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Tempo psicanalitico

Print version ISSN 0101-4838On-line version ISSN 2316-6576

Tempo psicanal. vol.50 no.2 Rio de Janeiro July/Dec. 2018

 

DOSSIÊ

 

"Formar-se" e "ser" mulher: um breve ensaio sobre a sexualidade feminina

 

"Becoming" and "being" a woman: a brief essay on female sexuality

 

"Formarse" y "ser" mujer: un breve ensayo sobre la sexualidad femenina

 

 

Rodrigo Sanches PeresI*; Neftali Beatriz CenturionI**; Maria Virginia Filomena CremascoII***

IUniversidade Federal de Uberlândia - UFU - Brasil
IIUniversidade Federal do Paraná - UFPR - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A Psicanálise tem contribuições potencialmente proveitosas a oferecer para os debates atuais sobre a sexualidade. Debates a esse respeito se mostram essenciais na contemporaneidade, sobretudo na sociedade brasileira, tendo-se em vista o recente recrudescimento de uma mentalidade machista que enseja diversas formas de abuso e violência contra as mulheres. Portanto, este breve ensaio teórico tem como objetivo apresentar um mapeamento de algumas formulações psicanalíticas, freudianas e pós-freudianas, em torno da sexualidade feminina. Mais precisamente, buscaremos, em um primeiro momento, circunscrever teses centrais sobre a "formação" da mulher conforme postuladas por Freud. Em um segundo momento, procuraremos sintetizar um conjunto de proposições de autores contemporâneos entre os quais se pode estabelecer um diálogo e que, em nosso meio, têm-se servido da Psicanálise para refletir acerca do "ser" mulher, ou seja, da vivência da sexualidade feminina na idade adulta, nomeadamente na maturidade. Concluímos que as proposições dos autores contemporâneos que sumarizamos aqui avançam, em certos aspectos, em relação às teses freudianas sobre a sexualidade feminina, mas não implicam na atribuição de uma suposta obsolescência às mesmas como um todo.

Palavras-chave: sexualidade, sexualidade feminina, psicanálise, teoria psicanalítica.


ABSTRACT

Psychoanalysis has potentially helpful contributions to current debates about sexuality. Discussions on this topic are essential in current days, especially on Brazilian society, considering the recent up surging of a sexist mentality which incites various forms of abuse and violence against women. Therefore, this brief theoretical essay aims to present a mapping of psychoanalytical postulations, Freudian and post-Freudian, on female sexuality. More precisely, we seek, in a first moment, to circumscribe central thesis on "becoming" a woman, as proposed by Freud. In a second moment, we plan to synthesize propositions of contemporary authors with whom we can establish a dialogue and that, in our midst, have used psychoanalysis to reflect about "being" a woman, or, in other words, the experience of female sexuality in adulthood, namely in mature age. We have concluded that the propositions of the contemporary authors we synthesized here made advancements in some aspects on Freudian's theories on female sexuality, but don't render his ideas obsolete.

Keywords: sexuality, female sexuality, psychoanalysis, psychoanalytical theory.


RESUMEN

El Psicoanálisis tiene contribuciones potencialmente provechosas a ofrecer para los debates actuales sobre la sexualidad. Estos debates son esenciales en la contemporaneidad, sobre todo en la sociedad brasileña, considerándose el reciente recrudecimiento de una mentalidad machista que plantea diversas formas de abuso y violencia contra las mujeres. Por lo tanto, este ensayo teórico tiene como objetivo presentar un mapeo de algunas formulaciones psicoanalíticas, freudianas y post-freudianas, sobre la sexualidad femenina. En un primer momento, circunscribiremos tesis centrales sobre la "formación" de la mujer postuladas por Freud. En un segundo momento, procuraremos sintetizar un conjunto de proposiciones de autores contemporáneos entre los cuales se puede establecer un diálogo y que, en nuestro medio, se han servido del Psicoanálisis para reflexionar sobre el "ser" mujer, o sea, la vivencia de la sexualidad femenina en la edad adulta, sobre todo en la madurez. Concluimos que las proposiciones de los autores contemporáneos aquí resumidas avanzan, en ciertos aspectos, en relación a las tesis freudianas sobre la sexualidad femenina, pero no implican en la atribución de una supuesta obsolescencia a las mismas como un todo.

Palabras clave: sexualidad, sexualidad femenina, psicoanálisis, teoría psicoanalítica.


