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Psicologia Clínica

Print version ISSN 0103-5665On-line version ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.30 no.2 Rio de Janeiro May./Aug. 2018

http://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0030n02A08 

SEÇÃO LIVRE

 

Reflexões teóricas sobre o diagnóstico psicanalítico contemporâneo

 

Theoretical reflections on contemporary psychoanalytic diagnosis

 

Reflexiones teóricas sobre el diagnóstico psicoanalítico contemporáneo

 

 

Vitor Hugo Couto TriskaI; Marta Regina de Leão D'AgordII

IDoutor em Psicologia Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre, RS, Brasil
IIDoutora em Psicologia pela UFRGS; Professora do PPG em Psicanálise: Clínica e Cultura, Porto Alegre, RS, Brasil

 

 


RESUMO

Este artigo discute a lógica e os limites da racionalidade diagnóstica psicanalítica baseada na tríade neurose, psicose e perversão, considerada como um correlato da concepção totêmica da cultura proposta por Freud. Para tanto, percorre-se primeiramente alguns trabalhos encontrados na literatura psicanalítica que investigam questões clínicas atuais em um diálogo com a cultura, o que permite que neles seja reconhecida uma hipótese explicativa comum acerca da contemporaneidade, a saber, a do déficit paterno. Uma análise crítica dessa hipótese justifica que se coloque a pergunta acerca dos déficits da própria teoria psicanalítica diante de um contexto cultural que apresentaria rupturas e diferenças em relação àquele no qual surgiu a psicanálise, o que se articula com a questão do alcance do diagnóstico psicanalítico na contemporaneidade e a necessidade de sua reformulação. Finalmente, sugere-se concepções não universalistas de cultura e a possibilidade de estruturas localizadas como soluções teóricas diante dos impasses encontrados pela psicanálise na contemporaneidade.

Palavras-chave: psicanálise; diagnóstico; contemporaneidade.


ABSTRACT

This article discusses the logic and the limits of psychoanalytic diagnostic rationality based on the triad neurosis, psychosis and perversion, regarded as correlated to the totemic conception of culture proposed by Freud. For this purpose, we first examine some works found in the psychoanalytic literature that explore current clinical issues in a dialogue with culture, which allows for the recognition of a common explanatory hypothesis about contemporaneity, namely the paternal deficit. A critical analysis of this hypothesis warrants the question about the deficits of psychoanalytic theory itself in the face of a cultural context that allegedly unveils ruptures and differences when compared to the one in which psychoanalysis emerged, which relates to the matter of the scope of contemporary psychoanalytic diagnosis and its need for reformulation. Finally, this article suggests non-universalist conceptions of culture and localized structures as theoretical solutions to the impasses confronted by contemporary psychoanalysis.

Keywords: psychoanalysis; diagnosis; contemporaneity.


RESUMEN

Este artículo discute la lógica y los límites de la racionalidad diagnóstica psicoanalítica basada en la tríada neurosis, psicosis y perversión, considerada como un correlato de la concepción totémica de la cultura propuesta por Freud. Para este propósito, en primer lugar, se recorre algunos trabajos encontrados en la literatura psicoanalítica que investigan cuestiones clínicas actuales en un diálogo con la cultura, lo que permite que se reconozca en ellos una hipótesis explicativa común acerca de la contemporaneidad: la del déficit paterno. Un análisis crítico de esta hipótesis justifica que se plantee la pregunta acerca de los déficits de la propia teoría psicoanalítica ante un contexto cultural que presentaría rupturas y diferencias en relación a aquel en el que surgió el psicoanálisis. Esto se articula con la cuestión del alcance del diagnóstico psicoanalítico en la contemporaneidad y la necesidad de su reformulación. Concluyendo, se sugiere concepciones no universalistas de cultura y la posibilidad de estructuras localizadas como soluciones teóricas ante los impasses encontrados por el psicoanálisis en la contemporaneidad.

Palabras clave: psicoanálisis; diagnóstico; contemporaneidad.


 

 

Introdução

No contexto da psicanálise freudo-lacaniana, muitos trabalhos têm abordado questões relacionadas ao diagnóstico na contemporaneidade. Em sua grande maioria estão baseados na hipótese do declínio da função paterna na cultura, o que determinaria um novo mal-estar e novos sintomas clínicos. Trata-se de um raciocínio que busca manter a correlação freudiana entre cultura totêmica repressiva e neurose, mas adaptando-a às particularidades da contemporaneidade (normalmente chamada de pós-modernidade). Haveria novos sintomas, que são expressões de um novo mal-estar, e caberia à psicanálise ampliar ou reformular sua racionalidade diagnóstica para contemplar esse novo contexto.

