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Reverso

Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.39 no.74 Belo Horizonte Dec. 2017

 

EDITORIAL

 

Ainda sob o impacto da XXV Jornada de Psicanálise do CPMG, cuja temática foi A falta está fazendo falta, encontro-me diante da tarefa de redigir es te editorial. É com satisfação que retomo os artigos selecionados ao lado dos colegas Carlos Mello, Eliana Mendes, Maria Mazzarello Cotta Ribeiro (editora) e Paulo Ceccarelli, sentindo-me honrada pelo convite.

Nossa Reverso 74 conta com artigos que transitam entre a angústia, a instituição e o laço social, a questão da linguagem em Freud e Lacan, o feminino, a família, o sujeito e o ma l- estar, o tratamento psicanalítico com crianças, o capitalismo e o mais-de-gozar, as redes sociais e o sujeito, e por último mas não menos importante, a neurose obsessiva. A afinidade desses artigos com o tema de nossa última jornada é significativa.

Apesar de não se tratar de uma revista temática, a Reverso 74 estabelece um entrelaçamento muito instigante no cadenciamento dos artigos: os conceitos trabalhados, transitam entre psicanálise, cultura e clínica. Temos aí três eixos axiais de nosso ofício cotidiano, a saber: suportar o mal - estar inerente ao encontro entre sujeito, cultura e seus destinos.

Cada um dos artigos deste número faz um recorte desse encontro tão inevitável, quanto necessário às nossas constituições. Passemos aos artigos.

Gilda Vaz Rodrigues, nossa autora convidada, através do artigo Revisitando o conceito de angústia , propõe uma práxis que faça enlace entre as ditas primeira e segunda clínicas de Lacan, o que propicia um desenlace do sujeito de um aprisionamento em sua subjetividade. O ato analítico produz, dessa forma, a emergência de um vazio “fecundo”.

O artigo de Juan Flores, autor estrangeiro, nos atualiza sobre o I Encontro da Seção da América da IFPS, em Cuba. O autor problematiza a relação entre instituição psicanalítica e laço social, e nos faz repensar o lugar da psicanálise hoje.

Em O caleidoscópio de Freud, Álvaro Oliveira estabelece uma articulação entre os conceitos de inconsciente e aparelho psíquico em Freud, e o impacto da linguística estrutural como pontos de interseção e divergências dessas teorizações.

Ângela Cristina da Silva e Kátia Alexandra dos Santos partem de um texto de Eliane Brum sobre o quadro A origem do mundo , de Coubert. As autoras tratam da possibilidade do feminino para além da lógica fálica, tomando como uma das referências a teorização de Marie Hélène Brousse.

Em seguida, no artigo Família: pluralidade e singularidade , Jamilton Souza e Wilson Chaves traçam o lugar da família na constituição dos sujeitos e sua incidência sobre a sexualidade desses sujeitos.

Tomando a psicanálise a partir de Freud, Maíra Moreira e Álvaro Oliveira destacam uma “alternância aos modos segregativos de tratamento da psicopatologia tradicional ” no artigo O inerente mal-estar na psicopatologia freudiana . Os autores sustentam que , na inerência do mal-estar engendrado na civilização, os sujeitos podem encontrar soluções singulares em sua inserção no laço social.

Os autores Sarug Ribeiro e Fábio Belo resgatam o pensamento de Marie Bonaparte e suas contribuições para a sexualidade da mulher e seu impacto na psicanálise.

O delicado território do tratamento psicanalítico com crianças é apresentado por Vanessa Santoro. A autora trata do papel do par parental na constituição do sintoma da criança e seus destinos frente ao discurso do capitalista.

Tomando a relação entre a sociedade atual e o capitalismo, Breno Pena trata desse modo de gozo específico, em que o imperativo de consumo funciona como um tamponamento para o encontro do sujeito com a falta.

Em Facebook e a era da visibilidade: algumas composições com a psicanálise, as autoras Fernanda Nicaretta e Bernadete Pretto se interrogam sobre a “era da imagem”, abordando a forma como os sujeitos escamoteiam a própria falta através da utilização das redes sociais.

Na seção PSICANÁLISE E POÉTICA, Thiago Martins, com seu Toc, Toc, Toc, posso entrar?, nos oferece um bom encontro com a estrutura obsessiva, através do humor e da poética.

Nossos agradecimentos aos colegas da Comissão de Publicação da revista Reverso, à revisora de textos Dila Bragança de Mendonça e ao constante empenho de Edna Malacco de Resende para que esses escritos cheguem às nossas mãos!

A todos nós, uma ótima leitura!


Ana Boczar

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