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versão impressa ISSN 0102-7395

Reverso vol.35 no.66 Belo Horizonte dez. 2013

 

ARTIGO

 

Os últimos 50 anos da psicanálise

 

The last fifty years of psycoanalysis

 

 

Eliana Rodrigues Pereira Mendes

Círculo Psicanalítico de Minas Gerais

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A autora traça um perfil dos avanços da humanidade, em vários setores, nos últimos cinquenta anos, salientando a posição da psicanálise tanto como fonte quanto tributária dessas mudanças que atuam, sobretudo, na subjetividade humana atual. Defende a ética e a invenção como possíveis saídas para a prática psicanalítica.

Palavras-chave: Mudança, Velocidade, Subjetividade, Ética, Invenção.


ABSTRACT

The author traces a portrait of the advances of Humanity, in several fields, in the last fifty years, emphasizing the position of Psychoanalysis, as well as source and as result of such changes, that bring about, mainly, the question of Subjectivity for human beings. She defends Ethics and Invention as possible ways out for psychoanalytic practice.

Keywords: Change, Speed, Subjectivity, Ethics, Invention.


 

 

Vivemos numa sociedade veloz. As mudanças hoje são muitas e acontecem num ritmo quase alucinante. Os últimos 50 anos, de 1963 a 2013, testemunharam várias transformações não só no ambiente físico do nosso planeta como também em nossos corações e mentes.

Somos um mundo muito mais densamente povoado. A população mundial de 1963 era de 3,2 bilhões de pessoas. Em 2013 já somamos 7,1 bilhões. Nessas cinco décadas, mais do que duplicamos o número de seres humanos. Formamos um enorme contingente de habitantes da Terra, apenas um planeta que gira em torno do Sol, por sua vez uma estrela de quinta grandeza, pertencente a uma galáxia, a Via Láctea, entre as outras galáxias que formam o Universo.

É impressionante pensar a pequenez do ser humano diante de todo esse conjunto e, ao mesmo tempo, considerar a grande riqueza e complexidade de cada sujeito no desenrolar de sua vida.

Voltando à velocidade, verificamos que nem sempre foi assim. Cada conquista do Homem custou seu esforço e o uso de seu engenho. Muitos séculos se passaram para que os cães que puxam os trenós fossem domesticados e para que se dominasse o fogo que cozinha os alimentos e nos defende do frio. Há 10 mil anos, a mulher trabalhou pela primeira vez na agricultura, enquanto o macho cuidava do pastoreio. Há 5 mil anos, na Mesopotâmia, nosso devastado Iraque de hoje, foram criados o eixo da roda, a astronomia, a matemática e a escritura.

Domenico De Masi, filósofo italiano contemporâneo que trabalha sobre o ócio, num artigo de 1995, comenta que esses progressos pareciam tão desconcertantes que Aristóteles, no primeiro livro sobre a metafísica, afirmava que tudo que se podia imaginar para tornar mais confortável a vida cotidiana das pessoas e satisfazer suas necessidades práticas já havia sido criado. Portanto, era hora de se dedicar de corpo e alma à elevação dos espíritos.

Com essa convicção e supridos de uma enorme quantidade de escravos, os gregos, seguidos pelos romanos, durante oito séculos de sua história não fizeram progressos substanciais na ciência e na tecnologia.

A orientação teocrática predominante nas sociedades durante centenas de anos assegurou uma aparente estabilidade no status quo dos seus habitantes, uma vez que a cada um era dado o seu destino e o seu lugar social, desde o nascimento, segundo a vontade divina.

Quando, na Idade Média, os escravos começaram a rarear, nossos antepassados se lembraram das oportunidades oferecidas pelo uso de instrumentos e passaram a se preocupar em desfrutar das inovações. O moinho de água e de vento, o estribo e os arreios das montarias, a roca de fiar, a rotação das culturas agrícolas, os óculos, os relógios mecânicos, a bússola, a pólvora, a imprensa permitiram substituir a força humana pela inorgânica. Anteciparam a grande arrancada do pensamento que levaria ao progresso da ciência e à Revolução Industrial.

