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Reverso

Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.34 no.64 Belo Horizonte Dec. 2012

 

EDITORIAL

 

“Escrevia no espaço.
Hoje, grafo no tempo,
na pele, na palma, na pétala,
luz do momento.
Sôo na dúvida que separa
o silêncio de quem grita
do escândalo que cala,
no tempo, distância, praça,
que a pausa, asa, leva
para ir do percalço ao espasmo.

Eis a voz, eis o deus, eis a fala,
eis que a luz se acendeu na casa
e não cabe mais na sala.”

Sinfonia para pressa e presságio
Paulo Leminski/La vie em close/São Paulo: Brasiliense, 1991.

Com enorme prazer apresentamos a edição de n.64 da Reverso, mais uma vez trazendo a contribuição ímpar dos autores que nos escolheram para apresentar elaborações e estudos sobre a clínica e a teoria psicanalítica. Assim, convidamos os leitores para refletirem sobre os temas apresentados, buscando a troca de opiniões, propondo discussões, fazendo circular novos pontos de vista sobre questões analíticas que há tempos estão em pauta e outras ainda inéditas. Teremos, neste número, artigos sobre a ética do desejo, supervisão, impasses da clínica, decadência da função paterna e contemporaneidade, ciúme, o amor e suas representações, desamparo e masoquismo na clínica com mulheres e também questões relativas à medicação e à posição materna na análise de crianças. Agradecemos aos colegas que se propuseram a escrever sobre tais questões e trazê-las aqui, entre nós – Arlindo Pimenta e Eliana Rodrigues (CPMG), Edson Oliveira (UFMG/Fórum CPMG), Fabrícia de Abreu (Fórum/CPMG), Carlos Mello e Carolina Bellico (CPMG), Cassandra Pamplona, Helena Dias e Ana Cleide Moreira (UFPa), Arnaldo Rodrigues (UNIMONTES) e Patrícia Ribeiro (SMS/PBH).

Temos a oportunidade de trazer também, nesta edição, um artigo de Sophie de Mijolla-Mellor, apresentado em conferências realizadas no Brasil em abril de 2012, assim como um comentário sobre este artigo na seção resenha, de autoria de Jô Gondar (UNIRIO). Sophie de Mijolla-Mellor é professora-pesquisadora da Universidade Denis Diderot – Paris – França, e seu artigo traz uma reflexão muito interessante sobre o engajamento político dos intelectuais. Apresentá-la aos leitores de nossa revista é uma grande satisfação para nós.

A escrita, ligando pensamento, corpo, razão e emoção, põe-se aqui em circulação e se faz representar na beleza da capa desta edição, gentilmente cedida pela artista plástica mineira Thereza Portes, a quem agradeço a imediata resposta ao meu convite. Thereza Portes é professora da Escola Guignard (UEMG) e especialista em arte educação, tendo já recebido várias premiações pelo seu trabalho, além de coordenar o Instituto Undió, ONG que oferece oficinas de teatro, música e artes plásticas para mais de 100 jovens moradores de bairros carentes de Belo Horizonte. Seu trabalho tem grande inserção social em nossa cidade pela via da arte, revelando a esses jovens caminhos de saída do espaço da violência e do abandono. Assim, este faz laço com nossa função de analista, uma vez possibilitando ao sujeito novas formas de escrever sua história.

Agradeço também a todos que trabalharam na feitura de nossa revista, possibilitando a realização deste número.

Diante da escrita dos colegas analistas, que nos fazem percorrer o caminho do pensamento psicanalítico, a Reverso vem cumprir, mais uma vez, a função de compartilhar com seus leitores “a luz que se acendeu na casa e não cabe mais na sala”, como nos dizeres infinitamente belos de Leminski.

Desejo a todos vocês um excelente tempo de estudo com este número da Reverso, revista esta que o Círculo Psicanalítico de Minas Gerais tem o enorme prazer em editar.

Juliana Marques Caldeira Borges
Editora