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Tempo psicanalitico

Print version ISSN 0101-4838On-line version ISSN 2316-6576

Tempo psicanal. vol.51 no.2 Rio de Janeiro July/Dec. 2019

 

ARTIGOS

 

Reflexões sobre a compulsão à repetição a partir de correlações com o mito de Sísifo1

 

Reflections about the repetition compulsion from correlations with the Sisyphus myth

 

Reflexiones sobre la compulsión a la repetición a partir de correlaciones con el mito de Sísifo

 

 

Ana Flávia Cicero CondeI, II, III*;Paulo José da CostaI**

IUniversidade Estadual de Maringá - UEM - Brasil
IIFaculdade Fatecie de Paranavaí - Brasil
IIICentro Universitário Metropolitano de Maringá - Unifamma - Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo objetiva investigar o conceito de compulsão à repetição na obra freudiana, com o intuito de trazer clarificações para a complexidade que o envolve. O método empregado foi a pesquisa teórica sobre psicanálise, sendo que foi utilizado o mito de Sísifo para fazer correlações com o conceito estudado, porque nele foram encontrados modelos de comportamentos repetitivos e a mitologia sempre se mostra como uma fonte rica de reflexões sobre o humano. Foram correlacionados três momentos presentes na dinâmica da compulsão à repetição com outros três encontrados no mito de Sísifo por possuírem elementos comuns que descrevem, num primeiro momento, transgressões e excessos; num segundo, repetições compulsivas e inexoráveis; e, por fim, num terceiro, possibilidades de restauração da ordem e redenção. Assim, chegou-se a considerações acerca da compulsão à repetição que a descrevem como um mecanismo associado ao encontro do psiquismo com o excessivo, desligado e traumático.

Palavras-chave: compulsão à repetição, Sísifo, psicanálise.


ABSTRACT

This article aims to investigate the concept of repetition compulsion in the Freudian work, with the purpose of bringing clarifications to the complexity that surrounds it. The method used was the theoretical research on psychoanalysis, and the Sisyphus myth was used to make correlations with the studied concept, because in it were found models of repetitive behaviors and Greek mythology always shows itself as a rich source of reflections about the human. Three moments present in the dynamics of the compulsion to repetition were correlated with three others found in the Sisyphus myth, because they have common elements that describe, in the first instance, transgressions and excesses; in a second, compulsive and inexorable repetitions; and finally, in a third, possibilities of restoration of order and redemption. Thus, we came to considerations about the repetition compulsion that describe it as a mechanism associated with the encounter of the psychism with the excessive, disconnected and traumatic.

Keywords: repetition compulsion, Sisyphus, psychoanalysis.


RESUMEN

Este artículo objetiva investigar el concepto de compulsión a la repetición en la obra freudiana, con el propósito de traer aclaraciones a la complejidad que lo envuelve. El método utilizado fue la investigación teórica sobre psicoanálisis, siendo que fue utilizado el mito de Sísifo para hacer correlaciones con el concepto estudiado, porque en él se encontraron modelos de comportamientos repetitivos y la mitología griega siempre se muestra como una fuente rica de reflexiones sobre lo humano. Se correlacionaron tres momentos presentes en la dinámica de la compulsión a la repetición con otros tres encontrados en el mito de Sísifo, por poseer elementos comunes que describen, en un primer momento, transgresiones y excesos; en un segundo, repeticiones compulsivas e inexorables; y, finalmente, en un tercero, posibilidades de restauración del orden y redención. Así, se llegó a consideraciones acerca de la compulsión a la repetición que la describen como un mecanismo asociado al encuentro del psiquismo con lo excesivo, desligado y traumático.

Palabras clave: compulsión a la repetición, Sísifo, psicoanálisis.


 

 

Introdução

Repetições compulsivas e descontroladas ilustram alguns dos principais sintomas atuais de acordo com Miranda e Favaret (2011). Elas podem estar atreladas a toxicomanias, compulsões alimentares, por compras ou jogos, dentre outras, sendo até mesmo relacionadas ao mal-estar na sociedade (Birman, 2012). Nelas é visível a insistência na realização de algumas ações, mesmo quando não atingem seus objetivos, de maneira que são refeitas sem considerar o possível desprazer vinculado. Assim, se revela um caráter imperativo que, de acordo com Birman (2012), não considera os desejos ou as escolhas dos sujeitos, podendo ocasionar a prisão do sujeito em cadeias de repetições de conteúdo e atos que podem ser prazerosos ou não.

