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Psicologia Clínica

versão impressa ISSN 0103-5665versão On-line ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.32 no.2 Rio de Janeiro maio/ago. 2020

http://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0032n02A01 

SEÇÃO TEMÁTICA - CONFLITOS E DESAFIOS EM FAMÍLIAS E CASAIS

 

Mulher, mãe e filha cuidadora: imaginários coletivos sobre relações intergeracionais

 

Woman, mother and daughter caregiver: collective imaginary about intergenerational relations

 

Mujer, madre e hija cuidadora: imaginario colectivo sobre las relaciones intergeneracionales

 

 

Natália Del Ponte de AssisI; Carlos Del Negro VisintinII; Andrea de Arruda Botelho BorgesIII; Tânia Maria José Aiello-VaisbergIV

IDoutora pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia como Profissão e Ciência, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP, Brasil. email: nataliadpassis@gmail.com
IIDoutorando pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia como Profissão e Ciência, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas, SP, Brasil. email: carlos.visintin@gmail.com
IIIDoutora em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP), SP, Brasil. email: andrea.a.botelho@gmail.com
IVLivre Docente em Psicopatologia pela Universidade de São Paulo (USP); Programa de Pós-Graduação em Psicologia como Profissão e Ciência, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), Campinas; Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica, Departamento de Psicologia Clínica, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil. email: aiello.vaisberg@gmail.com

 

 


RESUMO

Inserindo-se no contexto de trabalhos científicos que vêm abordando o fenômeno, cada vez mais ampliado, de possibilidade de convivência entre diferentes gerações, em vários âmbitos sociais e institucionais, esta pesquisa tem como objetivo investigar imaginários coletivos sobre relações intergeracionais. Configura-se metodologicamente por meio da abordagem psicanalítica de um curta-metragem disponível na internet. Exposições dos pesquisadores ao material, em estado de atenção flutuante e associação livre de ideias, permitiram a produção de três campos de sentido afetivo-emocional: "Sentidos para o viver", "Sobra tudo para mim" e "Mulher/mãe/filha cuidadora". Tais campos revelam a prevalência de crenças imaginativas segundo as quais a convivência entre avós e netos seria lúdica e promoveria aprendizagens significativas, desde que sustentada por uma adulta capaz de cuidar de todos. O quadro geral indica que relações saudáveis entre crianças e idosos requerem sustentação em termos do suprimento de suas necessidades materiais e afetivas, o que tende a permanecer sob responsabilidade de mulheres-mães-filhas que se encarregam do sustento financeiro, das tarefas domésticas e dos cuidados com os familiares.

Palavras-chave: idosos; mulheres; relações intergeracionais; imaginários coletivos; psicanálise.


ABSTRACT

In the context of scientific studies which consider the increasingly prevalent possibility of coexistence of different generations, in various social and institutional spheres, this study aims to investigate collective imaginaries about intergenerational relationships. It is organized around the application of the psychoanalytic method to a short film available online. The researchers' exposure to this material, in a state of floating attention and free association, led to the development of three fields of affective-emotional meaning: "Meaning for living", "It is all on me", and "Wife/mother/daughter caregiver". These fields indicate the prevalence of imaginative beliefs according to which the coexistence between grandparents and grandchildren would be playful and promote meaningful learning, provided an adult took care of the family. The general picture indicates that healthy relationships between children and the elderly requires support in terms of supplying their affective and material needs, which tends to be a responsibility assigned to women (wives, mothers and daughters), who usually are in charge of financial support, domestic chores, and family care.

Keywords: elderly people; women; intergenerational relations; collective imaginary; psychoanalysis.


RESUMEN

Debido a un problema de investigación relacionado con la convivencia entre las generaciones, el objetivo es conocer el imaginario colectivo sobre las relaciones intergeneracionales. Se justifica en la medida en que el aumento de la longevidad poblacional altere la convivencia en diversas áreas sociales, reflexionando en la clínica psicológica. Metodológicamente se configura a través del enfoque psicoanalítico de un cortometraje disponible en Internet. Las exposiciones de los investigadores psicólogos al material, en estado de atención flotante y libre asociación de ideas, permitieron la producción de tres campos de sentido afectivo-emocional: "Sentidos para vivir", "Todo lo que me queda" y "Mujer/madre/hija cuidadora". Estos campos revelan la prevalencia de creencias imaginativas según las cuales la convivencia entre abuelos y nietos sería lúdica y promovería un aprendizaje significativo, si sostenido por un adulto capaz de cuidar de todos. El marco general indica que las relaciones saludables entre los niños y los ancianos requieren apoyo en términos del suministro de sus necesidades materiales y afectivas, que tiende a permanecer bajo la responsabilidad de las mujeres-madres-hijas que se encargan de la subsistencia, atención doméstica y familiar.