No final do século XVI, o filósofo inglês Francis Bacon, empirista, prevendo o salto tecnológico que a humanidade estava prestes a dar, inverte o pensamento de Aristóteles e declara que tudo que se podia fazer pela elevação do espírito já tinha sido feito pelos gregos e romanos, e nada restava senão se dedicar à filosofia das obras, à aplicação do intelecto às coisas concretas, ao progresso da indústria, isto é, à vida prática do dia a dia. Estava inaugurada a economia moderna, e estabelecido o limiar do Iluminismo.

A sociedade industrial, que se originou daí, utilizou as tecnologias mecânica, a vapor e elétrica, distribuindo progresso capilar a todos os campos do saber teórico e prático, artístico e científico.

Entre o final do século XIX e o início do século XX, Darwin elabora a teoria evolucionista; Einstein revoluciona a física; Niepce e Daguerre inventam a fotografia; os irmãos Lumière criam o cinema; Santos Dumont constrói o avião; Picasso e outros transfiguram a pintura; Schonberg inova com a música dodecafônica, atonal e dissonante; Joyce recria a literatura; Otto Wagner e Le Corbusier tornam funcional a arquitetura. É nesse caldo de evolução cultural que Freud funda a psicanálise.

Enquanto a sociedade rural levou 40 mil anos para gerar do seu seio a sociedade industrial, esta empregou só dois séculos para engendrar um terceiro tipo de sistema: a sociedade pós-industrial. Nas últimas cinco décadas as transformações foram muito mais numerosas e velozes do que nos 40 mil anos precedentes. Esse desenvolvimento não só tendeu a aperfeiçoar o acervo de descobertas anteriores da história da humanidade, mas também abriu caminho para saberes até então inimagináveis, em vários campos.

A psicanálise representa um mergulho no psiquismo humano, dando espaço e relevo à subjetividade. Ao considerar a normalidade como um conceito quantitativo e a sexualidade como um continuum desde o nascimento até a morte do ser humano, Freud não só intrigou e revoltou seus contemporâneos, mas principalmente trouxe luz à constituição dos sujeitos, ao se debruçar sobre a questão do que faz do homem um ser humano. Apesar de toda a polêmica, inaugura-se com a psicanálise um novo capítulo na história das mentalidades, com a subjetividade devidamente considerada, sob o domínio da ciência, e não mais apenas sob o domínio místico, das premonições.

Nos últimos 50 anos de história da humanidade, já se pode ver atitudes que comprovam esse avanço das mentalidades. Recentemente tivemos um exemplo a respeito da soberania da subjetividade, em contraponto com o peso e a responsabilidade de um cargo ou posição. O papa Bento XVI, cansado e deprimido com as dificuldades de sua função, na qual é considerado infalível, pede demissão e se retira, com a liberdade de um mortal comum.

De qualquer modo, são fenômenos típicos de nosso tempo, em que o fato de trazer à tona a subjetividade conduz também à aceitação do diferente ou, pelo menos, de sua posta em questão. Sem dúvida, uma imensa contribuição da psicanálise.

Nunca é demais recorrer ao magnífico texto O mal-estar na civilização (1930), no qual Freud aponta as três fontes de sofrimento do homem: a fragilidade do corpo humano, a força da natureza e as vicissitudes dos relacionamentos dos seres humanos entre si.

As duas primeiras fontes tiveram grande mudança com o passar do tempo. Quanto à fragilidade do corpo físico, assistimos hoje, mais do que nunca, a uma luta para o retardamento da velhice e da morte. O homem procura se transformar num "Deus protético", nas palavras do próprio Freud. Nesse ponto, aos grandes avanços da descoberta do éter, da cortisona, da penicilina, da morfina e das diversas vacinas se somou nos últimos decênios o advento da pílula anticoncepcional, da fertilização in vitro, da inseminação artificial, das cirurgias a laser, dos transplantes de órgãos, da descoberta da dupla espiral do DNA, da elucidação do genoma humano, levando à engenharia genética e até mesmo à clonagem de seres vivos.

Todos esses fatores fazem aumentar a qualidade de vida, com maior lucidez mental, destreza corporal, capacidade de produção. Mas trazem também como resultado um aumento vertiginoso da população e da duração da vida individual, o que torna imprevisível a expectativa para o futuro. Novos desafios surgem, como o cuidado com os idosos, a questão do seguro social e outras consequências que disso decorrem.

