao objeto.

Freud (1914/1976) distingue duas escolhas do objeto amoroso: anaclítica e narcisista. A escolha anaclítica tem como referência os cuidados maternos e paternos. O sujeito ama aquele que cuida dele e o protege. A escolha narcísica envolve a própria imagem. O sujeito ama a si próprio e busca a si mesmo no objeto amoroso. Freud (1914/1976) ressalta que os dois tipos de escolha de objeto estão acessíveis aos sujeitos, embora possa ocorrer a prevalência de uma.

As escolhas do objeto amoroso têm como base a existência do narcisismo primário. A teoria freudiana faz uma comparação entre o sexo masculino e feminino estabelecendo entre eles diferenças fundamentais.

O amor objetal anaclítico é característico do masculino, exibindo acentuada valorização sexual que se origina do narcisismo primário, correspondendo a uma transferência desse narcisismo para o objeto sexual. Segundo Freud (1914/1976), essa supervalorização sexual é a origem do estado de uma pessoa apaixonada, ocorrendo um empobrecimento do eu em favor do objeto amoroso.

Com o feminino a escolha objetal é narcísica. A puberdade traz para as mulheres uma intensificação do narcisismo primário, e isto ocasiona uma dificuldade na escolha de objeto: elas amam a si mesmas com uma intensidade comparável ao amor dos homens por elas. Suas necessidades não estão na direção de amar e, sim, de serem amadas.

Freud (1914/1976) afirma que o caminho que leva as mulheres narcisistas, cuja atitude para com o objeto amoroso permanece distante, para a escolha anaclítica é o da maternidade. Assim, amam por completo a partir de seu narcisismo.

Dessa forma (Freud, 1914/1976), o masculino investe mais intensamente no objeto, e o feminino no eu. Entretanto, em ambas as escolhas se renuncia a uma parte do próprio narcisismo, ao se lançar à procura do amor.

 

O amor e suas facetas para Lacan

Ao longo dos seus seminários, Lacan trabalhou as várias faces do amor, retornando aos textos de Freud. No Seminário, livro 1: os escritos técnicos de Freud, Lacan (1953-1954/1986) afirma que Freud não evita chamar a transferência pelo nome de amor e chega a dizer que não há entre esses termos nenhuma distinção verdadeiramente essencial. A este amor de transferência e às escolhas narcísicas e anaclíticas do objeto amado Lacan (1953-1954/1986) irá chamar de amor-paixão. Neste mesmo seminário, ele diferencia o amor-paixão do amor como dom ativo, que visa o outro não na sua especificidade, mas no seu ser. O amor como paixão imaginária é uma tentativa de capturar o outro em si mesmo: em si mesmo como objeto, diz Lacan (1953-1954/1986). É um amor que deseja ser amado, ser amado por tudo.

Segundo Lacan (1953-1954/1986), amar é amar um ser para além do que ele parece ser. Por isto ele classifica o amor como uma carreira sem limite, já que esse ser para qual o amor se dirige é uma ficção, pois o que caracteriza o sujeito não é o ser, mas uma falta-a-ser. Dessa forma, ao contrário do amor-paixão, este amor só pode ser concebido numa relação simbólica mediada pela palavra.

Para pensarmos na relação entre o amor e o feminino recorremos ao Seminário 20: mais ainda, onde Lacan (1972-1973/2008) vai reinterpretar a noção freudiana de bissexualidade para reformular a diferença entre a posição feminina e masculina a respeito do sexo. Ele pretende situar o feminino, ao menos em parte, num mais além da função fálica, como correlato a um Outro gozo que não aquele dito sexual. É isto que ele fará em seu conhecido quadro denominado de fórmulas quânticas da sexuação. Na coluna esquerda do quadro ele descreve a estrutura da posição dita masculina na sexualidade e, na coluna da direita, dá conta da posição dita feminina. É importante precisar que esta divisão não corresponde absolutamente à diferença anatômica entre os sexos, mas a uma posição do sujeito no discurso.

A diferença de posição ou de identificação sexuada só se institui, nos falantes, pela maneira pela qual se inserem, como sujeitos, na função fálica. Lacan (1972-1973/2008) afirma que quem quer que seja falante se inscreve de um lado ou de outro. Do lado masculino situa-se miticamente o "ao menos um" que não está submetido à norma fálica. Isto nos remete ao texto "Totem e tabu" (Freud, 1913/1976), no qual Freud nos mostra que o pai originário da horda, que não sucumbiu à castração e que supostamente controla cada mulher, marca o limite da masculinidade do homem. Graças a esse mito, constitui-se o conjunto dos homens submetidos à norma fálica; logo, à castração.