As teorizações e discussões acerca da compulsão à repetição nos dias atuais são amplas. Entretanto, é perceptível certo desalinhamento em relação aos resultados, além de ainda haver algumas lacunas, indicando que o tema não foi esgotado e dificilmente será. Alguns dos motivos para tanto podem estar relacionados à dificuldade de compreensão desse conceito na obra freudiana, devido a ele estar relacionado a vários outros conceitos de grande relevância para a teoria, como os de pulsão de vida e de morte, ligação e princípio do prazer, além de ter sido abordado em diferentes textos do autor. ( Laplanche, & Pontalis, 1982/2001; Romanowski, 2012).

Diante disso, o objetivo deste artigo é o de trazer algumas clarificações para a complexidade do conceito freudiano de compulsão à repetição por meio de correlações com um mito grego, mais especificamente o de Sísifo, porque consideramos profícua a relação iniciada por Freud entre a psicanálise e a mitologia, de maneira que ela pode ajudar na compreensão e ilustração do conceito através da realização de correlações com o mito. Dessa forma, nosso intuito não está relacionado a esgotar o tema ou extinguir as complexidades do conceito de compulsão à repetição, mas torná-las visíveis a partir da correlação com o mito, facilitando sua compreensão na obra freudiana.

Para a realização da presente investigação, adotamos metodologicamente a perspectiva da pesquisa teórica sobre psicanálise, que se caracteriza, de acordo com Mezan (1993), como aquela que investiga as ideias psicanalíticas e suas histórias, se diferenciando daquelas que se dedicam a compreender os processos psíquicos em si. Nesse sentido, ela possibilita que a teoria psicanalítica se torne objeto de pesquisa, além de propiciar que os seus conceitos sejam utilizados para as mais variadas investigações. No presente caso, é o conceito de compulsão à repetição o nosso objeto de estudo.

Segundo Naffah Neto (2006, p. 282), a pesquisa teórica sobre psicanálise permite "[...] questionar, colocar em xeque e rever os próprios alicerces sobre os quais a psicanálise se assenta, ou as formações sociais/culturais com as quais se articula". Dessa maneira, ela torna possível serem realizadas investigações teóricas sobre conceitos da teoria psicanalítica, tal qual correlações com outras fontes de saber como a mitologia grega.

 

Mitologia grega e psicanálise

Os mitos, no contexto de sua criação, podem ser compreendidos como narrativas orais de um povo que permitiam que, por meio delas, fossem expressas as complexidades do mundo e das vivências dos sujeitos. Por esse motivo, diversos temas são retratados nos relatos míticos; por exemplo, discorrem sobre os deuses, os homens, os fenômenos, entre outros que se constituíam como dilemas e questões para os gregos antigos (Migliavacca, 2002).

Nesse sentido, os mitos se configuraram, de acordo com Migliavacca (2002), como uma forma de conhecimento para esse povo, assim como, segundo Versiani (2008), possuíam a função de organizar as relações entre os homens, os fenômenos e o mundo, uma vez que comunicavam o incognoscível. Além disso, os mitos são considerados universais e atemporais (Emidio & Hashimoto, 2011; Migliavacca, 2002), o que implica em eles também revelarem e dizerem, através de sua linguagem própria, sobre os homens de qualquer época, que, ao entrarem em contato com tais narrativas, podem refletir sobre suas próprias vidas.

Emidio e Hashimoto (2011, p. 27) afirmam que eles funcionam como "espelho da vida humana" e Migliavacca (2002) indica que eles podem representar comportamentos, desejos e fantasias humanas atuais na forma de modelos, o que permite que sempre recorramos a essas obras para conhecermos mais sobre as questões humanas.

Freud evocou essa fonte de conhecimento de maneira a utilizá-la como metáfora, exemplo e argumento para fundamentar seus conceitos e elaborações, pois a partir dela pode demonstrar que não discorria sobre singularidades, mas acerca de grandes questões humanas, que possuem caráter universal (Emidio, & Hashimoto, 2011). O encontro entre esses dois campos é favorecido, de acordo com Versiani (2008), porque ambos objetivam explicar a condição humana à medida que enfatizam os excessos e a desmesura que marcam os sujeitos, o que fica nítido no campo psicanalítico quando são abordadas a pulsionalidade e as influências inconscientes que retiram o controle das mãos conscientes do homem.

 

O mito de Sísifo

Na mitologia grega, os heróis são semideuses, possuindo as qualidades referentes à grandeza dos deuses, mas também a natureza mortal dos homens, o que faz com que sejam constituídos por contradições e excessos. Segundo Leite (2010), essa duplicidade de caráter pode levá-los ao descomedimento, a hýbris, que pode acarretar em o herói cometer atos tanto destrutivos e violentos - que ultrapassam o métron, ou seja, os limites impostos pelos deuses aos mortais (Brandão, 1986) - quanto criativos e grandiosos, aproximando-os dos deuses.

