SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.39 número2O complexo heteropatriarcal: uma contribuição para o estudo da sexualidade na psicologia analítica a partir da teoria socialChamado de Eco: a escuta de vozes silenciadas índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Junguiana

versão On-line ISSN 2595-1297

Junguiana vol.39 no.2 São Paulo jul./dez. 2021

 

Os instintos nas neurociências afetivas e na psicologia analítica

 

Los instintos en las neurociencias afectivas y en la psicología analítica

 

 

Guilherme Silva Gonçalves

Graduado em psicologia pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). Terapeuta em análise aplicada do comportamento. Presidente e membro fundador da Liga Acadêmica de Pesquisas e Estudos Junguianos (LAPEJ) da FMU (2019-2021). Membro do departamento de literatura do Instituto Junguiano de São Paulo (IJUSP). E-mail: sg.guilherme00@gmail.com

 

 


RESUMO

Este artigo visa estabelecer relações entre a psicologia analítica de Carl Gustav Jung e as neurociências afetivas de Jaak Panksepp. Para isso, foi feita uma comparação entre os sistemas instintivos básicos propostos por ambas as teorias. Uma das principais características do pensamento de Jung, que o diferencia das outras teorias psicodinâmicas, é sua ênfase na base instintiva da psique, constituída de pré-disposições herdadas. Da mesma forma, as neurociências afetivas se concentram principalmente na base instintiva e herdada de certos comportamentos humanos, relacionados às emoções primárias, enraizadas principalmente em estruturas subcorticais. Através do estudo dessas estruturas, Panksepp demonstrou que existem diversos sistemas instintivos envolvidos na formação da personalidade humana, ponto que Jung também defendeu contra a primazia do instinto sexual na teoria de Sigmund Freud. Além disso, as neurociências afetivas e a psicologia analítica propõem intervenções psicoterapêuticas que levem em conta os aspectos instintivos da personalidade, considerando mudanças puramente cognitivas como insuficientes. Assim, apesar de seus pressupostos materialistas, as pesquisas Panksepp possuem pontos em comum com aspectos da teoria de Jung, com sistemas instintivos semelhantes, demonstrando a importância da história da espécie para a constituição psíquica do ser humano, contrariando a crescente onda do construcionismo social, que teve sua ascensão impulsionada pelos movimentos behavoristas dos anos 1950, e que ainda hoje permeia o imaginário popular.

Palavras-chave: neurociências; psicoterapia analítica; Jung, Carl Gustav, 1875-1961; comportamento instintivo; emoções


RESUMEN

Este artículo tiene como objetivo establecer relaciones entre la psicología analítica de Carl Gustav Jung y las neurociencias afectivas de Jaak Panksepp. Para ello, se realizó una comparación entre los sistemas instintivos básicos propuestos por ambas teorías. Una de las principales características del pensamiento de Jung, que lo diferencia de otras teorías psicodinámicas, es su énfasis en la base instintiva de la psique, formada por predisposiciones heredadas. Asimismo, las neurociencias afectivas se centran principalmente en la base instintiva y heredada de determinadas conductas humanas, relacionadas con las emociones primarias, enraizadas principalmente en estructuras subcorticales. A través del estudio de estas estructuras, Panksepp demostró que hay varios sistemas instintivos involucrados en la formación de la personalidad humana, un punto que Jung también defendió contra la primacía del instinto sexual en la teoría de Sigmund Freud. Además, las neurociencias afectivas y la psicología analítica proponen intervenciones psicoterapéuticas que tengan en cuenta los aspectos instintivos de la personalidad, considerando insuficientes los cambios puramente cognitivos. Así, a pesar de sus supuestos materialistas, las investigaciones de Panksepp tienen puntos en común con aspectos de la teoría de Jung, con sistemas instintivos similares, demostrando la importancia de la historia de las especies para la constitución psíquica del ser humano, contrarrestando la creciente ola de construccionismo social, que tuvo su auge impulsado por los movimientos behavioristas de los años 50, y que aún hoy permean el imaginario popular.

Palabras clave: neurociências, psicoterapia analítica, Jung, Carl Gustav, 1875-1961, comportamiento instintivo, emociones


 

 

O papel da herança psíquica na teoria de Jung

Jung defendeu a importância da história evolutiva do ser humano na formação de seu comportamento típico, que não podia ser explicado simplesmente pela experiência de vida pessoal de cada um. Ele afirmou que as formas de pensar e agir do ser humano não seriam fruto do acaso, mas seriam influenciadas por trilhas de possibilidades pré-estabelecidas, presentes na própria estrutura do cérebro (JUNG, 2013g, p. 230). Mesmo assim, o modelo de psique de Jung nunca foi materialista, ou seja, ele nunca afirmou que a psique seria fruto da química cerebral. Na psicologia analítica, o psíquico e o físico são vistos como manifestações opostas de um mesmo fenômeno paradoxal que não pode ser apreendido racionalmente até momento (JUNG, 2013e, p. 619). Com isso, ele não negou a importância da integridade do sistema nervoso central para o funcionamento psíquico adequado (JUNG, 2013f, p. 318). Sobre essa interação entre psique e cérebro, ele diz:

O processo psíquico que está na raiz da consciência é automático; não sabemos de onde ele se origina nem para onde se encaminha. Sabemos apenas que o sistema nervoso e particularmente os seus centros condicionam e exprimem a função psíquica e que essas estruturas herdadas voltam infalivelmente a funcionar, em cada novo indivíduo, exatamente do mesmo modo como sempre fizeram em todos os outros (JUNG, 2013g, p. 227).