Quanto às ameaças da natureza, se antes o homem recorria à magia para se resguardar, hoje tem a tecnologia a seu lado. Já é possível prever grandes variações climáticas, usar defensores agrícolas para conseguir melhorar as safras, e tantos outros recursos que tentam domar a natureza. Mas, mesmo assim, uma simples gripe ainda nos derruba, e os desastres naturais continuam a nos surpreender. Além disso, toda a capacidade de produção da Terra, por diferentes motivos, é mal distribuída, proporcionando superabundância a uns e deixando outros em carência altamente perigosa.

O terceiro item — as relações humanas — é o mais vulnerável de todos. É paradoxal o fato de que essas relações tenham sido fortemente privilegiadas no sentido da evolução de sua facilitação material, mas que isso não tenha levado a soluções satisfatórias, em geral. Nos últimos 50 anos, exatamente, pudemos contar com os aviões a jato, que nos levam rapidamente a lugares diferentes, diminuindo as distâncias; com os satélites de comunicação, com o GPS, com o avanço das velhas locomotivas para trens elétricos, trens-bala, metrôs subterrâneos e de superfície; com os foguetes que ajudaram na criação dos mísseis para os programas espaciais e o acesso a outros espaços da galáxia; do antigo telégrafo que desembocou na criação do telefone, do fax, do skipe, da internet.

A internet revolucionou o planeta e chegou a promover a mobilização de multidões em torno de uma causa, como assistimos recentemente na primavera árabe. Os computadores, que tanto facilitam nossas pesquisas e nosso conhecimento do cosmo, se antes eram geringonças enormes, hoje, graças a nanotecnologia, são carregados no bolso, sob formatos constantemente inovados, nos pondo em contato imediato com o mundo e nos tornando poderosos comunicadores.

O tempo e o espaço, na atualidade, estão redimensionados, pois já podemos desfrutar do dom da ubiquidade: é possível estar em dois lugares diferentes, num mesmo tempo, ainda que virtualmente.

Poder-se-ia pensar que essas facilitações da comunicação dos humanos fariam fluir melhor os contatos. Mas isso também não é tão simples. Seres originados do desejo do Outro, estamos para sempre assujeitados às idiossincrasias e vicissitudes de nossas experiências de vida e, desse modo, expostos a muitas variáveis.

Novos problemas éticos surgem a cada dia, com esses diferentes tipos de relacionamentos, desafiando o que já está estabelecido. O que se percebe é que o progresso nem sempre contribui para a felicidade. A civilização, que é uma busca de ordenação dos relacionamentos do homem, ao mesmo tempo traz em seu bojo o mal-estar, ao reprimir as necessidades de cada sujeito, pois, como afirmava o próprio Freud, a liberdade não é um dom civilizatório. Ela tem de ser duramente buscada.

Todas essas conquistas já estocadas na bagagem da humanidade exigem uma reestruturação nos sistemas políticos, sociais e psíquicos vigentes, que ainda funcionam, muitas vezes, sob padrões antigos, como na sociedade rural. A rapidez das mudanças nem sempre é acompanhada pelas modificações de nossas estruturas pessoais, e das estruturas de nossas comunidades nacionais e internacionais.

Desse modo, o atraso do nosso funcionamento relacional se mostra evidente. Na história das mentalidades, a cada mudança do tempo tem de corresponder uma alteração das subjetividades. É preciso reinventá-las, embora pareça mais fácil inventar o progresso do que administrá-lo.

Entre as grandes forças que atuam na cultura contemporânea e que são agentes de mudança das subjetividades, destacamos três: (1) a modificação do laço social, em virtude da planetarização das políticas econômicas, em que as exigências do mercado e do lucro atuam como reguladoras supremas da vida e do desejo de todos, sem distinguir mais qualquer faixa etária ou classe socioeconômica; (2) o avanço das ciências em relação ao saber e ao poder e seu acoplamento aos interesses comerciais, forçando o consumo de seus objetos para satisfazer às necessidades deslizantes dos sujeitos; (3) a perda de grandes projetos coletivos, o que determina uma política de esvaziamento dos espaços públicos, e uma consequente crise de valores e falta de sentido. Nesse item cabem a violência exacerbada e gratuita, o racismo, os fanatismos religiosos e políticos, as lutas fratricidas, a exploração de minorias étnicas, de mulheres e crianças.