Enquanto um herói grego, Sísifo apresenta igualmente essa dualidade, o que fica visível em alguns de seus feitos. Seu mito conta que foi fundador e rei da cidade de Corinto e possuía um grande rebanho de vacas, mas, certa vez, notou que seu rebanho estava diminuindo enquanto o de seu vizinho, Autólico, aumentando. Apesar da constatação, precisava provar o roubo para que pudesse, então, acusar o ladrão. Para tanto, utilizando de sua esperteza Sísifo marcou seus gados de forma que, quando fosse roubado, estes deixassem impressa no chão uma marca, comprovando o ocorrido (Franchini, & Seganfredo, 2003/2007)

Outra vez, Sísifo viu a águia de Zeus passar no céu carregando Egina, a filha do rio Asopo. Diante disso, logo contou ao pai da moça que Zeus a havia raptado, mas em troca pediu que o deus-rio criasse uma fonte de água em sua cidade. Ao cometer essa indiscrição traiu Zeus, despertando sua fúria (Brandão, 1986; Franchini, & Seganfredo, 2003/2007).

Por causa da traição, Zeus ordenou que Tânatos matasse Sísifo, porém, com sua astúcia, o herói enganou e acorrentou o deus da morte (Brandão, 1986). Com isso, foi um dos poucos mortais a conseguir enfrentá-lo e derrotá-lo, o que se caracterizou como um de seus grandes feitos. Mas o fato de Tânatos estar preso irritou o deus da guerra, Ares, que logo o libertou, permitindo que ele fizesse de Sísifo sua primeira vítima (Brandão, 1986; Greene, & Sharman-Burke, 1999/2001).

Continuando a demonstrar sua esperteza, antes de ser levado ao mundo inferior, Sísifo pediu para sua esposa não lhe prestar as honras fúnebres. Com esse argumento, Sísifo conseguiu voltar ao mundo dos vivos para que pudesse castigar a esposa por tal ultraje, prometendo que depois retornaria. Entretanto, uma vez que retornou ao mundo dos vivos, o herói voltou a viver normalmente, não cumprindo sua palavra (Brandão, 1986; Greene, & Sharman-Burke, 1999/2001).

Esses feitos realizados por Sísifo indicam que em sua duplicidade o herói não se importava com os limites ou leis divinas, visto que as transgrediu em vários momentos, o que culminou em sua condenação, sendo que esta foi o que o tornou mais conhecido, até porque a partir dela Sísifo ficou fadado a esse destino e, no contexto da mitologia grega, o destino é inexorável, ou seja, não existem possibilidades de escolha ou de consideração das suas vontades, como pode ser visualizado no mito de Édipo, que, mesmo sabendo qual seria seu destino, não conseguiu evitá-lo.

Quando a paciência de Zeus chegou ao fim, enviou Hermes para conduzir Sísifo ao mundo inferior para que pudesse receber sua punição, que consistia em cumprir a tarefa de levar uma pedra morro acima, com o objetivo de fazê-la cair para o outro lado. Porém a pedra sempre rolava para baixo, retornando a seu ponto de partida, de maneira que Sísifo ficou preso a este suplício eterno (Brandão, 1986; Franchini, & Seganfredo, 2003/2007; Greene, & Sharman-Burke, 1999/2001). Greene e Sharman-Burke (1999/2001) ressaltam que Hades prometeu a Sísifo que seu castigo chegaria ao fim caso ele conseguisse derrubar a pedra do outro lado da escarpa, mas ele nunca conseguiu devido à inexorabilidade de seu destino.

O mito de Sísifo foi e continua a ser utilizado por diversos autores na literatura e na pesquisa para os mais variados fins. Alguns autores, como Camus (1942/2007), por exemplo, buscam um sentido no mito; outros o utilizam para fazerem relações e analogias com os mais diversos fenômenos e objetos de estudo, como faz Silva (2013). Ainda temos aqueles que fizeram aproximações entre Sísifo e alguma outra personagem, como Vanegas e Trujillo (2013), e aqueles que se concentraram em salientar a repetição como um elemento presente e determinante no mito, como Zavala (2004). Contudo, não abordamos aqui, em detalhes, todos esses autores, por fugir ao escopo do presente trabalho.

Para os nossos propósitos, vale ressaltar que, em todas essas publicações logo acima indicadas, o mito foi articulado de variadas maneiras, de modo a serem ressaltados diversos aspectos seus como: a realização de um trabalho inútil, visto que não alcança o seu objetivo, mas, ao mesmo tempo, a persistência em continuar a realizá-lo. Também a ausência de possibilidades de diferentes destinos na vida, se contrastando com a esperteza do herói que sempre soube aproveitar as oportunidades e conseguiu se adaptar a diversas situações e circunstâncias. Destarte, o aspecto mais ressaltado pelos autores foi a repetição, que se mostrou oriunda tanto de sua punição, quanto dos eventos presentes em sua vida.

