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Psico

On-line version ISSN 1980-8623

Psico (Porto Alegre) vol.48 no.1 Porto Alegre  2017

http://dx.doi.org/10.15448/1980-8623.2017.1.23652 

ARTIGO ORIGINAL

 

Materialismo de adolescentes de uma cidade do sul do Brasil

 

Adolescent materialism in a southern Brazilian city

 

Materialismo de adolescentes en una ciudad del sur de Brasil

 

 

Fernanda Palhares; Lia Beatriz de Luca Freitas

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, RS, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O materialismo tem ganhado destaque na sociedade moderna, e estudos indicam que a valorização excessiva dos bens materiais pode influenciar negativamente o desenvolvimento dos indivíduos. Investigaram-se os níveis de materialismo em uma amostra de 128 adolescentes entre 11 e 18 anos, de escolas públicas e privadas de Porto Alegre/RS. Utilizaram-se como instrumentos um Questionário Sociodemográfico e a Escala de Valores Materiais - forma reduzida. Os dados foram coletados nas escolas dos participantes. Os resultados sugerem grande variabilidade. Grupo etário, sexo e tipo de escola não apresentam correlação com os níveis de materialismo, enquanto que uso de internet aponta para correlação positiva significativa. Discutem-se esses resultados à luz da literatura, sugerem-se direções para futuras pesquisas e indica-se a adolescência como um momento propício do desenvolvimento humano para a realização de programas de intervenção que visem fomentar a reflexão dos jovens sobre os valores materiais.

Palavras-chave: Materialismo; Adolescência; Valores.


ABSTRACT

Materialism is currently a major factor in modern society, and studies indicate that the excessive value placed on material possessions can negatively influence individuals' development. We investigated levels of materialism in a sample of 128 adolescents aged from 11 to 18, from public and private schools in Porto Alegre/RS. We used a socio-demographic questionnaire and the Scale of Material Values - Short Form. The data were collected in the participants' schools. The results suggest a great deal of variability. Age group, gender and school type were not related to the level of materialism, although it was significantly correlated with internet use. We discuss these findings in light of previous literature, suggest future research directions, and note that adolescence is a propitious period in human development to implement intervention programs designed to encourage youths' reflection about materialistic values.

Keywords: Materialism; Adolescents; Values.


RESUMEN

El materialismo ha ganado importancia en la sociedad moderna. Los estudios muestran que este comportamiento puede influir negativamente en el desarrollo de los individuos. Hemos investigado los niveles de materialismo en una muestra de 128 adolescentes entre 11 y 18 años de escuelas públicas y privadas de la ciudad de Porto Alegre/RS. Se utilizó una Encuesta Sociodemográfica y Escala de Valores Materiales - forma reducida. Los datos fueron recolectados en las escuelas. Los resultados sugieren una gran variabilidad. Grupo de edad, sexo y tipo de escuela no son relacionados con los niveles de materialismo. El uso de internet señala correlación positiva significativa. Los resultados plantean preguntas. El impacto del materialismo extremo en nuestra sociedad lleva las personas a deficiencias sociales, intelectuales e incluso a la enfermedad. Depende de nosotros trabajar hacia un profundo conocimiento de este problema social e invertir en un futuro mejor para la comunidad.

Palabras clave: Materialismo; Adolescencia; Valores.


 

 

O que os adolescentes de hoje valorizam? Qual a importância que os jovens dão aos valores materiais? Estes questionamentos, bastante amplos, constituíram o ponto de partida de um estudo sobre os níveis de materialismo de adolescentes de Porto Alegre/RS.

Nas últimas décadas, os valores materiais têm-se tornado cada vez mais preponderantes. Em um estudo longitudinal americano os resultados apontaram para um crescimento na importância do dinheiro, da obtenção de bens materiais e de se ter um emprego muito rentável, ou seja, os valores materiais despontaram como relevantes na vida dos adolescentes (Kasser et al., 2013). É plausível pensar que o mesmo possa estar ocorrendo com os nossos jovens, visto que, no Brasil, tem-se valorizado o ganho imediato, o bem-estar individual e os bens materiais (La Taille & Menin, 2009; O'Dougherty, 2002).