Um dos problemas que podemos identificar nesse movimento é a atribuição de uma insuficiência à cultura atual, compreendida a partir da ausência de elementos organizadores de uma suposta cultura anterior. Assim, o que antes eram balizas simbólicas estruturantes da cultura totêmica e do sujeito neurótico - como a imago paterna, o falo, o Nome-do-Pai etc. - caracterizariam a contemporaneidade pela sua ausência. Forbes (2012, p. xxix), por exemplo, coloca "fracasso escolar, agressões inusitadas, toxicofilias, anorexia, bulimia, epidemia de depressão, etc." como sintomas relacionados por um laço social não "disciplinado pela hierarquia paterna". Chemama (2007, p. 130) propõe a "foraclusão do falo" como chave interpretativa da depressão, a "grande neurose contemporânea". O autor também destaca a contradição entre as exigências normativas do social e o descrédito do que "estava tradicionalmente ligado a certa norma, tanto quanto a sua transgressão, o pai real" (Chemama, 2007, p. 131). Dufour (2005), por sua vez, caracteriza o momento pós-moderno a partir do neoliberalismo como um desenvolvimento permitido pelo capitalismo e consolidado pelo déficit da razão pura, o que promoveria a morte do sujeito moderno em suas referências kantianas e freudianas. Assim, "uma parte da inteligência do capitalismo se pôs a serviço da 'redução das cabeças'" (p. 10). Não haveria mais, segundo o autor, um poder superior de ordem transcendental ou moral (como uma função paterna) que sirva de referência à troca mercadológica, um terceiro que estabeleça um valor absoluto para as coisas trocadas, o que promoveria uma "dessimbolização do mundo" (p. 12). O sujeito moderno, neurótico, daria lugar a um "sujeito precário, acrítico e psicotizante" (p. 21). Por fim, Dufour (p. 23) ainda lista vários fenômenos sociais e clínicos típicos dessa pós-modernidade, como "toxicomania, dificuldades de subjetivação e de socialização, explosão da delinquência, novas formas sacrificiais e novos sintomas". Harari (2010, p. 337) também considera que há "efeitos negativos" que podem ser depreendidos da "decadência psíquica do pai na contemporaneidade", entre eles a segregação social, ou seja, em vez de uma identificação comum ao mesmo pai, grupos diversos reunidos por identificação fraterna. Sua afirmação baseia-se numa intervenção de Lacan (1969) em um congresso em 12/10/1968: "Cremos que, em nossa época, o traço, a cicatriz da evaporação do pai, é o que nós poderíamos colocar sob a rubrica e o título geral da segregação" (tradução nossa).

Já em 1938, Lacan havia comentado o declínio social da imago paterna como causa de uma "crise psicológica" (1938/2003, p. 67) e, conforme destacado por Dunker (2015, p. 101), também da aparição de mais neuroses narcísicas e de caráter. No mesmo texto, porém, Lacan alerta não estar "entre os que se afligem com um pretenso afrouxamento dos laços de família" (1938/2003, p. 66).

Se há um grande volume de trabalhos lacanianos relacionando as mudanças do pai e da família na cultura com a aparição de novos sintomas, devemos, portanto, reconhecer seu germe na obra do próprio Lacan. O conceito de Nome-do-Pai, porém, promove um afastamento dos contextos sociológico e antropológico, pois é tomado como parte de uma estrutura formalizável, isto é, reintroduzindo a questão da função paterna na "consideração científica" (Lacan, 1966/1998, p. 889). Essa via parece preterida pelos lacanianos citados acima, pois promovem uma manutenção da dimensão antropológica da função paterna. Apesar dos ensaios de reformulação teórica presentes nesses trabalhos, ainda assim predominam as tentativas de descrever os novos sintomas e mal-estar como resultantes de uma cultura que, se comparada à do contexto freudiano, é deficitária, isto é, descrita a partir da carência de um elemento organizador. Segundo tal raciocínio, ou a cultura estaria estruturada a partir da função paterna ou ela estaria em desordem - e isto traria dificuldades à prática da psicanálise. Como ponto de partida para a construção de uma crítica produtiva ao raciocínio acima destacado, acolheremos a posição de Dunker (2015, p. 404), para quem "o déficit paterno é na verdade um déficit do totemismo como esquema explicativo". Isso nos permite considerar que a leitura da cultura a partir tão somente do déficit paterno estaria excluindo a formação de outras hipóteses, não necessariamente totêmicas e pai-orientadas, acerca da contemporaneidade. É a cultura contemporânea e seus sujeitos que se apresentam como deficitários ou é a teoria psicanalítica que é insuficiente para compreendê-los? O psicanalista que, de maneira acrítica, toma Édipo como mito universal, quando numa situação clínica onde falha a eficácia interpretativa do mito edípico, deve atribuir esse fracasso a algum déficit da cultura e seus sujeitos? Inscrição da função paterna ou sua ausência: será apenas limitado a esses polos que o psicanalista pode pensar? Se o diagnóstico estrutural tripartido - não necessariamente sistematizado por Freud e Lacan, mas difundido na comunidade freudo-lacaniana -, onde a função paterna (Nome-do-Pai) está inscrita, foracluída ou desmentida, funciona como um correlato da cultura totêmica, a investigação da possibilidade de outras racionalidades diagnósticas deve partir de assunção da não universalidade do complexo do Édipo e, logo, da concepção de culturas não totêmicas.

