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Reverso

Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.32 no.59 Belo Horizonte June 2010

 

CLÍNICA PSICANALÍTICA

 

Há laço no Fenômeno Psicossomático – do que se trata?

 

There are ties on FPS – what are they?

 

 

Maria Carolina Bellico Fonseca

Círculo Psicanalítico de Minas Gerais
International Federation of Psychoanalytic Societies

Endereço para correspondência

 

 


Resumo

A falta de laço social é geralmente atribuída à estrutura psicótica – o psicótico está inserido no discurso, mas não faz laço social. A partir da elaboração lacaniana acerca do fenômeno psicossomático, em especial sua aproximação da psicose em decorrência da presença da holófrase e da possibilidade de seu surgimento em qualquer estrutura, a autora discute que tipo de laço faz o psicossomático.

Palavras-chave: Laço social, Fenômeno psicossomático, Holófrase, Gozo, Angústia.


Abstract

The lack of social ties is generally attributed to the psychotic structure - the psychotic is inserted in the speech, but makes no social tie. The author parts from the Lacanian elaboration about the psychosomatic phenomenon (FPS), in particular its similarity to psychosis by the presence of holophrasis and from the possibility of its appearance in any structure, to propose a discussion about the kind of tie makes the psychosomatic.

Keywords: Social tie, The psychosomatic phenomenon, Holophrasis, Enjoyment, Anguish.


 

 

O Fenômeno Psicossomático (FPS) foi meu tema de pesquisa e de dissertação de Mestrado. É curioso perceber que, quando nos debruçamos sobre um assunto nos impregnamos dele e, involuntariamente, passamos um bom tempo a relacioná-lo a outros assuntos. Não sei se isso ocorre com todo mundo que passa por esse tipo extenuante e apaixonante de pesquisa, o fato é que ocorreu comigo. Foi assim com o presente trabalho.

Pois bem, vamos lá, comecemos pelo laço social, expressão tão usada na modernidade quando queremos nos referir à economia libidinal em jogo nas relações sociais. Quinet, a partir da teoria lacaniana dos discursos, vai defini-lo assim:

"Os laços sociais são formações discursivas que permitem a metabolização e até mesmo a colonização do gozo que vai até a coletivização. Os discursos como laços sociais são formas de tratamento do real do gozo pelo simbólico. É um tratamento civilizatório que delineia e regula as relações dos homens entre si que são feitas de libido e tecidos de linguagem" (Quinet, 2006, p. 52 – Grifos meus).

Este conceito está em consonância com a conceituação lacaniana de que o real deve ser tratado pelo simbólico e de que, com a entrada do significante no corpo do vivente, ocorre uma evacuação de gozo para as zonas erógenas – esta é a condição para vivermos em sociedade e para a construção da cultura. Numa linguagem freudiana podemos dizer que o preço que pagamos por ser civilizados é uma perda de libido.

Por outro lado, os discursos estão inseridos no campo da linguagem, o que significa que estão relacionados ao significante fálico, ao Nome-do-pai e ao Édipo – "os quatro discursos são sustentados pelo Nome-do-pai" (QUINET, 2006, p.52). O Nome-do-pai, esse produto da metáfora paterna, suporta e transmite o recalcamento e a castração simbólica e "consiste, principalmente, na regulação do sujeito com seu desejo, em relação ao jogo dos significantes que o animam e constituem sua lei" (Chemama, 1995, p. 148). Ou seja, o sujeito baliza seu desejo de acordo com a lei paterna e isso será determinante de sua estrutura psíquica.

Como articular a teorização acima com o Fenômeno Psicossomático (FPS)? O FPS é sensível à ação do significante, mas não é uma estrutura; trata-se de um fenômeno que pode advir em qualquer estrutura, balizada ou não pelo Nome-do-pai. Isso significa que este tipo de lesão pode ocorrer tanto na neurose e na perversão, estruturas nas quais o gozo é escoado através das formações do inconsciente, das fantasias ou das atuações perversas, quanto na psicose que, como é sabido, não tem a baliza do Nome-do-pai em decorrência de sua foraclusão. Ou seja, o pai, enquanto símbolo, é uma representação insuportável que é rejeitada na psicose assim como a castração.