 

O conceito de compulsão à repetição na obra freudiana

Ao selecionarmos os principais textos freudianos no que concerne à discussão sobre a compulsão à repetição destacamos: "Recordar, repetir e elaborar" (Freud, 1914b/2010), "O inquietante" (Freud, 1919/2010) e "Além do princípio do prazer" (Freud, 1920/2010), pois no primeiro temos a introdução do conceito na teoria, quando é mencionado pela primeira vez por meio do termo compulsão à repetição. Entretanto, isso não quer dizer que anteriormente, em outros textos, a ideia desse conceito já não pudesse estar presente ou subintendida, ou que os termos repetição e compulsão não tenham sido mencionados de forma isolada.

Podemos citar três momentos relevantes em que isso ocorre: a) no " Projeto para uma psicologia científica" (Freud, 1950/1996), ao passo que o autor diz sobre a ideia de facilitação, apresentando o germe do conceito de compulsão à repetição; b) Na Carta 71 enviada a Fliess, de 15 de outubro de 1897, na qual Freud (1950/1996) discorre sobre o mito de Édipo, trazendo a ideia de uma compulsão de destino; e c) no caso Dora (Freud, 1905/1996), no qual, segundo Garcia-Roza (1986/2014), a noção de repetição é abordada, pois, ao atender essa paciente, Freud percebeu que, ao invés de ela recordar suas vivências e lembranças na análise, repetia seu passado na transferência e atuava-o. Isso ficou claro pelo fato de ela ter abandonado o tratamento após apenas três meses de seu início, repetindo agora ativamente, com Freud, uma situação que viveu com o Sr. K, pelo qual foi abandonada, passivamente. Assim, ela se vingou de Freud, da mesma maneira que queria se vingar do Sr. K.

O segundo texto que abordaremos aqui é "O inquietante" (Freud, 1919/2010), pois nele é retratado o início de uma ampliação do escopo do conceito de compulsão à repetição, e no terceiro, "Além do princípio do prazer" (Freud, 1920/2010), é concretizada a ampliação a partir da inserção da noção de além do princípio do prazer, da compreensão da importância da ligação psíquica e da apresentação do segundo dualismo pulsional.

Nos primeiros momentos do conceito notamos a sua apresentação como estando vinculado à clínica psicanalítica, de maneira a se relacionar com a transferência e a resistência. Segundo Freud (1914b/2010, p. 149), "[...] o analisando não recorda absolutamente o que foi esquecido e reprimido, mas sim o atua. Ele não o reproduz como lembrança, mas como ato, ele o repete, naturalmente sem saber que o faz".

É a essa repetição coercitiva, que desconsidera a vontade do sujeito, que Freud (1914b/2010) atribuiu o nome de compulsão à repetição, trazendo para a discussão algo que o paciente realiza sem se dar conta, pois vivencia como se fosse atual e não advindo do recalcado. Nesse primeiro texto, portanto, o conceito não é esmiuçado teórica e metapsicologicamente pelo autor. O que se tem é uma apresentação de suas manifestações clínicas e das possíveis formas de manejo realizáveis pelos terapeutas.

No texto "O inquietante" (Freud, 1919/2010), o autor discute esse tipo de sentimento que nos atinge em diversas situações e, na maior parte das vezes, apresenta uma contradição, pois, apesar de não sabermos seu real motivo, há algo nele que nos parece familiar, mesmo que seja assimilado como algo atual. A razão para tal sentimento é que ele se deve a algum elemento recalcado que retorna, quer dizer, a algo que não é novo no psiquismo, mas que se alheou dele. Garcia-Roza (1986/2014) afirma que o que é totalmente novo não pode ser temido, por esse motivo o estranho tem que ser, necessariamente, uma repetição, algo que volta a se apresentar.

Nesse texto, Freud (1919/2010) insere as repetições da mesma coisa, que acontecem de maneira involuntária e aparentemente sem motivo, nessa categoria de inquietante e a visão sobre o conceito de compulsão à repetição começa a ser ampliada, visto que, apesar de o autor ainda sustentar sua conexão com o tratamento psicanalítico e com o recalcado, começa a inserir algumas informações novas, ainda não vislumbradas anteriormente; são elas: a) a compulsão à repetição estar vinculada ao que é inquietante, devido ao sentimento de estranheza ou incômodo que produz; b) possuir a mesma natureza das pulsões; e c) ter a capacidade de se sobrepor ao princípio do prazer, sendo que este era compreendido, até o momento, como o princípio fundamental na regência do psiquismo. Dessa forma, Freud (1919/2010) adianta algumas informações acerca desse conceito que apenas seriam mais explanadas em seu texto posterior (Freud, 1920/2010).