 

 

Introdução

A acepção psicanalítica de sexualidade se caracteriza pela abrangência, pois engloba diferentes tipos de excitação afastados do ato sexual propriamente dito e independentes dos órgãos genitais (Laplanche, & Pontalis, 2000). Ocorre que, como bem observou Birman (1999), Freud se distanciou da Sexologia hegemônica na segunda metade do século XIX, a qual abordava a sexualidade exclusivamente no registro do comportamento e considerava a maturação biológica do aparelho reprodutor sua pré-condição. O criador da Psicanálise, assim, asseverou que a sexualidade apresenta autonomia em relação à procriação, antes considerada sua finalidade básica, pois possui como função primordial a obtenção de prazer. Ademais, demonstrou que a sexualidade tende a ser atravessada, de diferentes maneiras, por fatores sociais. É nesse sentido que Salles e Ceccarelli (2010) afirmam que Freud, subvertendo os esquemas explicativos tradicionais acerca do assunto, foi o principal responsável pela humanização da sexualidade.

Essas considerações preliminares são suficientes, a nosso ver, para ilustrar que a Psicanálise ainda tem contribuições potencialmente proveitosas a oferecer para os debates atuais em torno de questões concernentes à sexualidade, em que pese o fato de terem transcorrido mais de 100 anos desde o estabelecimento de suas premissas. Tais debates, a propósito, se mostram essenciais no contexto nacional, em que são crescentes as tensões provocadas pela coexistência de duas linhas de força antagônicas. Uma delas é moldada pelo recente recrudescimento de uma mentalidade machista que enseja diversas modalidades de abuso e violência contra as mulheres. Consideramos que a escalada do feminicídio no país se afigura como o paroxismo do referido fenômeno. E é preciso sublinhar que, devido à arcaica ideologia patriarcal enraizada na sociedade brasileira, os crimes de natureza sexista, notoriamente, tendem a ser subnotificados. Logo, as estatísticas disponíveis não revelam a real dimensão do problema.

Outra linha de força é circunscrita pela consolidação da emancipação feminina e, em especial, pela desnaturalização gradativa das desigualdades de gênero. Parece-nos razoável propor que tais processos se encontram diretamente atrelados à transformação da relação estabelecida entre as mulheres e o trabalho remunerado, executado fora do espaço doméstico. Isso porque, hoje, firmar-se profissionalmente não raro constitui uma prioridade para muitas delas. A ascensão feminina no mercado - embora tenha se dado um tanto quanto tardiamente no país - sobressai como um dos desdobramentos da referida transformação. E o mesmo se aplica ao fortalecimento de sua presença em mobilizações coletivas na arena pública1. Na esteira da reorganização cultural, política e econômica emergente nesse cenário, a tolerância às práticas que, de um modo ou de outro, se situam em um continuum de discriminação contra as mulheres tem diminuído sensivelmente, apesar de persistir em certos segmentos sociais no Brasil.

Tendo em vista o que precede, este breve ensaio teórico se propõe contemplar tópicos que julgamos oportunos no que diz respeito aos debates atuais sobre a sexualidade e que, no marco da clínica ampliada, devem ser levados em conta na atenção à saúde em resposta às necessidades da população em geral. Mais especificamente, nosso objetivo é apresentar um mapeamento de algumas formulações psicanalíticas, freudianas e pós-freudianas, em torno da sexualidade feminina. Para tanto, buscaremos, em um primeiro momento, circunscrever teses centrais acerca da "formação" da mulher conforme postuladas por Freud, sem, contudo, a pretensão de esgotar todas as obras do autor voltadas ao assunto. Ressalte-se que, ao fazê-lo, pontualmente também recorreremos a comentadores de Freud a fim de enriquecer nossa argumentação. Em um segundo momento, procuraremos sintetizar um conjunto de proposições de autores contemporâneos entre os quais se pode estabelecer um diálogo e que, em nosso meio, têm se servido da Psicanálise para refletir sobre o "ser" mulher, ou seja, sobre a vivência da sexualidade feminina na idade adulta, nomeadamente na maturidade. Esclarecemos, em tempo, que a expressão "ser" mulher será empregada como opção estilística, de modo que não subscreve a crença na existência de uma "essência" feminina, já que, em nosso entendimento, as mulheres na atualidade constituem um grupo social heterogêneo.

 

Desenvolvimento

Freud e a "formação" da mulher

Antes de mais nada, consideramos importante mencionar que, em um texto intitulado "Feminilidade", Freud (1996/1933[1932], p. 117) afirmou que a Psicanálise "não tenta descrever o que é a mulher - seria esta uma tarefa difícil de cumprir - mas se empenha em indagar como é que a mulher se forma". Tal afirmação explicita o motivo pelo qual, ao longo de sua trajetória intelectual, o autor optou por dedicar mais atenção ao desenvolvimento sexual feminino na infância do que à vivência da sexualidade nas mulheres de idade adulta. Destarte, faz-se necessário delinear aqui, como uma aproximação preliminar à temática do presente estudo, alguns esclarecimentos pontuais sobre as teses freudianas acerca da sexualidade infantil, no que se refere tanto aos meninos quanto às meninas.