Resultados de pesquisas, contudo, indicam que o materialismo pode repercutir negativamente na vida dos jovens. Os adolescentes que tendem a priorizar os valores materiais sofrem com baixa autoestima e estresse (Chaplin & John, 2007; Jiang, Zhang, Ke, Hawk, & Qiu, 2015; Ku, 2015). Verificou-se também uma correlação significativa entre o materialismo e o baixo rendimento escolar (Goldberg, Gorn, Peracchio, & Bamossy, 2003), apontando assim para prejuízos acadêmicos. Encontrou-se ainda uma relação entre materialismo e o comprar compulsivo em adolescentes (Eren, Eroglu, & Hacioglu, 2012), os quais acreditam que, nos objetos adquiridos, está a felicidade. A sensação de bem-estar, porém, é efêmera e logo outra compra é realizada em uma tentativa de resgatar a felicidade já então perdida.

Uma vez que o exacerbado materialismo pode trazer prejuízos à vida dos adolescentes, é fundamental que se realizem pesquisas sobre esse assunto no âmbito acadêmico, a fim de buscar explicações fundamentadas teoricamente para os resultados encontrados. Os conhecimentos assim produzidos podem servir para o delineamento de programas educativos, não para privar os jovens de bens de consumo (Ferry, 2013), mas para promover uma reflexão sobre outros valores que são essenciais à vida. Conforme assinalou Savater (2012), as posses materiais representam um aspecto importante da vida quando contribuem para uma melhora em sua qualidade e, acima de tudo, valorizam as relações humanas.

O termo materialismo possui dois sentidos: (a) filosófico e (b) trivial (Comte-Sponville, 2003). No primeiro, o materialismo é uma teoria que diz respeito mais ao ser do que ao dever ser, o segundo sentido "materialismo designa uma personalidade ou um comportamento que privilegia as preocupações materiais" (p. 143) e diz respeito a uma maneira de viver e, portanto, pertence ao domínio ético. O plano ético está relacionado à busca da felicidade (La Taille, 2010) ou, como dizem os filósofos, à "vida boa", isto é, uma vida que vale a pena ser vivida. Ainda segundo esse autor, a pergunta que caracteriza o plano ético é "Que vida eu quero viver?". Independentemente de qual seja a resposta a essa questão, é na adolescência que o jovem começa a refletir sobre seu futuro e a elaborar projetos de vida (e.g., Abreu & Alencar, 2012; D'Aurea-Tardelli, Fittipaldi, Postal, & Reis, 2012; Pinheiro & Arantes, 2015).

 

A Hierarquização de Valores

A construção de um projeto de vida está ligada à hierarquização de valores, isto é, à construção de uma escala pessoal de valores (e.g., Freitas, 2011; Piaget, 1965/1973; Prestes, Castro, Tudge, & Freitas, 2014). Elaborar um projeto de vida implica em ter a intenção de realizar algo e, para isso, é necessário fazer escolhas e estabelecer prioridades.

Entende-se por valor um investimento afetivo que move e guia as ações em certa direção (e.g., Menin, Tavares, & Moro, 2013; Prestes et al., 2014; Souza, 2012). Os valores estão presentes desde o início da vida, mas é na adolescência que o jovem, ao mesmo tempo em que começa a raciocinar sobre hipóteses (Piaget & Inhelder, 1955/1976), torna-se capaz de refletir sobre valores e de construir uma escala pessoal de valores (e.g., Abreu & Alencar, 2012; D'Aurea-Tardelli, Fittipaldi, Postal, & Reis, 2012; Pinheiro & Arantes, 2015; Prestes et al., 2014). Esta construção pode abarcar valores normativos (leis e determinações jurídicas), sociais (trocas virtuais entre indivíduos; sentimentos como empatia e gratidão) e materiais (posses e aquisições materiais), conforme ilustra a Figura 1.