Em seguida, em "Além do princípio do prazer" (Freud, 1920/2010), temos a postulação de que o princípio do prazer se configura somente como uma tendência a reduzir a excitação a um mínimo possível, deixando de ser o princípio que rege necessariamente toda a vida psíquica. A razão para tanto é que ele é corrompido desde o início por inevitáveis experiências desprazerosas, o que implica em poder haver um além do princípio do prazer, que é confirmado pelas análises da repetição compulsiva na clínica psicanalítica e das neuroses de destino.

A partir da primeira compreendeu-se que a desconsideração do princípio do prazer pode ocorrer nos casos em que acontecem repetições de conteúdos recalcados que não produzem prazer para nenhuma das instâncias e que sempre foram desprazerosos. Segundo Freud (1920/2010, p. 147), sua repetição assinala "[...] que os traços de lembrança reprimidos de suas experiências primevas não se acham nele presentes em estado ligado, e mesmo não são capazes, em certa medida, de obedecer ao processo secundário".

Apoiado nas neuroses de destino, Freud (1920/2010) confirmou que vivências desprazerosas podem ser compulsivamente repetidas a ponto de parecer que as pessoas estivessem sendo perseguidas por destinos malignos, ou comandadas por poderes demoníacos. Elas repetem padrões idênticos de relações e de funcionamento psíquico que, apesar de serem arranjados por eles próprios, parecem sofrer passivamente. Com isso, o autor pôde confirmar "[...] que na vida psíquica há realmente uma compulsão à repetição, que sobrepuja o princípio do prazer [...] [sendo] mais primordial, mais elementar, mais instintual do que o princípio do prazer, por ela posto de lado" (Freud, 1920/2010, p. 135). E essa constatação oportunizou a investigação do período anterior ao princípio do prazer, com o qual a compulsão à repetição também está relacionada.

No decorrer do texto, Freud (1920/2010) passa a investigar a hipótese de um aparelho psíquico no modelo de uma vesícula viva, que se romperia diante de excitações muito intensas somadas à ausência de preparo para se defender e à incapacidade de ligar as energias livres excessivas. Dessa forma o autor chega à ideia do trauma, compreendido como uma inundação do aparelho psíquico que perturba sua economia e gera desprazer, assim como ao entendimento de que, a partir do momento em que o psiquismo é tomado pelo excesso de energia desligada, sua tarefa principal deixa de ser a de produzir prazer para ser a de realizar a ligação psíquica.

Trata-se de uma tarefa anterior a qualquer possibilidade de prazer, pois o princípio do prazer apenas pode retomar o seu controle em um psiquismo mais organizado e é a ligação, realizada pelo Ego (Freud, 1923/2011), que possibilita que seja dada alguma destinação aos estímulos, evitando que eles continuem a circular de forma livre pelo aparelho. A relação da compulsão à repetição com a ligação se torna central a partir de então, pois "cada nova repetição parece melhorar o controle que ela busca ter sobre a impressão" (Freud, 1920/2010, p. 146).

A necessidade de realização da ligação psíquica revela que o princípio do prazer não governa de forma segura nem mesmo no processo primário, porque a qualquer instante esse princípio pode ser suspenso e outros mecanismos psíquicos podem entrar em cena. Estes colocam em ação procedimentos necessários para a reorganização do caos provocado pelo desligado.

Ainda em Freud (1920/2010), o caráter regressivo impresso pela compulsão à repetição é destacado pelo autor, levando-o a postular um novo dualismo pulsional, que é composto pela pulsão de morte e pela pulsão de vida, forças que se encontram em constante embate no psiquismo e determinam os rumos dos processos psíquicos. A primeira é compreendida como a força que favorece o desligamento e a destrutividade, visando à volta ao inorgânico, ou seja, à ausência de excitações. Já a segunda está atrelada à promoção da ligação e da complexificação da vida, para que assim possa conservá-la.

De acordo com Freud (1920/2010; 1924/2011), nos fenômenos da vida as duas pulsões se encontraram sempre fusionadas, uma atenuando e se mesclando com a outra, de forma a permitir que continue a existir vida, amansando a pulsão de morte e impedindo que ocorra a destruição máxima, quer dizer, a morte. Nessa lógica, também temos na compulsão à repetição a ação de ambas as pulsões, apenas variando em graus de preponderância.

Apesar de a fusão pulsional ser legitimada em diversos textos freudianos como algo inerente a todos os fenômenos da vida, alguns autores pós-freudianos, como Domb (2011) e Katz (2009), explicam a compulsão à repetição se apoiando somente na pulsão de morte, como se suas manifestações representassem apenas a ação desta pulsão. Os argumentos utilizados pelos autores são variados, mas a maioria se respalda nas afirmações de que a compulsão à repetição está relacionada à destrutividade, à desfusão pulsional, ao desligamento e ao caráter regressivo, o que a tornaria íntima dessa pulsão. Assim, estes autores destoam de outros, como Garcia-Roza (1986/2014) e Pereira e Migliavacca (2015), que levam em consideração a inevitável fusão pulsional e consequente presença de ambas as pulsões em tal mecanismo.

