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Junguiana

On-line version ISSN 2595-1297

Junguiana vol.38 no.2 São Paulo July/Dec. 2020

 

Construindo a Psicologia Analítica: o papel das mulheres estadunidenses

 

The making of Analytical Psychology: the role of American Women

 

 

Victor de Freitas HenriquesI; Marina de Carvalho OliveiraII

IDoutorando em história e filosofia da psicologia pela Universidade Federal de Juiz de Fora. Mestrado em psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei e Graduação em psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei. e-mail: <vf_henriques@hotmail.com>
IIMestrado em psicologia pela Universidade Federal de São João del-Rei. Graduação em psicologia pela Universidade Federal de Sergipe. e-mail: <marina.carvalho.psi@gmail.com>

 

 


RESUMO

No presente texto buscamos resgatar o papel ativo e determinante do trabalho de algumas mulheres estadunidenses na construção da psicologia analítica. Inicialmente, questionamos o mito da construção solitária e individual de teorias e áreas do conhecimento, situando os projetos de psicologia geral e o desenvolvimento da psicologia analítica dentro de tal contexto. Discutimos como o trabalho de Carl Gustav Jung pode ser visto enquanto prática individual e projeto de psicologia geral, utilizando suas considerações acerca do lugar da teoria em seu trabalho, assim como sua visão da possibilidade de transmissão de tal conhecimento e formação de profissionais dentro desse viés. Argumentamos que a participação de determinadas mulheres foi crucial na formatação e transposição do trabalho de Jung do campo da prática individual para a divulgação teórica que conhecemos hoje no formato de obras completas e seminários.

Palavras-chave: Palavras-chave psicologia analítica, mulheres, história da psicologia, teoria, edição.


ABSTRACT

This article aims to rescue and recognize the active and determinant role of certain American women in the construction of analytical psychology. Initially, we debrief the myth of the solitary and individual construction of theories, knowledge fields and subjects, placing general psychology projects and the development of Analytical Psychology within this context. We discussed how Carl Gustav Jung's work can be seen as an individual practice and general psychology project, using his considerations about the place of theory in his work, as well as his view about the possibility of transmitting such knowledge and training professionals within that paradigm. We argue that the role of certain women was crucial in the formatting, editing and transposition of Jung's work from the field of individual practice to the theoretical propagation that we know today in the format of collected works and seminars.

Keywords: analytical psychology, women, history of psychology, theory, edition.


 

 

1. Introdução

Para Shamdasani (2003), libertador das mulheres e misógino são dois dos inúmeros títulos considerados possíveis de serem atribuídos a C. G. Jung - caso seja perguntado ao grande público qual opinião possuem sobre o psiquiatra suíço. Tal consideração indica que o trabalho de Jung, assim como sua vida pessoal, foram alvos de especulações diversas e díspares quanto à temática do feminino e das mulheres.

A importância e dimensão da questão encontram-se bem ilustradas pelo termo Jung-Frauen, literalmente: as mulheres de Jung, em alemão, pejorativamente cunhado para designar alunas e participantes dos seminários por ele ministrados e que tinham por costume agruparem-se ao seu redor (ANTHONY, 1991). Contudo, mais do que pensarmos que esta proximidade fizesse as vezes de cortejo e adulação, como o termo procurou sugerir, é importante termos em mente que muitas das palestras e falas de Jung não eram concluídas no tempo designado para o autor na ocasião de tais eventos e, como consequência, este e os demais participantes comumente se aglomeravam em outros locais para continuarem os debates e trocas de informações, sendo comum que Jung convidasse alguns grupos até seus aposentos para tais fins (BERNARDINI et al., 2015). O fato de muitas participantes em tais eventos e situação serem mulheres acabou sendo usado para agredi-las tanto quanto ao autor.

O envolvimento do público feminino nas propostas de Jung nos parece ser fator de enorme importância no que diz respeito à passagem do trabalho do autor de prática exclusivamente individual para um projeto de psicologia geral, a psicologia analítica. Considerando que um projeto de psicologia geral também se encontra amparado em um corpus teórico, ao analisarmos como o trabalho de Jung foi organizado e planejado enquanto teoria divulgada no formato de obras completas e seminários é possível percebermos o quão fundamental foi o trabalho de diversas mulheres envolvidas nos processos de idealização, financiamento, editoração, tradução e divulgação de seus escritos, bem como no patrocínio e coordenação de instituições com a finalidade de divulgar sua obra.