 

 

Do ponto de vista psicológico, qual a importância de se hierarquizar valores? A escala de valores de um indivíduo é "sua razão de ser" (Piaget, 1954/2005, p. 132). Aquilo que uma pessoa mais valoriza ocupa o topo de sua escala; é este valor que dá sentido (direção e significado) a sua vida. Os demais valores de sua escala são meios para atingir a esse fim. A constituição de uma escala de valores não deixa o indivíduo à mercê de desejos e impulsos imediatos nem das pressões de seu meio social.

O mundo pós-moderno oferece inúmeras possibilidades que surgem e desaparecem com extrema velocidade, dificultando a escolha de modelos a seguir. Bauman (2011) comenta que a busca por identidade no mundo moderno estava relacionada com uma construção sólida e estável, cujo lema era a criação, enquanto que no mundo pós-moderno esta mesma busca se traduz em flexibilidade e abertura constante a novas opções, e seu lema tornou-se a reciclagem.

Dentre essas muitas opções, com frequência, os valores materiais ganham status que permitem aos jovens experienciar um sentimento de pertença a um determinado grupo (Cardoso, 2006). Como a identidade está em formação, o adolescente necessita de aprovação do grupo de pares para legitimar suas escolhas e estes vínculos permitem ao jovem estabelecer relações de cooperação e contato com outros contextos, realidades e ideologias, ampliando as referências de mundo do adolescente para além de seu grupo familiar (Jiang et al., 2015; Schoen-Ferreira & Aznar-Farias, 2003). Dittmar e Pepper (1994) indicaram que os adolescentes percebem as posses materiais como diretamente relacionadas à inteligência, ao sucesso e até mesmo com bons relacionamentos. Esta crença no poder dos valores materiais é o que pode fazer com que adolescentes persigam um ideal materialista, segundo o qual os indivíduos são aceitos ou desprezados em função da quantidade de bens que possuem.

Materialismo

No campo da psicologia, Kasser (2002; 2005) definiu o materialismo como a valorização da aquisição e do acúmulo de bens materiais além daquilo que seria necessário para atender as necessidades humanas básicas, podendo ser medido pela valorização da riqueza, popularidade e atratividade. Richins e Dawson (1992) definem materialismo como "um valor que guia as escolhas dos indivíduos e os conduz a uma variedade de situações, inclusive, mas não limitado, a áreas de consumo" (p. 307). Também diz respeito "a importância atribuída à posse e à aquisição de bens materiais para alcançar os principais objetivos de vida e estados desejáveis" (Richins, 2004, p. 210), inclusive a felicidade. O materialismo pode ser visto como uma maneira de viver relacionada ao consumo de bens que tem por finalidade além da posse de um objeto particular toda uma gama de objetivos e desejos associados à aquisição.

O materialismo parece estar presente em toda a sociedade e, talvez, diferenças entre níveis socioeconômicos distintos relacionem-se mais ao preço dos itens desejados que aos níveis de consumo dos mesmos. Em uma pesquisa realizada no Brasil com escolares de baixa renda de uma cidade da região metropolitana de Porto Alegre/RS os resultados apontaram os valores materiais como predominantes nas relações entre crianças, as quais buscam visibilidade e são valorizadas aos olhos dos pares em função dos objetos que portam (Momo & Costa, 2010).

