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Psicologia Clínica

versão impressa ISSN 0103-5665versão On-line ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.29 no.1 Rio de Janeiro  2017

 

Editorial

 

 

Andrea Seixas Magalhães, Ester Arantes

 

 

O número 29.1 da Revista Psicologia Clínica celebra 50 anos do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio, contemplando o tema Pioneirismo, inovação e resiliência. Esta edição foi organizada em duas seções, reunindo seis artigos, um painel com pôsteres de pesquisas e uma resenha. Na seção temática, foram agrupadas três conferências proferidas por pesquisadores convidados e transformadas em artigos, além de um Painel com Pôsteres apresentados pelos alunos do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica durante o evento comemorativo, realizado em 21 de outubro de 2016. A seção livre agrupa artigos que abordam temas investigados nas diferentes linhas de pesquisa do referido Programa de Pós-graduação.

O artigo que inicia a seção temática, 50 anos do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC-Rio: uma história de pioneirismo, inovação e resiliência, de Terezinha Féres-Carneiro (PUC-Rio), é uma bela narrativa sobre a história dos 50 anos do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC-Rio, ressaltando seu pioneirismo, suas iniciativas de inovação e sua grande capacidade de resiliência na formação e na produção do conhecimento. O Departamento de Psicologia da PUC-Rio implantou o primeiro Curso de Mestrado em Psicologia do país em 1966. O Curso de Doutorado foi iniciado em 1985. O artigo discorre sobre o percurso de liderança no cenário nacional do Programa de Pós-graduação em Psicologia da PUC-Rio, que titulou 793 mestres e 196 doutores até 2016.

O segundo artigo, intitulado Atravessar desertos – psicanálise e utopia, de autoria de Edson Luiz André de Sousa (UFRGS), propõe a ideia de deserto como metáfora possível de lugares totalitários onde as imagens se apresentam como imperativas e prescritivas. O autor questiona em que medida o campo dos estudos utópicos e da psicanálise podem trazer ferramentas críticas para identificarmos e atravessarmos esses desertos. Pretende dialogar com a reflexão de Pierre Naville em seu livro A revolução e os intelectuais, no qual propõe o célebre slogan “É preciso organizar o pessimismo”.

O terceiro artigo da seção temática, Trajetórias conjugais e construção das violências, de Gláucia Ribeiro Starling Diniz (UnB), aborda as relações conjugais marcadas por paradoxos do afeto que desafiam os campos da psicologia e da terapia familiar. Neste trabalho, busca-se analisar a presença de várias formas de violência nas relações conjugais e familiares com base em perspectiva sistêmica e de gênero. Ademais, são apontados impactos das violências para a saúde física e mental e são discutidos aspectos importantes da postura de profissionais que atuam em serviços voltados ao atendimento de mulheres em situação de violência.

Em seguida, editamos um Painel de Pôsteres contendo resumos de pesquisas desenvolvidas no Programa de Pós-graduação, apresentados durante o evento comemorativo do cinquentenário do Programa de Pós-graduação em Psicologia Clínica da PUC-Rio. O referido painel ilustra o diversificado panorama de temas investigados neste Programa de Pós-graduação, colocando em foco a importante participação dos alunos nesse evento.

O primeiro artigo da seção livre, intitulado Transformações da conjugalidade em casamentos de longa duração, dos autores Suzana de Oliveira Campos (Universidade Federal do Triângulo Mineiro), Fabio Scorsolini-Comin (Universidade Federal do Triângulo Mineiro) e Manoel Antônio dos Santos (Universidade de São Paulo), discute resultados de uma pesquisa sobre as principais transformações no casamento percebidas ao longo do tempo por cônjuges engajados em união de longa duração. As limitações em função da idade e de processos maturacionais e de adoecimento são possibilidades que promovem uma releitura acerca do desejo, abrindo espaço para a manifestação e a experiência de sentimentos de proximidade e de ressignificação do afeto. A aceitação dessas transformações como sendo parte do processo de amadurecimento pessoal e do casal parece ser um traço comum nos casamentos longevos, o que pode ser incorporado nas intervenções psicológicas com esses casais.

Em seguida, o artigo intitulado A clínica psicanalítica com adolescentes: considerações sobre a psicoterapia individual e a psicoterapia familiar, de Maíra Bona-fé Sei (Universidade Estadual de Londrina) e Ana Carolina Zuanazzi (Universidade de São Paulo), discute estratégias de intervenção empregadas no campo da adolescência a partir de experiências advindas da psicoterapia individual do adolescente e da psicoterapia familiar, na qual o adolescente pode estar inserido. Trata-se de um estudo teórico-clínico, empreendido por meio de uma pesquisa qualitativa, pautada no referencial psicanalítico, com ênfase nas contribuições da teoria winnicottiana.

O último artigo da seção livre, Metas de socialização e práticas educativas de mães de crianças com câncer: um estudo comparativo com mães de crianças sem diagnóstico de doença, de autoria de Joana Lezan Sant’Anna (UERJ) e Deise Maria Leal Fernandes Mendes (UERJ), aborda metas de socialização e práticas educativas a partir de situações de vida particularmente difíceis, como uma doença crônica de filho(a). Comparou dados de mães cujos filhos estão em tratamento oncológico com os de mães de crianças saudáveis. Participaram desse estudo 20 mães de crianças de três a cinco anos que estavam em tratamento no Instituto Nacional de Câncer e 20 mães de crianças da mesma idade, saudáveis, todas residentes no Rio de Janeiro.

Finalizamos essa edição com a resenha do livro Que corpo é este que anda sempre comigo? Corpo, imagem e sofrimento psíquico, de Joana de Vilhena Novaes e Junia de Vilhena, publicado em 2016. A resenha, intitulada Escutas para o corpo, escrita por Betty Bernardo Fuks, ressalta que os desafios que se apresentam para algumas áreas do conhecimento humano convocadas a pensar questões que incidem sobre o corpo não são simples. Destaca a falência do sujeito em relação às suas próprias experiências subjetivas, uma vez que ele próprio se encontra subjugado aos critérios de certeza do Outro.

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