Portanto, Jung reconheceu que as estruturas dos centros do sistema nervoso pelo menos condicionam o funcionamento psíquico de acordo com certas formas instintivas, que constituem o que ele chamou de inconsciente coletivo.

O conceito de inconsciente coletivo postulado por Jung veio a partir das suas observações dos produtos psíquicos espontâneos de seus pacientes, como sonhos, delírios, fantasias etc. Ele percebeu que muitas vezes surgiam temas recorrentes nestes fenômenos:

A frequente retomada de formas e imagens arcaicas de associação observada na esquizofrenia me forneceu, pela primeira vez, a ideia de um inconsciente que não consta apenas de conteúdos originários da consciência que se perderam, mas de uma camada ainda mais profunda, dotada de caráter universal, como são os motivos míticos característicos da fantasia humana. Esses motivos não são de modo algum inventados e sim descobertos, constituindo formas típicas que aparecem de maneira espontânea e universal, independentes da tradição nos mitos, contos de fada, fantasias, sonhos, visões e ideais delirantes. Uma investigação mais cuidadosa mostra que se trata de atitudes típicas, de modos de agir, de formas de ideias e impulsos que devem constituir o comportamento tipicamente instintivo da humanidade. O termo arquétipo por mim escolhido coincide com o conceito tão conhecido de 'pattern of behaviour'. Não se trata de maneira alguma de ideias herdadas, mas de impulsos e formas instintivas herdadas, tais como observamos em todo ser vivo (JUNG, 2013a, p. 565).

Uma das diferenças entre as teorias de Freud e de Jung é o fato de que o primeiro considerava as atividades culturais do ser humano e suas relações sociais como sublimações de uma energia sexual (JUNG, 2013i, p. 46), enquanto Jung acreditava que estas atividades podiam ser controladas por instintos diferentes, mesmo não negando a importância da sexualidade para o ser humano, inclusive reconhecendo que boa parte dos conflitos psicológicos tem um fundo erótico (JUNG, 2014, p.14). Em sua experiência como médico, Jung observou outras necessidades e instintos humanos que exerciam igual influência sobre o comportamento, e que poderiam ser fontes de perturbações tão graves quanto a sexualidade, quando negligenciadas.

Mesmo sem contar com os instrumentos adequados para comprovar suas conclusões, Jung descreveu fielmente os fatos observados em sua extensa prática clínica, batendo de frente com muitos preconceitos da época. Se falar da sexualidade feriu a moral social da época, que ainda via o ser humano ideal como alguém plenamente racional, falar de temas relacionados à mitologia e à religião era um crime passível de excomungação do meio acadêmico, por constituir uma blasfêmia contra o credo materialista. Assim, Jung foi relegado ao segundo plano e até hoje é considerado um assunto tabu em muitas universidades. O célebre psicólogo canadense, Jordan B. Peterson, que trouxe novamente as ideias de Jung ao cenário mundial nos últimos anos, conta que foi constantemente alertado por seus professores na sua época de estudante a não se aproximar da psicologia analítica, pois isso traria descrédito ao seu trabalho (PETERSON, 1999, p. 401). Felizmente, com o avanço das neurociências, há perspectivas de mudança neste cenário.

 

As neurociências afetivas

Consolidadas pelo neurocientista Jaak Panksepp, as neurociências afetivas são baseadas nas pesquisas voltadas para entender o funcionamento tanto do cérebro humano como o de outros animais.

De acordo com nosso conhecimento até o presente momento, os sistemas emocionais primários são feitos de estruturas neuroanatômicas e neuroquímicas notavelmente similares entre todas as espécies de mamíferos. Isso sugere que esses sistemas evoluíram há muito tempo e que, em um nível emocional e motivacional básico, todos os mamíferos são mais semelhantes do que diferentes (PANKSEPP; BIVEN, 2012, p. 4) tradução autores.

Claro que as neurociências afetivas reconhecem toda a complexidade que é adicionada ao comportamento humano devido às suas capacidades cognitivas ímpares. Mesmo assim, Panksepp e Biven (2012) dizem que essas funções cognitivas são inicialmente programadas pelos processos afetivos primários, o que pode acontecer de forma adequada ou patológica. Assim, mesmo que o ser humano desenvolva uma enorme variedade de funções cognitivas, seu funcionamento psíquico nunca deixa de estar profundamente enraizado, e de ser influenciado, por esses padrões instintivos (p. 5).