No Brasil, as diferenças socioeconômicas se reproduzem no sistema educacional (Guzzo & Filho, 2005), e o custo das escolas privadas é visto pelos pais como relacionado à qualidade do ensino ofertado (Vargas, 2009). Devido a essas características do contexto educacional em nosso país, escolas públicas e privadas podem ser vistas como marcadores socioeconômicos. Pesquisas realizadas com respondentes de escolas públicas e privadas abarcam diferenças sociais e permitem a comparação dos resultados com aqueles encontrados em estudos realizados em outros países (Chaplin & John, 2007; Dittmar & Pepper, 1994). Embora o apreço pelos valores materiais afete a população como um todo, resultados de pesquisa indicaram uma diferença entre os sexos: os homens apareceram como mais materialistas e consumistas do que as mulheres, as quais pareceram ser mais impulsivas em relação às compras (Segal & Podoshen, 2013). Essa diferença surgiu também no tipo de produto adquirido e na expectativa que os compradores colocam na aquisição (Dittmar, Beattie, & Friese, 1995). Dados semelhantes foram encontrados em um estudo com adolescentes (Bindah & Othman, 2012). Contudo, alguns autores não encontraram diferença significativa entre os sexos quanto aos níveis de materialismo (e.g., Cardoso, 2006; Chan & Pendergast, 2007).

Embora crianças e adolescentes não sejam imunes ao materialismo, relativamente poucos estudos investigaram o desenvolvimento do materialismo em jovens e os dados existentes sobre esse assunto são inconsistentes. Alguns estudos não encontraram diferenças entre as crianças mais jovens (9 a 11 anos de idade) e as mais velhas (12 a 14 anos de idade) (Achenreiner, 1997; Goldberg et al., 2003). O estudo de Goldberg e colaboradores (2003) investigou um total de 988 adolescentes, dos quais 26% apresentaram baixos índices de materialismo, 28%, altos índices de materialismo e o restante da amostra relatou níveis médios. No entanto, Chaplin e John (2007) encontraram uma relação não linear entre idade e materialismo: jovens de 12 e 13 anos apresentaram maiores índices de materialismo que crianças menores e também que adolescentes mais velhos. Cardoso (2006) constatou que os participantes mais velhos de sua amostra (6 a 11 anos) eram mais materialistas que os mais jovens. Tudge, Freitas, Mokrova, Wang e O'Brien (2015) solicitaram a jovens norteamericanos escrever qual era o seu maior desejo. Crianças de sete a 11 anos de idade expressaram mais desejos relacionados a valores materiais e hedonistas enquanto aquelas de 12 a 14 anos mencionaram com maior frequência o seu bem-estar no futuro e 20% delas sobre o bem-estar de suas famílias, comunidades ou do mundo em geral.

As estratégias de marketing encontram no público jovem um perfil de consumidores que sabem o que desejam e têm influência na hora das compras da família (Calvert, 2008; Chaplin & John, 2007; Goldberg et al., 2003). Pesquisas têm enfatizado a relação entre a exposição à mídia (televisão e internet) com os níveis de materialismo. De acordo com a literatura, estas variáveis estão relacionadas aos níveis de consumo: quanto maior a exposição à televisão e à internet, maiores os níveis de materialismo em adolescentes (Opree, Moniek, & Valkenburg, 2012; Sirgy et al., 2012). Chia (2010), refere que a relação da exposição à televisão com o aumento do materialismo acontece em função das propagandas veiculadas, as quais mostram aos adolescentes que eles podem realizar suas metas de vida por meio da aquisição de bens materiais, utilizando uma forma de persuasão para que eles considerem as posses materiais como as próprias metas de vida. Similares estratégias de marketing encontram-se na internet: o estímulo à compra de produtos aparece em sites de relacionamento e entretenimento, aos quais crianças e adolescentes têm pleno acesso (Sramová, 2015).

O materialismo encontra-se presente na vida dos adolescentes de nossa sociedade, mas diferenças nos níveis de materialismo podem aparecer em relação à classe social, sexo ou idade dos jovens. A fim de conhecer a relação dos jovens com os valores materiais, investigaram-se os níveis de materialismo de adolescentes e a influência das variáveis (a) tipo de escola, (b) sexo e (c) grupo etário nos níveis de materialismo. Além disso, uma vez que as estratégias de marketing parecem influenciar nos níveis de materialismo, examinou-se também se haveria uma correlação destes níveis com o número de horas de exposição à televisão e de uso da internet.

