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Reverso

Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.31 no.58 Belo Horizonte Sept. 2009

 

EDITORIAL

 

Colegas, é com grande alegria que venho apresentar a última Reverso de nossa gestão. Ao longo desses dois anos, procuramos valorizar nossa estimada produção institucional escrita, mas também trazer artigos de colegas de outras instituições que fizeram parceria conosco, parceria cada vez mais frequente, já que um dos objetivos da gestão desta diretoria é ampliar os contatos do CPMG com instituições de ensino e pesquisa no Brasil e no exterior. A Revista colhe os frutos do resultado positivo destas novas interlocuções.

Iniciamos com a Conferência extremamente rica do psicanalista grego, radicado na França, Markos Zafiropoulos sobre as questões da feminilidade na atualidade, conferência produzida por ocasião de sua vinda a convite do CPMG em maio de 2009 em evento de grande repercussão e que poderá ter vários desdobramentos positivos no sentido de uma aproximação maior entre nossa instituição e Paris VII, onde o professor leciona.

Em seguida, um texto original de Marie-Christine Laznik sobre o tratamento de uma criança autista (Marina) que começa a ser atendida bem precocemente, aos dois meses de idade, e sua recaída aos 18 meses. Hoje em dia, aos 7 anos, Marina não apresenta nenhuma sintomatologia autística. Tem amigos e um brincar simbólico, vai muito bem na escola regular onde é considerada uma criança adorável. Podemos falar em cura do autismo nestes casos atendidos desde muito cedo? Tratar-se-ia de uma psicanálise gênica, como brinca Marie-Christine em seu texto?

Jeferson Machado Pinto, caro professor da UFMG, nos oferece um texto maravilhoso, também apresentado no CPMG neste semestre, no qual sustenta que há uma aproximação entre a lógica do tratamento psicanalítico e a contingência da posição feminina. A psicanálise não se contenta, nos diz o autor, com a lógica do bem comum, da adaptação, porque ela quer mais, ainda. A ética da verdade do sujeito à qual a psicanálise nos da acesso só pode ser evidenciada pela lógica da posição feminina.

Um artigo que nos mostra a interface da psiquiatria e da psicanálise nos foi trazido pela colega do Campo Lacaniano de Belo Horizonte e Professora da pós-graduação em Psicanálise da Faculdade Newton de Paiva, Angela Mucida. Seu artigo discute o uso da medicação, em especial do Rivotril, Ritalina e do Viagra, como efeito dos discursos. Trata-se de um artigo de muita utilidade na clínica contemporânea.

Mais uma vez nossos colegas de instituição mostraram como o CPMG possui sócios que sustentam a escrita com autoria e fomos brindados neste número com os textos de: Maria Mazzarello Cotta Ribeiro, que nos traz ainda mais um artigo desta interface da psiquiatria com a psicanálise, no qual apresenta sobre a neurose de angústia ou síndrome do pânico - como é chamada pela psiquiatria na atualidade – questões clínicas referentes ao tratamento psicanalítico e psiquiátrico desses pacientes e uma pesquisa muito interessante das fantasias inconscientes que compõem o quadro; Alberto Henrique Soares de Azeredo Coutinho, que tece considerações importantíssimas sobre o caráter enigmático dos sonhos de angústia que tem desafiado os psicanalistas a dar-lhes uma direção interpretativa que contemple simultaneamente a teoria dos sonhos e o conceito de angústia; Carlos Antônio Andrade Mello, surpreendente e poético, nos oferta a escrita de Marcel Proust e Maria Gabriela Llansol, autores diferentes no tempo em que viveram e em sua obra, abordada através da utilização dos conceitos freudianos de representação e afeto, aproximando a escrita da tradução; Messias Eustáquio Chaves nos traz um trabalho clínico feito sobre uma paciente portadora de uma fobia de lagartixa, bem fixada num sintoma e que resistia ao deciframento do seu enigma; finalmente, o artigo de Paulo Roberto Ceccarelli com assunto super pertinente a nossa jornada sobre o laço social, visto como solução ilusória frente ao desamparo humano.

Para capa, contamos com uma obra de arte maravilhosa de nossa querida colega Wanda Avelino que tão gentilmente aceitou nosso convite.

Mais um vez, nossa Reverso nos traz um banquete capaz de regalar a quase todos os nossos sentidos: olhos, ouvidos, olfato, paladar! O gosto e o cheiro da tradicional comida mineira, feita em nossa terra com arte e carinho, quentinha, saída do forno, temperada com as especiarias vindas de fora! Espero que apreciem...

Isabela Santoro Campanário
Editora

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