O interessante, porém, nessa conceituação do FPS é que nele, também, falamos de foraclusão só que, como nos mostra Guir, ela ocorre num "sítio do discurso". Esta expressão é de extrema importância, pois marca a possibilidade de diferenciação entre o FPS e a psicose. Enquanto o sujeito na psicose tem o significante fálico ordenador da cadeia foracluído do discurso, no FPS isso ocorre localizado num ponto do discurso no qual o sujeito se aliena no Outro e se apaga. Nesse ponto do discurso as operações de realização do sujeito se dão de maneira incompleta, ocorre a alienação sem a separação e o sujeito, preso a esse enigma vindo do Outro, fica impedido de advir, é o que Valas (1990) quer dizer com "as significações confusas do discurso do Outro" que à força de se repetirem causam trauma e engendram a lesão". Trabalhemos um pouco esta teorização.

Para nós o trauma se relaciona ao traço e à letra, se relaciona a esse litoral entre gozo e saber; é como letra que ele se inscreve no psiquismo, descolado de qualquer significado. O FPS seria o efeito traumático da letra, um tipo de escrita, ou melhor, de rasura da letra no corpo; um ponto duro, um osso, algo sem explicação, um hieróglifo ou "algo para se ler, diante do qual, frequentemente, boiamos" (Lacan, 1998). Traços fixados (Fixierung) que mais tarde, por associação, são assimilados a outras experiências, encontros com o real que são ressignificados enquanto trauma no a posteriori. É a vivificação do velho. A repetição significante "produz retroativamente o trauma" (André, 1994) e isso ocorre de maneiras diferentes com cada sujeito. Diante deste ponto duro de real trazido pelo trauma, o sujeito tem que criar, construir um saber que não é dado ou, como no FPS, adoecer.

Diferente do sintoma que revela o desejo inconsciente e o sujeito, o FPS está fora do saber do sujeito, ou seja, é um enigma para o qual o indivíduo não tem um saber. Enquanto o sintoma se inscreve na dimensão da metáfora, o FPS inscreve-se na dimensão da holófrase fora de qualquer significação, como nos mostra Lacan no Seminário 11. Isso quer dizer que, se no sintoma um significante se segue ao outro, inseridos numa cadeia que desliza e de cujos intervalos cai o sujeito do inconsciente, no FPS, o primeiro par de significantes da cadeia encontra-se amalgamado, formando um gel holofrásico. Sem intervalo entre os significantes, não é possível o surgimento do sujeito e do desejo, daí a impossibilidade de subjetivação.

A lesão é induzida por um significante do Outro que não é passível de assimilação por ser traumático; ocorre então, neste ponto do discurso, uma colagem dos dois primeiros significantes da cadeia formando um gel holofrásico. É o desejo do Outro fazendo furo no corpo, como se ocorresse a corporificação da holófrase. Holófrase que "fica informulável para o sujeito e, desde então, deixa não interrogável o desejo do Outro" (Stevens, 1987, p. 71). Como já foi apontada por Lacan no Seminário 11, a holófrase surge numa série de casos da qual fazem parte a psicose, a debilidade e o FPS.

Nesse aspecto, podemos dizer que o FPS é um enigma para o sujeito, manifestação do real no corpo e, como tal, refratário à significação. Trata-se de um tipo específico de condensação de gozo, de uma forma de tratar o gozo que escapa à ordem simbólica, uma forma de adoecimento humano que escapa à ordenação da linguagem e do significante fálico. Manifestação do real e não do inconsciente, como acreditavam alguns psicanalistas, ele afeta o corpo em sua consistência imaginária, marca a carne com lesões e, ainda que se encontre fora de subjetivação, não está fora da linguagem sendo sensível à ação do significante, ou seja, ele pode surgir, desaparecer, piorar e até matar mediante a reativação deste ponto de gozo pela linguagem.