 

Método

Participantes

Participaram deste estudo 128 adolescentes, de 11 a 18 anos (média de idade=13,80; desvio padrão=1,74), sendo 34 do sexo masculino e 94 do sexo feminino. Os participantes cursavam entre o 5º ano do Ensino Fundamental e o 3º ano do Ensino Médio. A composição da amostra foi feita por conveniência, em duas escolas públicas (75,8%) e uma escola particular de Porto Alegre/RS.

Delineamento e Procedimentos

Este é um estudo de levantamento do tipo correlacional com delineamento transversal (Cozby, 2003; Shaughnessy, Zechmeister, & Zechmeister, 2012). Inicialmente, solicitou-se a permissão da Dra. Martha Richins para a tradução e utilização da Escala de Valores Materiais - Versão Reduzida (Richins, 2004). Após a autorização da autora, a escala foi traduzida do inglês para o português por duas pessoas fluentes em ambas as línguas. A seguir, apresentaram-se os itens a algumas crianças de 10 anos de idade, estudantes de uma escola pública, para verificar a compreensão dos mesmos. Constatado o entendimento dos itens pelas crianças, os mesmos foram mantidos. Realizou-se uma tradução de volta para a língua inglesa por outras duas pessoas fluentes em ambas as línguas e a escala final se manteve fiel à escala original.

Após a aprovação do projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (protocolo n° 22485), foram contatadas escolas públicas e privadas da cidade de Porto Alegre/RS, no ano de 2014. A direção de cada instituição de ensino que concordou em participar do estudo assinou um documento autorizando a realização da pesquisa. Pais ou responsáveis legais receberam e assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os adolescentes receberam e assinaram um Termo de Assentimento e os maiores de 18 anos assinaram o TCLE. As escolas disponibilizaram uma sala para que a pesquisa pudesse ser realizada na escola e os participantes eram chamados em suas turmas de forma a não prejudicar os demais colegas que estavam em sala de aula e que não participariam da pesquisa.

Instrumentos

Ficha de Dados Sociodemográficos: corresponde a um instrumento criado pelos pesquisadores com questões referentes à configuração amostral, tais como idade, sexo, tipo de escola, escolaridade e também horas de exposição à televisão e o uso da internet.

Escala de Valores Materiais - Forma Abreviada: tradução da Materialism Value Escale - Short Form (Richins, 2004) composta de 12 itens em formato de escala Likert de cinco pontos (1 - Discordo Totalmente; 5 - Concordo Totalmente). A escala apresenta 12 itens divididos em três dimensões: sucesso (4 itens), centralidade (5 itens) e felicidade (3 itens). As dimensões se referem à: (a) sucesso definido pela posse de bens materiais (ex.: "Eu admiro as pessoas que possuem casas, carros e roupas caras"), (b) centralidade nas aquisições (ex.: "Comprar coisas me dá muito prazer"), e (c) aquisições como busca da felicidade (ex.: "Eu seria mais feliz se eu pudesse comprar mais coisas"). A escala apresentou Alfa de Cronbach de 0,809.

Análise dos dados

Para a análise dos dados, utilizou-se o pacote estatístico SPSS versão 20. Investigaram-se os níveis de materialismo dos participantes, a fim de compreender se existem diferenças entre: (a) os tipos de escola (pública ou privada); (b) os sexos; (c) os grupos etários estudados. Examinou-se ainda se existiria uma correlação entre os níveis de materialismo e o número de horas de exposição à televisão e o uso da internet. Para estas análises, realizou-se comparação de médias através de ANOVA e Teste t de Student para amostras independentes.

 

Resultados

Calculou-se o poder da amostra por sexo, grupo etário e tipo de escola. O resultado do poder da amostra por grupo etário e por tipo de escola foi considerado bom com valores acima de 90%. Na amostra dividida por sexo dos participantes, porém, o poder ficou em 31,33%.

A seguir, analisaram-se as respostas dos participantes à Escala de Valores Materiais (EVM), as quais foram separadas em quartis. Os resultados dos quartis inferior e superior são mostrados por dimensão e total da EVM (Tabela 1).