Palabras clave: ancianos; mujeres; relaciones intergeneracionales; imaginario colectivo; psicoanálisis.


 

 

Introdução - Os idosos e as relações intergeracionais

Reconhecendo que as profundas desigualdades sociais atuais (Morgan, 2017), herdadas do passado colonial de nosso país, afetam dramaticamente a vida dos brasileiros, não nos surpreende constatar que fenômenos tais como o aumento da expectativa de vida apresentem, entre nós, feições peculiares que demandam certa atenção. De fato, o aumento da expectativa de vida traz como consequência ampliação das oportunidades para que gerações mais novas possam conviver com pessoas idosas. Entretanto, em uma sociedade heterogênea como a brasileira, essa possibilidade pode ser vivida de diferentes formas, gerando momentos de enriquecimento de vínculos, mas também o enfrentamento de desafios. Assim, estudos que se inserem nessa temática se justificam, pois, apesar de potencialmente enriquecedoras, as relações intergeracionais podem se revelar problemáticas por muitas razões, entre as quais se incluem certa desvalorização do idoso, tido como representante de velhos tempos, já ultrapassados pelos avanços tecnológicos, e não como detentor de experiências relevantes no enfrentamento dos desafios do futuro (Whitaker, 2010). Constela-se, assim, um quadro de possíveis conflitos intergeracionais, que se expressa claramente na clínica psicológica contemporânea e na literatura voltada à saúde mental de idosos (Silva et al., 2015).

No que tange às condições socioeconômicas vigentes, devemos recordar que, na classe média, é mais comum que a família nuclear habite um domicílio que não é compartilhado com avós ou outros membros da família extensa. Entretanto, quando a situação de envelhecimento está no horizonte, ocorrem mudanças na dinâmica familiar na medida em que os idosos, que moram em outros domicílios ou instituições, demandarão atenção por parte dos adultos (Rabelo & Neri, 2014; Carrilho et al., 2015). Assim, os idosos, anteriormente menos dependentes, requererão atendimento de novas necessidades resultantes da perda progressiva de autonomia, o que se torna mais comum à medida em que a idade avança.

Por outro lado, nas classes populares, pessoas de diferentes gerações frequentemente convivem sob um mesmo teto. Por esse motivo, somos recorrentemente confrontados, na clínica institucional, com situações de coabitação que reúnem pais, filhos, tios, primos, avós e até bisavós. Os idosos muitas vezes assumem posição ativa na vida dos netos durante a infância e adolescência. Alguns estudos indicam que avós representam parte significativa da renda familiar, das discussões, do cuidado, enfim, da criação de seus netos (Alves, 2013; Pinto et al., 2014; Oliveira et al., 2010). Bosi (1994), em tese de livre docência, já abordou a importância da relação entre avós e netos, apontando que os mais velhos podem contribuir significativamente para a formação das novas gerações, transmitindo conhecimentos e compartilhando experiências.

Atualmente, certa ênfase tem sido dada à questão da discriminação dos mais idosos, já que há indícios de que envelhecer tende a ser visto, em nossa sociedade, como algo ridículo, feio e assustador (Goldani, 2010). Estudiosos da teoria das representações sociais afirmam que circula uma visão segundo a qual a velhice estaria marcada por conotações negativas em que a figura do idoso sozinho, doente e dependente inclui-se no bojo da rejeição ao que é velho (Daniel et al., 2015). Seguindo essa linha, é válido lembrar que Bauman (2008) considera que existe, na contemporaneidade ocidental, certo fascínio por aquilo que é novo e descartável, bem como rejeição pelo que é velho e durável. Assim, num movimento dialético, as relações humanas também seriam moduladas por tais valorizações. Entretanto, também encontramos pesquisadores interessados em conhecer representações sociais sobre o envelhecimento ativo entre homens e mulheres, revelando maior associação da mulher com a esfera doméstica enquanto associam os homens às atividades de lazer, por exemplo (Daniel et al., 2016).

Por outro lado, alguns setores da sociedade civil posicionam-se contra o desprezo e desrespeito ao idoso. Vale, nesse sentido, lembrar o Plano de Ação Internacional para o Envelhecimento, estabelecido na Conferência de Madri: "Reconhecemos a necessidade de fortalecer a solidariedade entre as gerações e as associações intergeracionais, tendo presentes as necessidades particulares dos mais velhos e dos mais jovens e de incentivar as relações solidárias entre gerações" (ONU, 2003, p. 22).