As referidas teses foram originalmente veiculadas de modo mais sistemático no início do século XX, em "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade". Nesse escrito revolucionário, Freud (1996/1905) inovou ao propor que, logo no início da vida, as crianças buscariam experimentar um prazer totalmente desvinculado da satisfação de qualquer necessidade fisiológica. Sendo assim, postulou que as crianças seriam sexualizadas, mas não como os adultos. Freud defendeu que a sexualidade infantil se distinguiria por encontrar apoio, a princípio, em certas funções corporais, pelo que meninos e meninas, durante a fase oral, obteriam prazer, por exemplo, a partir da sucção do seio da mãe mesmo quando não estivesse em causa o apaziguamento da fome.

As crianças começariam a prescindir do objeto exterior na medida em que se instala o autoerotismo (Freud, 1996/1905). Nesse processo, como o corpo ainda não é representado como uma unidade, algumas de suas partes - em particular as regiões do revestimento cutâneo-mucoso - passariam a funcionar como zonas erógenas preponderantes. Somente com o declínio do complexo de Édipo as zonas erógenas se articulariam mais diretamente aos órgãos genitais, tanto nos meninos quanto nas meninas. Porém modalidades de gratificação sexual típicas de etapas do desenvolvimento anteriores seriam abandonadas gradativamente, ou ainda poderiam persistir com algumas variações, sem necessariamente configurar um fenômeno psicopatológico. E é oportuno salientar que, posteriormente, Freud (1996/1914) defenderia - em "Sobre o narcisismo: uma introdução" - que o corpo humano como um todo pode se afigurar como zona erógena.

A partir desses esclarecimentos pontuais, já podemos concluir que a teorização freudiana se diferenciou de outros saberes não apenas por demonstrar que a sexualidade é irredutível à genitalidade, mas, também, por apontar que há múltiplas possibilidades quanto à sua manifestação, expressão e apresentação, em consonância com Birman (1999). Todavia, o referido autor alertou que Freud não deixou de incorporar às suas formulações certos elementos da visão de mundo vigente em seu tempo. Adiante retomaremos esse ponto. Por ora, salientamos que, a nosso ver, é emblemática do referido fato a associação entre a masculinidade e a atividade, por um lado, e a feminilidade e a passividade, por outro, delineada por Freud (1996/1923) em "A organização genital infantil" após ter sido sugerida na primeira edição de "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade", embora tenha sido abrandada em uma nota de rodapé sobre as ambiguidades inerentes aos conceitos de "masculino" e "feminino" incluída em 1915 na terceira edição de tal obra e, posteriormente, no texto "Feminilidade", como ainda veremos.

Em "A organização genital infantil", Freud (1996/1923) igualmente retomou outros de seus pontos de vista anteriores sobre a sexualidade, fazendo-o, por exemplo, ao reiterar a supremacia do falo no desenvolvimento sexual, quer seja de meninos ou meninas. Afinal, esse processo seria, em sua compreensão, pautado essencialmente pela posse do pênis, em ambos os sexos. Como consequência, uma distinção mais nítida entre masculinidade e feminilidade somente seria possível a partir do início da fase fálica, pois, antes disso, meninos e meninas se diferenciariam somente por terem ou não um órgão genital masculino. Para Freud, portanto, durante a puberdade as meninas seriam marcadas pela inveja do pênis, sendo que sua ausência, devido à fantasia de castração, resultaria em tentativas de negação, compensação ou reparação, conforme Laplanche e Pontalis (2000). Os meninos, em contrapartida, se caracterizariam por um interesse narcísico pelo próprio pênis durante essa etapa da vida.

Já em um texto intitulado "A dissolução do complexo de Édipo", Freud (1996/1924) renovou suas formulações em torno da sexualidade feminina ao concluir que o desenvolvimento sexual de meninas, ainda que também tenha como fenômeno central a problemática edípica, não poderia simplesmente ser considerado equivalente ao desenvolvimento sexual de meninos, em contraste com o que se poderia depreender a partir de suas obras anteriores. Nesse sentido, propôs que o estabelecimento de uma equação simbólica "pênis-bebê" seria, para as meninas, um fator essencial para a instalação do complexo de Édipo. Por meio de tal equação simbólica, o desejo de ter um órgão sexual masculino seria substituído pelo desejo de receber um filho como presente da figura paterna.