Calculou-se a diferença entre as médias para tipo de escola, sexo e grupo etário, utilizando-se o teste t de Student (Tabela 2). Nos resultados para tipo de escola constatou-se, na dimensão Centralidade, diferença significativa em nível de p < 0,05, sendo que os respondentes de escola particular obtiveram as maiores médias. As demais dimensões não apresentaram diferenças significativas para os tipos de escola. Em relação ao sexo as diferenças não foram significativas em nenhuma das três dimensões. Em relação aos grupos etários, os participantes foram divididos em: (a) Grupo 1 - de 11 a 14 anos de idade e (b) Grupo 2 - de 15 a 18 anos de idade. O resultado não assinalou diferenças entre os níveis de materialismo e os grupos etários dos participantes.

 

 

Além disso, para verificar diferenças entre os níveis de materialismo e sua interação com as variáveis sexo, tipo de escola e grupo etário, utilizou-se uma ANOVA. A interação dos fatores com materialismo total não foi significativa, F(3, 121)=0,613, p=0,608. Por fim, calculou-se a correlação e interação entre o número de horas de exposição à televisão, o número de horas de uso da internet e os níveis de materialismo. A quantidade de horas que o adolescente assiste televisão não indicou correlação com os níveis de materialismo obtidos. O uso da internet, contudo, apresentou correlação diretamente proporcional com os níveis de materialismo, F(5, 92)=3,837, p=0,003. A interação dos fatores não foi significativa, F(24,92)=1,206, p=0,258 (Tabela 3).

 

Discussão

Em nossa sociedade, não raras vezes os valores materiais têm sido priorizados, apresentando-se como respostas aos objetivos de vida das pessoas (Twenge & Kasser, 2013). Entretanto, estudos apontam que a ênfase neste tipo de valores agrega prejuízos em vários âmbitos da vida humana (Jiang et al., 2015; Ku, 2015). Este estudo buscou examinar os níveis de materialismo nos adolescentes da cidade de Porto Alegre/RS e conhecer um pouco mais sobre as variáveis que impactam no materialismo extremo.

Na amostra investigada 45,2% dos participantes encontra-se em níveis médios de materialismo e 26,8% apresentam níveis altos de materialismo, podendo significar prejuízos para suas vidas futuras (Chaplin & Jon, 2007; Jiang et. al., 2015). Cabe dizer que os resultados encontrados são similares ao do estudo de Goldberg et. al. (2003).

Quanto aos níveis de materialismo por tipo de escola, os dados não sugerem diferenças significativas. Pesquisas realizadas com adolescentes de classes sociais diferentes confirmam estes achados, sugerindo que em nossa sociedade ocidental o materialismo está presente em todas as camadas sociais (Chaplin & John, 2007; Isaksen & Roper, 2012). Uma possível explicação para este resultado está na comparação social: a aprovação dos pares e o sentimento de pertença a determinado grupo, muito se dá na forma de vestir, nas marcas consumidas, nos locais frequentados, sendo que este fenômeno ocorre com a maioria dos adolescentes, independente de qual seja o seu poder aquisitivo (Chan, 2013; Chaplin & Jon, 2007).

Considerou-se importante testar também a diferença nos níveis de materialismo entre os sexos, em função de que os resultados de pesquisas anteriores foram inconsistentes. (Bindah & Othman, 2012; Cardoso, 2006; Chan, 2013; Goldberg et. al., 2003; Kasser, 2002; Schaefer, Hermans, & Parker, 2004). Neste estudo, a correlação dos níveis de materialismo com o sexo dos participantes não foi significativa. O resultado obtido deve ser interpretado com cautela, devido ao baixo poder da amostra para diferenças entre sexo. Em futuras investigações, sugere-se aumentar o tamanho da amostra e buscar parear os participantes por sexo.