Nesta disciplina o cérebro é estudado, na maior parte do tempo, em uma perspectiva de baixo para cima, das estruturas mais antigas para as mais recentes. O termo BrainMind ("CérebroMente") é usado quando partindo da perspectiva de baixo para cima, enquanto MindBrain ("MenteCérebro") é usado quando se fala da perspectiva de cima para baixo, mostrando que existe uma causalidade circular entre os níveis de funcionamento cerebral, mesmo que o foco das neurociências afetivas sejam os processos emocionais primários. A falta de espaço entre ambas as palavras indica que se trata de um processo unificado, ou seja, cérebro e mente são inseparáveis. Assim, Panksepp e Biven (2012) adotam uma perspectiva monista dual do funcionamento psicológico do ser humano (p. 7). Essa visão não dualista se assemelha, de certa maneira a de Jung, descrita na seção anterior, com a diferença de que as neurociências afetivas partem de pressupostos materialistas (p. 417), enquanto Jung preferiu deixar essa questão em aberto por falta de provas neste sentido, preferindo se ater ao ponto de vista psicológico (JUNG, 2013e, p. 282).

O método de pesquisa das neurociências afetivas é triangular, levando em conta a estrutura cerebral dos mamíferos, os comportamentos instintivos emocionais e os estados subjetivos da mente associado a estes instintos. Enquanto a maioria dos neurocientistas leva em conta somente os padrões de comportamento instintivos e as estruturas cerebrais envolvidas, Panksepp e Biven (2012) incluem o aspecto psicológico desta dinâmica, argumentando que os sistemas emocionais instintivos não somente se expressam em padrões de comportamento, mas também influenciam a forma de experienciar o mundo. Este último aspecto é acessível somente através da pesquisa com seres humanos (pp. 23-4).

Por levar em conta os instintos básicos herdados e sua relação com as formas humanas de agir e, principalmente, de organizar suas experiências no mundo, muitos pontos de contato podem ser feitos entre as teorias das neurociências afetivas e a de Jung.

 

Os instintos básicos em Jung

Como foi dito acima, Freud considerava o instinto sexual, ou o princípio do prazer, como a principal força motriz por trás do comportamento, considerando muitas das atividades culturais do ser humano substituições de um desejo originalmente reprimido ou sublimado (JUNG, 2013i, p. 46). Posteriormente ele acrescentou a pulsão de morte como uma das outras forças que influenciavam o comportamento humano (JUNG, 2014, p.33). Jung, por outro lado, considerava a energia psíquica como um conceito neutro, mudando de aplicação de acordo com as necessidades naturais da vida e da pressão interna de diferentes instintos que muitas vezes entram em contradição. "O fato de a energia poder sofrer essas diversificações é indício de que há ainda outros impulsos suficientemente poderosos para modificar o curso do instinto sexual..." (JUNG, 2013d, p. 239). Estes grupos de instintos seriam os de autopreservação, os de preservação da espécie, os de reflexão, os de impulso à ação e o de criatividade:

Os instintos de autopreservação são exemplificados através da fome, que ele afirma possuir um caráter mais preponderante na vida humana, especialmente na do primitivo, do que a sexualidade.

Os instintos de preservação da espécie são exemplificados através do instinto sexual, que, no ser humano, não está ligado somente com a reprodução, mas também com sentimentos, afetos e até mesmo com interesses espirituais e materiais.

O instinto de reflexão consiste nas inúmeras associações que o ser humano faz automaticamente quando confrontado com alguma situação, o que leva a uma maior variabilidade de suas respostas, funcionando como uma espécie de raciocínio instintivo, que está na base das produções culturais mais complexas.

O impulso à ação se manifesta quando as necessidades dos outros impulsos foram satisfeitas, levando à busca ativa no ambiente por novas possibilidades e também a comportamentos lúdicos.

O instinto de criatividade é um dos que mais variam de pessoa para pessoa. Em algumas, a necessidade de criar se impõe com grande violência, podendo submeter a personalidade inteira à sua satisfação, enquanto em outros este instinto é praticamente imperceptível durante toda a vida. Devido a esta falta de universalidade e de conteúdo, Jung preferiu atribuir à criatividade uma natureza semelhante à do instinto. Ele também notou que a criatividade se associa com os demais instintos, como o impulso à ação, à sexualidade e ao instinto de reflexão, sem se igualar a nenhum deles (JUNG, 2013d).

 

Os sete sistemas emocionais primários nas neurociências afetivas

Panksepp e Biven (2012), por sua vez, fala de sete sistemas emocionais básicos, com circuitos neurológicos específicos, consistindo em padrões de reação e estados afetivos característicos. Quando fala desses sistemas emocionais, ele usa letras capitais, indicando que está se referindo ao sistema neurológico, e não ao significado popular atribuído a estas palavras. Estes sistemas são divididos em RAGE ("raiva"), FEAR ("medo"), SEEKING ("procura"), PLAY ("brincar"), LUST ("apetite sexual"), PANIC ("pânico") e CARE ("cuidar") (p. 34). A nomenclatura original em inglês será mantida já que, até o presente momento, não existem traduções oficiais das obras de Panksepp para o português. Para mais detalhes e ilustrações das estruturas cerebrais relacionadas com os sete sistemas, consultar a obra de Panksepp e Biven (2012).

