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Tempo psicanalitico

versión impresa ISSN 0101-4838versión On-line ISSN 2316-6576

Tempo psicanal. vol.47 no.2 Rio de Janeiro dic. 2015

 

EDITORIAL

 

 

O número 47.2 da Tempo psicanalítico traz treze artigos, abordando os mais variados temas, sempre envolvendo a psicanálise e suas articulações: pesquisa teórico clínicas envolvendo o conceito de objeto; a questão da inserção da psicanálise em instituições, como os hospitais e a universidade; cruzamentos entre a psicanálise e diversos campos do saber, como a filosofia, a sociologia, a antropologia, a medicina e a psiquiatria; análise de casos clínicos ou de casos de ampla circulação na mídia; etc.

Observamos, cada vez mais, desta forma, a qualidade e quantidade de artigos que chegam a nós, dentro do escopo da revista, e que apostam neste cruzamento da psicanálise com diversos campos do saber e diversas práticas sociais. De fato, pensar as formas de inserção da psicanálise na cultura constitui um grande desafio para a comunidade analítica, já que, como analistas, estamos necessariamente lançados no meio social, simbólico, cultural, aonde realizamos nossa prática. De fato, se há uma comunidade analítica, ela mesma é atravessada pela diversidade de referências, pontos de vista, autores e escolas. Este atravessamento não parece constituir, entretanto, algo acidental, mas ser fruto mesmo da matéria sobre a qual o psicanalista trabalha, e que lhe leva a aceitar a equivocação, e mesmo com o conflito, não apenas em termos negativos, mas como esteio para a criação. É o que encontramos nos artigos que, dentro de uma Revista de psicanálise situada no espaço de uma instituição de psicanálise, acolhe vozes diversas do saber analítico.

Longe de cultivar o pathos de uma singularidade muda, e de responder com um “não é isso” sempre que a cultura demanda algo à psicanálise, talvez o espaço que o psicanalista habita realize-se, de fato, neste entretempo entre diversos discursos e práticas sociais, buscando pensar uma consistência possível para uma matéria que se caracteriza por sua fragilidade. Longe de debruçar-se sobre seu objeto como se este apenas lhe pertencesse, ou como se apenas ela pudesse reconhecê-lo, em meio a uma suposta cegueira geral, nós da Tempo pensamos que um dos desafios maiores da psicanálise, de fato, é buscar inscrever nos debates de nosso tempo aquilo que ela reivindica, algo da singularidade do que, aparecendo na clínica, também não deixa de concernir a todos.

Pedro Sobrino Laureano
Editor