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Junguiana

versão impressa ISSN 0103-0825

Junguiana vol.36 no.1 São Paulo jan./jun. 2018

 

RESENHA

 

Anima-animus de todos os tempos

 

 

Ana Maria Cordeiro*

 

 

ALVARENGA, Maria Zelia de (Org.). São Paulo: Escuta, 2017.

As relações anímicas estiveram presentes em todos os tempos da história humana, sob as mais variadas manifestações, cumprindo, desde todo sempre, incontáveis demandas. Entre essas tantas, constatamos as que povoam os relacionamentos anímicos e são permeadas por vivências de caráter fisiológico (prazer físico-libidinoso e, eventualmente, de preservação da espécie); constatamos, outrossim, as vivências de caráter espiritual (mental, ideativo, afetivo). Mas, mais que tudo, as relações anímicas proporcionam aos seres humanos condições para a realização da meta maior do processo de individuação, qual seja, saber-se como o novo Anthropos, concepto simbólico da forja da coniunctio em si mesmo.

A proposição primeira do texto é pensar as emergências anímicas (anima e animus) como estruturas arquetípicas presentes tanto no homem como na mulher. A par disso, como proposição fundamental, os inúmeros encontros anímicos simbólicos estruturam o caminho para que a demanda da coniunctio de si consigo mesmo se realize, com o que o autoconhecimento se faz e o processo de individuação se cumpre.

O texto carrega-se de dramas tragédias, descobertas, mistérios que se fundem, evocando emoções necessárias à transformação da personalidade. Anuncia a jornada humana a ser empreendida, na qual se lida com sonhos e desilusões, encontros, desencontros, e leva à compreensão de como a vida passa pelas mortes. Os encontros anímicos concorrem para a humanização, e humanizar implica incorporar a condição de morrer como fundamental para alcançar um tempo novo da consciência.

A natureza demanda formar consciência para que a humanização se faça. Humanizar significa colaborar, compartilhar o que se tem e o que se é, aceitar diferenças, tornar-se aquele que se faz mestre e aluno, amante e amado, e passa a tocha do conhecimento, da compaixão, do amor e da responsabilidade.

Este livro leva a pensar na responsabilidade de concorrer para o crescimento e realização do outro, sem o que nunca seremos plenos.

 

 

* Psicóloga, membro analista, Diretora de Cursos e Eventos da SBPA\SP anamacor@uol.com.br

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