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Psico

versão On-line ISSN 1980-8623

Psico (Porto Alegre) vol.47 no.1 Porto Alegre  2016

http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2016.1.23834 

EDITORIAL
http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2016.1.23834

 

Alternativas para as pesquisas em psicologia durante a crise financeira do Brasil

 

Alternatives to research in psychology during the financial crisis in Brazil

 

Alternativas a la investigación en psicología durante la crisis financiera en Brasil

 

 

Renata Kochhann

Doutora em Medicina UFRGS. Pós-doutoranda em Psicologia PUCRS – bolsista DOCFIX. Professora colaboradora do PPG em Psicologia PUCRS

 

 

O ano de 2015 foi marcado pela crise financeira no Brasil que afetou todos os setores inclusive a pesquisa. Vários editais contemplados receberam suas verbas com atraso ou receberam somente uma parcela pequena do que foi aprovado. Ao mesmo tempo, tivemos cortes de novas bolsas de estudo em todos os níveis e atrasos nos pagamentos de bolsas vigentes. No meio desse caos financeiro nos perguntamos como conseguiremos continuar nossas pesquisas, pois sem financiamento não temos como realizar as avaliações ou manter recursos humanos para a realização das mesmas.

A perspectiva é de que esta crise perdure alguns anos, então temos que pensar como conseguiremos manter nossos estudos em andamento. Assim, descreverei algumas alternativas que considero bem sucedidas relacionadas à pesquisa sobre doença de Alzheimer que é minha área de estudo. O primeiro exemplo é a criação de redes cooperativas de pesquisas através de estudos multicêntricos como ocorre nos Estados Unidos da América (National Institute on Aging, 2016) que atualmente conta com 31 centros de pesquisa para a doença de Alzheimer (Alzheimer’s Disease Research Center) espalhados em 19 estados do país. Dados provenientes desta iniciativa, criada em 1999, geraram mais de 500 estudos publicados até o momento (National Alzheimer’s Coordinating Center, 2010).

Outro exemplo, criado em 2005 com o intuito de acelerar a pesquisa global sobre a doença de Alzheimer é a Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative (ADNI). Atualmente essa iniciativa está presente na América do Norte (Estados Unidos e Canadá), na Europa (Holanda, Itália, Dinamarca, Alemanha, Suécia e França), no Japão, na Austrália, em Taiwan, na Coréia, na China e na Argentina (Alzheimer’s Association, 2016). Neste sentido, anualmente a Alzheimer’s Association oferece a oportunidade, a pesquisadores do mundo inteiro, de solicitarem financiamento para pesquisas na área das demências através de seus diversos tipos de grants (Alzheimer’s Association, 2016). A Alzheimer’s Association é uma organização sem fins lucrativos criada em 1980 com a missão de eliminar a doença de Alzheimer através do avanço nas pesquisas. No ano de 2015 a Alzheimer’s Association concedeu mais de 17 milhões de dólares para mais de 80 estudos como parte de um investimento de mais de 80 milhões de dólares em mais de 350 projetos em andamento em 21 países (Alzheimer’s Association, 2016).

O terceiro exemplo é em relação a bolsas de estudo ofertadas fora do Brasil para aprimoramento do conhecimento nessa área. Criada em 2015, o Global Brain Health Institute (GBHI) é uma parceria entre University of California, San Francisco (UCSF) e Trinity College Dublin. Essas instituições criaram o GBHI com o objetivo de treinar uma nova geração de líderes de saúde que estarão habilitados a encontrar formas inovadoras de intervenção para prevenir e limitar o impacto da demência global. A previsão é que entre 2016 e 2020 até quarenta bolsas de estudo sejam ofertadas anualmente nestas instituições entre Fellowship e Scholarship Programs (Global Brain Health Institute, 2016).

As alternativas descritas acima estão relacionadas aos estudos sobre demências por ser da área de pesquisa que tenho conhecimento, no entanto, outros meios de fomento existem para outras áreas de pesquisa na Psicologia. Estas alternativas podem ser encontradas em sites como o da American Psychological Association (APA, 2016) e Social Psychology Network (Social Psychology Network, 2016), por exemplo.

Deste modo, o importante para este momento de crise é que possamos iniciar parcerias e tentarmos alternativas de cooperação internacional buscando opções de fomento fora do Brasil já que nacionalmente as ofertas de novos editais de financiamento e bolsas de estudo serão limitadas para os próximos anos.

 

Referências

Alzheimer’s Association. Alzheimer’s Association fiscal year 2015 Annual Report. Disponível em: <http://www.alz.org/annual_report/overview.asp>. Acesso em: 10 jan. 2016.

Alzheimer’s Association. Types of Research Grants. Disponível em: <http://www.alz.org/research/alzheimers_grants/types_of_grants.asp>. Acesso em: 10 jan. 2016.

Alzheimer’s Association. World Wide Alzheimer’s Disease Neuroimaging Initiative. Disponível em: <http://www.alz.org/research/funding/partnerships/WW-ADNI_overview.asp>. Acesso em: 10 jan. 2016.

American Psychological Association. Disponível em: <http://www.apa.org/related.aspx?query=PageID:7-191690-64&fq=DocumentTypeFilt:%22Scholarship/Grant/Award%22>. Acesso em: 10 jan. 2016.

Global Brain Health Institute. Disponível em: <http://www.gbhi.org/#gbhi>. Acesso em: 10 jan. 2016.         [ Links ]

National Alzheimer’s Coordinating Center. Disponível em: <https://www.alz.washington.edu/WEB/researcher_home.html>. Acesso em: 10 jan. 2016.

National Institute on Aging. Alzheimer’s Disease Research Centers. Disponível em: <https://www.nia.nih.gov/alzheimers/alzheimers-disease-research-centers>. Acesso em: 10 jan. 2016.

Social Psychology Network. Sources of Research Funding. Disponível em: <https://www.socialpsychology.org/funding.htm>. Acesso em: 10 jan. 2016.         [ Links ]

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