SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.42 issue79Clinical reflections in d minor author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Reverso

Print version ISSN 0102-7395

Reverso vol.42 no.79 Belo Horizonte Jan./June 2020

 

ENTREVISTA

 

Entrevista com Arlindo Pimenta: 50 anos de círculo psicanalítico de Minas Gerais

 

Interview with Arlindo pimenta: 50 years of círculo psicanalítico de Minas Gerais

 

 


RESUMO

Através da entrevista à Reverso, Arlindo Pimenta apresenta dados históricos relacionados à psiquiatria mineira nos anos 1960 e a influência da psicanálise no desenvolvimento dessa especialidade médica. Apresenta ainda dados e fatos do início do CPMG e a virada político-estrutural no início dos anos 1980 e como foi retomada e aperfeiçoada nas gestões que se seguiram até os dias de hoje.

Palavras-chave: História, Círculo Psicanalítico Minas Gerais, Estrutura, Evolução, Transformações.


ABSTRACT

Through an interview to Reverso, Arlindo Pimenta presents historical data related to Minas Gerais psychiatry in the 1960s and the influence of psychoanalysis on the development of this medical specialty. It also presents data and facts from the beginning of the CPMG and the political-structural turning point in the early 1980s and how it was resumed and improved in the administrations that followed until today.

Keywords: History, Minas Gerais Psychoanalytic Circle, Structure, Evolution, Transformations.


 

 

Reverso: Arlindo, como foi sua aproximação com a psicanálise?

Arlindo: A primeira vez que ouvi falar em psicanálise foi na aula de filosofia, quando fazia o terceiro ano científico no colégio Santo Antônio. O professor falou da psicanálise e achei intrigante o tema.

Reverso: E o que aconteceu depois?

Arlindo: Iniciei o curso de medicina e sempre tive vontade de estudar alguma coisa que tivesse a ver com o sistema nervoso.

Reverso: E então?

Arlindo: Quando cursava as cadeiras de clínica, procurei algum espaço que tivesse a ver com o sistema nervoso. Optei pela anestesia, fiz um estágio e cheguei a participar de algumas cirurgias.

Reverso: Não prosseguiu?

Arlindo: Não, não era bem o que eu queria. Além do mais, nessa época (início dos anos 1960), havia uma forte ebulição política e questões ligadas à participação da medicina nas doenças relacionadas à pobreza (parasitológicas e a desnutrição). Fui envolvido por essas ideias e cheguei a fazer parte de um grupo (Ação Popular) que se propunha a tentar compreender a realidade brasileira sobre seus vários ângulos, inclusive o médico.

Reverso: E como você chegou à psiquiatria?

Arlindo: Em uma aula de Doenças tropicais, encontrei meu colega Cézar Rodrigues Campos, com um exemplar da revista Arquivos da Clínica Pinel. Achei interessante. Ele me falou do Hospital Galba Veloso e o projeto de se implantar ali uma nova forma de atendimento psiquiátrico. E me convidou para conhecer o hospital.

Reverso: E você foi?

Arlindo: Fui. Achei interessante o projeto de open door, de como se abria mão dos meios de contenção até então usados na psiquiatria (camisa de força, quarto forte) e se substituía esses métodos pelo uso de neurolépticos e de uma assistência mais assídua aos pacientes. O Galba, àquela época, era um hospital onde só se internava mulher. Essa política assistencial dirigida pelo Dr. Jorge Paprocki inaugurou um capítulo novo e importante na psiquiatria mineira. Fiz as entrevistas e fui admitido como acadêmico. Passei a dar plantões, a participar e acompanhar pacientes da terceira enfermaria.

Reverso: E como a psicanálise entrou nisso?

Arlindo: Entrei para o Hospital Galba Veloso em 1965. Com pouco tempo de existência, o Círculo iniciara suas atividades das quais participavam o Dr. Jorge Paprocki e a Dra. Eunice Rangel, diretores do hospital. Era, então, recomendado que o corpo clínico e os acadêmicos estivessem em análise. Nesse mesmo ano, iniciei minha participação em terapia de grupo com o Dr. Jarbas Portela até 1968, quando me decidi pela psicanálise e iniciei meu processo analítico.