Nesse sentido, resgatamos algumas dessas contribuições e contribuintes reconhecendo o papel ativo e determinante de seus trabalhos na construção da psicologia analítica. Nosso recorte recai sobre as mulheres estadunidenses por terem desempenhado papéis estratégicos na disseminação da teoria e prática junguiana para além dos redutos suíços e europeus na primeira metade do século XX.

Sabendo que os bastidores da história de qualquer movimento não consegue contemplar e fazer justiça a todas as personagens envolvidas na criação e construção do mesmo, é importante destacarmos que as mulheres aqui apresentadas não esgotam o leque das estadunidenses envolvidas com o trabalho de Jung. O critério que utilizamos para elegê-las como representativas dentro da estruturação da psicologia analítica se deve ao protagonismo das mesmas, nas atividades que desenvolveram, a saber: criação de espaços para estudo e divulgação do trabalho de Jung e edição, tradução e divulgação de seus manuscritos.

 

2. A narrativa mítica na criação da psicologia analítica enquanto prática individual e projeto de psicologia geral

A segunda metade do século XIX viu surgir diversos sistemas de psicologia geral que buscaram se consolidar enquanto matrizes disciplinares, abordagens e campos do conhecimento. Não obstante, o desenvolvimento e até mesmo a criação de tais sistemas foram atribuídos a alguns poucos indivíduos, escolas e, em alguns casos, a um único sujeito. Tal narrativa mítica, que evoca a imagem do pesquisador solitário dotado de extrema capacidade intelectual e capaz de revolucionar por si próprio a história do conhecimento, acaba por desconsiderar todos os elos que constituem a longa cadeia da História das Ideias, no que diz respeito ao desenvolvimento e produção de sentido.

Steele (1986), Roazen (1992), Ellenberger (1994) e Shamdasani (2003) demonstram como algumas importantes propostas voltadas para a compreensão do psiquismo humano tiveram suas concepções creditadas à figuras como Sigmund Freud e Carl Gustav Jung - respectivamente, à psicanálise e à psicologia analítica - sem maiores cuidados. Para os autores, os motivos das errôneas atribuições são diversos, variando desde o fenômeno que, especialmente no caso da psicanálise, ficara conhecido como freudismo, no qual a grande visibilidade de um autor acaba por aglomerar às suas propostas outras concepções que tenham emergido na mesma época ou que foram resgatadas e ventiladas com maior impacto durante e/ou em conjunto com as suas, até casos de omissão de colaborações e/ou insuficiente atribuição de créditos a estes colaboradores.

Por mais que Jung e Freud tenham reconhecido e resgatado em seus escritos suas influências, há passagens e eventos que corroboram com a manutenção da narrativa mítica erguida ao redor dos mesmos. No caso de Jung, este reconhece a influência em seu trabalho das propostas de filósofos, como Platão, Von Hartmann, Kant, Leibniz, entre outros (GEWEHR, 2019); de médicos, como o psiquiatra Richard von Kraft-Ebing e psicólogos tais como Pierre Janet e William James (JAFFÉ, 2016). Para Roazen (1992), a ideia de que Freud teria omitido deliberadamente a colaboração de colegas crescera, em parte, devido a personalidade do autor e sua forte determinação em erigir e ser o porta-voz de uma prática. Contudo, em cartas para Jung, podemos observar o quanto Freud também estimava o trabalho psicanalítico desenvolvido em outros lugares, como na Clínica Burghölzli, na Suíça, pelo psiquiatra Eugen Bleuler, e reconhecendo tais contribuições para a prática e expansão do movimento (MCGUIRE, 1993).

Ao escrever em 1914 A História do Movimento Psicanalítico e romper com os colaboradores suíços que até então tinham se dedicado à psicanálise, Freud delimitou o que deveria ser a prática e a teoria psicanalítica, centrando tais diretrizes em sua imagem e contribuindo para fomentar a narrativa mítica da mesma. Jung também se dedicou a escrever sobre a psicologia analítica diferenciando-a da psicanálise em textos como: Sobre a Psicanálise, de 1916, e A divergência entre Freud e Jung, de 1929.

