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Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.41 no.77 Belo Horizonte Jan./June 2019

 

TEORIA E CLÍNICA PSICANALÍTICA

 

Amor de transferência: o que resta no final da análise?

 

Love of transfer: what's left at the end of the analysis?

 

 

Ana Cristina Teixeira da Costa Salles

I Círculo Psicanalítico de Minas Gerais
II Círculo Psicanalítico do Pará

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O objetivo deste trabalho é pesquisar o que resta do amor de transferência no final da análise. Qual o destino desse amor? O que os restos do amor de transferência podem nos proporcionar?

Palavras-chave: Amor de transferência, Final da análise, Restos do amor.


ABSTRACT

The purpose of this paper is to search for what is left of the love of transfer at the end of the analysis. What is the fate of such love? What can the transfer love remnants provide us?

Keywords: Love of transfer, End of analysis, Remains of love.


 

No início era o amor.
LACAN

 

Introdução: Breuer e Ana O.

A descoberta da importância da transferência na psicanálise remonta ao encontro entre o médico Joseph Breuer e sua paciente Ana O.

O desfecho desse caso despertou o interesse de Freud pelo amor na relação entre médico e paciente, o que o levou a descobrir em sua clínica o amor de transferência.

Segundo Garcia-Roza (1984, p. 39), quando narrou para Freud a história de sua bela e jovem cliente, Breuer não contou tudo: o final foi ocultado.

Em Estudos sobre a histeria, Breuer (1893-1895) termina a exposição do caso de Ana O., considerando-a liberta de seus sintomas e atribuindo o término do tratamento ao desejo de sua paciente de encerrá-lo, quando completava um ano que ela havia se mudado para uma casa de campo nos arredores de Viena, por questões de segurança. (Ana O. morava no terceiro andar de um prédio e tinha impulsos suicidas).

O que de fato aconteceu nos foi narrado por Ernest Jones (1979, p. 237) em seu livro Vida y obra de Sigmund Freud. O que motivou o término do tratamento foi um fenômeno que impossibilitou Breuer de continuar a relação terapêutica com sua paciente, ou seja, o fenômeno da transferência e contratransferência.

O interesse de Breuer pela paciente era vivido por ele como sendo de caráter clínico e científico, e o fato de falar dela com muita frequência não lhe parecia indício de nenhum envolvimento emocional, mas sim de um interesse neutro que deveria existir na relação médico-paciente.

Entretanto, essa não era a percepção da mulher de Breuer. Cansada de ouvir o seu marido falar da paciente, ela se tornou entediada e ciumenta. Quando percebeu o que estava acontecendo, Breuer ficou muito embaraçado e decidiu encerrar logo o tratamento. A decisão foi comunicada a Ana O., e o tratamento foi dado como terminado.

Nesse mesmo dia, Breuer foi chamado com urgência à casa de Ana O., que se encontrava numa de suas piores crises: a paciente apresentava contrações abdominais de uma crise de parto histérica e teria dito a Breuer ‘agora chega o filho de Breuer’. Muito chocado com o fato, Breuer hipnotizou-a, e ela saiu da crise. No dia seguinte, Breuer e sua mulher partiram de férias para Veneza.

O que havia escapado a Breuer era exatamente esse componente sexual que esteve presente o tempo todo na sua relação com Ana O., mas que era rejeitado por ambos. Segundo o relato que fez de sua paciente, ela era uma pessoa assexual e nunca durante o tratamento havia feito alusões a questões sexuais. Quando a evidência do fato se tornou irrecusável, Breuer, horrorizado, abandonou a sua cliente e fugiu.

Segundo Freud, naquele momento, Breuer deixou cair a chave que poderia decifrar o grande segredo oculto das neuroses. Muitos anos depois, Lacan ([1960-1961] 1992, p. 17), no Seminário 8, comentará que a reação de Breuer – retorno ao fervor conjugal – viagem inesperada a Veneza para uma nova lua de mel, demonstra que ele foi fisgado pelo amor de sua analisanda e acrescenta que esse acidente extraconjugal reflete bem o estilo das relações burguesas com o amor, uma vez que a solução encontrada foi a abnegação ao dever marital.