Esse desejo, por sua vez, seria abandonado gradativamente. Aprofundando tal linha de raciocínio, em "Algumas consequências psíquicas da distinção anatômica entre os sexos", Freud (1996/1925, p. 285) afirmou que "enquanto, nos meninos, o complexo de Édipo é destruído pelo complexo de castração, nas meninas ele se faz possível e é introduzido através do complexo de castração". Nas meninas, destarte, o complexo de castração incentivaria a feminilidade, preparando-as para o papel que, na perspectiva freudiana, lhes caberia posteriormente: a maternidade. Cumpre assinalar que tal posicionamento, como veremos adiante, tem sido alvo de objeções por parte de autores contemporâneos. Para além disso, nota-se que, no texto em questão, Freud evidenciou que julgava a sexualidade feminina muito mais complexa e enigmática do que a sexualidade masculina.

Já em "Sexualidade feminina", Freud (1996/1931) defendeu que as meninas vivenciariam uma fase pré-edipiana durante a qual manteriam uma ligação intensa e exclusiva com a figura materna. Tal ligação começaria a se desfazer sobretudo quando as meninas constatassem que não seriam dotadas do órgão sexual masculino e atribuíssem à figura materna a culpa por essa falta, sendo que, por esse motivo, emergiria uma marcante hostilidade em relação à mesma. Logo, a situação edipiana apenas reforçaria um sentimento acerca da figura materna que se originaria anteriormente e cuja superação dependeria de eventos posteriores. E Freud acrescentou, nesse mesmo escrito, que o afastamento da figura materna levaria à acentuação das tendências passivas nas meninas, o que seria essencial para a aproximação em relação à figura paterna e, após a dissolução do complexo de Édipo, para a consolidação daquilo que considerava a "atitude feminina normal final" (Freud, 1996/1931, p. 238).

No texto em questão, Freud (1996/1931) ainda postulou que certas complicações seriam inerentes ao desenvolvimento sexual feminino, na medida em que o complexo de castração, nas meninas, abriria três possibilidades. A primeira promoveria uma "revulsão geral à sexualidade" (Freud, 1996/1931, p. 237). Já a segunda ensejaria uma "desafiadora superenfatização de sua masculinidade" (Freud, 1996/1931, p. 238) motivada pela persistente esperança de obter um órgão sexual masculino para si. Somente a terceira possibilidade, por meio da qual as meninas passariam a ter a figura paterna como objeto de amor, levaria à emergência da feminilidade com a dissolução do complexo de Édipo. Ou seja, Freud admitiu que não haveria um paralelismo entre o desenvolvimento sexual masculino e feminino, mas ainda concebeu que ambos gravitariam em torno da presença/ausência do falo.

Em "Feminilidade", texto ao qual já nos reportamos anteriormente, Freud (1996/1933[1932]) reafirmou que o estabelecimento da equação simbólica "pênis-bebê" instalaria o complexo de Édipo nas meninas e abriria caminho para a posterior consolidação da feminilidade. Porém relativizou a associação entre a feminilidade e a passividade ao apontar que a mesma seria influenciada por fatores sociais e também ao esclarecer que, na realidade, o comportamento das mulheres, de modo geral, apenas daria preferência a "fins passivos", realçando que isso não equivaleria a dizer que as mulheres se caracterizariam pela passividade, visto que uma atitude ativa pode ser necessária para que atinja os referidos "fins passivos". Freud ainda defendeu que masculinidade e feminilidade seriam "qualidades mentais" que se mesclam em um mesmo indivíduo, homem ou mulher, de diferentes maneiras, pois não são determinadas pela anatomia.

Outrossim, no referido escrito, Freud (1996/1933[1932]) apresentou dois breves apontamentos sobre a sexualidade das mulheres na idade adulta. Em primeiro lugar, porque sugeriu que se observa nesse público uma alternância mais acentuada de períodos em que predominam a masculinidade ou a feminilidade, o que seria explicado por "fenômenos residuais do período masculino inicial" (Freud, 1996/1933[1932], p. 130) que ensejariam fixações na fase pré-edipiana. Em segundo lugar, porque relatou ter verificado maior inclinação ao narcisismo em mulheres do que em homens na idade adulta, o que atribuiu, em parte, a um resquício da inveja do pênis. E, como consequência de tal inclinação, defendeu que as mulheres comumente necessitariam mais ser amadas do que amar. Contudo, Freud sugeriu que tal característica estaria associada também à "educação social".

Finalizando nossa breve incursão pelos escritos freudianos que consideramos mais pertinentes para esta oportunidade, cabe aqui sublinhar que, em "Moral sexual 'civilizada' e doença nervosa moderna", Freud (1996/1908) voltou sua atenção aos aspectos sociológicos da sexualidade. Ao fazê-lo, asseverou que as pessoas em geral sofreriam uma "repressão nociva" determinada pelas exigências da civilização de sua época, a qual faria com que apenas a atividade sexual praticada em prol da reprodução no âmbito de um casamento pudesse ser admitida. Porém Freud destacou que esse regime sexual resultaria em uma "moral dupla", pois as transgressões masculinas seriam mais toleráveis do que as femininas, o que foi objeto de sua crítica na medida em que tal fato atestaria que a própria sociedade não considera exequíveis as restrições que apregoa no tocante à sexualidade.

