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Reverso

versão impressa ISSN 0102-7395

Reverso vol.35 no.65 Belo Horizonte jul. 2013

 

EDITORIAL

 

... sussurro sem som
onde a gente se lembra
do que nunca soube...

GUIMARÃES ROSA

Trilhar caminhos pelos sussurros do sujeito, onde se confundem os passos de quem indica a direção, analista e analisando em percurso - sm (lat percursu) 1 Ação ou efeito de percorrer. 2 Espaço percorrido. 3 Movimento. 4 Caminho, giro, trajeto em geral (http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/).

Movimento — que se inicia nos consultórios e se faz presente em outros espaços do ofício de analista, como a escrita, em elaboração contínua de um “saber que não se sabe” e que surge nas palavras do analisando.

Assim, apresentamos mais um de nossos movimentos, a Reverso n. 65, publicação através da qual o Círculo Psicanalítico de Minas Gerais se faz representar nas escritas de seus sócios e de analistas de outras instituições, que nos acrescentam sempre com suas contribuições.

Esta edição apresenta artigos que nos possibilitam percorrer caminhos da teoria à clínica, discutir importantes conceitos psicanalíticos tais como ética, demanda de amor e desejo do analista e refletir sobre os novos tempos da psicanálise.

Messias Eustáquio Chaves (CPMG) e Olímpia Helena Costa Couto (CPMG) apresentam casos clínicos que percorrem o caminho da dor e do amor, da infância à velhice, onde o trabalho do analista se fez fundamental para trazer vida ao sujeito.

Com excelentes contribuições teóricas temos os artigos de Anna Bárbara de Freitas Carneiro (CPMG), Dimas Barreira Furtado (CPMG), Edson Santos de Oliveira (UFMG/CPMG) e Maria Helena Ricardo Libório Barbosa Mello (CPMG). Os artigos de Carlos de Brito e Mello (CPMG) e Priscila de Lima Catão (CPMG), e o de Caroline Gonzaga Torres, Laéria Fontenele e Rebeca Escudeiro (autoras da UFC/Corpo Freudiano Escola de Psicanálise/Seção Fortaleza) trazem importantes reflexões sobre a contemporaneidade e psicanálise e sobre os novos tempos de nosso trabalho.

A publicação do artigo de Isabela Santoro Campanário (CPMG), Angela Maria Resende Vorcaro (UFMG) e Jeferson Machado Pinto (UFMG), elaborado a partir de sua tese de doutorado, tem uma enorme importância clínica, teórica e política no presente momento. Diante de um movimento que pretende excluir a psicanálise do tratamento de autistas na rede pública, em âmbito mundial, restringindo-o aos profissionais da área comportamental, a autora, através de sua pesquisa, vem sustentar a importância do tratamento psicanalítico do bebê com risco de autismo, apontando possibilidades de uma intervenção precoce no campo da psicanálise.

Jacques Fux (Harvard University / Fapesp Unicamp), nosso convidado desta edição, apresenta, através de dois capítulos de seu livro Antiterapias, lançado em 2012 pela editora Scriptum, reflexões sobre psicanálise, literatura e testemunho, em uma narrativa instigante que se confunde com o cenário de uma sessão analítica, segundo sua definição sobre seu livro.

Agradecemos imensamente aos colegas e autores pela presença nesta Reverso, o que nos faz acreditar na importância de trilhar um percurso compartilhado, sempre, no campo da psicanálise.

Aos nossos leitores, a certeza de que a escrita não faz função sem endereçamento. Assim, a psicanálise nunca cessa seu movimento entre nós.

Juliana Marques Caldeira Borges
Editora