Ao perceber o fenômeno espontâneo da transferência e a complexidade dessa relação entre o analista e o paciente, Freud, retomando a chave que Breuer deixara cair, renuncia à hipnose e ao método catártico, e cria o método psicanalítico.

O que aconteceu com Ana O. após esse desfecho do seu tratamento com Breuer? Sabe-se que a moça passou algum tempo internada em instituições, mas recuperou-se e aos trinta anos veio a se tornar a primeira assistente social da Alemanha.

Viajou para a Rússia, a Polônia e a Romênia a fim de proteger as crianças órfãs. Dirigiu um orfanato em Frankfurt, realizou pesquisas sobre o tráfego de mulheres e, em 1904, fundou a Liga das Mulheres Judias criando mais tarde um estabelecimento de ensino ligado a essa organização. Depois da 2ª Guerra Mundial, o governo alemão a homenageou estampando a sua foto em um selo’ (FERREIRA, 2005, p. 75-76).

Tudo isso demonstra sua capacidade de recuperação e de sublimação evidenciando que os efeitos de um tratamento psíquico se revelam no a posteriori.

 

A transferência em Freud

Nos artigos sobre a técnica psicanalítica, principalmente nos textos A dinâmica da transferência (1912) e Recordar, repetir e elaborar (1914), Freud ([1911-1915] 1996) estabelece a relação da transferência com a compulsão à repetição e com a resistência, além de identificar a transferência positiva e a negativa.

Para Freud, transferências são reedições, reproduções de afetos e experiências vividas no passado com pessoas significativas da vida do sujeito e deslocadas para a pessoa do analista.

Maurano (2006, p. 16) salienta: “Trata-se na transferência de uma presença do passado, mas que é uma presença em ato”, ou seja, uma lembrança do passado é atuada pelo sujeito no presente.

Através desse processo, o analisando desloca para o analista certas posições correlativas àquelas nas quais se encontram as figuras principais de seu passado, principalmente de sua infância. Toda uma série de experiências psíquicas anteriores é revivida não como algo do passado, mas como um vínculo atual com a pessoa do analista.

Para que isso ocorra, é necessário que

[...] apareça um traço através do qual a pessoa do analista seja identificada com uma pessoa do passado do sujeito. Encontra-se aí coagulado o que o sujeito espera do Outro a quem se dirige, o que evidencia que o inconsciente não é apenas um reservatório de lembranças do passado, mas algo que se atualiza no presente (MAURANO, 2006, p. 16).

Freud também constatou que a energia que sustentava o sintoma neurótico, drenando todos os investimentos do sujeito, podia ser direcionada para o analista, devido à mobilidade da libido, constituindo, assim, uma nova forma de neurose que ele chamou de “neurose de transferência’. Essa neurose artificial criada no tratamento podia ser tratada e, então, restituída ao paciente para seu equilíbrio e integridade psíquica.

A transferência adquire, assim, tal importância que se constitui como condição primordial para o estabelecimento do processo psicanalítico. Sem ela a utilização desse método torna-se inviável. Um fato que devemos ressaltar é que a transferência está presente em todas as nossas relações afetivas e, desse ponto de vista, não difere em nada do que se passa no amor.

A diferença é que na análise esse amor não passa despercebido e torna-se não só

[...] a mola que produz a propulsão para que haja a análise, mas também os obstáculos do trabalho analítico (FERREIRA, 2005, p. 74).

A transferência é, portanto, o instrumento com o qual o analista vai poder intervir no tratamento.