Em face dos objetivos estabelecidos para o presente estudo, não cabe aqui um detalhamento sobre esse tópico em particular, mas é interessante realçar que as descobertas de Freud sobre a patogênese da histeria - às quais são creditadas o surgimento da Psicanálise - já sinalizavam o quão nocivos poderiam ser os atravessamentos de fatores sociais na sexualidade, sobretudo para as mulheres. Afinal, tais descobertas, consolidadas em "Fragmento da análise de um caso de histeria", evidenciaram que os principais sintomas histéricos decorrem, basicamente, da conversão de conteúdos recalcados, em particular de natureza sexual (Freud, 1996/1905[1901]). E, como "Moral sexual 'civilizada' e doença nervosa moderna" viria realçar, costumes e tradições resultantes do enodamento entre a história individual de cada ser humano e a herança cultural da humanidade seguramente potencializavam tal processo, visto que implicavam, à época, em uma regulamentação severa da sexualidade, especialmente feminina. Ao menos em parte, isso explicaria o grande número de casos de histeria registrados entre as mulheres no final do século XIX e início do século XX no mundo ocidental.

Em suma, as formulações de Freud aqui circunscritas revelam que o autor teve o mérito de colocar em relevo a multifatorialidade e a complexidade inerentes ao desenvolvimento da sexualidade feminina e, assim, evidenciou que seria inadequada qualquer tentativa de reduzi-la a seus aspectos mais objetivos, em especial àqueles concernentes ao plano orgânico. Em contrapartida, Freud defendeu uma associação entre a feminilidade e a maternidade que, nos dias de hoje, dificilmente se sustenta, pois ter filhos se afigura como uma opção, e não mais um destino, para a maioria das mulheres. Há que se ponderar, todavia, que tal associação deriva de um contexto histórico específico em que, concretamente, o espaço social reservado às mulheres era mais restrito, o que naturalizava a adesão feminina ao casamento e à maternidade como projeto de vida. Nessa linha de raciocínio, Emídio (2011) observou que o patriarcalismo vigente ao longo do século XIX também pode ser apontado como determinante para a primazia do falo que se pode depreender da obra de Freud, sobretudo a propósito de suas teses sobre a sexualidade.

O mesmo se aplicaria ao papel central atribuído por Freud à inveja do pênis no tocante ao desenvolvimento sexual de meninas e à identificação de ressonâncias desse fenômeno na sexualidade das mulheres na idade adulta. Logo, concluímos que suas posições mais problemáticas - ou melhor, aquelas que assim poderiam ser qualificadas na contemporaneidade - em relação à sexualidade feminina repousam no Zeitgeist em que a Psicanálise surgiu. Roudinesco (2016) compartilha desse entendimento, sendo que o enriquece ao propor que Freud, malgrado a atitude conservadora que adotava para com as mulheres em sua vida privada, se manifestava publicamente a favor das causas femininas2. Talvez esse seja um dos motivos pelos quais o próprio, como pontuou a autora, paradoxalmente se definiu certa vez como um "liberal à moda antiga". Ademais, é preciso salientar que a teorização freudiana, ao elucidar facetas da sexualidade - masculina e feminina - até então desconsideradas, contribuiu para o movimento que se convencionou chamar de liberação sexual, o qual ganharia corpo posteriormente e, como bem observou André (2015), alcançou primeiramente as mulheres.

 

O "ser" mulher à luz da Psicanálise contemporânea

Birman (1999) é um dos psicanalistas que, em nosso meio, tem ponderado as formulações freudianas sobre a sexualidade feminina - ou, mais precisamente, sobre o "ser mulher" - de modo a conferir-lhes uma melhor contextualização em face das especificidades do mundo pós-moderno. E o fez criativamente no livro Cartografias do feminino estabelecendo aproximações entre as mulheres da atualidade e Carmen, a personagem-título da ópera de Georges Bizet, que estreou em 1875 e recebeu diversas releituras nos anos 1980. Para Birman, Carmen, de maneira transgressora, sinalizou que a sexualidade feminina, mais do que negativamente pela falta do falo, seria conformada positivamente pelo desejo das mulheres. Outrossim, a personagem ilustrou que, com base na troca de afeto em igualdade de condições entre homens e mulheres, tanto o ato sexual propriamente dito quanto o relacionamento amoroso poderiam assumir um caráter mais lúdico. E estes seriam marcadores da nova versão do feminino emergente no final do século XX, segundo o autor.