A atitude de Jung se diferencia da de Freud, em alguns aspectos, quanto ao lugar do autor e sua prática dentro de um sistema psicológico. Na obra do psiquiatra suíço, percebemos um conflito quanto a existência de um corpus teórico na medida em que, diversas vezes, o autor afirma não possuir uma teoria (JUNG, 2012a; 2012b; 2012c; 2013a; 2013b; 2013c), mas, no sentido oposto, também encontramos passagens significativas nas quais o autor se dedica a apresentar, no formato de teorias, propostas sobre o funcionamento de aspectos psíquicos (JUNG, 2012d; 2012e; 2012f; 2012g; 2012h; 2013b; 2013c).

Jung reconhece que as teorias, assim como os conceitos, são etapas necessárias dentro do processo de compreensão dos fenômenos psíquicos. Para o autor, estas deveriam ser usadas como pontos de apoio momentâneos a serem abandonados para que a dimensão individual dos casos prevalecesse sobre as considerações gerais (JUNG, 2012f; 2012i).

O lugar paradoxal da não-teoria no trabalho de Jung nos parece ser um dos pontos que convida a ideia da construção solitária de um projeto de psicologia se manifestar. Ao mesmo tempo em que Jung dizia ser um pesquisador empírico, atento às manifestações dos fenômenos, dizia se valer, mesmo que momentaneamente, de teorias - as quais descrevia como sendo confissões próprias de seus autores trazendo consigo os contornos e limitações dos mesmos (JUNG, 2012d; 2012j; 2014a).

Se em alguns momentos Jung parece se resignar e assumir o papel do pesquisador solitário cujas teorias temporárias são confissões que cabem apenas a si próprio já que orientam somente sua prática, sendo, inclusive, incompreendido pelos demais, em outros o desejo da criação de um sistema geral de psicologia e a transmissão do mesmo se faz presente. Tomemos três exemplos nos quais as ideias de isolamento e incompreensão nos parece se colocar.

Em carta para Jürg Fierz em 13 de janeiro de 1949, Jung diz que são muitas as bobagens fabricadas por seus alunos a partir do que ele disse, sendo que nada poderia fazer a esse respeito, pois não podia impedir as pessoas de se expressarem de acordo com o que entenderam, mas, também, não poderia ser responsabilizado pelo que dissessem (ADLER, JAFFÉ, 2015a).

Em carta de 6 de fevereiro de 1960 endereçada à Madre Superiora da ordem do padre Victor White, Jung diz lamentar saber do estado de saúde do mesmo e que havia nutrido esperanças de que White daria continuidade a seus estudos sobre religião (ADLER, JAFFÉ, 2015b). Na versão em inglês das cartas de Jung, foi acrescentada a esta carta uma nota de rodapé, dizendo que o mesmo possuía o sentimento de que aqueles nos quais ele via a possibilidade de continuação de sua obra morreram relativamente jovens, enumerando dentre estes o padre Victor White, o sinólogo Richard Wilhelm, o indologista Heinrich Zimmer, o psicólogo Erich Neumann e o físico de partículas Wolfgang Pauli.

Na segunda das cinco conferências realizada por Jung em 1935, na Clínica Tavistock, em Londres, o psicanalista Wilfred Bion pediu que detalhasse mais sua exposição quanto à correspondência entre estados fisiológicos e psicológicos do corpo, especialmente no que dizia respeito aos sonhos. Jung disse que não poderia entrar em detalhes, pois esta era uma percepção e compreensão que chegara através de suas experiências e ao tentar explicar tal relação poderia ser taxado como obscurantista. Jung diz que os membros da conferência precisariam realizar vários semestres de cursos sobre mitologia comparada e simbolismo para compreenderem seu raciocínio e que isso não deveria ser tomado como arrogância e prepotência de sua parte, mas como um grande problema gerado quando há tamanha imersão de um pesquisador em determinado campo, levando-o a desenvolver sua atenção num único sentido (JUNG, 2014b).

Por mais que estas passagens possam sugerir sentimentos de incompreensão e isolamento, as mesmas também revelam desejo de transmissão do conhecimento adquirido e formulado por Jung, pois, fala-se de alunos, ainda que possam não ter compreendido seu trabalho, e da possibilidade de aproximação e entendimento de suas propostas através do esforço, estudo e dedicação necessária a certos temas, bem como a esperança da continuação de suas ideias. Pensamos que a tensão entre a prática individual de Jung a e construção de um projeto de psicologia geral a ser divulgado deve ser circunscrita dentro das próprias experiências e tentativas do autor de se inserir no campo da transmissão do conhecimento.