Encontramos pesquisadores preocupados em aproximar gerações na tentativa de preencher uma lacuna entre idosos e jovens. No Brasil, por exemplo, há estudos que compartilham reflexões sobre programas interventivos (França et al., 2010; Ferrigno, 2009; Souza, 2003) bem como iniciativas clínicas que favorecem interações entre diferentes grupos etários (Machado et al., 2003). De nossa parte, consideramos que tais programas e práticas clínicas expressam um sentido de urgência e busca da sociedade por lidar com um grupo social que tende a se fragilizar com o tempo, o que é próprio da velhice, revelando uma dificuldade, institucional e comunitária, para sanar as necessidades da população idosa.

O interesse pelo idoso também se expressa em pesquisas que, embora aspirem se tornar úteis na transformação de condições do envelhecimento, não visam a produzir conhecimento para utilização imediata como fazem aqueles que investigam a eficácia de programas interventivos. Como exemplo, lembramos que, em trabalho psicanalítico anterior, encontramos imaginários coletivos, conceito que explicitaremos a seguir, preconceituosos e temerosos por parte de idosos sobre adolescentes dos dias de hoje (Assis et al., 2016). Consideramos que investigar imaginários coletivos de um grupo etário sobre outro, a fim de conhecer as fantasias e crenças que circulam entre as pessoas, pode se revelar interessante, tendo em vista a produção de conhecimento sobre relações intergeracionais que pode orientar práticas psicoprofiláticas e psicoterapêuticas, bem como contribuir com discussões e transformações sociais que visem à construção de relações éticas e solidárias entre as pessoas. Tais estudos podem se dar pela análise de produções culturais, tais como o curta-metragem que ora tomamos como material, na medida em que veiculam imaginários coletivos sobre relações intergeracionais.

 

Método

Trata-se de um estudo qualitativo com uso do método psicanalítico que, como sabemos, desde os tempos inaugurais da psicanálise tem sido usado não apenas no atendimento a pacientes, mas também na abordagem de variadas manifestações humanas. Explicitamos que, conforme explicou Freud (1922/1996), psicanálise pode ser definida como um método de investigação dos processos afetivo-emocionais, um conjunto de teorias, e uma prática clínica. Esse método coloca-se logicamente anterior às teorias e procedimentos clínicos, uma vez que, quando a associação livre de ideias e a atenção flutuante são postas em marcha, por assim dizer, derivam de suas regras fundamentais as teorias e terapêuticas. Desse modo, todo o saber sobre a conduta e seus determinantes inconscientes encontra seus fundamentos à luz dos pilares desse método clínico, ou seja, a associação livre de ideias e a atenção flutuante, a partir da assunção de uma atitude de abertura ao encontro.

Como sabemos, o método psicanalítico, utilizado por todas as escolas (Herrmann, 1979, 2004), pode originar teorizações pulsionais, relacionais ou que se acomodem entre esses dois polos (Greenberg & Mitchell, 1983). Adotamos um referencial relacional que enfatiza a importância de contextos macrossociais, conhecido como psicologia concreta ou psicologia da conduta (Bleger, 1963/2007; Politzer, 1928/2004; Ambrosio, 2013), no âmbito da qual foram forjados alguns conceitos metodológicos que aqui definiremos: conduta, campos de sentido afetivo-emocional e imaginários coletivos.

Definimos condutas como toda e qualquer manifestação ou ato humano, seja psíquico ou somático, sejam comportamentos exteriores ou obras deles derivadas. No âmbito da psicologia concreta, as condutas são compreendidas como eventos dramáticos, vale dizer, como fenômenos inerentemente vinculares e coexistenciais, e não como produto da interioridade psíquica individual. Ao passo em que a conduta conformar-se-ia como objeto de estudo de todas as ciências humanas, de acordo com Bleger (1963/2007), caberia à psicologia o estudo da dimensão emocional desses fenômenos.

Clarificamos que, no âmbito teórico da psicologia concreta (Bleger, 1963/2007), as condutas emergem de campos de sentido afetivo-emocional, que podem ser definidos como substratos afetivo-emocionais não conscientes, intersubjetivamente plasmados. Desse modo, afastamo-nos de uma visão de inconsciente metapsicológico e intrapsíquico para nos aproximarmos de uma concepção de inconsciente como trama de sentidos intersubjetivamente tecidos. Visamos, no contexto de pesquisa, a produzir tais campos, que são inconscientes intersubjetivos, por meio do trabalho interpretativo grupal, priorizando múltiplos olhares acerca do fenômeno no qual estamos interessados.