Em relação à idade, as análises não indicaram diferenças significativas entre o Grupo 1 (11 a 14 anos) e o Grupo 2 (15 a 18 anos). Nesta área, encontram-se resultados conflitantes na literatura. Alguns estudos com adolescentes assinalam uma diminuição dos níveis de materialismo relacionada ao aumento da idade; outros concluem que o materialismo é um traço que se mantém estável ao longo do desenvolvimento, não sendo possível apontar diferenças significativas entre a adolescência inicial e final (Chaplin & Jon, 2007; Goldberg et al., 2003; Moore & Moschis, 1981; Schaefer et al., 2004).

As diferenças entre grupos etários podem ocorrer em função da fase do desenvolvimento moral em que o participante se encontra (Piaget, 1932/1992, 1954/2005). O desenvolvimento da autonomia no âmbito da moralidade propicia um maior entendimento acerca dos valores e objetivos desejados para a vida (Prestes et al., 2014). No presente estudo, não se utilizou uma escala para examinar o nível de desenvolvimento moral dos participantes, o que, talvez, possa contribuir para o entendimento dos resultados conflitantes encontrados na literatura em relação à influência etária.

Conforme mencionado, estudos têm associado a exposição à mídia (televisão e internet) com os níveis de materialismo (Opree, Moniek, & Valkenburg, 2012; Sirgy et al., 2012). Os dados coletados confirmaram parcialmente os achados desses estudos, uma vez que a exposição à internet apresentou correlação significativa com os níveis de materialismo enquanto que a exposição à televisão não confirmou esta tendência.

 

Considerações Finais

Este estudo avaliou os níveis de materialismo em adolescentes da cidade de Porto Alegre/RS e buscou compreender o impacto do extremo materialismo na vida dos indivíduos. Os resultados deste estudo indicam que, as variáveis (a) sexo, (b) tipo de escola, (c) grupo etário e (d) exposição à televisão não influenciam nos níveis de materialismo dos adolescentes respondentes. Estes níveis parecem estar relacionados, porém, com o número de horas de uso da internet, sendo que quanto maior o uso diário, maiores os escores em materialismo. De acordo com Maidel e Vieira (2015), os jovens necessitam da mediação dos adultos, especialmente dos pais, no uso da internet, uma vez que estes podem orientar os jovens para o bom uso dos recursos tecnológicos da sociedade contemporânea. Isso é válido inclusive no que diz respeito ao cuidado contra a exposição excessiva aos valores materiais, presentes nas propagandas veiculadas em sites acessados pelos adolescentes (Sramová, 2015).

A maioria das publicações que busca compreender a relação entre os níveis de materialismo e a adolescência relatam pesquisas realizadas em outros países, principalmente nos EUA (Dittmar, 2004; Goldberg et al., 2003; Kasser, 2005). Para que possa ser considerado como parte do desenvolvimento humano, é necessário que um fenômeno se encontre em contextos culturais diferentes (Tudge & Freitas, 2012). Neste sentido, o presente estudo vem a contribuir para o conhecimento dessa relação em adolescentes de nosso país.

Com relação às limitações deste estudo temos a falta de pareamento da amostra por sexo, grupo etário e tipo de escola. Apesar de não ter sido possível obter amostras pareadas, somente a amostra por sexo apresentou um baixo poder. Em futuros estudos, sugere-se controlar melhor a distribuição dos participantes para que se obtenham dados mais robustos.

Os resultados encontrados suscitam questionamentos. O impacto do materialismo extremo em nossa sociedade tem levado os indivíduos a prejuízos sociais, intelectuais e até ao adoecimento. Cabe a nós trabalhar no sentido de conhecer a fundo esta questão social e investir em um futuro melhor para a comunidade.

 

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Endereço para correspondência:
Fernanda Palhares
Av. Protásio Alves, 891/14
90410-000 Porto Alegre, RS, Brasil
ferzinha.palhares@gmail.com

Recebido em: 13.04.2016
Aceito em: 30.09.2016

 

 

Autoras: Fernanda Palhares – Mestre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Lia Beatriz de Luca Freitas – Pós-Doutorado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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