 

3. Jung, a experiência de ensino e formação de psicoterapeutas

A Clínica Burghölzli, na qual Jung iniciara sua atividade como psiquiatra, era o nome pelo qual o Hospital Psiquiátrico Universitário da Universidade de Zurique também ficara conhecido. Por se encontrarem atrelados a uma instituição de ensino, era requisitado pela Universidade que os médicos do Hospital cumprissem dentro de seu trabalho e de sua formação algumas horas de docência. Assim, entre 1904 e 1913, Jung lecionara temas de psiquiatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Zurique (GRAF-NOLD, 2005).

Se por um lado as aulas de Jung na Universidade possuíam como recorte temas em psiquiatria direcionados apenas para estudantes de Medicina da Universidade, as palestras que ministrou no Instituto Federal Suíço de Tecnologia, a partir de 1933, eram abertas para o público, ocorrendo no Departamento de Disciplinas Eletivas (FALZEDER, 2019).

Por mais que Jung abordasse temas de psicanálise em suas aulas, a formação de psicanalistas não era seu objetivo e tampouco da Universidade. No Instituto, Jung apresentava muitas de suas teorias, mas a natureza eletiva de suas aulas também não permitia e nem pretendia formar psicoterapeutas. Foi em 1938, ainda como professor do Instituto, que Jung e um grupo de colegas de diferentes áreas de ensino se reuniram com a intenção de criar um instituto de formação em psicoterapia. Inicialmente, o projeto foi apresentado à Universidade de Zurique e, posteriormente, ao Instituto, tendo ambos declinando qualquer envolvimento e participação apesar de apoiarem a ideia. Sem apoio, a ideia foi abandonada (FALZEDER, 2019).

Os trinta anos que separam as duas experiências de Jung em docência vinculadas às instituições de ensino superior foram repletos de atividades que também podem ser circunscritas no campo do ensino, como palestras, seminários e cursos. Para além de diversos formatos, as falas de Jung ocorriam em diferentes lugares e para diferentes públicos, variando de salões de prefeituras a comemorações de centenários de instituições de prestígio. Diante de tal diversidade, desponta como característica comum entre os eventos a grande procura pelos mesmos, resultando em lotação máxima em boa parte dos casos. Dentre a justificativa para tanto se destacam três fatores: a curiosidade quanto ao tema, a intenção de parte dos ouvintes se submeterem à análise com Jung e, consequentemente, tornarem-se analistas (KIRSCH, 2000).

Os caminhos pelos quais alguém se tornava analista junguiano, no início do século XX, eram pouco estruturados. Através de uma carta, Jung atestava ou não a capacidade de determinada pessoa em iniciar a prática de analista com base em seus métodos. A aptidão era mensurada através do grau de familiaridade e compreensão de suas propostas, estas sendo adquiridas quase que exclusivamente através da participação em seus seminários e mediante análise com o mesmo. Entretanto, ao mesmo tempo em que as condições existentes para se tornar analista com base nas premissas de Jung fossem essas, não haviam garantias de que o cumprimento das mesmas resultaria em um atestado de capacidade para a prática da psicoterapia (KIRSCH, 2000).

Kirsch (2000) salienta que até o final da década de 40 a ideia de um projeto pessoal de psicologia não era algo que instigava Jung. Estando à frente da Sociedade Internacional Médica Geral de Psicoterapia e da Sociedade Suíça de Psicologia Prática, sendo presidente de ambas as instituições, o interesse de Jung era o de procurar bases comuns de atuação e compreensão entre as técnicas psicoterápicas existentes, com o intuito de evitar o sectarismo entre as mesmas. Foi apenas em 1948 com a criação do Instituto C. G. Jung, em Zurique, que se estabeleceu um centro oficial de formação em psicologia analítica para que seu trabalho pudesse ser estudado enquanto projeto de psicologia. (FALZEDER, 2019).

Assim, podemos dizer que a psicologia analítica enquanto campo do saber se desenvolveu a partir e para além de Jung, uma vez que a criação de uma disciplina formadora não foi seu objetivo primordial, sendo, também, fruto do trabalho de colaboradores. Se o estudo formal de seu trabalho enquanto técnica profissional é demarcado em 1948, de modo algum essa data inicia o interesse pelo aprendizado e aplicação do mesmo por parte do grande público. Foi o próprio interesse de certas pessoas pelo trabalho de Jung, dentre as quais diversas mulheres estadunidenses, que viabilizou a estruturação e formalização dos procedimentos e eventos que possibilitavam esse intercâmbio entre prática individual, teoria e formação de analistas, décadas antes da existência do Instituto C. G. Jung.