RAGE é o sistema que entra em ação nos mamíferos em situações específicas, como quando privados de mobilidade, sofrendo irritação na superfície corporal, privados de alimento, privados de uma recompensa iminente e quando competindo com outros por recursos (p. 149). Suas respostas características consistem em cerrar os dentes, socar, morder, arranhar e atacar, sendo a intensidade da manifestação proporcional à intensidade da estimulação (p. 150). As principais estruturas cerebrais envolvidas no funcionamento deste sistema são a substância cinzenta periaquedutal (PAG), a zona medial do hipotálamo e a zona medial da amígdala (p. 151).

FEAR é o sistema responsável por preservar o organismo quando existe ameaça à integridade física, como no caso de encontro com predadores. A resposta mais característica deste sistema consiste na paralisação e, em níveis mais altos de estimulação, na fuga (p.179). De maneira geral, as estruturas cerebrais do FEAR começam nas áreas ventrais da PAG, se conectando com as áreas anteriores e mediais ao redor do terceiro ventrículo do hipotálamo, e também com as zonas centrais da amígdala (p. 182).

PANIC é o sistema responsável pelo stress de separação e é ativado quando o indivíduo sofre alguma forma de perda social, como o abandono ou a rejeição, sendo mais sensível nos primeiros anos de vida. Esse sistema foi chamado de PANIC porque quando mamíferos jovens são abandonados eles expressam uma forma especial de ansiedade, um estado agitado de pânico (p. 314). Algumas estruturas envolvidas no funcionamento do PANIC são a PAG, o tálamo dorsomedial e o córtex cingulado anterior (p. 315).

Estes três sistemas são considerados os sistemas emocionais negativos, cujos organismos evitam ativar, sendo considerados punitivos. Também existem quatro sistemas emocionais positivos:

SEEKING, o sistema emocional mais básico de todos, coloca o organismo como explorador ativo do ambiente para encontrar os recursos necessários para a sobrevivência e satisfazer as necessidades de todos os outros sistemas (p. 95), sendo também responsável pela curiosidade (p. 102). Esse sistema é ativado durante a antecipação, mas não durante a consumação de recompensas, e causa o comportamento eufórico da aproximação de algo valorizado. As principais estruturas deste sistema são a área ventral tegmental (VTA), o feixe prosencefálico medial e hipotálamo lateral (MFB-LH), o núcleo accumbens e o córtex pré-frontal medial, conectados através das vias dopaminérgicas mesolímbica e mesocortical (p. 104).

O LUST é o sistema responsável pela excitação sexual e pelos comportamentos sexuais específicos de cada sexo, tendo centros diferentes no cérebro masculino e no feminino (p. 249). O epicentro da sexualidade masculina é o núcleo intersticial do hipotálamo anterior (INAH), que possui uma grande quantidade de receptores de testosterona (p. 250), responsável pela produção de outros neuropeptídios, como a vasopressina, relacionados com comportamentos sexuais masculinos, como excitação e aproximação sexual, além de algumas formas de agressividade territorialista (p. 251). Já nas fêmeas os impulsos sexuais se originam no hipotálamo ventromedial (VMH), controlados principalmente pela progesterona e pelo estrogênio (p. 255). A ação desses hormônios eleva a produção de oxitocina e sensibiliza os receptores desta mesma substância no VMH, levando a fêmea a se tornar mais emocionalmente receptiva aos avanços sexuais dos pretendentes (p. 256). Entre os seres humanos, a testosterona também participa da sexualidade feminina, mesmo que em um grau menor do que na sexualidade masculina.

PLAY é responsável pelo prazer das interações sociais positivas, como as brincadeiras físicas características dos filhotes, que acontecem espontaneamente quando estes estão juntos em um ambiente seguro e bem alimentados. Através do brincar, se desenvolvem habilidades sociais e de sobrevivência (p. 354). É um sistema extremamente importante para o desenvolvimento cerebral dos mamíferos, porém sua atividade é facilmente diminuída por emoções negativas. As estruturas que têm relação essencial com o PLAY são o complexo parafascicular e o núcleo talâmico dorsomedial posterior (p. 364).

CARE é o sistema responsável pelo cuidado dos mamíferos com seus filhotes e pela criação de vínculo com estes, e é mais sensível nas fêmeas do que nos machos (p. 286). O toque, a aproximação dos corpos, a criação de vínculo e a reação aos sinais de stress da prole são reações provenientes da atividade deste sistema emocional. Algumas estruturas cerebrais relacionadas com o CARE são o núcleo paraventricular (PVN), a área dorsal pré-óptica (dPOA), núcleo do leito da estria terminal (BNST) com algumas projeções que vão até a VTA, que pode ativar o SEEKING para executar comportamentos maternos típicos, como construir ninhos seguros e manter os filhotes próximos de si (p. 293).