 

Transferência e resistência: duas faces da mesma moeda

Transferência e resistência andam juntas no tratamento analítico da primeira à última sessão. Jorge (2017) comenta que o texto de Freud ([1912] 1996) a Dinâmica da transferência é uma bússola para os analistas no que diz respeito à relação entre transferência e resistência

[...] e se tivéssemos que resumi-la em poucas palavras, poderíamos fazê-lo afirmando simplesmente que a dinâmica da transferência é a resistência, pois Freud – assim como Lacan o fará posteriormente no Seminário 11 – dá grande ênfase ao aspecto da resistência inerente à transferência (JORGE, 2017, p. 72, grifo do autor).

 

Mas por que existe resistência?

Resistência é a resistência à rememoração e à associação livre uma vez que ambas podem ocasionar a emergência do saber inconsciente. O paciente repete sob transferência em vez de recordar porque teme a atualização do passado que foi recalcado, principalmente suas fantasias sexuais conflitivas.

Em Recordar, repetir e elaborar, Freud ([1914] 1996, p. 167) afirma:

Aprendemos que o paciente repete ao invés de recordar e repete sob as condições de resistência. Podemos agora perguntar o que é que ele de fato ele repete ou atua [...]. A resposta é que repete tudo o que já avançou a partir das fontes do reprimido para sua personalidade manifesta – suas inibições, suas atitudes inúteis e seus traços patológicos de caráter. Repete também todos os seus sintomas no decurso do tratamento.

 

Sintoma versus neurose

No neurótico a libido encontra-se dirigida para o sintoma, no qual ele encontrou a única forma de obter satisfação apesar do alto preço que paga por isso. Para Freud, o sintoma constitui a vida sexual do neurótico, funciona como uma satisfação substitutiva e drena toda a energia que poderia ser canalizada para a vida produtiva, amorosa e social, comprometendo a capacidade de amar e trabalhar do sujeito.

A libido do neurótico encontra-se recalcada por um mecanismo defensivo. Freud alerta que, para disponibilizá-la, é preciso renovar o conflito na transferência, a fim de levá-lo, através da interpretação, a outro desenlace.

Na análise existe uma revisão do processo de recalcamento, mas é preciso salientar que o mais importante é não a mera rememoração do passado e sim a experiência da relação com o analista na transferência.

É isso que cria novas versões do velho conflito, possibilitando a criação de outras soluções para problemas que traziam dor e sofrimento. Através dessa vivência o analista tem a oportunidade de interpretar a fantasia que se ocultava sob o sintoma.

Portanto, para Freud há dois modos pelos quais o que foi recalcado no passado comparece para viabilizar o tratamento. Primeiro, pela rememoração; segundo, pela atuação, o que configuraria dois modos de apresentação da transferência.

O recalcado se apresenta através da cadeia das representações inconscientes, em que a história de cada um é inscrita.

A atuação manifestaria a presença da pulsão em ato, na sua ânsia de satisfação pulsional, sem que o sujeito saiba o que está ocorrendo nesse processo. A atuação ocorre principalmente quando falta interpretação por parte do analista.

Resumindo, podemos dizer que, para Freud, o tratamento psicanalítico poderia ser dividido em duas fases:

• A libido investida no sintoma e em vários objetos fantasiados converge para o analista, objeto também fantasiado pelo sujeito, transformando sua neurose na ‘neurose de transferência’ criada pelo trabalho psicanalítico.

• No final da análise dá-se a resolução da transferência, que é desmontada de modo que a libido se desloca desse objeto provisório que o analista encarnou e torna-se disponível para novos investimentos pulsionais ampliando também seus recursos sublimatórios.

A partir da sua descoberta da importância do complexo de Édipo como núcleo das neuroses, Freud inclui a elaboração e a ressignificação desse conflito, bem como a elaboração do complexo de castração como condições essenciais para a resolução dos conflitos neuróticos.