 

4. O Clube Psicológico de Zurique e os Seminários

Edith Rockefeller McCormick

Os primeiros passos em direção à estruturação de um projeto de psicologia centrado no trabalho de Jung possuem como pano de fundo o rompimento da colaboração entre a Sociedade Psicanalítica de Zurique, o braço suíço da psicanálise, e a Sociedade Internacional de Psicanálise, em 1914. Após se desvincularem da psicanálise, os suíços se reagruparam como Sociedade de Psicologia Analítica. O perfil da Sociedade de Psicologia Analítica era homogêneo: médicos, a maioria psiquiatra, com algum tipo de treinamento em psicanálise (KIRSCH, 2000). A Sociedade teve fim em 1918 quando foi incorporada à outra instituição que surgira com o intuito de divulgar o trabalho de Jung, o Clube Psicológico de Zurique, por este contar com maiores recursos e apoio para a manutenção e criação de atividades.

A concepção e fundação do Clube Psicológico orbita a figura de Edith Rockefeller McCormick, filantropa norte-americana cuja fortuna tinha origem tanto na Standard Oil, principal refinaria de petróleo do mundo no século XIX e pertencente a sua família, como na International Harvester, fabricante internacional de maquinário agrícola herdada por seu marido (BAIR, 2006). Edith McCormick e Jung se conheceram em Nova Iorque, em 1912, por ocasião da palestra por ele proferida na Universidade Fordham. Após sua apresentação, Jung consultara brevemente Edith McCormick a pedido de seu primo, Medill McCormick, que havia sido paciente de Jung em 1909 no Burghölzli. Jung sugeriu-a que o procurasse na Suíça para iniciarem o tratamento. A estadia de Jung nos Estados Unidos até 1913 permitiu que os dois se encontrassem para algumas sessões, tendo ambos retornado à Zurique na mesma comitiva, ainda em 1913, onde prosseguiram com a análise (BAIR, 2006).

Estabelecendo-se em Zurique, Edith McCormick passou a integrar a comunidade ligada a Jung, interessando-se cada vez mais pelo trabalho analítico. Assim, em 1916, alugou uma enorme propriedade em uma das áreas mais privilegiadas de Zurique com a finalidade de prover um local para estudos do trabalho de Jung, psicologia geral, mitologia e diversos outros assuntos.

O Clube Psicológico de Zurique seguia o modelo de clubes sociais norte-americanos com os quais Edith McCormick tinha familiaridade: possuía cômodos disponíveis para locação, refeição, lazer, estudo e inúmeros empregados à disposição do local. Essa configuração foi de enorme importância para divulgação do trabalho de Jung, pois permitia a instalação de visitantes interessados que conseguiam encontrar em um mesmo local tanto o estudo buscado quanto a hospedagem e demais necessidades que, caso fossem buscadas de outros modos e em locais variados, resultaria em custos que inviabilizariam a empreitada (BAIR, 2006; ANTHONY, 2018).

Os objetivos do Clube geraram controvérsias quanto às atividades que ali deveriam ser ministradas e como o mesmo deveria ser ocupado em termos de convivência. Dentre os membros, havia os que se interessavam pelas palestras e grupos de estudo e os que promoviam bailes, jogos e outras atividades expressivas. Todas as despesas do Clube eram cobertas por Edith McCormick, em um total anual de 200 mil dólares, e a falta de direção inicial do mesmo agravava a dificuldade em sustentar a instituição já que os membros não se viam inclinados a contribuir com algo que diferia de seus interesses (BAIR, 2006).

A principal atividade que reunia um número maior de participantes eram as palestras e seminários promovidos por Jung. Por mais que Jung tivesse rejeitado a presidência do Clube, é inegável a importância do mesmo para seu trabalho. O rompimento com a Sociedade Internacional de Psicanálise foi citado por ele como um momento de grande impacto emocional (JAFFÉ, 2016) e, tendo o Clube refletido o interesse local e internacional pela sua prática convidando-o a expor suas velhas e novas investigações, temos em sua criação a reanimação de seu trabalho.