Fazendo um balanço, notamos que, com as novas informações acrescentadas em "Além do princípio do prazer" (Freud, 1920/2010), houve uma ampliação do alcance e amplitude do conceito de compulsão à repetição. Ele passa a dizer respeito não somente à repetição compulsiva do conteúdo que já foi um dia recalcado e se encontra desligado, também corresponde à reapresentação das excitações desligadas excessivas que nunca foram ligadas, oriundas de traumas externos ou das próprias pulsões. Em ambos os casos, os conteúdos possuem a especificidade de serem excessivos e livremente móveis, buscarem a descarga ou satisfação e serem regidos pelo processo primário.

Em diversos textos, publicados posteriormente a 1920 na obra freudiana, são encontradas menções acerca da compulsão à repetição, mas não serão abordados aqui, tendo em vista que, na sua maioria, eles legitimam as discussões que já foram realizadas nos textos precedentes e apresentados acima.

 

Algumas correlações

A partir dos modelos encontrados no mito de Sísifo, algumas correlações com a dinâmica da compulsão à repetição podem ser feitas, principalmente quando aproximamos três momentos encontrados no mito com outros três presentes na dinâmica desse mecanismo psíquico, permitindo extrair alguns esclarecimentos sobre o conceito.

a) Primeiro momento: transgressões e excessos

Podemos fazer um paralelo entre o primeiro momento encontrado no mito de Sísifo e na dinâmica da compulsão à repetição porque ambos estão relacionados ao surgimento ou motivação de um movimento repetitivo que se qualifica como irrefreável. Além disso, nos dois casos verificamos que o elemento motivador está atrelado ao excesso e à transgressão, seja ao ultrapassar o métron, no caso do mito de Sísifo, seja pelo excesso de alguns conteúdos que transgridem a capacidade de continência do psiquismo em determinado momento, no caso da compulsão à repetição.

Os comportamentos transgressivos do métron apresentados por Sísifo indicam um movimento de negar as regras e as leis existentes, que são impostas e fiscalizadas pelos deuses, de forma a transgredi-las sempre que necessário. De forma semelhante, apesar da compulsão à repetição fazer parte do psiquismo e por isso ter que funcionar de acordo com seus modos, encontramos nela a desconsideração de certas leis e normas psíquicas, uma vez que, segundo Freud (1920/2010), ela funciona a partir de outras regras, que lhe são próprias e lhe dão maior autonomia, correspondendo ao que o autor chama de além do princípio do prazer. Ademais, essa compulsão desconsidera a realidade, visto que se dá de maneira imperativa e pertence ao Id, agindo sobre ela independentemente do que poderá causar, de forma a desestabilizar o funcionamento normal guiado pelo Ego.

Assim, esse mecanismo demonstra sua insolência, se fazendo mestre e senhor de parte do movimento psíquico. Entretanto, precisamos salientar que essa ação brusca ministrada pelo mecanismo da compulsão à repetição apenas acontece por causa de algo mais perturbador que ela mesma, que requer uma ação incisiva. Estamos nos referindo ao caos despertado pelos excessos e transgressões oriundos das excitações que o psiquismo não é capaz de lidar.

b) Segundo momento: repetições compulsivas e inexoráveis

O segundo momento presente no mito de Sísifo é o de sua punição. Logo, representa um movimento repetitivo inexorável em si, o qual o herói é forçado a fazer constantemente e independente de sua vontade, porque se trata de uma tarefa eterna, outorgada pelos deuses, não sendo admissível sua não realização. Além disso, ocorre de forma padronizada, de maneira a impossibilitar o alcance de seu objetivo que seria levar a pedra para o outro lado da escarpa. Diante disso, esse segundo momento do mito pode ser assemelhado ao tempo em que o sujeito repete compulsivamente sem ter o controle, o que caracteriza a compulsão à repetição propriamente e se configura como o segundo momento relacionado à dinâmica desse mecanismo psíquico.

A compulsão à repetição entra em ação como que num ato reacionário frente à estimulação excessiva, que é apresentada pelos conteúdos desligados advindos de fora ou de dentro do próprio psiquismo que não conseguiram fazer o caminho comum aos demais. Ela é orquestrada pela tendência de volta ao inanimado, de destruição e de maior desligamento, o que garante o seu caráter impositivo e faz com que ela consiga se colocar em ação mesmo quando ocorrem tentativas organizadas pelo Ego, enquanto instância de gerenciamento, de controlá-la ou impedi-la. Mas, ao mesmo tempo, as influências da pulsão de vida se mostram presentes nessa compulsão, garantindo a possibilidade de outro fim, que está relacionado à possibilidade de ligação e à agregação daquilo que se encontra disperso.