Mas, considerando-se que Carmen é uma personagem jovem, a seguinte questão se impõe: o que a Psicanálise contemporânea teria a dizer sobre a sexualidade feminina especificamente em se tratando de mulheres mais maduras? Em Um corpo que pede sentido: um estudo psicanalítico sobre mulheres na menopausa, Furtado (2001) se ocupou dessa questão e defendeu que as mulheres, nos dias de hoje, têm acesso a posições subjetivas que antes eram inviáveis em um contexto histórico que restringia à maternidade seu papel na sociedade. Porém a menopausa, por envolver a interrupção da função reprodutora, parece ainda ser associada à perda da feminilidade. Segundo a autora, tal paradoxo potencializaria transformações psíquicas decorrentes de mudanças hormonais, dentre as quais a intensificação de uma lógica narcisista - descrita originalmente por Freud - que traria à tona uma intensa "demanda de amor" em resposta ao medo da perda do lugar de objeto de desejo.

No artigo "O complexo de Jocasta", Laznik (2012) também se debruçou sobre a sexualidade feminina na maturidade e, em linhas gerais, sua conclusão é que, devido a dois fatores básicos, esse momento da vida implicaria em uma importante modificação da economia libidinal, a qual, por sua vez, poderia ensejar uma inibição da sexualidade. Em primeiro lugar, porque, com a menopausa, a imagem corporal das mulheres tenderia a se transformar negativamente em virtude de mudanças vivenciadas pelas mesmas como sinais da diminuição da própria beleza. Em segundo lugar, porque em muitos casos ocorreria uma reedição do complexo de Édipo determinada pela eclosão de fantasmas incestuosos. Não obstante, para algumas mulheres a impossibilidade de gerar filhos advinda da menopausa permitiria o redescobrimento do desejo sexual pelo parceiro.

Já Negreiros (2004), articulando aportes teóricos oriundos da Psicanálise, da Antropologia e da Psicologia Social, propôs, no texto intitulado Sexualidade e gênero no envelhecimento, que as mulheres, a partir da meia-idade, tenderiam a ser avaliadas de forma depreciativa pela suposta perda de seus "encantos naturais". Além disso, sublinhou que, nesse momento do ciclo vital, teria início, para muitas delas, um processo de redirecionamento da sexualidade para fins socialmente atrelados ao universo "tradicional" feminino. Como consequência, passaria a haver um maior investimento em tarefas relativas à gestão da família - incluindo desde o auxílio na criação dos netos até o cuidado dos pais - ou em atividades religiosas, por exemplo. Ainda que a autora não o tenha afirmado explicitamente, em nosso entendimento o processo em questão claramente se afigura como uma forma de sublimação, pois leva à substituição de uma meta sexual por outra não-sexual, vinculada a ela simbolicamente.

A propósito, Goldfard (1998), no livro Corpo, tempo e envelhecimento, sustentou que a sublimação é uma das poucas estratégias das quais um indivíduo pode lançar mão para garantir a manutenção de um sentido à própria existência quando a possibilidade da finitude se aproxima. Em contrapartida, importantes modificações na distribuição da libido ocorreriam nesse momento da vida, dificultando a sublimação e ainda fazendo com que muitos idosos simplesmente acabem por renunciar aos mais variados prazeres, inclusive àqueles relativos à sexualidade. Tal renúncia estaria intimamente associada a perdas que dizem respeito ao corpo e começam a ser vislumbradas, sobretudo, a partir dos 50 anos de idade - antes da velhice se instalar, portanto - por meio de uma sensação de estranhamento frente ao espelho que foi chamada pela autora de "espelho negativo". Embora o "espelho negativo" possa ocorrer igualmente em homens, entendemos, até mesmo com base nas observações de Negreiros (2004), já contempladas, que seu impacto tende a ser mais acentuado para as mulheres.

Em Sobre ética e Psicanálise, Kehl (2002), acrescentando em relação a seus trabalhos anteriores consagrados especificamente à temática da sexualidade3, pontua que, na realidade contemporânea, é possível notar certos movimentos inconscientemente voltados à restauração da linha divisória entre os sexos desconstruída ao longo do século XX como consequência da liberação sexual. Um exemplo nesse sentido seria, no país, a difusão de "canções" que - como aquelas típicas de certas vertentes do funk carioca - reduzem a mulher a um mero objeto de consumo. A autora defende que a Psicanálise pode contribuir para o enfrentamento da estereotipia que tende a emergir nesse cenário na medida em que a teorização freudiana, tendo demonstrado que a feminilidade e a masculinidade não são totalmente estranhas ou contrárias uma à outra, estimula uma "plasticidade criativa" no tocante às relações - sexuais, inclusive, mas não apenas - que se estabelecem entre homens e mulheres.