Mas aqui se coloca um enigma – como que algo que é refratário ao simbólico pode ser engendrado pelo significante? Por ser ‘algo para se ler', ele é um registro, registro sem sentido, que não se dirige a ninguém, apenas uma notação. Achamos que ocorre um transbordamento pulsional nas vivências traumáticas que rompem o semblante significante, o excesso não tem como ser amarrado, flutua como energia livre, como pura angústia. O FPS seria uma forma de laço, de amarração ou de tratamento dessa angústia que escapou. Mediante a ruptura desse semblante, ele seria uma possibilidade de enlaçamento do gozo real no corpo; texto escrito no corpo, pelo corpo, de maneira ilegível, que produz entre os seus efeitos o de condensação de gozo, de barra à pulsão; uma saída plausível perante a ameaça de ruptura do psiquismo.

Para Lacan (1998), o FPS se dá a ler numa escrita desconhecida do referente significante, numa escrita do real. Escrita que se faz em números, que cifra o gozo, "como se fosse uma contagem absoluta de gozo, que pode surgir em surtos inesperados e sucessivos, uns seguidos dos outros" (Fux, 2000, p. 72).

No FPS esse gozo se mostra através das lesões, da carne marcada, ele escapa à colonização do laço social e não é coletivizado. Entendemos, a partir de nossa pesquisa, que, mediante um encontro traumático, contingente, com o real, ocorre um retorno de gozo no corpo que é circunscrito pelas lesões que provocam, assim, o "enlouquecimento" parcial no corpo. Com isso acreditamos que ele promova o enlaçamento com a realidade permitindo alguma nomeação para o sujeito mediante essa vivência impossível do não-ser, do ‘estar sem chão', trazida pelo trauma. Isso pode ser percebido em caso de psicose, no qual o indivíduo alterna surtos de delírio ou alucinações e de lesões psicossomáticas, mas também pode ser percebido, em alguns casos de neurose, no arrefecimento dos sintomas quando ocorre o adoecimento do corpo, uma vez que este provoca um investimento narcísico no órgão. O que não quer dizer, no entanto, que não ocorra horror e até mesmo pânico mediante as manifestações somáticas. Aqui o arrebatamento pelo gozo se dá também através do sofrimento, sofrimento mostrado no corpo do indivíduo que não o compreende e não se implica com ele. Estaríamos diante de um Narciso às avessas.

Resumindo: o sujeito, mediante um encontro contingente e traumático com o real, adoece, enlouquece no corpo, evitando assim uma catástrofe pior que seria o seu apagamento total enquanto sujeito do desejo. Ato dessubjetivado, seria antes uma passagem ao ato, ou melhor, uma passagem ao corpo. Com a analogia da passagem ao corpo, pretendo marcar a dessubjetivação dessa forma de adoecimento, devido ao apagamento do sujeito do inconsciente, e a impossibilidade de se referir ao FPS como um ato voluntário, implícito nas expressões usuais: "Fulano fez um câncer". Não se trata, pois, de um fazer consciente, mas de um "não saber o que fazer" uma vez que, num sítio do discurso, mediante o acionamento de um significante traumático para o sujeito, este se apaga. Com ele, apaga-se o que há de mais estruturado no psiquismo – a fantasia e o delírio –, tratamentos simbólicos possíveis do real. Só resta o corpo.

Aqui retomo o texto de Quinet num ponto que me chamou particularmente a atenção ao fazer referência à passagem ao ato: "A passagem ao ato (...) não faz laço social, não tem endereçamento, como mostra o fora-do-discurso do suicídio melancólico" (QUINET, 2006, p.42) e ao psicótico como fora-do-discurso: (...) "Ele é esse fora que nos remete ao fato de que nós estamos presos aos discursos (...)" (Idem, p.52). "Essa marca do fora da foraclusão e do fora-do-discurso é um traço de gozo indomável e impossível de enquadrar (...)" (Idem, p. 53). Isso implica na impossibilidade de "entrar no laço social", mesmo que ele venha entrar em um discurso ou outro e aí permanecer de maneira mais ou menos estável.