 

Comparação entre grupos de instintos e sistemas emocionais primários

Ao comparar ambos os grupos, pode-se estabelecer uma relação entre os instintos básicos nomeados por Jung e os sistemas emocionais descritos por Panksepp e Biven (2012). Por exemplo, no grupo dos instintos de autoconservação, Jung dá como exemplo na maioria das passagens apenas a fome, que não é considerada por Panksepp e Biven (2012) como um afeto emocional, mas como um afeto homeostático, que também está entre os afetos primários (p. 10). Jung também relaciona os instintos de autoconservação com os instintos de preservação do indivíduo no geral, ausente em muitos pacientes esquizofrênicos (JUNG, 2013k, p.276). Portanto, pode-se incluir os instintos que visam a preservação do organismo neste grupo, incluindo os comportamentos associados aos sistemas RAGE, FEAR e PANIC.

Quando Jung fala do grupo de instintos de preservação da espécie, ele dá como exemplo a sexualidade. Mas, como o nome conservação da espécie implica na procriação, pode-se incluir neste grupo o CARE e o LUST. Jung diz que, ao longo da evolução, o sistema sexual se dividiu entre a procriação e o cuidado com a prole (JUNG, 2013j, p.194), hipótese similar à de Panksepp e Biven (2012), que também considerava o CARE e o LUST como evolutivamente derivados do mesmo sistema emocional, mas distintos no cérebro do ser humano de hoje (p. 290).

Já o impulso da ação e o de reflexão seriam dois aspectos distintos do SEEKING, que envolve tanto a exploração ativa do ambiente quanto o uso de associações para resolver uma determinada situação-problema ou para satisfazer a curiosidade (p., 102). Jung diz sobre o instinto de reflexão:

A reflexão retrata o processo de excitação e conduz o impulso para uma série de imagens que, se o estímulo for bastante forte, é reproduzida em nível externo. Essa reprodução concerne seja a todo processo, seja ao resultado do que se passa interiormente e tem lugar sob diferentes formas: ora diretamente como expressão verbal, ora como expressão do pensamento abstrato, como representação dramática ou como comportamento ético ou ainda como feito científico ou como obra de arte... A reflexão é o instinto cultural par excelence, e sua força se revela na maneira como a cultura se afirma em face da natureza (JUNG, 2013d, p. 243-4)

De maneira similar, Panksepp diz sobre o sistema SEEKING:

No ser humano, o pensamento estratégico tem grande parte na excitação do SEEKING, porque esse sistema, como todos os nossos outros sistemas emocionais, tem muitas conexões com o neocórtex frontal... Quando o sistema SEEKING estimula o neocórtex, ele energiza o pensamento, que é um tipo de mundo virtual, produzindo comportamentos aprendidos complexos que não são instintuais e que podem ser até mesmo contra instintivos... Este sistema energiza toda a criatividade humana, ele tem sido o motor mental para todas as civilizações (PANKSEPP; BIVEN, 2012, pp. 102-3) tradução autores.

Assim como Jung descreve a criatividade como um impulso que se relaciona com todos os outros instintos, Panksepp diz o mesmo sobre o SEEKING, já que este é o responsável por satisfazer as necessidades de todos os outros instintos, funcionando como estado de excitação sem objeto específico. Ainda dentro do grupo dos instintos de atividade (impulso à ação) Jung inclui as atividades lúdicas do ser humano, colocando o brincar dentro das atividades instintivas, assim como Panksepp fez com o PLAY.

Resumindo, pode-se incluir no grupo dos instintos de atividade o SEEKING e o PLAY, dentro do grupo de instintos de conservação da espécie CARE e LUST; dentro dos instintos de autoconservação, o RAGE, FEAR e o PANIC, e também os afetos homeostáticos. O instinto de reflexão e a criatividade também podem ser relacionados com o SEEKING, especialmente na interação das estruturas subcorticais deste sistema com o neocórtex, que pode motivar comportamentos aparentemente contra instintivos a partir de necessidades instintivas.

 

Instinto e libido

Jung nunca tentou estabelecer circuitos neuronais subjacentes para os diferentes instintos, mas sim apontar que diversos instintos participam das atividades humanas. É notável o fato de existirem tantas relações entre as observações feitas em sua prática clínica e os resultados de pesquisas recentes das neurociências afetivas. A influência de diversos instintos na formação da personalidade humana, que foi defendida por Jung, é um fato agora comprovado, em contraste com a teoria da primazia do instinto sexual proposta por Freud.

Jung diz que muitas atividades que podem ser derivadas da sexualidade evolutivamente, hoje se consolidaram como funções independentes:

Assim, muitas funções complicadas, às quais hoje em dia deve ser negado um caráter sexual, provêm originalmente do instinto de propagação. Como se sabe, na série ascendente dos animais ocorreu um deslocamento importante nos princípios da propagação: a massa dos produtos de procriação com a correlata causalidade de fecundação foi reduzida mais e mais a favor de uma fecundação segura e uma proteção eficiente da prole (JUNG, 2013j, p.194).