Feitas essas considerações, neste artigo trataremos de discutir a lógica e os limites do diagnóstico psicanalítico tripartido enquanto correlato da concepção totêmica da cultura. Isso permitirá investigar o alcance da racionalidade diagnóstica psicanalítica atravessada pelo complexo de Édipo e a necessidade da criação de outras possibilidades teóricas.

 

As estruturas clínicas e o seu alcance

Em Las estructuras clínicas a partir de Lacan, Eidelsztein (2008) reúne e descreve criticamente as estruturas clínicas extraíveis de Lacan. Propondo uma estrutura das estruturas clínicas - estrutura é um conjunto covariante de significantes em que a identidade dos termos é obtida por suas diferenças -, é dentro de um sistema de relações de oposição e vizinhança que cada estrutura clínica é apresentada. Mediante uma análise crítica dos esquemas R e I de Lacan, o autor apresenta I a partir de uma distorção de R produzida pela não extração do objeto a. Essa distorção servirá de fundamento epistemológico à oposição central da estrutura das estruturas, a saber, entre holófrase e intervalo, os dois grandes grupos a partir dos quais Eidelsztein organiza as estruturas clínicas extraíveis de Lacan.

Além dos casos de holófrase (psicose, psicossomática e debilidade mental), Eidelsztein trata de um tema pouco discutido na literatura lacaniana, a saber, a loucura como distinta da psicose. Notemos que, no quadro abaixo, esquematização da estrutura das estruturas, a loucura está posicionada perifericamente e, juntamente com outros tipos clínicos (adições, hipocondria, melancolia etc.), não articulada com as estruturas. E aqui reside nosso interesse pelo trabalho de Eidelsztein: ao tentar extrair detalhadamente as estruturas clínicas a partir de Lacan, colocando-as num mesmo sistema que elucide suas diferenças, torna-se claro que esse sistema deve ser aberto e incompleto. Há tipos clínicos que não estão escritos em termos de estrutura (matematizados), seja porque não o são, seja porque Lacan não pôde apreendê-los e colocá-los em relação às demais estruturas. Serviriam tanto como demonstração da impossibilidade radical de formalização quanto da insuficiência da teoria - nem toda a psicopatologia psicanalítica será compreendida pelo critério de extração do objeto a que organiza o sistema representado no quadro abaixo.

 

 

Na abordagem das estruturas de intervalo (neuroses, histeria, obsessão, fobia, fetichismo e perversões), Eidelsztein utiliza a fórmula do fantasma como o matema central à sua sistematização. A inversão dessa fórmula, por exemplo, sustenta a oposição entre as neuroses e as perversões. Interessante notar que a fobia é, não por acaso, colocada mais próxima às perversões do que as demais neuroses, pois já que o quadro acima é o próprio esquema da estrutura das estruturas, a posição dos elementos no quadro representa as relações da própria estrutura. Por isso, a fobia será definida pela articulação com a perversão que lhe é mais próxima, o fetichismo - que não aparece no quadro acima, mas é incluído pelo autor numa outra esquematização.

As estruturas de intervalo parecem facilmente esquematizáveis a partir dos matemas lacanianos em oposições elucidativas. As de holófrase, que não são estruturas propriamente ditas, pois não estão legalizadas e seus elementos não possuem uma lógica interna consistente, ainda assim são formalmente descritíveis. Não por acaso, os casos diagnósticos familiares à psicanálise são os mais facilmente articuláveis e articulados entre si. Mas o que ocorre com os que ficam fora da estrutura das estruturas? São não estruturados em si ou a matematização lacaniana é que não pode apreendê-los? Não se trata de coincidência que alguns deles, como hipocondria e adições, são considerados por diversos autores justamente como novos sintomas ou casos que fazem questão à psicanálise na contemporaneidade.