As dificuldades financeiras envolvendo a manutenção do Clube levaram Edith McCormick a se endividar em empréstimos bancários para assegurar o local, o que fazia sem ressalvas em nome de seu interesse pelo trabalho de Jung. Contudo, em 1918, o proprietário da residência não renovou o contrato e o Clube precisou se mudar para um local mais modesto e de poucos cômodos, o que, ironicamente, permitiu um melhor funcionamento do mesmo em termos de delimitação do objetivo devido ao espaço disponível (BAIR, 2006).

Desse modo, o Clube finalmente passou a ser um local de reunião, estudo e veiculação das ideias de Jung, tendo a assimilação da Sociedade de psicologia analítica contribuído para a seriedade da empreitada.

Mary Foote

Dentre as atividades desenvolvidas no Clube, os seminários ministrados por Jung podem ser destacados como a mais relevante e a que contou com maior participação de mulheres ligadas à psicologia analítica. A importância dos seminários está no fato de ser o principal meio de divulgação do trabalho de Jung, em uma época que sua obra escrita não possuía tanto volume, tradução e circulação. O fato dos seminários acontecerem também em língua inglesa, mesmo alguns que ocorriam na Suíça, contribuiu para a adesão de diversos participantes nessas atividades que chegavam a durar vários semestres distribuídos em diferentes anos.

Para além do seminário presencial como fonte de disseminação da psicologia analítica, as anotações e transcrições do mesmo cumpriram importante papel nesse sentido. Por mais que as cópias das transcrições tivessem circulação vedada para o grande público, sendo distribuídas em poucas cópias e apenas para os membros do Clube, era comum que alguns textos vazassem encontrando o caminho de algumas bibliotecas e de um público maior (MCGUIRE, 2014).

Através da bibliografia geral das obras de Jung, revisada e editada por Lisa Ress, encontramos junto ao registro dos seminários a informação das pessoas envolvidas na transcrição dos mesmos. Identificamos 31 pessoas envolvidas em processos como notação por estenografia, revisão, distribuição, edição, compilação e tradução das transcrições dos seminários, sendo 28 mulheres (Esther Harding; Barbara Hannah; Sallie Pinckney; Kristine Mann; Jane Pratt; Riwkah Schärf; Cary F. de Ângulo; Patricia Berry; Mary Briner; Carol Baumann; Tony Wolff; Mary Barker; Marianne Stark; Anne Chapin; Cary Baynes; Margaret Game; Liliane Frey; Charlotte H. Deady; Linda Fierz; Una Gauntlett Thomas; Cornelia Brunner; Mary Foote; Carol Sawyer; Elizabeth Baumann; Aniela Jaffé; Ethel Taylor; Elizabeth Welsh e Eleanor Bertine) e três homens (Gustav R. Heyer; Hans H. Baumann e Eugene H. Henley).

Nem todos os envolvidos foram listados, sendo que, em alguns registros, há apenas a informação de que múltiplas anotações foram usadas como fonte, sugerindo que a lista pode ser ainda maior (RESS, 2014). Entre as principais envolvidas na edição dos seminários em Zurique destaca-se Mary Foote.

Foote, pintora norte-americana, contatou Jung por carta em 1927 em busca de tratamento psicológico. Chegara à Suíça em julho do mesmo ano ficando brevemente e retornando em 1928, onde ficaria pelos próximos 25 anos. Foote logo ficara encarregada em transcrever os seminários ministrados em inglês por Jung e arcava, por meio de suas próprias finanças, com os custos das cópias das transcrições e o envio das mesmas para os participantes inscritos nos seminários (ANTHONY, 2018).

Anthony (2018) alega que o trabalho de Foote para a consolidação do público junguiano de língua inglesa foi algo de extrema importância e, curiosamente, no início de suas anotações ela parecia não perceber a relevância de seu trabalho.

Foote passou a contar com a colaboração de uma secretária, Emily Köppel, na transcrição e produção de notas a partir das falas de Jung (MCGUIRE, 2014), sendo que os textos publicados que compõem os seminários ministrados originalmente em inglês, advêm quase que em sua totalidade, de suas anotações. Durante a Segunda Guerra os seminários foram interrompidos, mas Foote continuara seu trabalho de correção e edição das notas reunidas até o agravamento de sua demência, retornando para os Estados Unidos onde ficou até o fim da vida (ANTHONY, 2018).