Assim, o resultado do movimento promovido pela compulsão à repetição poder estar relacionado a uma destinação daquilo que se encontra desatado no psiquismo. Entretanto, inevitavelmente, ele ocasiona a ausência de domínio do sujeito sobre si mesmo. Essa ausência é promovida pelo aspecto pulsional que já apresentamos no parágrafo anterior, mas também por se tratar de um mecanismo inconsciente, o que implica em o sujeito não se dar conta de que está repetindo; e por se assemelhar a uma força demoníaca, segundo Freud (1920/2010), visto que é algo imposto e indomesticável, sendo a única forma pela qual determinados conteúdos podem se manifestar no instante em que ela se encontra em ação.

c) Terceiro momento: redenção e ligação psíquica

Supomos o terceiro momento do mito fundamentando-nos em dois elementos que são oferecidos pela narrativa mítica e pelo contexto da mitologia grega: a) a promessa feita por Hades a Sísifo, segundo Greene e Sharman-Burke (1999/2001), de que, caso o herói conseguisse fazer a pedra cair do outro lado da escarpa, ficaria livre de seu castigo, o que significaria a sua liberdade e o fim da repetição constante, e b) a noção de transgressão na mitologia grega.

A transgressão é compreendida na mitologia grega como algo necessário na trajetória do herói, que o glorifica ainda mais, quando permite a catarse e a redenção (Leite, 2010). Entretanto, para que haja a redenção se faz necessária uma reparação, que restaura a ordem das coisas que foi alterada pela transgressão, funcionando como uma compensação. Nesse sentido, conjecturamos que, ao cumprir sua punição, Sísifo se transformaria de transgressor punido a herói redimido. À vista disso, esse terceiro momento do mito, por nós proposto, funcionaria como uma possibilidade de fim para Sísifo, apesar de não ter se concretizado no relato mítico.

Trata-se de algo hipotético e apenas presumível enquanto uma possibilidade, assim como é a ligação psíquica no contexto da compulsão à repetição, de forma que aquela pode representar, metaforicamente, o outro lado da escarpa na dinâmica dessa compulsão. A aproximação se torna ainda mais plausível se também considerarmos que é a ligação que livra o sujeito do sofrimento e do desprazer de se repetir compulsivamente, visto que permite o alcance do que é necessário para que se pare a compulsão. A ligação permite o ordenamento e direcionamento do material excessivo pelo Ego, de maneira que ele passa a ser estruturado e não mais caótico, trazendo a restauração da ordem e do equilíbrio também no campo psíquico.

Para evitar equívocos, destacamos que, apesar de o vínculo entre a ligação e a compulsão à repetição ser possível, visto que ao se repetir compulsivamente oportuniza-se a ocorrência da ligação por se reapresentar o conteúdo desligado, não se trata de um nexo direto, mas apenas ocasional. A ocasionalidade se coloca pelas seguintes razões: a) não é regra que a compulsão à repetição se manifestará em todos os processos que fazem a condução de um funcionamento caótico para um mais organizado; existem diferentes maneiras de a energia livre circular pelo psiquismo. b) a compulsão à repetição não possui um objetivo em si mesma ou alguma função predeterminada que a caracterize, sendo apenas uma reação frente ao excessivo. c) a ligação psíquica é realizada, segundo Freud (1923/2011), pelo Ego e não pela compulsão à repetição, ou seja, é efetuada pela instância que funciona de acordo com o processo secundário e se define, conforme o autor acima citado, como "uma organização coerente dos processos psíquicos na pessoa" (Freud, 1923/2011, p. 20). Para tanto visa ligar e unir, possuindo a mesma finalidade que Eros, reunindo e organizando tanto o que é oriundo do Id quanto do mundo externo. d) a compulsão à repetição que se manifesta de forma desenfreada indica que, ao repetir, não se liga, rigorosamente; somente se instala uma oportunidade onde não existem certezas ou garantias.

Apesar de ser possível essa elucubração a respeito de Sísifo, o destino na mitologia grega é fatídico e não pode ser mudado. O herói está realmente preso à punição que lhe foi atribuída, deverá carregar eternamente a pedra, de maneira que continuará a fazer o mesmo sempre. Assim, o modelo que se exprime na punição de Sísifo é o de um movimento constante, que não sai de seu traçado original, correspondendo a um eterno refazer que não visa mudanças ou reconstruções. Esse é o mesmo modelo presente na compulsão à repetição em si, visto que nela não se repete almejando algum objetivo ou mudança. Caso não ocorram interferências, como a operacionalizada pela ligação, sua atividade repetitiva nunca chega a um fim.