Eidelsztein (2008, p. 14) entende que a psicanálise como "a resposta criada por Freud ao mal-estar ineludível a todo sujeito falante na cultura ocidental - definida segundo três fundamentos: linguístico (indo-europeu), religioso (tradição judaico-cristã) e de elaboração do saber (ciência moderna)". Seria apenas circunscrita a esse contexto cultural que a teoria psicanalítica das estruturas clínicas poderia ser aplicada, ficando incerta a sua pertinência em outros contextos. Vemos que, em vez de propor um universalismo da estrutura das estruturas que atribuiria um déficit aos sujeitos e às culturas que nela não se enquadram, Eidelsztein coloca a insuficiência no alcance da própria teoria; afinal, há casos que excedem essa esquematização das estruturas clínicas. Eles não são considerados formas clínicas que expressam uma desorganização da cultura devido à falta da função paterna, mas sim casos que exigem que a teoria seja considerada incompleta e não universal, isto é, localizada. Seria a eficácia do diagnóstico estrutural psicanalítico limitada ao contexto cultural de origem da psicanálise?

Mesmo que de maneira não sistemática, Lacan comenta a possibilidade da psicanálise fora do Ocidente. Na lição de 18/02/1970, por exemplo, está um breve relato de sua expectativa - frustrada - com pacientes oriundos do interior do Togo e a verificação do complexo de Édipo neles (Lacan, 1969-1970/1992, p. 85). Seus estudos dos ideogramas chineses e a escrita do japonês em De um discurso que não fosse semblante (Lacan, 1971/2009) também testemunham o interesse pelo contato da psicanálise com outros contextos linguísticos. São demonstrações que nos permitem supor que Lacan não pensava numa universalidade do Édipo ou da linguagem, uma vez que supunha que haveria alguma novidade nesses encontros.

Seja na seção Parênteses dos parênteses do texto sobre A carta roubada (Lacan, 1955/1998, p. 59), onde a sequência de lances de par ou ímpar demonstra no só-depois que o acaso já estava determinado por uma lei, ou mesmo em Mais, ainda (Lacan, 1972-1973/1985, p. 150), onde afirma a letra como modo de escrita da inércia ou estrutura real da linguagem, o movimento de matematização lacaniano demonstra a busca por leis que determinam invariantes na linguagem. Entretanto, é diferente afirmar que o inconsciente é estruturado como uma linguagem e afirmar que todos os inconscientes são estruturados como uma linguagem. O primeiro enunciado constitui uma hipótese universalista no sentido de que cria um método sem, contudo, afirmar que todos os casos estarão ali compreendidos. Da mesma maneira, Badiou (1997/2009, p. 12) estuda o universalismo instituído pelo apóstolo Paulo sem referência a "nenhum conjunto objetivo". Trata-se de uma sentença universal afirmativa mesmo na ausência de casos, como no quadrante vazio para o qual é verdadeira a afirmação universal de que todo traço é vertical mesmo quando não há nenhum, conforme descreve a retomada lacaniana de Peirce em A identificação (Lacan, 1961-1962/2003, p. 179). O segundo enunciado realiza uma generalização pela via da indução, busca algo que valha para todos os casos, mas depende da averiguação para comprovar a extensão de sua validade. É o que ocorreu no debate entre Jones e Malinowski (Assoun, 1993/2012, p. 118), por exemplo, no qual a universalidade do complexo de Édipo é questionada pelos dados de campo do antropólogo e defendida pela interpretação teórica do psicanalista. Também Marie-Cécile e Edmond Ortigues (1966/1989) foram a campo para averiguar a hipótese universalista, propondo uma variação africana. Tratam-se de generalizações via indução. Lacan (1969-1970/1992, p. 86), adverte, porém, que "não é a psicanálise que pode servir para proceder a uma pesquisa etnográfica". A matematização e os aforismos lacanianos, por isso, são antes tentativas de ordenar fenômenos circunscritos a partir de uma escrita transmissível, tal qual a matemática. Se considerarmos esse método universalista, será tão somente no sentido lógico acima citado, ou seja, não como uma verdade generalista que se aplicaria a todos os casos, mas como a formação de hipóteses que produzem classes, recortando algo do Real a partir da lógica simbólica.

 

Fora da estrutura das estruturas

No quadro da estrutura das estruturas, destacamos um espaço periférico e aberto onde certos quadros clínicos e sintomas agrupam-se sem estarem articulados num sistema. Na literatura psicanalítica atual, há tentativas de organizar esse espaço, cujos elementos seriam cada vez mais frequentes na prática clínica. Entendê-los como simplesmente desorganizados ou incompreensíveis seria, conforme salientado, atribuir-lhes um déficit que na verdade é o da teoria psicanalítica enquanto esquema explicativo. Além do mais, deveríamos também nos perguntar até que ponto a psicanálise lacaniana tem se deparado com essas questões por motivos de ampliação dos critérios de analisabilidade. Freud não aceitava todos casos, não considerava que a psicanálise era eficaz para toda psicopatologia. Essa discussão é hoje praticamente inexistente.