Os imaginários coletivos correspondem a conjuntos de condutas que visamos investigar. São, portanto, atos humanos, que criam mundos vivenciais, no âmbito dos quais se produzem e se reproduzem dialeticamente novas condutas (Aiello-Vaisberg & Machado, 2008). Consideramos que o estudo psicanalítico de imaginários coletivos pode originar conhecimento relevante em termos da clínica psicológica e da realidade social.

O presente estudo se organizou por meio de uma sequência composta por três procedimentos investigativos, correspondentes a uma forma possível de operacionalização do método psicanalítico, que ora explicitamos:

(1) Procedimento investigativo de seleção do material de pesquisa;

(2) Procedimento investigativo de produção interpretativa dos campos de sentido afetivo-emocionais ou inconscientes intersubjetivos;

(3) Procedimento investigativo de interlocuções reflexivas.

Para cumprir o procedimento investigativo de seleção do material de pesquisa, definimos a priori alguns critérios de seleção, que se justificam na medida em que nos permitem entrar em contato com a temática estudada. São eles:

(1) Produções cinematográficas em curta-metragem livremente disponibilizadas na internet;

(2) Produções brasileiras lançadas entre 2000 e 2018;

(3) Produções apresentando relações intergeracionais que incluam uma pessoa idosa;

(4) Produções que gerem impactos afetivo-emocionais significativos.

Os três primeiros critérios são descritivos e se justificam diante do nosso interesse em produzir conhecimento de utilidade clínica sobre imaginários coletivos atuais.

O quarto critério, por sua vez, traz consigo uma complexidade maior, relacionada ao fato de a pesquisa qualitativa lidar basicamente com acontecimentos humanos prenhes de significado emocional, sem tornar irrelevante o fato de uma conduta se revelar mais altamente expressiva do que outra. Assim, a partir de um critério assumidamente mais psicanalítico, inspirado no conceito de sujeito típico (Frederico, 1979), selecionamos uma obra que se apresentou potentemente capaz de comunicar um certo imaginário. A utilização do critério relativo ao impacto contratransferencial foi possível porque, dados os três outros critérios, mantivemo-nos atentos aos curtas-metragens disponíveis na internet há alguns meses, desde que havíamos iniciado estudos preliminares sobre relações intergeracionais.

Tais critérios permitiram a seleção de um curta-metragem de aproximadamente quinze minutos intitulado "A Grande Viagem" (Fioratti, 2011). Essa produção chamou nossa atenção pelo modo sensível com que foi produzido e, também, por ter sido exibido em diversos lugares, incluindo a Mostra de Cinema de São Paulo - evento familiar aos pesquisadores -, o Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro e a Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul.

Tomamos esse curta-metragem "A Grande Viagem" - vale dizer, uma obra coletiva - como um acontecer humano ficcional produzido por pessoalidades transindividuais (Goldmann, 1971). Consideramos que o cinema, assim como todas as artes, é capaz de expressar modos de ser e viver prevalentes em determinados contextos, permitindo múltiplas leituras. Todo artista está imerso em seu tempo histórico e, ao criar uma produção cultural, expressa aspectos do mundo em que vive. Pesquisas como as de Arós e Aiello-Vaisberg (2009), Chinalia (2012, 2017) e Montezi et al. (2013), que também utilizaram o método psicanalítico na análise de produções cinematográficas, testemunham o valor de filmes na pesquisa de imaginários coletivos.

A obra escolhida nesta pesquisa retrata a história de Mário, um idoso que vai morar com sua filha e seu neto. Apesar de nunca ter viajado, conhece a cultura de diversos países, pois teria sido vendedor de guias turísticos. Seu neto passa a acompanhá-lo nas brincadeiras diárias e ambos se beneficiam da relação que vai sendo construída por meio do brincar, enquanto a mãe/filha provavelmente se mantém ocupada com o trabalho e os afazeres domésticos. Mário não consegue mais distinguir com clareza o presente e o passado, mas parece se divertir enquanto passa as tardes com o neto.