De maneira similar, Panksepp e Biven (2012) diz:

Freud hipotetizou que todo o amor não sexual, mesmo o amor materno, era uma sublimação de um desejo sexual subjacente. Ele manteve a ideia de que a sublimação, a canalização de uma energia emocional básica em atividades socialmente úteis, ocorria quando as necessidades sexuais eram transformadas em valores sociais capazes de servir propósitos não sexuais... Mesmo que o CARE tenha evoluído do LUST, os dois sistemas são suficientemente distintos no cérebro e eles executam funções diferentes. O LUST gera desejos sexuais enquanto o CARE gera afetos não sexuais... (p. 290) tradução autores.

Panksepp ainda diz que existem outros sistemas emocionais muito diferentes do CARE e do LUST que são importantes para o desenvolvimento de relações sociais, como PANIC e o PLAY, que não estão presentes na teoria freudiana.

Além dos sete sistemas emocionais básicos, Panksepp também postulou a existência de um SELF instintivo, responsável por integrar as diferentes informações corporais, ambientais e emocionais em uma estrutura coerente (PANKSEPP; BIVEN, 2012, p. 392). Também é possível fazer uma relação entre o conceito de SELF de Panksepp e o conceito de si-mesmo na psicologia analítica, que também funciona como o centro organizador da psique (ALCARO et al., 2017).

Também é importante ressaltar que, por mais que Jung tenha feito essa divisão dos instintos em grupos, ele mesmo acreditava que, do ponto de vista dinâmico, eles eram manifestações diferentes de uma mesma energia, chamada libido.

Na natureza naturalmente não existe essa separação artificial. Aqui só vemos um instinto vital contínuo, uma vontade de existir, que pela conservação do indivíduo busca alcançar a propagação de toda a espécie... Assim, também a interpretação da libido como cupiditas ou appetitus é uma interpretação do processo energético psíquico que vivenciamos sob a forma de um appetitus (JUNG, 2013j, p. 195).

Ele preferia adotar o ponto de vista energético na sua prática clínica pela enorme comunicação existente entre os diferentes instintos:

O ponto de vista energético significa a libertação da energia psíquica, numa definição por demais estreita. A experiência mostra que processos instintivos de qualquer tipo muitas vezes são enormemente aumentados pelo afluxo de energia que pode ser procedente de qualquer parte... Uma esfera instintiva pode ser temporariamente despotencializada em favor de uma outra. Isso se aplica a todas as atividades psíquicas em geral (JUNG, 2013j, p. 199).

Da mesma forma, Panksepp e Biven (2012) viam os instintos como instrumentos herdados, em forma de um sistema de valores codificados, para aumentar o sucesso do organismo no jogo da existência e no enfrentamento de seus desafios típicos (p. 68). Ou seja, eles são unificados por um mesmo propósito, um mesmo appetitus, mesmo que tenham estruturas físicas diferenciadas. Nas neurociências afetivas, as atividades dos diferentes instintos também têm influência umas sobre as outras, mas não de forma tão ampla na teoria Junguiana. Por exemplo, a atividade do PANIC é contrabalanceada pelo CARE, assim como as emoções negativas facilmente inibem o PLAY etc.

 

A psicopatologia em Panksepp e Jung

Ambas as teorias, de Jung e Panksepp, têm um objetivo prático além de simplesmente compreender o funcionamento psicológico-cerebral do ser humano: elas pretendem ajudar, através desta compreensão dos instintos, a encontrar maneiras mais adequadas de se lidar com as psicopatologias.

Para Jung, os distúrbios patológicos consistem em um posicionamento inadequado frente aos instintos. Ele diz:

O instinto é uma misteriosa manifestação da vida, de caráter em parte psíquico, em parte fisiológico. Ele pertence às funções mais conservadoras da psique e é difícil ou mesmo impossível modificá-lo. Distúrbios patológicos de adaptação, como neuroses etc., por essa razão se explicam antes por um posicionamento diante do instinto do que por uma modificação do mesmo. Este posicionamento, no entanto, é um problema complicado, altamente psicológico, que certamente não seria problema se dependesse do instinto. As forças motoras das neuroses provém de uma série de propriedades do caráter e influências do ambiente que em conjunto, resultam na atitude que torna impossível um modo de vida que satisfaça os instintos (JUNG, 2013j, p. 199).

De maneira similar, na perspectiva das neurociências afetivas, o objetivo da psicoterapia é reorganizar as interações entre os sistemas afetivos instintivos e os outros níveis do funcionamento cerebral-mental, que são divididos em uma hierarquia (Nested BrainMind Hierarchy) de três níveis: processos primários (emoções, que consistem de afetos essencialmente subcorticais), processos secundários (aprendizagem, baseada em estruturas majoritariamente localizadas nas áreas límbicas superiores) e processos terciários (cognições baseadas majoritariamente em áreas neocorticais). Dessa maneira, estabelece-se uma dinâmica circular entre os níveis de funcionamento cerebral-mental, que pode ser saudável ou patológica, de acordo com as pré-disposições de personalidade do organismo e com as influências ambientais.