Stevens (n.d.) afirma que há "numerosas situações clínicas nas quais o diagnóstico de estrutura, neurose ou psicose, não se decide facilmente. Não há sintomas claramente neuróticos e não há desencadeamento evidente de um delírio" (a tradução desta citação e das seguintes é nossa). Miller (n.d.) entende que, no que diz respeito à frequência clínica desses casos incomuns, "passamos da surpresa à raridade, e da raridade à frequência". A esses casos que não são abordáveis pela da estrutura das estruturas, que pareceriam algo como uma psicose sem os seus sintomas típicos, Miller propõe o nome de "psicose ordinária". Trata-se de uma nomeação solidária à noção de continuidade, em que, segundo Miller (n.d.), "subtraímos a descontinuidade do psicótico e do normal" e "restabelecemos uma continuidade". Assim, "uma psicose ordinária é uma psicose sem delírio explícito, sem desencadeamento manifesto, mas com características psicóticas" (Stevens, n.d.). Considerando que na teoria psicanalítica a psicose é caracterizada a partir de um déficit paterno, a saber, a foraclusão do Nome-do-Pai, mesmo que a psicose ordinária busque nomear uma entidade clínica nova, o uso do significante "psicose" acaba realizando uma associação a um elemento já existente na racionalidade diagnóstica psicanalítica e consagrado a designar um déficit. Na tentativa de elaborar uma novidade, corre-se o risco de reduzi-la a um elemento já conhecido.

Ainda no contexto milleriano, onde o sujeito contemporâneo é considerado "desbussolado" (Santos, 2005), Forbes (2012, p. xxvi) afirma que "a fala do sujeito desbussolado que colheríamos hoje não se articula em nenhum dos quatro discursos" e coloca a pergunta: "o ser falante, na contemporaneidade, está fora do discurso?". Entendemos que, assim como fazem os autores percorridos na primeira seção deste artigo, estes também orientam sua leitura do sujeito contemporâneo a partir da hipótese de um déficit, sem, contudo, colocar em questão os próprios meios teóricos que sustentam essa hipótese.

Forbes (2012) ainda sintetiza um movimento atual dentro da psicanálise lacaniana que busca soluções teóricas no que é considerada a última clínica de Lacan, a do sinthome. Buscando rever o uso da psicopatologia de ordem edípica, reduzida à tríade neurose-psicose-perversão e associada ao primeiro ensino de Lacan, o autor sugere uma reelaboração. Em vez da supervalorização da interdição edípica, a prevalência da invenção singular e a "versão que o Nome-do-Pai assume no sintoma de cada sujeito" (Forbes, 2012, p. 47). Em vez do tradicional diagnóstico tripartido difundido no meio freudo-lacaniano, Forbes (2012, p. 47) refere a um "novo horizonte que enfatiza a singularidade do sintoma como resposta de um sujeito ao real. O sintoma, nessa nova perspectiva, é a 'pai-versão' de que cada um é capaz". Essa, porém, não seria uma solução demasiado adaptada às ideologias individualistas criticadas pelo próprio autor? "No século XXI, aprofundam-se os efeitos das ideologias individualistas. O homem desbussolado desconhece, cada vez mais, o real da estrutura que o determina" (Forbes, 2012, p. xxiv). Eidelsztein (2008), por exemplo, propõe as estruturas clínicas como oposição crítica ao individualismo contemporâneo, de maneira que elas não seriam características dos indivíduos ou pessoas, mas dos sujeitos produzidos na transferência entre analisante e analista. Além do mais, uma psicanálise trataria de buscar no Outro as determinações simbólicas do sujeito, promovendo um desinvestimento do moi como entidade autônoma e, por isso, funcionando em desacordo com as ideologias individualistas tais quais teorizadas por Dumont (1985) e outros. Uma retificação do próprio Forbes contribui para a compreensão da questão (2012, p. xii): "O inconsciente do qual vamos tratar é aquele que leva o ser falante a responsabilizar-se pela invenção do seu estilo singular de usufruir de seu corpo e de sua vida". Em vez de se culpabilizar por uma tragédia mítica do qual é apenas um produto, o sujeito deveria se responsabilizar pela invenção de soluções singulares diante do Real. Uma clínica potencialmente independente da classificação diagnóstica tradicional? Ora, que uma psicanálise deva promover o advento de saber sobre o modo como um sujeito é determinado por uma estrutura que o antecede, e que uma psicanálise deva promover a invenção de um estilo singular de gozo dentro dessa estrutura, não são ideias necessariamente contraditórias. Pode-se muito bem afirmar que o sujeito produz uma invenção singular a partir do reconhecimento de suas determinações simbólicas oriundas do Outro, de forma que uma clínica do sinthome, como resposta às questões clínicas contemporâneas, não necessariamente excluiria a teoria das estruturas clínicas e o seu emprego diagnóstico. Lacan, por exemplo, ao comentar o sentido de "tomar um caso na sua singularidade", afirma que isto significa a reintegração da história do sujeito até seus últimos limites, "até uma dimensão que ultrapassa de muito os limites individuais" (1953-1954/1986, p. 21), afinal, ele está assujeitado à "autonomia da função simbólica" (1953-1954/1986, p. 69).