O procedimento investigativo de produção interpretativa de campos de sentido afetivo-emocional ocorreu a partir das sucessivas exposições dos pesquisadores ao filme, em estado de atenção flutuante e livre associação de ideias. Buscando interpretar o material, com vistas à produção dos campos psicológicos não conscientes, que subjazem aos imaginários coletivos sobre relações intergeracionais, seguimos as recomendações metodológicas de Fabio Herrmann (1979), tomadas como guias para a interpretação psicanalítica: "deixar que surja", "tomar em consideração" e "completar a configuração do sentido afetivo-emocional emergente". No contexto teórico-epistemológico em que nos movemos, faz sentido pensar a interpretação como criação/encontro de sentidos, baseando-nos na visão winnicottiana de "apresentação" (Winnicott, 1964/1982). Se, por um lado, o termo "apresentação" nos afasta de concepções positivistas, por outro, aproxima-nos de uma concepção segundo a qual toda interpretação é um gesto criativo, produto do trabalho intelectual do pesquisador-psicanalista.

Por fim, completamos a pesquisa com o procedimento investigativo de interlocuções reflexivas, que é o modo particular como concebemos a discussão dos resultados de pesquisa no contexto da pesquisa qualitativa com método psicanalítico. Nessa seção, buscamos dialogar com autores psicanalíticos e não psicanalíticos sobre os campos de sentido afetivo-emocional interpretativamente produzidos. Aqui, cessamos o uso do método psicanalítico para realizar um trabalho teorizante de cunho reflexivo sobre os resultados, vale dizer, os campos de sentido afetivo-emocionais, à luz de diferentes autores e teorias (Corbett, 2014). Destacamos, assim, que adotamos uma forma de discussão que incide diretamente sobre as interpretações psicanalíticas do material selecionado. Dessa forma, há um afastamento do material propriamente dito, que é considerado como conduta manifesta, na medida em que o método psicanalítico visa a ultrapassar esse plano no intuito de acessar substratos afetivo-emocionais não conscientes, concebidos como fundo a partir do qual emergem os atos humanos.

 

Resultados e Discussão

Lembramos que os resultados desta pesquisa, que se configura como qualitativa com uso do método psicanalítico, correspondem a interpretações do inconsciente, que, na psicologia concreta, não é concebido como instância intrapsíquica individual, mas como campos habitados por indivíduos e coletivos. A consideração do curta-metragem à luz do método psicanalítico permitiu a produção interpretativa de três campos de sentido afetivo-emocional: "Sentidos para o viver", "Sobra tudo para mim" e "Mulher/mãe/filha cuidadora".

O campo "Sentidos para o viver" é aquele organizado ao redor da crença de que a troca intergeracional, sob forma lúdica, conferiria novos sentidos para a vida de avós e netos. Algumas passagens do filme podem ser consideradas como condutas que emergem desse campo. Por exemplo, o neto parecia, inicialmente, desmotivado com as atividades da escola, bem como em casa, brincando sozinho. O avô também se encontrava abatido e sem vitalidade, isolado em um canto, apesar de estar sob os cuidados de sua filha. Conforme neto e avô se relacionam por meio do brincar, o garoto desenvolve mais interesse pelas atividades pedagógicas e, principalmente, vivencia afetos carinhosos em relação ao avô. Desse modo, o neto passa a se envolver espontaneamente com o cuidado emocional do idoso, enquanto este proporciona ao neto, por meio das viagens encenadas durante as brincadeiras, oportunidades de fantasiar, brincar e se divertir cotidianamente, além de aprender conteúdos escolares de modo agradável.

O campo "Sobra tudo para mim" é regido pela crença segundo a qual a vida adulta se definiria como um conjunto de pesadas obrigações. Lembremos, por exemplo, da cena em que a filha do idoso se zanga pelo fato de seu pai ter ido até o apartamento de vizinhos para vender seus almanaques de viagem. As dificuldades para lidar com os lapsos de memória do pai compõem a ideia segundo a qual o idoso deve ficar quieto, sentado, sem fazer barulho, isolado, comportado, ou melhor dizendo, em completa submissão. Nesse caso, as relações e o ambiente seriam fatores que dificultam e até mesmo limitam as relações entre as gerações familiares, sendo impossível se manter saudável em tais condições. Esse campo é ilustrado, portanto, pelas dificuldades vividas pela adulta que precisa começar a cuidar de um idoso que é seu pai.

O campo "Mulher/mãe/filha cuidadora" se organiza ao redor da crença segundo a qual a mulher seria a melhor cuidadora da família. Este campo é ilustrado pelo cuidado fundamental, porém, muitas vezes, pouco reconhecido, que passa a ser de responsabilidade da filha de Mário. Além de cuidar da casa, ocupar-se do sustento financeiro e criar o filho pequeno, precisa garantir que neto e avô possam passar tempo juntos. A personagem mulher-mãe-filha precisa estar sempre atenta às necessidades de todos que estão ao seu redor e só aparece quando precisa "dar ordens", sempre preocupada, aflita e utilizando um tom de voz mais elevado.