Assim, o círculo causal de via dupla se torna uma característica adaptativa da mente humana e possivelmente da mente dos mamíferos em geral, com desenvolvimento e aprendizagem inicialmente direcionado debaixo para cima, e com regulações e reflexões de cima para baixo se tornando parte do aparato cerebral-mental maduro e saudável (ou, em casos extremos, patológico). O desafio da psicoterapia e da psiquiatria biológicas é facilitar a reorganização de tais dinâmicas mentais (DAVIS; PANKSEPP, 2018, p. 77) tradução autores.

Assim como Jung, Panksepp acreditava que os resultados psicoterapêuticos mais duradouros acontecem quando são visados os níveis instintivos da personalidade, sendo as mudanças puramente cognitivas mais frágeis.

[P]ossivelmente os efeitos mais duradores ocorrem se o caminho terapêutico for pavimentado pela mudança da tonalidade afetiva dos afetos primários. Se este for o caso, o trabalho dos clínicos pode ser facilitado pela assimilação mais profunda e utilização das evidências disponíveis sobre os sistemas emocionais do cérebro derivadas das neurociências afetivas, e por visar a utilização mais ampla das técnicas afetivas mais diretas disponíveis (PANKSEPP; BIVEN, 2012, p. 457) tradução autores.

Jung e Panksepp visavam a base instintiva e suas necessidades como foco primário. Entretanto, na psicologia analítica, o método de identificação das necessidades instintivas negligenciadas é pautado na análise de produtos do inconsciente, através de técnicas como análise de sonhos e imaginação ativa, métodos que não estão presentes nas neurociências afetivas, mesmo que Panksepp considerasse que a função dos sonhos fosse avaliar experiências afetivas passadas para resolver situações futuras (PANKSEPP; BIVEN, 2012, p. 378), ou seja, os sonhos teriam uma função prospectiva assim como na teoria de Jung:

A função prospectiva é uma antecipação, surgida no inconsciente, de futuras atividades conscientes, uma espécie de exercício preparatório ou um esboço preliminar, um plano traçado antecipadamente. Seu conteúdo simbólico constitui, por vezes, o esboço de solução de um conflito... (JUNG, 2013b, p. 493).

As técnicas terapêuticas propostas pelas neurociências afetivas estão mais relacionadas com a estimulação dos sistemas emocionais positivos no setting terapêutico para contrabalancear os afetos negativos que surgem ao rememorar certas experiências desagradáveis. Esse processo foi chamado de reconsolidação da memória (PANKSEPP; BIVEN, 2012, p. 464).

Por fim, Panksepp e Jung acreditavam que a personalidade do terapeuta era, no fim das contas, um recurso terapêutico decisivo no desenvolvimento do tratamento:

Panksepp e Biven (2012): "Nós sabemos que as características de personalidade dos terapeutas, especialmente suas capacidades de alinhamento afetivo, são tipicamente mais importantes do que os procedimentos que eles usam" (p. 455) tradução autores.

Jung (2013h):

No diálogo entre médico e paciente, a questão de saber se o médico possui o mesmo insight dos seus próprios processos psíquicos que ele espera do paciente é evidentemente muito importante. E isso, sobretudo por causa do chamado rapport, isto é, da relação de confiança da qual depende, em última análise, o êxito terapêutico, pois, em muitos casos, o paciente só pode obter sua própria segurança interior através da segurança de sua relação com a pessoa humana do médico (p. 239).

Mesmo assim, as limitações das neurociências afetivas, que se baseiam principalmente em pesquisas com animais, tornam difícil o estudo de alguns aspectos especificamente humanos do comportamento. Panksepp e Biven (2012) admitiram, por exemplo, que cada instinto deve ser acompanhado de imagens relacionadas, porém esse aspecto é inacessível na pesquisa com animais, por ser acessível somente por descrições feitas através da linguagem (p. 428). Imagem do instinto é uma das formas pela qual Jung descreveu os arquétipos (JUNG, 2013c, p. 398), que seriam relacionados a padrões de comportamento e funcionamento psíquico especificamente humanos, ou seja, inacessível pela pesquisa com animais.

Assim como Darwin propôs que a presença de um mesmo comportamento em indivíduos de uma mesma espécie em diferentes regiões é indício de influência hereditária (DAVIS; PANKSEPP, 2018, p. 38), a presença repetida de diversos temas na fantasia humana ao redor do globo também deve ser considerada indício de um padrão instintivo. Por mais que, diferentemente dos sistemas emocionais, as estruturas cerebrais específicas que produzem os padrões arquetípicos não tenham sido identificadas até o presente momento, algumas pesquisas com psilocibina mostram que certos padrões de funcionamento cerebral se relacionam consistentemente com experiências descritas como místicas (TIMMERMANN et al., 2018), que incluem muitos dos temas que Jung considerou como arquetípicos, fato este que será mencionado aqui apenas de passagem, mas que será abordado mais detalhadamente em outro trabalho do autor.