 

A transferência em Lacan: entre o amor e o saber

Quando alguém procura um psicanalista é porque credita a ele ou à psicanálise que ele representa algum saber sobre o sofrimento que o atormenta. É essa suposição de um saber no Outro, que Lacan localiza como o desencadeador da transferência via pela qual o analista encarna o papel de sujeito suposto saber. Entretanto, o que é suposto não é um saber puramente intelectual, técnico ou científico, mas um saber sobre o inconsciente que o analista como o Outro é capaz de desvelar. Um saber sobre o sintoma que o sujeito constituiu para fazer frente ao real traumático.

Partimos da premissa de que o inconsciente é o lugar de um saber que revela o conjunto de determinações que regem a vida de um sujeito, mas que ele desconhece em função do efeito do recalque.

No início do tratamento, o analista é suposto deter esse saber, mas nem ele, nem o sujeito o detêm nesse momento. Ambos só terão acesso a ele à medida que a análise do discurso do sujeito se desenvolve através da associação livre, revelando as mensagens cifradas que serão interpretadas pelo analista.

Para que isso ocorra, é necessário que o analista não seja surdo no mais amplo sentido da palavra, isto é, que ele seja capaz de ouvir além do que é dito, sem preconceito, sem opiniões, sem julgamentos e, se possível, sem paixões. O sujeito é guiado por seus sentimentos e paixões, mas o analista em sua função deve se abster de compartilhá-los ou rejeitá-los. Lacan salienta que o analista não deve ter sua subjetividade como guia; basta a do paciente.

Embora o analista e o analisando participem da transferência, isso não quer dizer que eles ocupem o mesmo lugar no processo. O analisando identifica o analista como o Outro (SsS). Já o analista deve ocupar o lugar do objeto a causa de desejo. No fim da análise, realiza-se a descoberta de que ninguém pode ocupar o lugar do sujeito suposto saber, pois o lugar de produção do saber é o inconsciente.

O saber resulta do trabalho analítico, e o analista em sua função, sustentado pela ética da psicanálise, cria condições para que o analisando descubra e reconheça a sua verdade, seu desejo e sua singularidade. E para isso, é necessário o conhecimento teórico da forma pela qual há a emergência do inconsciente pelo sujeito.

Colocado pelo sujeito como o Outro, o analista se apresenta como alguém muito especial. Estamos no reino do imaginário, do ideal, em que o sujeito suposto saber traz a promessa de uma revelação de um enigma a ser decifrado. O analista seria, então, o mestre que possuiria a chave do enigma do sujeito, por isso é amado com paixão.

Sabemos com Freud, em Psicologia de grupo e análise do eu (1921), que os laços que se estabelecem em grupos como exército, igreja, instituições e movimentos de massa possuem um tipo de identificação com o líder que se caracteriza por situar o objeto no lugar do ideal do eu. Nesse tipo de identificação simbólica, estariam também o amor, a paixão e a hipnose, pois não há paixão sem supervalorização do objeto amado, e não há hipnose sem que o sujeito não se submeta às ordens do hipnotizador.

Freud descreve o amor paixão como devoção, fascinação, servidão, humildade, e nessa sujeição sem limites do sujeito ao objeto está excluída a satisfação sexual, pois não é a realização do sexual que interessa, mas a realização do ideal. Isso é o que acontece na transferência, o que faz com que tanto Freud quanto Lacan afirmem que não há diferença entre o amor paixão e o amor de transferência na situação analítica.

No amor paixão há a ilusão de que o amado detém todas as qualidades desejáveis que faltam ao amante. Versão romântica do amor que busca a fusão com o objeto idealizado, o complemento que falta ao sujeito, a fantasia de dois seres fazendo um só como se quisessem concluir: a relação sexual existe. Entretanto, a ambivalência que marca essas identificações não tarda a aparecer sinalizando o lugar da castração. Amor e ódio, afetos que têm a mesma intensidade pulsional, duas faces da mesma moeda, segundo Lacan – “amódio”.

Espera-se que ao final da análise o sujeito se separe do objeto idealizado na transferência e se relacione com o analista como um sujeito real ao qual ele dedica um sentimento de gratidão.