Ora, já foi dito neste texto que o FPS não é uma estrutura, mas, por outro lado, nele ocorre uma foraclusão localizada numa parte do discurso, o que me remete à metáfora de um ‘sujeito interrompido'. Com isso quero dizer que, mesmo um sujeito neurótico, marcado pela castração e pelo Nome-do-pai, sendo assim passível de estabelecer laços sociais, ao portar este tipo de fenômeno, teria como que um hiato, uma parte ‘indomável' de gozo não tratado pelo simbólico, mas enlaçado no corpo. Ou seja, ele estaria dentro do discurso, mas trazendo em si um ponto de fora-do-discurso e, se pela primeira premissa ele faz laço social, pela segunda ele faz laço com o corpo, seu gozo não é tratado pela linguagem e sim pelo corpo.

Por outro lado, o psicótico, marcado estruturalmente pela foraclusão, encontra no FPS uma possibilidade de enlaçamento de gozo no corpo, uma amarração do real que lhe permite, nesses momentos, o arrefecimento do retorno de real no simbólico, o delírio no corpo aliviando o delírio na linguagem.

A partir dos textos lacanianos, o FPS é comparado por diversos autores, entre eles Miller, Valas e Guir, como traço unário, signature, nome próprio, hieróglifo, cartucho e, até mesmo, um dos nomes-do-pai. A referência ao traço unário se justifica, pois o FPS aponta para aquilo que tem de ranhura, marca do Outro no ser de sujeito na qual as lesões seriam uma forma de apresentação deste. A referência a signature rerum (assinatura que traz a essência de todas as essências) é feita por Lacan – o FPS como um "enigma comparável à assinatura dos místicos" – em 1998 numa clara alusão ao FPS como um enigma do real, enigma comparável ao hieróglifo ou cartucho (moldura na escrita hieroglífica que continha o nome de um soberano). O corpo funcionaria como a moldura (cartucho) dessa forma de nome próprio, de nome do sujeito, que é o FPS. Para Laurent (1990), no FPS o nome próprio é feito com o gozo, nome composto com um ciframento particular de gozo.

Mas para além de qualquer comparação teórica, a clínica nos mostra que este tipo de afecção que enlaça o gozo no corpo tem uma função para o sujeito, o que demanda um grande cuidado dos profissionais que o tratam. O jovem A. é o exemplo disso. Até os 21 anos, ocasião da morte de seu pai, ele não teve nenhum problema de doença mais sério. A partir deste fato, porém, foi acometido por uma psoríase que resistia a todo tratamento. Iniciou sua análise por encaminhamento médico, mas pouco tempo depois procurou mais um especialista para "ter mais uma opinião" (era o 20º em dois anos). Este, ao contrário dos outros, desqualificou a afecção dizendo que "aquilo nunca tinha sido psoríase, mas que se tratava de uma dermatitizinha" e receitou mais uma pomada. A. traz o fato para análise entre contente (?) e desnorteado. Pouco tempo depois irrompe nele "um surto de sexualidade" com masturbações compulsivas várias vezes ao dia, término de um longo namoro e busca de outros homens em sites de relacionamento com encontros noturnos (dois a três por noite) com ilustres desconhecidos. A psoríase, ‘herança que o pai lhe deixou' (pois também o acometia), tinha para este sujeito ‘sem norte' a função de conter um gozo irrefreável que era enlaçado no corpo, exercendo assim algum tipo de nomeação onde a lei falhou. Tirá-la abruptamente, sem enlaçar sua angústia, foi como lançá-lo ao inferno de Dante.