Enunciadas as interpretações, sob forma de definição dos campos de sentido afetivo-emocional, podemos passar para a discussão, momento em que entabulamos interlocuções reflexivas, na medida em que revisitamos as interpretações em companhia de interlocutores teóricos. Neste caso, o interlocutor privilegiado é D. W. Winnicott, apreendido a partir da perspectiva clínica Ser e Fazer (Ambrosio, 2013), que busca atender a exigências metodológicas de Bleger (1963/2007).

Começamos, assim, a discutir o primeiro campo de sentido afetivo-emocional, "Sentidos para o viver". Podemos ampliar nossa compreensão a partir perspectiva winnicottiana sobre a capacidade criadora do brincar. Devemos especificar que o brincar seria, do ponto de vista winnicottiano, a base do viver autêntico e real. Para o autor, a atividade lúdica segue sendo fundamental ao longo da vida, pois expressa facetas criadoras do self e permite a expressão de angústias, elaboração de conflitos e inserção no meio cultural:

É através da apercepção criativa, mais do que qualquer outra coisa, que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida. Em contraste, existe um relacionamento de submissão com a realidade externa, onde o mundo em todos seus pormenores é reconhecido apenas como algo a que ajustar-se ou a exigir adaptação. A submissão traz consigo um sentido de inutilidade e está associada à ideia de que nada importa e de que não vale a pena viver a vida. Muitos indivíduos experimentam suficientemente o viver criativo para reconhecer, de maneira tantalizante, a forma não criativa pela qual estão vivendo, como se estivessem presos à criatividade de outrem, ou de uma máquina (Winnicott, 1971/1975, p. 95).

Portanto, ressaltamos que os ganhos são mútuos, na medida em que ambos se tornam sensíveis às necessidades um do outro, em condições de abertura aos encontros. Podemos interrogar se esses ganhos se ligam ao fato de o curta apresentar trocas geracionais entre avô e neto num contexto familiar propício que não se caracteriza, por exemplo, pela sobrecarga de idoso cuidando de uma criança pequena, mas que se configura pela convivência do mais velho com uma criança que já ultrapassou fases de dependência características da primeira infância. Levamos em conta, também, que houve uma ampliação forçosa do núcleo familiar, porque, devido ao envelhecimento, o idoso passa a precisar morar com a filha. Questionamo-nos, por fim, como esses ganhos poderiam ocorrer em contextos comunitários e sociais mais amplos.

Em estudo antropológico sobre interações cotidianas, Gottlieb (2009, 2012), sensível a formulações winnicottianas sobre a maternidade e o cuidado infantil, mostra, pela via de estudo de bebês e seus cuidadores, como relações construtivas e solidárias entre gerações são comuns em certas formações sociais. Em pesquisa realizada numa sociedade africana tradicional, que se caracteriza por uma convivência contínua entre pessoas de diferentes idades, relata como crianças e jovens brincavam no meio da aldeia, além de demonstrar que todos compartilhavam os cuidados direcionados aos bebês e crianças, enquanto trabalhavam e se ocupavam da sobrevivência no dia a dia. Assim, contamos com uma rica descrição do modo como pessoas conseguem inventar uma solução para o problema universal da prematuridade do bebê humano, implicando diferentes gerações, sem distinção de sexo, no cuidado com os pequenos. Essa pesquisa também é tocante por evidenciar que interações solidárias podem ocorrer num ambiente marcado pela miséria material, que se liga a processos coloniais.

Evidentemente, na medida em que o modo humano de viver ultrapassa, decididamente, a esfera biológica, para fazer-se como transmissão cultural, as trocas geracionais são um fenômeno complexo de alta relevância. Como parte dessa complexidade, cabe lembrar que, muitas vezes, nas interações entre gerações, os idosos são atualmente tratados de forma excludente. Devemos ressaltar que há condições estruturais numa sociedade em rápida transformação. Ou seja, com as mudanças sociais, os idosos deixaram de ocupar um papel privilegiado que seria o do sábio nas sociedades antigas. Vale lembrar, com Bleger (1963/2007), que toda conduta é entendida como vínculo; portanto, se concordamos que nenhum ser humano vive isolado e que somos seres sociais e gregários, não caberia, aqui, apontar vítimas e culpados. A negligência para com os idosos pode ocorrer devido ao nosso despreparo social para lidar com questões relativas ao envelhecimento.