A finalidade de uma análise deve ser uma solução individual ou o encontro com uma estrutura que vai além dos limites individuais? Quando colocadas como duas clínicas distintas e oriundas de dois "Lacans" diferentes, um aparentemente mais moderno (e freudiano) e outro mais "pós-moderno", é o fundamento dessa divisão que se torna insuficiente. A passagem à topologia dos nós, quando a noção de sinthome é elaborada, não elimina os conceitos oriundos da topologia das superfícies, matemas, esquemas, linguística etc. Não que as invenções lacanianas se adicionem ao longo dos anos de seu ensino para formar um conjunto cada vez mais completo e coeso, mas os últimos conceitos de Lacan não são os melhores e definitivos por serem os últimos. Assim, a ideia de uma clínica orientada para a invenção singular de um modo de gozo não se choca necessariamente contra as estruturas clínicas. O que sustentamos é que se busque a construção de acréscimos que enriqueçam a diagnóstica psicanalítica, evitando que os casos que a colocam em xeque sejam tão somente lidos a partir do signo de um déficit.

 

Fora do totemismo

Em Mal-estar, sofrimento e sintoma (2015), Dunker propõe pensar criticamente a racionalidade diagnóstica da psicanálise a partir de novos termos. Para tanto, a diferença entre totemismo e animismo (mais especificamente o perspectivismo animista ameríndio conforme trabalhado pelo antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro) é crucial. O autor reúne sob o termo totemismo tanto a base antropológica utilizada por Freud em Totem e tabu quanto o diagnóstico tripartido, orientado pela função paterna - onde a operação "normal", neurótica, recalcaria essa função, enquanto as demais se apresentariam como um déficit dela. Reduzir os diagnósticos a apenas inscrição ou déficits da função paterna contribuiria para o não reconhecimento do que o autor chama de experiências produtivas de indeterminação e, logo, de sofrimentos não organizados dentro da lógica totêmica. Dito de outra maneira, "o totemismo representa uma das articulações do sintoma que nos deixou cegos para a possibilidade de que existam sintomas de estrutura animista" (Dunker, 2015, p. 368), isto é, o que fica fora da estrutura das estruturas. Seria preciso, portanto, buscar as soluções para reconhecimento das novas formas de sofrer em novas narrativas e soluções teóricas, não apenas pela "hermenêutica do texto de Freud e Lacan" (p. 405). O perspectivismo animista ameríndio investigado por Dunker serve de alternativa, e não substituto, ao totemismo:

É preciso uma reformulação da racionalidade diagnóstica que cerca a leitura do mal-estar brasileiro para além do pai como articulador central dos dispositivos de autoridade, para além da família como lugar de asfixia do desejo, para além da oposição simples entre ideais subjetivos e condições objetivas. É preciso reconhecer que agora sofremos de outra maneira. (Dunker, 2015, p. 86)

O entendimento de que a psicanálise, tal qual a ciência, se atém ao mononaturalismo (existe uma natureza e nossas teorias são tentativas renovadas de construir sistemas explicativos dela), faz Dunker buscar no perspectivismo animista soluções multinaturalistas (a natureza não é homogênea e singular):

[] é preciso defender uma multiplicidade de naturezas, todas elas dependentes de uma única perspectiva, que é a do sujeito produtor de versões sobre a natureza a partir das perspectivas nas quais se encontra. Trata-se de diversas naturezas, no sentido material, causal e ontológico. [] Ou seja, não se trata das variedades simbólicas da natureza, que o totemismo nos ajuda a organizar, mas da naturalidade real da variação. (Dunker, 2015, p. 354)

Sendo o Real variado, alheio a um padrão único que pudesse ordená-lo, a introdução do animismo como modelo alternativo ao totêmico contribui para a abertura da racionalidade diagnóstica e põe em questão o limite da estrutura das estruturas. Dunker busca estabelecer uma diagnóstica do sofrimento pensada a partir do próprio Brasil, de forma que as variedades dos sofrimentos nacionais são pensadas em suas particularidades e não mediante adaptações de outras racionalidades diagnósticas. A ideia de que a psicanálise deve inventar novos conceitos criadores de novas realidades, permitindo uma reformulação da clínica, está, lembremos, presente já no início do ensino de Lacan:

