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Reverso

Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.38 no.72 Belo Horizonte Dec. 2016

 

EDITORIAL

 

Estar diante da tarefa de editar uma revista, a princípio, parece angustiante na medida em que não se sabe com o que vamos preencher suas páginas! Porém, quando se anuncia: enviem seus textos, pois um novo número da Reverso será editado, a angústia, “que não é sem objeto” (LACAN, (1962-1963), agora se contorce para outro impasse: o da escolha. Quais artigos serão escolhidos entre os muitos que nos escolhem?

Privilegiamos a escrita do psicanalista naquilo com que ela contribui para a transmissão da psicanálise. Sentimo-nos satisfeitos com o grande número de textos que temos recebido e, mesmo com duas edições anuais, não conseguimos absorver todos eles.

Nossos autores, pela qualidade de seus escritos e o trabalho minucioso e experiente dos colegas da Comissão Editorial, são os responsáveis pela classificação B2 no Capes/Anppep que a revista Reverso recebeu. Temos o privilégio de contar com esses colegas – Ana Boczar, Carlos Antônio Andrade Mello, Eliana Rodrigues Pereira Mendes e Paulo Roberto Ceccarelli – na avaliação dos artigos, que se baseia na análise dos conceitos psicanalíticos, na verificação da clareza das ideias, bem como na existência de uma relevante contribuição para o nosso campo de estudos, entre outros critérios.

Tendo ao nosso alcance os textos clássicos de Freud, Lacan e seguidores renomados, o que nos leva ao ato da escrita? O ato de passar da palavra falada e ouvida para o papel corrobora a necessidade de escrever. Ao organizar em letras impressas, fazemos uma tradução de nossas impressões, repetindo uma matriz – a do movimento do aparelho psíquico descrito por Freud na Carta 52, (1896): percepção / registro / tradução.

Na seção CLÍNICA PSICANALÍTICA, abrimos a Reverso 72 com o artigo Atrever-se ou não se atrever a sonhar? Questões sobre o terror no campo analítico, de António Alvim, da nova geração de psicanalistas portugueses, que nos brindou com uma apresentação inusitada do tema do terror, possível de acontecer “no encontro analítico... como o produto da interação de paciente e analista”. Esse texto foi apresentado em primeira mão no XIX Fórum Internacional de Psicanálise (IFPS), ocorrido em Nova York, em maio deste ano.

Seguimos com o texto As desventuras de um vovô pós-moderno, de Arlindo Carlos Pimenta, que traz suas considerações sobre o desenvolvimento histórico da família patriarcal à contemporânea, fazendo uma contraposição das influências e dos efeitos do modo societário atual de funcionamento em rede sobre o processo de envelhecer.

Maria Mazzarello Cotta Ribeiro participa deste número com o artigo Infantolatria: atualização do infantil na operação de interdição, trazendo à discussão aspectos psíquicos recalcados dos pais e sua atuação, desconhecida por eles, na relação com o filho, desencadeando situações de agressividade incontroláveis.

Ainda nesta seção contamos com Otacílio José Ribeiro, com o texto Cleptomania: quem roubou o meu afeto, em que elabora questões afetivas no caso de uma adolescente.

Na seção TEORIA PSICANALÍTICA fomos contemplados com o artigo de Bernardo Costa Couto Maranhão, com o texto Delírio, lógica e construção, onde examina a analogia entre delírio e construção, e o efeito estabilizador obtido pela escuta psicanalítica.

Com Carla de Abreu Machado Derzi e Cristina Moreira Marcos, no artigo A atemporalidade das estruturas psíquicas e o inclassificável, entramos no campo das questões sobre o diagnóstico estrutural em psicanálise, tecendo considerações sobre a inclusão do termo “inclassificáveis” nas classificações atuais, partindo da clínica de hoje “que corrobora para manifestar o real da estrutura”.

No mesmo viés do diagnóstico temos Pedro von Sohsten e Cynthia Pereira de Medeiros em O diagnóstico: da psiquiatria à psicanálise traçando um percurso teórico comparativo da abordagem diagnóstica na psiquiatria e na psicanálise.

Com Sexualidade feminina: um enigma a ser decifrado, Vanessa Campos Santoro discute com relevo as vicissitudes vividas pela mulher diante do fato de ser a sexuação uma escolha, e não uma inscrição de formas estabelecidas pela tradição.

Na última seção, CULTURA E PSICANÁLISE, no artigo Jackson Pollock: psicose maníaco-depressiva, corpo e criação, a autora Ana Paula Paes de Paula procura destacar os elementos melancólicos detectados na relação que o artista estabelece entre seu corpo e sua obra, na utilização da técnica “action paiting”.

Em Nada do que foi será do jeito que já foi um dia, José Maurício da Silva discute os impactos que a concepção sobre gênero da sociedade contemporânea causa sobre o modelo familiar-patriarcal. Considera que a concepção de gênero, por ser uma construção cultural é passível de mudanças e acarreta reações veementes de rechaço no imaginário popular.

Encerrando este número, temos Scheherazade Paes de Abreu, com o artigo Talvez, fazer cair as convicções, que questiona a solidez das palavras no sem sentido e nos múltiplos sentidos, fazendo uma aproximação com o lugar ocupado pelo analista, que “nunca está onde esperamos encontrá-lo”.

Ao final, queremos agradecer a todos os autores que com sua valiosa produção propiciaram a confecção deste exemplar da Reverso com um conteúdo rico e variado. De grande importância foi ainda a revisão do inglês feita, gentilmente, pelo nosso colega Paulo Roberto Ceccarelli.

Toda essa compilação teórica foi presenteada, na capa, com o trabalho fotográfico de Paulo Sérgio Carneiro Miranda, aluno do curso de formação psicanalítica do CPMG. A ele nosso muito obrigado!

Agradecemos também a cuidadosa leitura e revisão dos textos realizada por Dila Bragança de Mendonça, nossa revisora.

Nossos agradecimentos a Edna Malacco de Resende pelo dedicado e criterioso trabalho de acompanhamento dos artigos, desde o seu registro até a confecção completa da revista.

Pronto o produto confeccionado por muitas mãos, entregamos ao leitor, esperando que dele desfrute com alegria e satisfação!


Maria Mazzarello Cotta Ribeiro
Editora

 

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