No FPS o sujeito se submete a um imperativo de gozo, vítima do "gozo obscuro" do Outro que faz retorno no corpo, e isso é sua especificidade. Específico em sua fixação fora do simbólico, frequência de número (que não faz série) em lugar de repetição significante, ele apenas sinaliza algo da ordem de uma pulsação sem sentido no corpo. Gozo sem sentido e, acima de tudo, de muita angústia. Aqui o corpo é injungido como objeto, objeto dejeto, impossível de ser causa devido à presença da holófrase; dejeto que funciona como um laço no corpo, proximidade de real que causa angústia.

Enigma para os profissionais que dele tratam com horror, sofrimento para os pacientes que o portam, o FPS advém de uma conjuntura – o encontro do necessário, real do trauma representado pela indução significante, com o contingente, representado por fatores genéticos, hábitos de vida, etc. Contingência também presente na forma como o real do trauma se atualiza para um dado sujeito; ele ocorre para todos, é da ordem do necessário, mas a maneira como ocorre é contingente.

Quanto à cura, gostaríamos de lembrar Lacan, em sua Conferência em Genebra: "É pela revelação do gozo específico que há na sua fixação, que sempre é preciso abordar o psicossomático" (LACAN, 1998, p. 14). Eles, assim como outros autores psicanalistas, são unânimes: o real aqui representado pela condensação de gozo tem que ser tratado pelo simbólico. Valas nos propõe que a saída desse ponto de petrificação é "deixar o sujeito dizer, ir de maneira refletida o livre jogo de sua angústia, de modo que possa se produzir um distanciamento, uma flutuação (...). Pouco a pouco ela vai ganhar sentido para ele". Não se trata aqui de remissão pela utilização de um significante causal ou das racionalizações do sujeito numa tentativa de compreender sua doença, mas de o sujeito falar de suas lesões nos mesmos termos que fala de sua angústia. Enigma enquanto uma forma de adoecimento, o FPS é também enigmático em sua remissão, pois ela pode resultar tanto do êxito de uma simbolização bem feita, advinda do processo de subjetivação, quanto de uma "prótese imaginária", fortuita ou planejada. Porém, concordo com Valas, esta é uma questão difícil de ser respondida no estágio atual de nossos conhecimentos.

Por outro lado, se pegarmos a teorização de Lacan naquele que é tido como seu último ensino, veremos que no Seminário 23 ele parece avançar do trabalho com o significante para uma intervenção em nível do real da letra e de lalangue. Para isso usa Joyce como paradigma, em sua desconstrução da língua e do sentido que, ao fazê-lo, consegue enlaçar os três registros e não surtar. Mas Joyce não tinha um saber sobre o que fazia, era um ‘artífice', e através de sua escritura da letra, Lacan consegue vislumbrar uma possível saída para o fim de análise, isso porque a escritura foi o sinthoma de Joyce, sua forma de amarração do gozo. Nesse momento parece haver uma aposta clínica na desconstrução de sentido do sintoma; pode ser que assim algo ressoe e que seja possível um novo rearranjo, um remodelamento sintomático, um novo modo de relacionar com o gozo, ou seja, o sinthome.

No caso do FPS, talvez possamos dizer que em lugar da desconstrução do saber sobre o sintoma, algum saber possa ser construído acerca desse nó inscrito no corpo, saber que seria uma nova amarração para a angústia que, em lugar de bater o corpo sob a forma de uma lesão, possa fazer algum tipo de construção, invenção, um novo laço a partir do simbólico. Escrita do sujeito, laço simbólico com a realidade, recolocação do simbólico entre o imaginário e o real. Assim, num bordejamento desse ponto de real, talvez seja possível pensar numa saída na qual se faz necessário um novo tipo de amarração que prescinda desse laço no imaginário do corpo, uma construção simbólica possível num sujeito que já pode falar de alguma coisa relacionada ao seu gozo e a sua angústia.

 

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RECEBIDO EM: 01/04/2010
APROVADO EM: 01/05/2010

 

 

Sobre a Autora

Maria Carolina Bellico Fonseca
Psicóloga. Psicanalista. Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. Membro do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais. Membro da International Federation of Psychoanalytic Societies.

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