 

Considerações finais

Jung foi um dos teóricos que trouxe a perspectiva evolutiva para o estudo do psicológico do ser humano, considerando este funcionamento psíquico como condicionado pelas estruturas cerebrais dos centros do sistema nervoso, enquanto a maioria dos teóricos se concentrava em como os aspectos ambientais e a história pessoal formavam os conflitos do homem moderno. Ele percebeu que, na realidade, ignorar a história do espírito humano e acreditar que todos os pontos decisivos do desenvolvimento se constroem na experiência pessoal levava a ineficiência de diversos processos terapêuticos. Assim, quando tratando seus pacientes, Jung sempre buscava levar em conta o lado instintivo da psique e o tipo de personalidade, ajudando o paciente a encontrar uma forma melhor de se posicionar diante destes, através de mudanças de atitude.

Hoje, com o advento das neurociências afetivas, a ideia de que as intervenções efetivas devem levar as necessidades instintivas do ser humano e seus traços de personalidade particulares, em vez de somente trabalhar em mudanças cognitivas e ambientais, tem uma base de evidências cada vez mais substancial. Panksepp demonstrou que muitos dos comportamentos considerados aprendidos por décadas pelos behavoristas, na verdade, são instintivos. As emoções são o exemplo mais proeminente, mas outras tendências instintivas, como o instinto materno, diferenças de personalidade e algumas diferenças de tendências de comportamento entre homens e mulheres também fazem parte da lista. Assim, o ponto de vista evolutivo volta ao estudo do comportamento humano em meio à febre do construcionismo social pós-modernista.

 

Referências

ALCARO, A; CARTA, S.; PANKSEPP, J. The affective core of the self: a neuro-archetypical perspective on the foundations of human (and animal) subjectivity. Frontier of Psychology, Lausanne, v. 8, p. 1-6, set. 2017. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2017.01424        [ Links ]

DAVIS, K.; PANKSEPP, J. The emotional foundations of personality. New York, NY: Norton, 2018.         [ Links ]

JUNG, C. G. A esquizofrenia. In: JUNG, C. G. Psicogênese das doenças mentais. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013a. p. 289-306. (Obra Completa de C. G. Jung, v. 3).         [ Links ]

JUNG, C. G. Aspectos gerais da psicologia dos sonhos. In: JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente: a natureza da psique. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013b. p. 186-234. (Obra Completa de Jung, v. 8/2).         [ Links ]

JUNG, C. G. Considerações teóricas sobre a natureza do psíquico. In: JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente: a natureza da psique. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013c. p. 104-85. (Obra Completa de Jung, Vol. 8/2).         [ Links ]

JUNG, C. G. Determinantes psicológicas do comportamento humano. In: JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente: a natureza da psique. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013d. p. 60-71. (Obra Completa de Jung, Vol. 8/2).         [ Links ]

JUNG, C. G. Espírito e vida. In: JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente: a natureza da psique. 10. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013e. p. 274-94 (Obra Completa de Jung, Vol. 8/2).         [ Links ]

JUNG, C. G. O conteúdo da psicose. In: JUNG, C. G. Psicogênese das doenças mentais. 6. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013f. p. 173-217 (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 3).         [ Links ]

JUNG, C. G. O significado da constituição da herança para a psicologia. In: JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente: a natureza da psique. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2013g. p. 52-9. (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 8/2).         [ Links ]

Jung, C. G. Psicologia do inconsciente. 24. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2014. (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 7/1).         [ Links ]

JUNG, C. G. Questões básicas de psicoterapia. In: JUNG, C. G. Psicoterapia: a prática da psicoterapia. 16. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013h. p. 127-42. (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 16/1).         [ Links ]

JUNG, C. G. Sigmund Freud, um fenômeno histórico-cultural. In: JUNG, C. G. O espírito na arte e na ciência. 8. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013i. p.38-45. (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 15).         [ Links ]

JUNG, C. G. Símbolos da transformação. 9. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013j. (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 5).         [ Links ]

JUNG, C. G. Tentativa de apresentação da Teoria Psicanalítica. In: JUNG, C. G. Freud e a psicanálise. 7. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013k. p. 97-230. (Obra Completa de C. G. Jung Vol. 4).         [ Links ]

PANKSEPP, J; BIVEN, L. The archaeology of mind: neuroevolutionary origins of human emotions. New York, NY: Norton, 2012.         [ Links ]

PETERSON, J. B. Maps of meaning: the architecture of belief. New York, NY: Routledge, 1999.         [ Links ]

TIMMERMANN, C. et al. DMT models the near-death experience. Frontier of Psychology, Lausanne, v. 9, p. 1-12, ago. 2018. https://doi.org/10.3389/fpsyg.2018.01424        [ Links ]

 

 

Recebido em: 26/06/2021
Revisão em: 01/11/2021

Creative Commons License