 

5. Beatrice Hinkle, Kristine Mann, Eleanor Bertine e Esther Harding: a disseminação da prática junguiana fora da Europa

Desde antes de sua primeira viagem aos Estados Unidos, em 1909, por ocasião da palestra na Universidade Clark, o trabalho de Jung já era conhecido no país devido às traduções para a língua inglesa de seus estudos sobre associação de palavras, realizadas pelos médicos Adolf Meyer, psiquiatra nascido na Suíça, e Frederick Peterson, neurologista norte-americano que obteve treinamento em psicologia dinâmica em Viena e Zurique. Peterson tornou-se professor na Escola Médica de Cornell, em Nova Iorque, onde disseminara o trabalho de psiquiatras suíços, inclusive o de Jung (GIESER, 2019).

Em 1908, foi fundada na Escola Médica de Cornell a primeira clínica psicoterápica do país. Dentre os membros fundadores estava a médica Beatrice Moses Hinkle, primeira médica norte-americana a ocupar um cargo público no país. As técnicas suíças de psicoterapia já eram conhecidas na instituição quando, em 1909, partiu para Viena para estudar psicanálise com Freud. Feminista, Hinkle rejeitou as concepções freudianas a respeito de o psiquismo feminino ser condicionado ao masculino e acabou se aproximando do trabalho de Jung que apregoava a necessidade de independência e expressão da psique feminina. Assim, em 1916 concebeu a primeira tradução da principal obra de Jung na época para o inglês, Transformações e Símbolos da Libido, sob o nome de A Psicologia do Inconsciente (GIESER, 2019).

Hinkle era membro do primeiro grupo feminista norte-americano, o Heterodoxy Club, colocando Jung em contato com outras participantes que acabaram comparecendo aos seus seminários em Nova Iorque e Bailey Island nos anos 20 e 30. Dentre as participantes estava a médica Kristine Mann, paciente de Hinkle que se formara na Escola Médica de Cornell, tendo contato com o trabalho de Jung tanto em sua análise quanto em sua formação. Mann iniciara sua prática em psicoterapia em Nova Iorque, atraindo o interesse de pessoas pelo trabalho de Jung. Iniciou em 1928 um processo de análise com Jung que durou uma década (GIESER, 2019).

Mann tornou-se professora na Universidade Vassar, Nova Iorque, onde conheceu Eleanor Bertine, médica também formada na Escola Médica de Cornell e adepta do trabalho de Jung, tendo realizado terapia com o mesmo. Juntas, viajaram para Londres por ocasião do seminário de Jung na Cornuália, onde conheceram Mary Esther Harding, também médica e que havia feito sessões de terapia com Jung em Zurique (GIESER, 2019).

Mann e Bertine retornaram para Nova Iorque e Harding decidira se juntar a elas. Em 1936, as três fundaram o Clube de Psicologia Analítica de Nova Iorque, tornando-se o primeiro centro de prática psicoterápica e formação baseada no trabalho de Jung fora da Europa. Mann, Bertine e Harding mantiveram contato com Jung até sua morte em 1961 e, ocasionalmente, dirigiam-se até a Suíça para encontrá-lo.

Em carta para Harding em 8 de julho de 1947, Jung diz:

Estou contente que a senhora e outros mais levem adiante um trabalho que eu comecei em tempos passados. O mundo precisa disso com urgência. [] A Suíça tornou-se uma ilha de sonhos no meio de ruínas de morte. A Europa é um cadáver em decomposição. (ADLER, JAFFÉ, 2018, p. 75).

O trecho nos permite dimensionar a importância que uma instituição aos moldes do Clube Psicológico de Zurique, fora do contexto europeu, possuía para Jung em termos de estruturação de um projeto de psicologia geral, pois, ao dizer que começara algo que outros deram continuidade, o autor está falando de um trabalho passível de ser revisitado, ampliado e questionado para além do círculo fechado e das vivências dos suíços, o que implica no reconhecimento de que a psicologia analítica enquanto projeto de psicologia geral, não poderia se limitar à sua prática individual.

 

6. Mary Conover Mellon: as obras de C. G. Jung

Em 1947, Jung assinou contrato com as editoras Pantheon Books e Kegan Paul para iniciar o processo de reedição e publicação de seus escritos no formato Obras Completas1. A empreitada surgiu anos antes pela vontade de Mary Conover Mellon, outra filantropa estadunidense interessada em psicologia analítica. O primeiro encontro de Mary com Jung ocorreu em 1937, em Yale, quando Jung apresentou suas palestras sobre Psicologia e Religião (MCGUIRE, 1989).