Adicionalmente, é preciso considerar que a sexualidade - tanto masculina quanto feminina, em qualquer etapa da vida - não deve ser apartada do quadro geral das manifestações do erotismo. No texto Existe um erotismo contemporâneo?, Mezan (2008), tendo transitado entre a Psicanálise, a Filosofia e a Sociologia, sublinhou que o erotismo se afigura como a dimensão estética da sexualidade, pelo que apresenta variações em função da época e da cultura. E o autor apontou que, na atualidade, o erotismo invadiu a publicidade e a indústria do entretenimento de uma forma tão acentuada que a via para o prazer sexual gradativamente teria deixado de ser individualizada, passando a ser massificada segundo modelos que estabelecem não apenas quais seriam os atributos físicos indispensáveis a um corpo - especialmente feminino, poderíamos acrescentar - belo e desejável, mas, sobretudo, qual seria a melhor forma de desfrutá-lo.

No livro O vestígio e a aura: corpo e consumismo na moral do espetáculo, Costa (2004), também articulando a Psicanálise a outros saberes, apresentou contribuições originais à compreensão da sexualidade na atualidade ao sublinhar que vivemos sob a égide da chamada "moral do espetáculo", a qual estabelece que as imagens possuem um valor per se e, como consequência, o sujeito contemporâneo tornou-se "um espectador passivo de um mundo de aparências" (p. 227). O corpo, assim, é considerado digno do interesse alheio somente enquanto jovem e saudável, pelo que deve se apresentar com uma fachada compatível com as tendências em voga, oferecendo-se como uma espécie de mercadoria. O autor defendeu ainda que isso ocorreria porque a partir dos filtros estabelecidos pelos meios de comunicação de massa é que se apreenderia a forma mais apropriada de amar, relacionar-se afetivamente ou viver sexualmente. E, em nosso entendimento, tais fenômenos parecem incidir mais diretamente sobre as mulheres, como uma espécie de resquício da "moral dupla" descrita por Freud há quase um século.

Por fim, cumpre assinalar que, a exemplo de Mezan (2008) e Costa (2004), Valença (2003), na dissertação de mestrado intitulada A feminilidade em Freud e na contemporaneidade: repercussões e impasses, explorou intersecções da Psicanálise com outras disciplinas que tematizam diretamente o ser humano, buscando, por meio desse expediente, elucidar certas nuances do "ser mulher" nos dias de hoje. A autora se diferenciou por contemplar a cultura narcísica e suas ressonâncias na configuração da feminilidade, sendo que argumentou que o corpo da mulher seria erotizado em excesso na atualidade, na medida em que possuiria o status de objeto de consumo. Como consequência, emergiria como uma nova referência de feminilidade a chamada "mulher corpo-sexo", segundo a qual a sexualidade deveria ser usufruída sem limites. Porém tratar-se-ia de uma referência que, revelando-se inacessível para muitas mulheres, implicaria em sofrimento psíquico, ou, podendo ser vivenciada, conduziria a um sentimento de vazio.

Diante do exposto, entendemos que as proposições dos autores contemporâneos que sumarizamos aqui avançam, em certos aspectos, em relação às teses freudianas sobre a sexualidade feminina, mas não implicam na atribuição de uma suposta obsolescência às mesmas como um todo. Ocorre que tais proposições partem de dois princípios fundamentais. De acordo com o primeiro deles, o desenvolvimento sexual - tanto masculino quanto feminino - demanda o percurso de um longo caminho que se inicia na infância. Já conforme o segundo princípio, não há identidade entre sexualidade e genitalidade. E ambos os princípios, atualmente aceitos inclusive no âmbito de outras abordagens teóricas para além da Psicanálise, foram originalmente estabelecidos por Freud. Ademais, os autores contemporâneos selecionados para os fins do presente estudo exploram a temática a partir de um ângulo distinto em relação àquele utilizado por Freud, dado que, em detrimento da "formação" da mulher, conferem ênfase à vivência da sexualidade feminina na idade adulta.

 

Considerações finais

Conforme mencionado, um dos objetivos deste breve ensaio teórico foi circunscrever as teses centrais de Freud sobre a "formação" da mulher. Parece razoável propor que tal objetivo foi atingido. Inclusive sublinhamos que algumas dessas teses vêm sendo repensadas - em um movimento indispensável em face das transformações sociais das últimas décadas - por autores contemporâneos, dentre as quais se poderia destacar aquela que preconiza a existência de uma associação intrínseca entre a feminilidade e a maternidade. Contudo, entendemos que, direta ou indiretamente, o próprio Freud duvidava que essa associação pudesse se manter a longo prazo, pois, como observou Roudinesco (2016), tinha clareza de que as mulheres e os homens de gerações futuras seriam muito diferentes daquelas e daqueles de sua época. Cumpre assinalar também que o pai da Psicanálise admitiu que não obteve uma compreensão mais consistente sobre a "alma feminina", a julgar pelo fato de ter reconhecido, junto à sua discípula Marie Bonaparte, que não fora capaz de responder "o que quer uma mulher".