O declínio do idoso pode mobilizar angústias nos familiares próximos e na sociedade de forma geral. Assim, ressaltamos que, conforme vai envelhecendo, o idoso perde inúmeras aptidões, por exemplo, vinculadas ao mundo laboral, mas pode, muitas vezes, finalmente "brincar", no sentido winnicottiano. Nessa perspectiva, quanto mais uma pessoa idosa possa utilizar suas próprias capacidades, ainda que em declínio natural, menos dissociada e, portanto, mais integrada, estará. Nesse sentido vale recordar a frase autobiográfica de Winnicott: "Oh, Deus! Possa eu estar vivo no momento de minha morte" (Winnicott, 1989, p. 3). Tal frase diz respeito à capacidade de estar integrado, sentindo-se vivo e real, até o fim da vida. Machado e Aiello-Vaisberg (2003) lembram que o pensamento que constitui a base da psicopatologia winnicottiana refere-se à inibição do potencial criativo, advinda da submissão ao outro e, por extensão, ao mundo externo.

No que diz respeito ao segundo campo, intitulado "Sobra tudo para mim", algumas considerações devem ser tecidas. Quando concebemos a teoria winnicottiana de forma crítica e ampliada, segundo o estilo clínico Ser e Fazer (Ambrosio, 2013), não temos dificuldades em perceber que um adulto só tem condições de cuidar saudavelmente de crianças e idosos se ele mesmo puder contar com suporte ambiental satisfatório. Para tanto, é necessário viver num ambiente suficientemente bom, vale dizer, sensível às necessidades do adulto cuidador. Muitas vezes, o filho se torna cuidador por ser único ou, então, pela proximidade física ou psicológica dos pais, sem jamais ter cogitado assumir tal posição (Augusto et al., 2009). Assim, tal transformação pode significar certa orfandade por parte do adulto que vê sua configuração familiar alterando-se constantemente.

Se entendermos o conceito de holding como provisão ambiental suficientemente boa (Winnicott, 1960/1990), parece-nos adequado compreender tal cuidado para além daquele dispensado pela mãe ao seu bebê. Ou seja, não restringindo, no âmbito terapêutico, o holding a crianças, psicóticos e pacientes regredidos à fase de dependência absoluta, nossa leitura da teoria winnicottiana, a partir da perspectiva clínica Ser e Fazer (Ambrosio, 2013), faz-nos lançar a possibilidade de compreender que os âmbitos sociais mais amplos poderiam conformar-se como possibilidades de sustentação. Desse modo, podemos conjecturar, a partir do campo "Sobra tudo para mim", que ocorre uma fragilidade nos laços comunitário, social e institucional com os adultos cuidadores.

Em algumas situações, principalmente na classe média, o adulto responsável opta por contratar profissionais capacitados para a realização de tarefas que ele não consiga - ou não queira - desempenhar em relação ao idoso. Mas sabemos que a maior parcela da população não tem condições financeiras de contar com atendimento profissional; portanto, seriam desejáveis transformações sociais que pudessem sustentar a existência de espaços saudáveis.

Aparentemente, o campo "Sobra tudo para mim" indica a crença segundo a qual o adulto seria entendido, em nossa sociedade, como um indivíduo independente, autônomo e capacitado que não conta com apoio de laços comunitários e institucionais. Os desafios configurados por este tipo de campo ampliam-se na medida em que outros parentes passam a conviver em função da necessidade de uma possível perda de capacidade de autocuidado.

No que tange ao terceiro campo, "Mulher/mãe/filha cuidadora", percebemos um imaginário organizado ao redor da crença de que uma mulher seria a melhor cuidadora da família. Como exposto por este campo, ela deveria se responsabilizar pelas gerações mais novas e mais velhas. Há pesquisas indicando que os idosos são majoritariamente cuidados por mulheres, especialmente filhas e netas (Takase Gonçalves et al., 2011). Também encontramos, em estudos psicanalíticos, indícios segundo os quais circulam, em nossa sociedade, fantasias de acordo com as quais as responsabilidades pelas crianças deveriam ser de exclusividade da mãe biológica (Visintin & Aiello-Vaisberg, 2017).