Reverso: E então?

Arlindo: Nesse período esteve em Belo Horizonte o Prof. Igor Caruso. Fez várias conferências abertas ao público e assisti a algumas delas. Com a vinda de Caruso, houve também uma reestruturação no Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda - Seção Minas Gerais. O modelo adotado era o da IPA, com várias etapas desde analista autorizado até o analista didata. Com a vinda de Caruso, aconteceu uma ampliação do número de analistas didatas e uma aproximação com o grupo da Dra. Katrin Kemper, além da ideia de ampliar o Círculo em outros estados brasileiros.

Reverso: Que outras consequências a vinda de Caruso provocou?

Arlindo: Muitas consequências se seguiram à vinda de Caruso. Uma das principais foi a mudança do nome da instituição de Círculo Brasileiro de Psicologia Profunda - Seção Minas Gerais para Círculo Psicanalítico de Minas Gerais (CPMG), o que significava não só uma mudança de nome, mas também uma opção pela psicanálise, porque anteriormente, além da psicanálise, era privilegiada a terapia de casal, de família e de grupos. Mas aconteceu uma divergência: houve uma primeira cisão e, em função disso, foi criado o Instituto de Estudos Psicoterapêuticos (IEPSI). Alguns membros fundadores do Círculo foram ao congresso no México junto com Caruso, para tentar a filiação junto à IFPS, mas não foram aceitos de início.

Reverso: Outras consequências?

Arlindo: A ida ao congresso no México e o contato com Caruso foram muito frutíferos para o CPMG. Foi repensada toda a estrutura de formação psicanalítica até aquela data, e os quatro analistas didatas fundaram a Comissão de Análise Didática (CAD), que se encarregava de todos os aspectos administrativos e da formação do Círculo. Tudo que acontecia passava forçosamente pela CAD. A CAD foi muito importante para dar uma estrutura ao CPMG, até então muito confusa e dispersa. Houve um aumento rápido de adesões ao CPMG, que àquele tempo só aceitava médicos e psicólogos para formação.

Reverso: O que aconteceu então?

Arlindo: Como disse, aconteceu uma estruturação, mas a CAD, com o tempo, passou a ter um poder muito grande, pois todas as análises eram feitas com eles, além das supervisões e dos cursos. E quem tem muito poder, frequentemente abusa. Isso gerou, então, um clima de inibição, medo e silêncio nos sócios. Alguém apresentava um trabalho e praticamente ninguém opinava ou questionava. Em uma palavra, havia muito medo.

Reverso: E quais as consequências?

Arlindo: Isso foi se tornando um clima de revolta e, aos poucos, de questionamento do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais. Na sua gestão, o Dr. Jarbas Portela convidou alguns analistas da geração mais jovem para integrar a Diretoria. Assim, alguns colegas e eu passamos a participar mais de perto das decisões da Diretoria.

Em pouco tempo, o Dr. Jarbas se desentendeu com a CAD, deixou a presidência do CPMG, assumida pelo vice-presidente Dr. Luiz Carlos Drummond, que manteve a Diretoria anterior. O nível do mal-estar foi crescendo progressivamente. A gestão seguinte, a de Dr. Elias Hadad, já contou com a participação de um grupo mais organizado dos descontentes, que atuava basicamente em duas frentes: uma junto à Diretoria atual tentando pôr em pauta a possibilidade de os cargos administrativos serem exercidos por não didatas e outro atuando na reforma do regimento interno do Instituto de Formação. Um fato causou muita polêmica. O anteprojeto de reforma do regimento do Instituto foi enviado para aprovação da Diretoria quando ainda estava em discussão. Esse fato levou alguns componentes do grupo a não aceitar o ocorrido e a enviar uma carta ao coordenador do Instituto, em que manifestavam sua discordância com aquela atitude. Diziam na carta que não cabiam mais atitudes como aquela (comuns aos didatas). Na ocasião, fazíamos um curso de psicanálise e literatura a partir de um romance A menina morta, uma trama que se passava na Fazenda do Grotão. E muitos de nós fazíamos parte desse grupo. O grupo do Grotão virou grupão. Alguns membros desse grupo já haviam escrito textos em jornadas, apontando os desacertos e os desmandos da CAD. Por fim, foi votada em assembleia geral a modificação estatutária, que permitia que outros membros não didatas ocupassem cargos de Direção.