Temos que nos aperceber de que não é com a faca que dissecamos, mas com conceitos. Os conceitos têm sua ordem de realidade original. Não surgem da experiência humana - senão seriam bem feitos. As primeiras denominações surgem das próprias palavras, são instrumentos para delinear as coisas. Toda ciência permanece, pois, muito tempo nas trevas, entravada na linguagem. (Lacan, 1953-1954/1986, p. 10)

Destaca-se o lugar do sofrimento na articulação entre mal-estar, sofrimento e sintoma. Por entender que na literatura psicanalítica há um imediatismo indevido entre mal-estar e sintoma, isto é, os novos sintomas que desafiam a clínica psicanalítica são tomados como correlatos diretos de um também novo mal-estar, Dunker (2015, p. 11) interpõe entre esses termos a noção de sofrimento, onde "o sofrimento psíquico é a expressão de um social ainda não reconhecido, ou não mais reconhecido, que continua a insistir como carta não entregue, promessa não cumprida". Tomemos como exemplo uma passagem de Forbes (2012) que apresenta uma articulação mais imediata entre sintoma e mal-estar:

O sintoma clássico é uma expressão disfarçada do desejo. Os novos sintomas são expressões mais diretas da pulsão. Por isso, tantas vezes tomam a forma de adições, compulsões ou rejeições maciças. (Forbes, 2012, p. xxvii)

Nesse exemplo podemos considerar que os novos sintomas são tomados como experiências improdutivas de indeterminação, que, se articulados por uma narrativa e reconhecidos como sofrimento, podem vir a ser experiências produtivas de indeterminação. Em forma de romance (familiar do neurótico), de teorias (sexuais infantis) ou de mito (individual do neurótico), para Dunker (2015, p. 25), "o sofrimento determina-se pela narrativa e pelo discurso nos quais se inclui ou dos quais se exclui". Faltaria à literatura psicanalítica contemporânea, portanto, um trabalho sobre as narrativas possíveis em que o mal-estar pudesse se expressar e encontrar reconhecimento social enquanto sofrimento. Narrativas localizadas, sublinhe-se, não universais no sentido generalista.

Por entender que os discursos sobre um objeto podem modificá-lo, o autor realiza uma espécie de genealogia da racionalidade diagnóstica que culmina na psicopatologia contemporânea, ao mesmo tempo em que identifica as diferentes estratégias diagnósticas que lhe são idiossincráticas. O diagnóstico é uma nomeação que gera efeitos no indivíduo e no social, restabelecendo os critérios normativos através da história. A conclusão de Dunker (2015, p. 265) é que "não é possível separar os sofrimentos e sintomas típicos de um contexto histórico-cultural da racionalidade diagnóstica onde eles se apresentam". Se essa hipótese for acolhida, o passo seguinte seria investigar como a própria psicanálise estaria contribuindo para os novos sintomas, ou mesmo sintomas sociais, pelos quais tem se interessado. Assim, Dunker (2015, p. 33) afirma que, se "temos agora novas patologias baseadas no déficit narrativo, na incapacidade de contar a história de um sofrimento, na redução do mal-estar à dor sensorial", isso não deve ser pensado como independente da "[] condensação das formas de linguagem que a pós-modernidade reserva ao sofrimento". Não basta pensar como a psicanálise, a psicologia ou a psiquiatria podem "curar" as patologias do social. É preciso também pensar de que forma fazem sua racionalidade diagnóstica participar dessas patologias, assim como por meio de quais narrativas contemporâneas podem promover o reconhecimento do sofrimento em questão; afinal, "não temos nenhuma razão para pensar que os quadros nosológicos estão aí desde toda a eternidade e nos esperavam" (Lacan, 1953-1954/1986, p. 127).

Demonstrada a limitação da teoria psicanalítica de base totêmica e a necessidade de novos conceitos e noções para as questões clínicas e diagnósticas que se apresentam diante da psicanálise na contemporaneidade, apontamos para soluções localizadas, não generalistas. Também reservamos o uso do termo universal ao seu sentido lógico, onde, diferentemente do generalismo pela indução, a validade do enunciado funda uma categoria abstrata sem a pretensão de ser uma verdade aplicável a todos os casos. Investigaremos a seguir a possibilidade das soluções localizadas a partir do matema lacaniano.