Mary conheceu o trabalho de Jung em 1934 pelos textos disponíveis em inglês traduzidos por Hinkle. Seu marido, Paul Mellon, também compartilhava o interesse pelo trabalho de Jung e, quando o conheceram em 1937, comunicaram o desejo de irem à Zurique para sessões de psicoterapia. A ida para Zurique ocorreu em 1938, ao receberem permissão de Jung para frequentarem o seminário sobre o Zaratustra de Nietzsche, mas a atribulada agenda de Jung não permitiu que realizassem sessões clínicas. Mary retornara à Zurique em 1939 para dar seguimento ao seminário e comparecer às palestras ministradas por Jung no Instituto Federal, realizando, ainda, sessões de terapia (MCGUIRE, 1989).

O contato de Mary com o mundo das transcrições dos seminários levou-a a manifestar interesse por reunir e reeditar os trabalhos já publicados por Jung, assim como publicar os textos inéditos. Ao retornar para Nova Iorque em 1942, devido à situação da Guerra na Europa, deu início à construção da editora Bollingen Foundation. Um mês após a fundação, Mary escreveu para Jung reforçando o plano de publicação de seus textos em uma única edição, para que seu trabalho fosse preservado e sobrevivesse à destruição daqueles tempos. A resposta de Jung indicava que estava cogitando quais textos deveriam ser publicados (MCGUIRE, 1989).

O agravamento da Guerra e a entrada dos Estados Unidos no conflito suspenderam as atividades da editora, retornando em 1943. Mary contratara Kurt Wolff, diretor da editora Pantheon Books, para ser editor na Bollingen. Assim, os livros idealizados por Mary seriam publicados como Bollingen Series pela Pantheon Books. Em 1946, um ano antes de Jung assinar o contrato final com a editora, Mary Mellon faleceu. No mesmo ano, seu marido decidiu continuar o projeto de publicação dos textos de Jung e em 1947, juntamente com a editora inglesa Kegan Paul, assinaram acordo de direitos de publicação em língua inglesa nos Estados Unidos e Reino Unido (MCGUIRE, 1989). Foi o formato em inglês da edição dos manuscritos de Jung que estabeleceu o padrão a partir do qual seus textos deveriam ser reproduzidos em outras línguas, sendo Mary Mellon a visionária do projeto.

 

7. Considerações finais

A combinação do espírito empreendedor e aventureiro com a vontade de poder e proatividade, observado por Jung (2012f; 2013a) nas mulheres estadunidenses, permitiu que as mesmas se envolvessem no paradigma da responsabilidade do sujeito em desenvolver-se individualmente e socialmente, apregoado pelo trabalho de Jung. Dessa maneira, a psicologia analítica constituiu-se como terreno fértil para que mulheres pioneiras pudessem se envolver e contribuir com o cenário da estruturação da psicologia moderna no início do século XX, colocando por terra a ideia de que Jung era cercado de admiradoras e seguidoras passivas.

Para além das já devidamente reconhecidas colaboradoras de Jung dentro do desenvolvimento de suas propostas, como von Franz, Jaffé, Wolff, Jacobi e sua esposa Emma, buscamos trazer visibilidade para outras mulheres igualmente importantes no quesito estruturação e divulgação da psicologia analítica.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

 

Referências

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Recebido em: 10/08/2020
Revisão: 18/11/2020

 

 

1 Por mais que o nome Obras Completas sugira a totalidade dos textos de um autor, no caso de Jung é preciso fazer certas considerações a este respeito. A intenção de Mary Mellon consistia em, inicialmente, reeditar os trabalhos mais conhecidos de Jung até a época e publicar todos os outros trabalhos inéditos do autor, bem como possíveis novos escritos. Esta edição receberia o nome de The New Edition (A Nova Edição), mas teve o nome mudado para Collected Works (HOERNI, 2011). O termo Collected Works pode ser traduzido como Obras Coligidas, reforçando a ideia de que os tomos que compõem o trabalho publicado do autor não representa toda sua produção. No Brasil, a publicação dos textos de Jung que segue o modelo padronizado de sua obra recebeu o nome de Obras Completas de C. G. Jung, veiculado pela Editora Vozes, mas, se trata das obras coligidas. O título de Complete Works, esse sim Obras Completas, fora o título dado pela Philemon Foundation ao projeto de edição dos textos ainda não publicados de Jung. A estimativa da fundação é de que as Obras Completas consistam em trinta volumes, para além dos vinte já existentes.

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