Reverso: E o que ocorreu?

Arlindo: Após a assembleia, fui procurado por alguns colegas tendo à frente a Lena Moreira Santos e Renato Dousi, que diziam que eu teria de assumir o comando do movimento. Confesso que fiquei surpreso, pois julgava que no Grupão havia colegas com mais competência para assumir o posto. Insistiram e, como não sou de correr da raia, acabei assumindo o comando e, consequentemente, a candidatura à presidência na eleição seguinte.

Reverso: E depois?

Arlindo: Passado o susto, percebi que a missão não era fácil e que seu sucesso dependia de um grupo de apoio o maior possível. Passamos a fazer o que os didatas não faziam, ou seja, escutar a sociedade. Organizamos vários pequenos grupos que escutavam os sócios e as demandas dos colegas. A maioria atendeu nosso convite. Alguns não. Chegaram a tentar articular uma chapa "pró-didatas", que acabou não emplacando.

Reverso: Como foram elaboradas as propostas e a composição da chapa?

Arlindo: Nossa chapa foi escolhida entre os membros do grupão, por eleição interna, e foi proposta uma plataforma que constava dos seguintes tópicos:

1. Proposta de uma estrutura nova para o CPMG, que rompesse com aquela da IPA. Uma tentativa de remediar, aquilo que Caruso não propusera, isto é, romper com a ortodoxia. Em nossa discussão das várias propostas encaminhadas, duas sobressaíam: uma de Márcio Pinheiro, uma sociedade entre pares, e outra partindo de Célio Garcia, uma sociedade entre ímpares, fazendo uma correção na primeira. As duas propostas foram articuladas em uma terceira que passou a fazer parte de nossa proposta: uma sociedade entre pares/ímpares. Pares em termos de hierarquia e ímpares em termos de respeito à subjetividade e ao percurso de cada um.

2. Reestudo da formação psicanalítica.

3. Revisão da produção científica, extremamente baixa entre nós.

4. Criação de um espaço interdisciplinar. O CPMG se colocava de forma muito isolada em relação às outras sociedades psicanalíticas. As disciplinas afins poderiam nos enriquecer bastante. Tentaríamos promover cursos de filosofia, antropologia, bem como de artes mantendo o curso de literatura já em andamento.

5. Ativação do projeto da Clínica Social que, por algumas razões, não ia para frente.

6. Registro da história do CPMG, que naquele ano completava 21 anos. Havia necessidade de ter clareza do caminho percorrido até então.

Depois da eleição, que se realizou numa quinta-feira, recebi das mãos do coordenador do Instituto, uma carta de demissão. Na quarta-feira seguinte, recebi, por intermédio de minha secretária, um recado da Secretaria do CPMG me informando que estava sendo convocado para uma reunião no Instituto. Fiquei assustado porque se tratava de uma convocação. Eu não entendia bem. Como Presidente do CPMG, eu não deveria ser convocado por um órgão subordinado à presidência. Deveria ser convidado. E nessa condição de convidado, tomei a liberdade de estender o convite aos colegas, uma vez que nosso regime de funcionamento é o de colegiado, e comparecemos à reunião do Instituto. Foi uma reunião extremamente tensa. Vivemos um silêncio terrível. Depois da reunião perguntei a um amigo quantos minutos de silêncio se passaram naquela reunião. Talvez uns dez ou quinze minutos. Para mim, no entanto, eles foram vivenciados como se fossem pelo menos duas horas ou mais. Então, nessa situação extremamente tensa, começou a se estabelecer um clima de confrontação. E nesse clima, a compreensão foi impossível.