É aí que entra a psicanálise, na tentativa de ressignificação dos sujeitos, não lhes acenando com a promessa de felicidade, o que não é sua tarefa, pois ela não se constitui numa visão totalizante do mundo, como as religiões ou as ideologias, mas buscando operacionalizar o modo de funcionamento desses sujeitos, através do autoconhecimento e do abandono de sintomas incômodos e paralisantes.

No âmbito mais íntimo da família, incalculáveis variações tiveram lugar. A família do século XIX e princípio do XX era nuclear, heterossexual, monógama e patriarcal, com o objetivo de formar bons cidadãos e patriotas, conscientes dos valores de suas tradições ancestrais. O homem era o chefe, o gerente, sacrificando mulher e filhos, que lhe eram rigorosamente subordinados. Hoje a figura do pai perde esse poder total, entre outras coisas, devido à emancipação feminina, que levou aos bebês de proveta e aos bancos de esperma. O pai como exemplo supremo foi minimizado para que cada filho possa ser ele mesmo, escolhendo seus valores e seu caminho profissional, sem dever tantos compromissos e explicações aos familiares e antepassados. Os filhos da mulher de hoje são poucos, e a sexualidade feminina, apesar de tudo, é cada vez mais dissociada da função puramente procriadora. No entanto, já é mais abertamente tratada. As mulheres não se intimidam em desejar ter uma vida sexual mais satisfatória e em não tolerar a dupla moral masculina.

Nos países industrializados, hoje se casa cada vez mais tarde, e os casamentos são menos duradouros. Os filhos de casais divorciados já representam uma grande parcela nas salas de aula. Ao mesmo tempo, os nascimentos extraconjugais e as chamadas produções independentes são mais comuns, havendo muitas famílias centradas em uma só pessoa, geralmente a mãe, que responde pelas funções paternas também. Aos homens, no entanto, tem sido franqueada a tarefa de cuidar dos filhos, exclusivamente, ou com a mulher, sem que isso prejudique sua reputação de virilidade. A noção de filhos bastardos, desprezados em outras épocas, perdeu muito de sua conotação pejorativa. São comuns ainda os casais sem filhos, ou mesmo casais homossexuais com filhos biológicos ou adotados, assim como outras modalidades de relacionamentos.

Se o filho, por um lado, não é mais a finalidade máxima do casal, por outro lado, quando existe por opção, é mais do que nunca o objeto de um investimento reforçado. É o filho indivíduo, e não tanto o herdeiro, como nas famílias antigas. É o filho em si, e como são poucos, tendem a ser mais considerados e mais bem cuidados.

Por causa dessas transformações de comportamento e apesar delas, a família moderna tem dificuldade em transmitir seus valores, sejam eles econômicos, sociais, culturais, sejam simbólicos. Aí se incluem fortuna, profissão, crença, saberes. Na era da informática, os filhos são mais capacitados do que seus pais no uso dos instrumentos facilitadores da contemporaneidade. O papel de iniciadores da experiência e do saber dos pais é questionado, alterando muito o relacionamento familiar, o que dificulta a idealização das figuras parentais, vistas agora como antiquadas e despreparadas para a rapidez do mundo de hoje.

Também fatores como as crises econômicas e novas epidemias como a aids, interferem nas relações dos grupos humanos.

Nunca tivemos, como nestas últimas cinco décadas, tantas ferramentas para eliminar as quatro escravidões que, desde sempre, assombram os seres humanos: a escassez, a tradição, o autoritarismo e a submissão física. No entanto, contrapondo aos valores da arrancada industrial, todos centrados no empirismo e no consumismo, traduzidos no imaginário da posse, do poder e da riqueza, tendem a emergir outros valores voltados para a criatividade, a estética, a ética, a subjetividade, a afetividade, a feminilização, a desestruturação do tempo e do espaço, a qualidade de vida.

A psicanálise, que propiciou muitos desses avanços da sociedade humana, tem que se avir com todos os seus desdobramentos, na tentativa de dar conta daquilo que ela mesma ajudou a criar. Ela é fonte e tributária dessas transformações culturais.