 

Fora do universalismo

No contexto do estruturalismo, conforme apresentado por Foucault (2007, p. 525), psicanálise, etnologia e linguística encontraram umas nas outras intersecções, mas as estruturas do inconsciente, do parentesco e da linguagem não puderam ser completamente equiparadas, isto é, reduzidas ao mesmo sistema. Segundo o filósofo (2007, p. 525), a linguística, que serviria de fundamento comum à psicanálise e à etnologia, não permitiu que essas duas disciplinas chegassem a algo "de irredutível, de uniformemente válido" sobre o homem, como uma "antropologia psicanalítica". Milner (2008, p. 256), no que classifica como um momento crucial para o desmonte do estruturalismo enquanto movimento, coloca que tampouco foram encontradas as esperadas correspondências das estruturas da linguística estrutural com as da matemática. Seguindo métodos estruturais ou não, cada disciplina terminaria autorizada por si mesma a realizar suas descobertas, mesmo que sem correlação com as de outros campos e sem necessitar de um crivo externo que as valide.

Se os saberes de cada um desses campos não podem ser reduzidos a uma e mesma estrutura, há que se considerar uma noção de estrutura sem pretensões totalitárias e universalistas, mas limitada a apreender fenômenos circunscritos. Isso coloca a psicanálise numa situação de independência para abordar a estrutura do inconsciente por seus próprios meios, inclusive de sua própria noção de estrutura. Para Milner (1996, p. 106), essas estruturas não são deduzíveis umas das outras e sequer necessitariam ter conexões entre si. Os matemas lacanianos, enquanto escrita da estrutura mínima (Milner, 2008, p. 219), serão heteromorfos a cada outro e suas escritas serão variadas (1996, p. 106). Essa afirmação parece lançar a psicanálise em situação temerária, na qual não há uma teoria consistente que reúna seus saberes dentro de uma estrutura coesa e regida por princípios estáticos. Vimos, contudo, como pode ser insuficiente um princípio único do qual dependa todo um tecido de noções, como no caso do totemismo diante da contemporaneidade. Isso reforça a potência teórica de formalizações localizadas e mais ou menos independentes. É o que propõe, por exemplo, Rona (2012):

Não postulo que essa lógica seja única, nem que seja uma lógica das lógicas, mas tão somente que a possibilidade de formalização existe, guardada a necessidade de se delimitar os fenômenos psicanalíticos, de tratá-los localmente. Sonhos, fantasia, a fala em análise, como exemplos, poderiam a bom título apresentar lógicas distintas, o que não impediria sua formalização, em cada caso. (Rona, 2012, p. 238-239)

Rona (2012), que compreende a lógica do significante a partir da teoria dos conjuntos, afirma que "mais de um conjunto pode ser considerado coerente, defendendo o argumento da pluralidade das verdades" (p. 92). Consequentemente, haveria "mais de uma forma de organização do sistema significante que atenda a esse princípio" (p. 346) e diferentes topologias. Por isso, não há necessidade de que "todas as noções, práticas, éticas, clínicas e teóricas sejam reconduzidas a um mesmo núcleo de assertivas para que postulemos um grau de cientificidade da psicanálise", pois ainda segundo Rona, "basta que exista coerência nas localidades e que exista comensurabilidade entre elementos" (p. 93). O uso da formalização em psicanálise, como faz Lacan com seus matemas, seria livre tanto da "aspiração totalitária" e da "racionalidade triunfal" quanto da "aspiração relativista" e da "irracionalidade obscurantista" (p. 348).

Se Dunker propõe o multinaturalismo como um modelo para pensar o Real da psicanálise como variado e não uniforme, vemos que esse Real é compatível com o conjunto de proposições sobre a estrutura localizada de Rona e Milner. Em ambos os casos é rejeitada a ideia de um Real uniforme e explicável por um princípio. Ora, as generalizações via indução, em que a regularidade em alguns casos pode ser estendida a todos outros (como as defesas da universalidade do complexo de Édipo), baseiam-se na assunção de um Real uniforme. Assim, e dado que o Real lacaniano é por definição uma impossibilidade irredutível de simbolização, qualquer universalismo em psicanálise deverá ser restrito ao sentido lógico, isto é, como hipótese que funda uma classe, que recorta e ordena pedaços do Real, não como afirmação universalmente verdadeira e aplicável. Consideramos que essas questões metodológicas e epistemológicas são imprescindíveis aos problemas submetidos à psicanálise na contemporaneidade. A elaboração de novos diagnósticos deve participar de uma reformulação da racionalidade diagnóstica, o que não pode ser realizado sem uma crítica do alcance dos métodos e conceitos da psicanálise.

 

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Recebido em 17 de maio de 2017
Aceito para publicação em 05 de outubro de 2017

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