Se, durante a análise, o analista ocupou o lugar de objeto a – causa de desejo, o final desse processo faz com que ele se torne um resto. Não qualquer resto, mas o restante, o que sobra, o que ficou de fora, ou seja, o resto da operação de transferência.

O final da análise, para Lacan, não se reduz só ao bem-estar proporcionado pela resolução dos conflitos, mas principalmente à travessia da fantasia fundamental que alimentava o cerne do sujeito. Seria uma revisão, uma reelaboração do trauma que fixou determinado objeto na pulsão. Através dessa travessia da fantasia fundamental, dá-se o fenômeno mais radical, ou seja, a vivência da castração, e isso produz no sujeito uma nova leitura da sua história e seus amores. Sua libido se torna mais livre para novos investimentos de acordo com o seu desejo aumentando a sua capacidade sublimatória e de criação, possibilitando uma nova interpretação do seu ser em relação ao mundo.

Chegamos, assim, à questão que motivou este trabalho: qual o destino do amor de transferência ao final da análise? Se a transferência é liquidada, o que resta do amor que a sustentou durante todo esse percurso? Como lidamos com esses restos de amor em nossa vida? O que ele continua produzindo em nós?

Uma passagem de Guimarães Rosa citada por Marcus André Vieira (2012, p. 72) em seu livro A paixão, nos dá uma pista disso. Vale a pena transcrevê-la.

Fechei-me no quarto. Pela janela aberta entrava um cheiro de mato misantropo. Debrucei-me. Noite sem lua. Concha sem pérola, só silhuetas de árvores. E um vaga-lume lanterneiro que riscou um psiu de luz.

Seriam os restos do amor de transferência esse “psiu de luz” que continuaria a riscar a nossa vida? Um psiu de luz acompanhando os traços de uma análise? Pois de uma análise não se sai de mãos abanando. Marcus André Vieira nos lembra que a esse psiu de luz acompanhando os traços de uma análise Lacan chamou de entusiasmo. Entusiasmo de viver a vida apesar de suas dificuldades e das incontáveis tragédias que podem nos atropelar. Entusiasmo que nos impulsiona a criar e a realizar os nossos desejos, que não têm objeto, e, por isso mesmo, não têm fim?

Fica um resto de amor que não é qualquer resto, mas um resto digno, pois foi capaz de acionar em nós o desejo de despertar para a vida e para o ato de criar.

Termino com as palavras do poeta Carlos Drummond de Andrade, pois eles, os poetas, é que sabem falar do amor.

Amar

Que pode uma criatura senão,
Entre criaturas, amar?
Amar e esquecer, amar e malamar,
Amar, desamar, amar?
Sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Que pode, pergunto, o ser amoroso,
Sozinho, em rotação universal, senão
Rodar também, e amar?
Amar o que o mar traz à praia,
O que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
É sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?
Amar solenemente as palmas do deserto,
O que é entrega ou adoração expectante,
E amar o inóspito, o áspero,
Um vaso sem flor, um chão de ferro,
E o peito inerte, e a rua vista em sonho,
E uma ave de rapina.
Este o nosso destino: Amor sem conta,
Distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
Doação ilimitada a uma completa ingratidão,
E na concha vazia do amor à procura medrosa,
Paciente, de mais e mais amor.
Amar a nossa falta mesma de amor,
E na secura nossa, amar a água implícita,
E o beijo tácito, e a sede infinita..

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

 

Referências

ANDRADE, C. D. A palavra mágica. Seleção Luzia de Maria. 6. ed. Rio de Janeiro: Record.         [ Links ]

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Endereço para correspondência:
E-mail: anacristinatcsalles@hotmail.com

Recebido em: 19/02/2019
Aprovado em: 15/04/2019

 

Sobre a autora

Ana Cristina Teixeira da Costa Salles
Psicóloga.
Psicanalista.
Membro do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais.
Membro do Círculo Psicanalítico do Pará.
Ex-Presidente do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais (Biênios 2007-2009 e 2009-2011).

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