Uma dupla constituição define a invenção psicanalítica: a metapsicologia que a fundamenta e que se pretende universal, no seu rigor epistemológico, e a clínica, através da qual ela se manifesta e a referenda como significativa para a trajetória humana, indo na direção do um a um, do particular, do subjetivo. A metapsicologia, sem a clínica, seria como um edifício desabitado; e a clínica, sem o respaldo da teoria, seria uma prática aleatória. Se para a metapsicologia os princípios básicos das pulsões de vida e de morte são atemporais, os modos de gozo do sujeito, sua maneira de se defender dos conflitos, se modificam nas ondas das mudanças dos tempos e das subjetividades. Aliás, o próprio conceito de gozo, uma criação específica de Jacques Lacan na releitura de Freud, inova a teoria e o manejo da clínica. Se a sociedade freudiana era vitoriana e patriarcal, favorecendo a histeria e o mascaramento das pulsões e do desejo, a sociedade atual, que teve lugar a partir da década de 1960, se notabiliza pela radicalização das sensações e pelo deslizamento veloz em torno de novos objetos de desejo, proporcionando o aparecimento do gozo, da depressão e das montagens perversas.

Não é tarefa fácil para o psicanalista trabalhar num mundo de "metamorfoses ambulantes", como já disse o nosso roqueiro-poeta Raul Seixas. Com padrões em constantes transformações e controvérsias, parece missão quase impossível. Mas a psicanálise é, em sua essência, libertária e transformadora. É sempre uma travessia, que leva a um renascimento. Temos que contar com o imprevisível e o novo. Isso é da própria natureza do nosso trabalho, como uma viagem cujo mapa vai se delineando no próprio caminho. Temos nossos pontos cardeais, e a nossa bússola, na metapsicologia. Mas a invenção e a ética é que nos guiam na prática clínica. Como objetivo maior, urge que ousemos sustentar a posição do ser humano como livre e desejante — nosso maior desafio atual, do qual não podemos escapulir. A polis e a sociedade como um todo também nos convocam a trabalho, deixando uma posição mais resguardada dos consultórios. Temos que mostrar a nossa cara e dizer a que viemos, nas entrevistas, na crítica dos fatos, na divulgação mais ampla dos conceitos que liberam a vida dos sujeitos.

Nos últimos 50 anos, os países da Europa Central que testemunharam o nascimento e a evolução da psicanálise, assistiram também ao seu declínio, não só pela intolerância do regime nazista, mas ainda pelas consequências devastadoras da Segunda Guerra Mundial. O sistema totalitário comunista da antiga União Soviética foi também responsável para o estado de inanição da psicanálise na Europa do leste. O ideário psicanalítico tem se mostrado incompatível com os regimes de força.

Restaram como centros de desenvolvimento e continuidade da psicanálise os países do Reino Unido (com Melanie Klein e Donald Winnicott) e a França (com Jacques Lacan e seguidores). A América Latina tem sido a grande beneficiária da releitura lacaniana de Freud.

A experiência adaptacionista dos anos 1950 nos Estados Unidos, onde se fixaram muitos psicanalistas judeus europeus expatriados, não constituiu um avanço da teoria freudiana, pois negou e simplificou a ideia subversiva da psicanálise.

O próprio mundo maior, além do ocidental judaico-cristão, surpreendentemente, nos dias atuais, já anseia pela psicanálise. Em nossa Federação Internacional (IFPS) temos agora sociedades postulantes a pertencimento de várias partes do planeta, como o Japão, o Irã, o Egito. Como vemos, é a peste se espalhando. Temos que ir em frente.

 

Referências

DE MASI, D. Em busca do ócio. In: Reflexões para o futuro. Editado pela Revista Veja. São Paulo: Abril, 1995.         [ Links ]

FREUD, S. O mal-estar na civilização (1930). In: ______. O futuro de uma ilusão, o mal-estar na civilização e outros trabalhos (1927-1931). Direção-geral da tradução de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1974, p. 75-171. (Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 21).         [ Links ]

MENDES, E. R. P. Desafios da contemporaneidade. Revista de Psicologia; Saúde Mental e Segurança Pública, Belo Horizonte, n. 2, p. 29-34, jan./dez. 2002. Publicação da Polícia Militar de Minas Gerais.         [ Links ]

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Endereço para correspondência:
Rua Araguari, 1541/7º andar - Santo Agostinho
30190-111 – BELO HORIZONTE/MG
E-mail: elianarpmendes@hotmail.com

Recebido em: 04/06/2013
Aprovado em: 13/06/2013

 

 

Sobre a Autora

Eliana Rodrigues Pereira Mendes
Psicanalista. Presidente do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais, Biênio 1997/1999 e Triênio 2011/2014.