Do lado feminino, que é o que pretendemos abordar neste trabalho, podemos dizer que não existe "ao menos um" que não esteja inscrito na função fálica. Por isso as mulheres não fazem conjunto, devem ser contadas uma a uma. Há algo em cada mulher que escapa ao registro fálico. Ela é não-toda inscrita na função fálica.

Lacan (1972-1973/2008) propõe outra via para o impasse feminino, afirmando seu famoso axioma: a mulher não existe. Dizer que a mulher não existe significa dizer que não existe um significante que identifique e componha a classe das mulheres. Ao mesmo tempo que, por um lado, a mulher está ligada ao phi (Φ), falo como significante, por outro também está ligada ao significante da falta de significante no Outro.

Esta diferença de posição não exerce sua determinação apenas no plano da identificação, mas também no plano do gozo. Trata-se de uma diferença entre o gozo fálico (lado masculino) e o gozo Outro ou gozo suplementar (lado feminino). Este gozo suplementar é o gozo do corpo, que está fora da linguagem, nada se pode dizer dele a não ser o que se experimenta.

Este gozo suplementar influencia a mulher na forma de amar. Lacan (1972-1973/2008) define a forma fetichista de amar como sendo do homem, opondo-a à forma erotomaníaca de amar, da mulher. Ele aborda o tema da erotomania em seu artigo Conférence à Yale University, Kanzer Seminar (Lacan, 1975/1976). Começa ressaltando uma das características dos erotômanos que é escrever cartas de amor, partindo do princípio de que a erotomania é o índice do que escapa ao gozo fálico, ou seja, do que remete ao suplemento de gozo, tanto na neurose, quanto na psicose. Cabe pensarmos que a erotomania se apresenta como excesso nas mulheres.

As mulheres são amigas do real (Lacan, 1972-1973/2008), uma vez que a castração para elas é de origem. Com relação ao falo imaginário, estão na posição de quem não tem o falo. Assim, na lógica falocêntrica, a mulher fica na posição de Outro. No fundo, elas sabem que o Outro não existe, que o falo não é todo, e que é semblante. É por isso que as mulheres são mais amigas do real. Segundo Lacan (1972-1973/2008) o amor se dirige ao semblante, e o homem não deixa de ser seu melhor guardião por crer mais nos semblantes. Por outro lado, a mulher sustenta os semblantes ao pedir ao homem que fale para ela palavras de amor. Ela pede provas de amor. O homem lhe dá essas provas, o que faz com que a mulher demande mais, ainda.

 

O amor como carta e letra

Que o amor se escreve em cartas, poesias e canções já é sabido pelos poetas; contudo Lacan (1972-1973/2008) ressalta que para um texto se tornar uma carta de amor é necessário que sua escrita tenha um endereçamento ao Outro.

No Seminário livro 20, Lacan (1972-1973/2008) menciona a função da escrita afirmando que ela é um efeito do discurso. Ele parte do princípio de que é impossível escrever como tal a relação sexual. Neste mesmo seminário, Lacan (1972-1973/2008) traz o amor como o que vem no lugar da não-existência da relação sexual. Isto nos remete ao Seminário livro 7: a ética da psicanálise, onde Lacan (1959-1960/1986) trata do amor cortês. Este amor, localizado no século XII, na Idade Média, foi um amor inventado pelos poetas para fazer poesia. Suas características principais eram: um amor impossível cujo objeto amado era inacessível - e o amor era sinônimo de sofrimento, chegando-se até a morrer por amor. As relações estabelecidas entre o amante e a amada eram de cortesia, humildade, fidelidade e segredo quanto à identidade da amada.

Amar, no amor cortês, significa renunciar ao objeto amado. O lugar do amante é cortejar a dama pela escrita poética. Nesse lugar, ela só pode ser amada num regime de abstinência sexual, de devoção e de idolatria.

No capítulo em que propõe as fórmulas da sexuação, ele vai conjugar o verbo amar (aimer) como uma proposição da alma (âme). Na tradução, foi necessário criar o neologismo almar, para que fosse possível passar o trabalho lacaniano com as palavras na sua fala no seminário a uma proposição conceitual - o que, por outro lado, lançou o sujeito do lado do assexuado, do lado da alma.

O desenvolvimento das fórmulas da sexuação diz respeito a uma escrita na qual as letras situam posições dos sujeitos implicados numa relação ao gozo. Lacan também (1959-1960/1986) propõe a relação entre amor e alma, numa tentativa de estabelecer essa escrita a partir de um discurso. Ali, ele relembra o discurso do amor cortês, como este veio produzir uma letra/carta de amor no lugar da relação sexual que não se escreve. É, também, uma forma de propor que a letra precisa de inscrição num discurso.