Eu havia retomado a minha análise com o Dr. Jarbas, mas se estabeleceu, como disse um colega, um verdadeiro entrevero entre nós dois. É claro que, nessas condições, a minha análise estava terminada ali mesmo. Propusemos, então, uma segunda reunião, na qual a Diretoria, dessa vez e já tendo condições, pudesse propor alguma coisa. Essa reunião foi um pouquinho mais amena, e a Diretoria propôs o seguinte: que os colegas que compunham o Instituto de Psicanálise nos enviassem uma lista tríplice da qual pudéssemos indicar o novo coordenador do Instituto. Mas, menos de uma semana depois, fomos surpreendidos com uma carta do Dr. Jarbas dizendo que a Diretoria não reconhecia a legitimidade dos colegas integrantes do Instituto e que, por esse motivo, ele pedia demissão das suas funções de coordenador do ensino e professor da disciplina Teoria da clínica do Instituto. Esse momento foi vivenciado pelo grupo de forma muito angustiante. Uma coisa chamou a atenção: alguns colegas da Diretoria adoeceram nesse período. Adoeceram mesmo. Circulava um clima de angústia. Por parte de alguns colegas, fomos também, verbalmente ou por telefone, objeto de uma carga pesada, que parecia de ódio e ressentimento muito grande. Lembro-me de um colega, com quem mantinha relacionamento de amizade, que me telefonou para me xingar e me dizer que "estávamos sujando o prato em que comíamos" - foi essa a expressão que ele usou. Paralelamente a toda essa tensão emocional em que nos encontrávamos, começou a haver uma cobrança das atividades cientificas por parte dos colegas. Apenas em novembro conseguimos fazer a eleição da Comissão Científica.

Voltando ao Instituto, entramos em contato com algumas pessoas e trocamos ideias, salientando a destrutividade daquele clima em que nos encontrávamos. Conseguimos que a lista tríplice fosse enviada. Foram designados os nomes do Dr. Flávio Neves, Dr. Cláudio Pérsio e da Dra. Pompéia Pires. Conversamos com os três sobre a disponibilidade de cada um deles e, a partir dessas conversas, indicamos o Flávio para assumir a coordenação do Instituto. Um outro aspecto que começou a aparecer nessa época foi a necessidade de criar uma Comissão Sociocultural que se encarregasse da circulação das ideias dentro e fora da sociedade, conforme constava da plataforma.

Durante todo esse período, o que mais nos chamou a atenção na atitude dos analistas didatas, foi a recusa do diálogo, com duas exceções. Não só nas primeiras reuniões, mas também posteriormente. E essa recusa se fazia principalmente de três formas: uma tentativa de fazer caricatura do grupo emergente, uma presença silenciosa e uma ausência física total. No contexto de tudo o que foi dito, compreende-se que o CPMG vivia no momento um medo profundo. Havia também o medo do fratricídio ante a dificuldade de elaboração dessa vivência, como elaborá-la se havia recusa de diálogo nas três formas que coloquei. Todos sabemos que a morte do pai deve acontecer simbolicamente. Mas quando isso acontece em termos reais, a elaboração se torna muito difícil.

Nos dias 24 e 25 de março de 1984, foi realizado em Belo Horizonte o Simpósio do Círculo Brasileiro de Psicanálise, em que as unidades integrantes apresentavam um histórico de cada unidade, cuja experiência seria permutada, bem como os projetos de formação psicanalítica. Os trabalhos apresentados pelos integrantes do CPMG eram todos teóricos e não mencionavam a situação institucional que vivíamos. Vários colegas das unidades do Círculo Brasileiro de Psicanálise vieram me questionar por que não se falava da instituição CPMG. Fui obrigado, de improviso a expor para as demais unidades do CBP a situação que vivíamos. Esse depoimento em sua íntegra consta dos Cadernos de Psicanálise do Círculo de Pernambuco (ano I, número especial, jun. 1984).

Reverso: E o que se seguiu?

Arlindo: Saímos fortalecidos desse simpósio e convocamos, uma assembleia geral em 48 horas. Seguiram-se várias outras até que em junho já tínhamos o modelo da nova estrutura proposta. Terminava a hierarquia, e todas as grandes decisões da sociedade deveriam ser tomadas em assembleia geral. Quase todos os didatas se demitiram, à exceção do Prof. Malomar, que mais adiante também se demitiu. Ficou apenas Antônio Ribeiro, que se manteve ligado ao CPMG conduzindo seminários e cursos até seu falecimento.