Por outro lado, determinados postulados de Freud sobre a sexualidade seguem válidos na atualidade, a exemplo daqueles por meio dos quais se estabeleceu que a feminilidade e a masculinidade não poderiam ser consideradas "qualidades mentais" restritas a mulheres e homens, respectivamente, já que a anatomia se afigura como um horizonte passível de transposição. O autor ainda relativizou os critérios que seriam capazes de configurar como fenômenos psicopatológicos modalidades de gratificação sexual supostamente "regredidas", o que igualmente se afigura como uma lição pertinente para os dias de hoje. Ademais, Freud criticou o regime sexual instaurado por uma determinada moral inatingível que afetava especialmente as mulheres de sua época. E compreendemos que, nesse público, a referida moral, embora revestida de uma nova roupagem, ainda permanece viva nas duas primeiras décadas do século XXI.

Por meio do presente estudo procuramos também sintetizar um conjunto de proposições de autores contemporâneos que, a partir da Psicanálise e especificamente em nosso meio, têm refletido sobre a sexualidade de mulheres adultas. Compreendemos que tal objetivo igualmente foi atingido. Há que se sublinhar que os autores contemporâneos selecionados, conforme nossa leitura, não chegam a constituir uma vertente teórica no seio da Psicanálise brasileira. Todavia, há denominadores comuns entre suas proposições. Talvez o principal deles consista em uma "positivação" do feminino resultante do reconhecimento de que a sexualidade feminina pode ser compreendida independentemente do recurso ao referencial masculino e ao ideal fálico. Outrossim, os autores selecionados ilustram um deslocamento - oportuno, em nosso entendimento - do foco de interesse, no âmbito da Psicanálise, do "formar-se" para o "ser" mulher.

Em suma, compreendemos que o conteúdo aqui veiculado pode contribuir para o aprimoramento de intervenções a serem desenvolvidas no marco da clínica ampliada para fazer frente - de modo preventivo ou remediativo - às diferentes formas de abuso e violência às quais as mulheres ainda têm sido submetidas no país, como já mencionado, ou então ao sofrimento psíquico relativo a questões ligadas, nesse público, ao envelhecimento ou à maternidade, por exemplo. Entretanto, o presente estudo possui limitações. Em primeiro lugar, derivadas do fato de que as proposições dos autores contemporâneos selecionados terem sido apresentadas de modo extremamente sucinto, até mesmo porque um aprofundamento a respeito de cada uma delas fugiria ao nosso escopo. Ocorre que privilegiamos um "sobrevoo panorâmico" em detrimento de um "mergulho" na obra de um autor em específico. Em segundo lugar, as limitações do presente estudo também derivam da opção por certos autores - alguns mais e outros menos renomados - ao invés de tantos outros possíveis, já que, felizmente, em nosso meio a sexualidade feminina tem sido tema recorrente de publicações psicanalíticas. Não obstante, entendemos que tal opção, operacionalizada justamente pela possibilidade de se estabelecer um diálogo entre os autores selecionados, confere um diferencial ao presente estudo.

 

 

Referências

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Artigo recebido em: 10/06/2018
Aprovado para publicação em: 21/09/2018

Endereço para correspondência
Rodrigo Sanches Peres
E-mail: rodrigosanchesperes@yahoo.com.br
Neftali Beatriz Centurion
E-mail: neftalicenturion@gmail.com
Maria Virginia Filomena Cremasco
E-mail: mavicremasco@gmail.com
E-mail: mavicremasco@hotmail.com

 

 

*Psicólogo, mestre e doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia. Bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.
**Psicóloga e mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora substituta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Uberlândia.
***Psicóloga, mestre em Psicologia da Educação e doutora em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas, com pós-doutorado pela Université Paris VII. Professora do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Paraná.
1Um bom exemplo nesse sentido é o movimento feminista conhecido como Marcha das Mulheres, que já reuniu milhões de pessoas em manifestações recentes em diversos países, inclusive no Brasil.
2Sendo assim, consideramos improcedentes as acusações de misoginia ocasionalmente dirigidas a Freud na atualidade.
3Referimo-nos aos livros A mínima diferença: o masculino e o feminino na cultura e Deslocamentos do feminino: a mulher freudiana na passagem para a modernidade, os quais não foram aqui contemplados em virtude da limitação do espaço disponível, pois abrem certas questões que apenas poderiam ser adequadamente discutidas em um trabalho de maior fôlego.

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