Felizmente, para os sujeitos é legitima a possibilidade de lidar com aquilo que um dia aconteceu e com as excitações que atingem o aparelho psíquico, dando novas significações, mesmo que tenham sido desprazerosas e causado sofrimentos; ou seja, os sujeitos podem alterar e reconstruir seus destinos e vivências. Nas palavras de Freud (1914/2010, p. 30), "em nosso aparelho psíquico reconhecemos sobretudo um expediente para lidar com excitações que de outro modo seriam sentidas como penosas ou de efeito patogênico". Dessa forma, apesar de não ser possível para Sísifo levar a pedra até o outro lado da escarpa, essa chance existe para os sujeitos.

Visto isso, podemos afirmar que é possível a analogia entre o mito de Sísifo e a compulsão à repetição naquele momento em que se repete compulsivamente, sem apresentar mudança alguma e sem alcançar o outro lado da montanha. Ou seja, quando não se tem a transformação do estado desligado para o estado ligado. Porém, quando consideramos o psiquismo como um todo, entendendo que ele é múltiplo e diversificado, notamos que muitos processos diferentes entre si podem ocorrer ao mesmo tempo, e não apenas esse mecanismo isoladamente. Com isso, percebemos que essa analogia não se torna tão perfeita assim, pois outros mecanismos podem também entrar em ação, impondo mudanças e colocando um fim na repetição compulsiva.

Essa constatação reforça a afirmação de Migliavacca (2002) de que os mitos oferecem apenas modelos do humano. Por conseguinte, não ocorre uma total equivalência entre o mecanismo psíquico e o mito, pois ele não foi construído para descrever qualquer mecanismo ou para dizer sobre um sujeito que apresentava compulsão à repetição. Os modelos representativos do humano, que são passíveis de serem encontrados nos mitos, não são dados de maneira pronta ou transparente. Eles são percebidos por alguém, como que numa interação entre o sujeito - com suas particularidades, subjetividade, vivências e conhecimentos anteriores - e o mito. Assim sendo, trata-se de uma construção especulativa.

 

Considerações finais

A partir do que foi apresentado neste artigo, compreendemos que o mito de Sísifo possui certas peculiaridades que lhe imprimem o potencial de trazer à tona o tema daquele tipo de repetição inexorável, que parece não ter fim ou saída; se assemelha a um destino fatídico e não exibe possibilidades de mudança. Nele encontramos uma dinâmica que consiste em ocasionar a punição, ser punido, e ser expiado, que pode ser reescrita em motivar a repetição, repetir constantemente e parar a repetição, se assemelhando aos tempos que abstraímos da dinâmica da compulsão à repetição. Dessa forma, o mito de Sísifo pôde se configurar, dentre outras várias possibilidades inerentes à riqueza mitológica, como um modelo para a compreensão da compulsão à repetição descrita por Freud.

Precisamos ressalvar que apesar de didaticamente ser possível uma divisão da dinâmica que encontramos na compulsão à repetição, quando a consideramos isoladamente, ela possui apenas um tempo, que é o da repetição insistente do desligado excessivo. O que se tem antes é o que leva a ela e, a partir do momento em que o conteúdo se torna ligado, ela chega ao fim. Por essa razão, a compulsão à repetição se mostra como o meio, aquilo que acontece durante o período existente entre a transformação do conteúdo desligado em ligado, sendo como que um mecanismo arcaico do qual o psiquismo lança mão quando se encontra em situações extremas e se vê despreparado ou incapaz de lidar com aquilo que a realidade externa ou interna excessiva impõe.

Essa compulsão permite que haja uma movimentação do caos provocado pelos conteúdos desligados, podendo tanto possibilitar o sucesso do psiquismo em metabolizar o excesso – o que se materializaria na realização da ligação psíquica pelo Ego –, quanto a ausência de domínio de sobre si mesmo e a inexistência de modificações. Assim, evidenciamos um duplo aspecto desse mecanismo psíquico, pois nele coexistem oportunidades de mudanças e transformações, juntamente com chances de estagnação e repetição compulsiva constante do mesmo.

 

 

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Artigo recebido em: 01/03/2018
Aprovado para publicação em: 03/07/2019

Endereço para correspondência
Ana Flávia Cicero Conde
E-mail: anaflaviaconde@outlook.com
Paulo José da Costa
E-mail: pjcosta@uem.br

 

 

*Mestre e doutoranda em psicologia pela Universidade Estadual de Maringá, professora da Faculdade Fatecie de Paranavaí e do Centro Universitário Metropolitano de Maringá - Unifamma.
**Doutor em Psicologia Clínica pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia da Universidade Estadual de Maringá, coordenador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Psicanálise e Desenvolvimento Humano - CNPq/UEM.
1Artigo proveniente da Dissertação de Mestrado da primeira autora, orientada pelo segundo autor, no Programa de Pós-graduação em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá. O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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