A letra se encontra do lado do real, entre a escrição, a escrita e depois leitura. Lacan (1970-1971) vai definir a letra como "terra do litoral", "rasura de todo traço que esteja antes" e como "ruptura". É a forma como o sujeito inscreve alguma coisa da perda do objeto a; logo, a letra precisa de inscrição no discurso, pois participa de uma perda e de uma condição de gozo e se revela impossível de ser traduzida tal qual. Logo, o amor é o que permite recortar uma letra, uma perda do corpo, perda de gozo que irá permitir o laço social.

É neste campo que surgem as cartas de amor como cartas/letras. Elas são endereçadas ao Outro, são feitas em nome do amor, e são efeitos de gozo. Toda carta de amor é demanda, e toda demanda é, em última análise, demanda de amor. Por isso o amor demanda sempre mais. Os amantes sabem muito bem disso. No entanto a demanda de amor não é para ser atendida, pois somente nessa condição ela pode constituir um desejo. Ou seja, as cartas de amor se bastam como demandas, pois cifram o ponto em que o desejo é impossível e o gozo também, no que resiste ao saber. Podemos dizer que a carta de amor é demanda de um significante do campo do Outro que poderá nomear e circunscrever o campo de gozo do sujeito.

Desta forma, é no lado feminino do quadro da sexuação que a lógica do não todo predomina, lógica esta na qual a função fálica é precária, e verificamos uma demanda de amor intensa, pois na verdade é uma demanda por uma identificação do ser. Em Lituraterra Lacan (1971/2003) enfoca a carta/letra como efeito-sujeito, situando a letra como ponto limite e pivô da operação significante-gozo, chamando-a de letra-litoral. A carta/letra de amor situa-se nesse tênue litoral entre o sujeito que fala e o gozo que o habita. O sujeito é objeto em seu gozo e disso ele não pode falar. Esse é o ponto crucial da feminização diante da letra: um gozo sobre o qual não há o que dizer. Ele é pura presença.

O que, no lugar do feminino, não se escreve vem como demanda de amor nas cartas. É justamente pelo fato de o feminino apontar para um furo no saber que a carta/letra vai ser uma tentativa de produzir uma escrita neste furo.

Lacan (1972-1973/2008) desdobra a relação entre a escrita e o saber. Diz respeito, justamente, a que a produção de um significante se encontra com a suposição de saber. Ele transita a propósito da referência ao gozo feminino, enunciado na frase: "Ao final da conferência de hoje me encontro [...] na borda do que polariza meu tema, ou seja, se é possível fazer a pergunta do que a mulher sabe" (Lacan, 1972-1973/2008, p. 95). Ou seja, há sempre o motor da suposição de saber no lugar de uma inscrição significante. Também nesse sentido a análise se constrói em transferência, nesta que endereça a pergunta sobre um saber que ultrapassa o sujeito. É ali, nessa letra/ carta em transferência, que se indaga sobre o saber.

No próprio Freud (1886-1889/1969), temos um exemplo em que a letra/carta está do lado da transferência de amor com Fliess atribuindo-lhe uma suposição de saber. Wilhelm Fliess foi um brilhante médico judeu berlinense que fazia amplas pesquisas sobre a fisiologia e a bissexualidade. Era o início de uma longa amizade e de uma volumosa correspondência íntima e científica entre 1887 a 1904. Fliess mantinha um interesse particular pelas ousadas descobertas de Freud. Este lhe comunicava seus pensamentos com grande liberdade por cartas, como também por breves relatos. As cartas endereçadas ao seu amigo Fliess, além de expor casos clínicos, mostravam também formulações teóricas.

Em algumas das primeiras cartas, Freud escreve a Fliess relatando a importância de fatores sexuais na etiologia das doenças nervosas de seus pacientes. Fliess, além de influenciar Freud a partir de suas concepções acerca da diferenciação biológica como algo suficiente para a determinação dos sexos, beneficiou-se da escuta de Freud, sendo um dos grandes estimuladores da produção de suas teorias. Houve entre eles uma relação de saber e amor.

Fliess fazia, por diversas vezes, a escuta do analista para Freud, pois Freud endereçou sua autoanálise a Fliess, colocando-o no lugar do Sujeito Suposto Saber. A correspondência de Freud para Fliess, além de conter vários trabalhos muito importantes para o estudo da teoria psicanalítica, é bastante interessante, uma vez que mostra um endereçamento de uma letra/carta de amor que possibilita entender a relação entre a escrita, o amor e o saber.

 

Referências bibliográficas

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Lacan, J. (1970-1971). O seminário livro 18: d'un discours qui ne serait pas du semblant. Inédito.         [ Links ]

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Lacan, J. (1972-1973/2008). O seminário, livro 20: mais, ainda. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.         [ Links ]

Lacan, J. (1975/1976). Conférence et entretiens dans les universités norte-américanies Yale University, Kanzer Seminar, Silicet, nº 6/7. Paris: Edition du Seuil.         [ Links ]

 

Recebido em 01 de junho de 2012
Aceito para publicação em 03 de abril de 2013