Reverso: E então?

Arlindo: Partimos para novos contatos, no sentido de arejar a instituição e fazer novos laços.

Reverso: Quais contatos?

Arlindo: Nosso contato inicial foi com Marilena Chauí, que nos indicou Joel Birman e Renato Mezan. Fizemos também contatos no Rio de Janeiro com Wilson Chebabi e Hélio Pellegrino, que nos indicou Jurandir Freire Costa. Realizamos uma pequena jornada de fim de semana com esses três convidados. Começamos a fazer laços com o meio artístico e participamos do debate de duas peças teatrais: No Natal a gente vem te buscar e Despertar da primavera. Na área política, conseguimos que o CPMG fosse declarado de utilidade pública municipal. A partir daí, pleiteamos um terreno onde seria construída nossa sede própria. Estava sendo aberta a Avenida dos Andradas e, apesar das tentativas, a política, ou politicagem, falou mais alto, e hoje no lugar em que seria nossa sede, ergue-se o shopping do América Futebol Clube.

Reverso: E no nível internacional?

Arlindo: Fizemos duas viagens: a primeira à Europa, porque em Madri se realizava o Congresso da IFPS. Fiquei conhecendo a Dra. A. Turkel, naquela época presidente da IFPS. E a segunda aconteceu em Cuba, em Havana, por ocasião do I Congresso de Psicanálise e Marxismo. Vivíamos um problema: ao mesmo tempo que rompêramos com a estrutura da IPA, não nos interessava a proposta de Escola Lacaniana que chegava até nós, proposta pelo Sr. Jacques-Alain Miller, extremamente arrogante, com seus integrantes bem próximos da estrutura de uma seita fundamentalista. Vanessa e eu nos encontramos em Cuba com Geraldino Alves Ferreira Neto, Oscar Cezarotto e Márcio Peter de Souza Leite, que formavam a Associação Livre, um grupo lacaniano não ligado ao Sr. Miller. Feito o convite, Oscar Cezarotto ministrou seminários no CPMG por vários anos. Mediante o contato e o prestígio de Célio Garcia, estiveram entre nós Marie Claire Boons, Alain Badiou, Pierre Fédida e René Major. Por indicação de nossa colega Frida Grimbaum, fizemos contatos e por alguns anos estivemos estudando com o Prof. Gregório Baremblit. Houve algumas comemorações em homenagem a Michel Foucault, que esteve entre nós e que havia falecido. Em resumo, procuramos pôr em prática nossa plataforma à exceção de dois itens: a Clínica Social, que foi retomada posteriormente, e a sede própria, que foi encaminhada e resolvida na gestão seguinte, de Renato Dousi. Foi uma experiência muito penosa, muito pesada e muito difícil, mas ao mesmo tempo muito rica e de muito crescimento.

Reverso: E as gestões posteriores?

Arlindo: Foram todas extremamente importantes. Mas seria muito extenso aqui examinar o esforço e o trabalho das gestões que se seguiram. A biblioteca tem uma videoteca em que foram entrevistados todos os presidentes até 2003, (40 anos de CPMG). É um trabalho que merece ser continuado.

Reverso: E atualmente como você vê o CPMG em sua estrutura e funcionamento?

Arlindo: O CPMG mantém sua estrutura própria. Não segue o modelo inicial da IPA nem se transformou em uma escola lacaniana. Tem uma posição terceira, ao mesmo tempo em que se propõe ser uma "metamorfose ambulante". Temos um modelo de formação psicanalítica própria em dois tempos, que vai se aperfeiçoando progressivamente. Temos uma programação regular de seminários, uma jornada anual sempre muito concorrida, publicação da Reverso. Além disso, contamos muitas vezes com convidados de outras instituições. A gestão atual, muito atuante, mantém e aperfeiçoa nossas atividades, agindo no sentido da modernização, informatização e divulgação de nossa instituição.

No mais, obrigado pelo espaço concedido e pela atenção a mim dedicada. φ

Belo Horizonte, 02 de março de 2020.

Creative Commons License