Mota (2012), por sua vez, constatou que a filha geralmente assume o cuidado do idoso, enquanto outros familiares são omissos ou apenas visitam raramente. Ainda assim, a filha cuidadora recebe críticas sobre o modo como lida com os mais velhos. Nessa mesma linha, Robles e Pérez (2012), ao analisarem as expectativas de jovens e idosos sobre o dever dos filhos em relação ao cuidado dos mais velhos, revelaram que é esperado que cuidar dos idosos seja uma tarefa da geração mais nova, sendo ideal que o cuidado também seja realizado pela filha. As mudanças recentes nos papéis da mulher na família configuram a diferença de expectativas que ocorre ao longo dos anos. Por outro lado, a mulher continua sendo a principal responsável pelos pais. Batista et al. (2013) investigaram a influência do gênero do cuidador nos fatores associados à sobrecarga dos familiares de pacientes psiquiátricos, idosos ou não. Perceberam que mulheres sofrem cobranças mais especificamente com respeito ao impacto em suas vidas sociais e profissionais, enquanto que, para os homens, as queixas em relação ao aspecto financeiro se destacam.

Tais estudos nos levam a questionar os motivos pelos quais as mulheres seriam constantemente selecionadas para cumprir tais tarefas e com quais suportes elas têm podido contar ao longo do tempo. Certamente, essas questões são socialmente construídas e as crenças imaginativas vinculadas ao "dom materno" fomentam condutas naturalizantes e abstratas que podem estar a serviço da opressão feminina. Pesquisas desenvolvidas na clínica winnicottiana da maternidade apontam que, em nossa sociedade, ocorrem idealizações da figura materna, no sentido de que a mãe biológica seria compreendida como a melhor e única cuidadora da prole (Granato & Aiello-Vaisberg, 2013, 2016). Se, por um lado, sabemos que bebês nascem em condição de dependência absoluta de cuidados de adultos devotados (Winnicott, 1945/1992), por outro, como bem dissertou Gottlieb (2009, 2012), são inúmeras as possibilidades de arranjos culturais de acolhimento de recém-nascidos e crianças de modo a não onerar exclusivamente a mãe. O campo "Mulher/mãe/filha cuidadora" faz coro a um conjunto de achados de pesquisas ao demonstrar que, enquanto sociedade, ainda demandamos que a mulher-mãe-filha seja dedicada exclusivamente à sua família. Tal posicionamento, claramente conservador e individualista, coincide com perspectivas segundo as quais a maternidade seria uma obrigação e um dever natural da mulher.

No caso do curta-metragem aqui estudado, a cuidadora é tanto filha como mãe. Associamos seu drama ao "mito do amor materno" (Badinter, 2010), segundo o qual toda mãe deveria amar espontaneamente o seu bebê. Aqui, expandindo tal mito, podemos enunciar a crença de que toda filha deveria devotar-se espontaneamente ao cuidado dos pais idosos. Diante desse quadro, abalizamos que a cobrança da mulher seria duplicada, pois, ao que tudo indica, deveria amar e cuidar não apenas dos filhos, mas também dos pais idosos, aceitando tais encargos com imensa boa vontade, paciência e delicadeza.

Segundo esta investigação de imaginários coletivos sobre relações intergeracionais, podemos elucidar que, no caso da produção cultural selecionada, é apresentado de modo bastante sutil o fato de que o aumento de pessoas dependentes muda o quadro das dinâmicas familiares e põe em questão vivamente a capacidade da família nuclear de atender a todas as demandas que lhe são apresentadas. De fato, o aumento da longevidade potencializa possibilidades de dependências se instalarem, o que requer certa supervisão de adultos, que, certamente, não precisam ser do gênero feminino.

 

Considerações Finais

O presente estudo permitiu a reflexão de que, por meio do brincar, as relações intergeracionais entre avós e netos podem configurar-se como terreno fértil quando as trocas são autênticas e não submissas. Por outro lado, o curta-metragem evidencia um imaginário segundo o qual sobrecargas recaem sobre a mulher cuidadora, que é mãe e filha, e parece esforçar-se excessivamente para atender a todos. O modo como estamos organizados atualmente, vale dizer, com a mulher assumindo, em jornada dupla, tanto a responsabilidade pela vida doméstica como o sustento da família, sobrecarregam-na intensamente. Ora, dividida entre pesadas obrigações, mesmo esforçando-se pessoalmente, provavelmente a mulher não consegue evitar certo prejuízo no que diz respeito ao desenvolvimento emocional daqueles mais vulneráveis, vale dizer, crianças, adolescentes e idosos, que precisam de muitos cuidados. Tais dificuldades podem gerar falhas no ambiente sustentador.

Destacamos que o material estudado termina por apresentar uma questão certamente importante, relativa à necessidade de cuidar do cuidador que é, no caso, uma mulher-mãe-filha. Mesmo que mudanças sociais, de caráter estrutural, dificilmente ocorram a curto prazo, é fundamental que os problemas sejam bem equacionados. Sem negar o valor de programas voltados ao convívio entre idosos e pessoas de outras faixas etárias, que podem ter caráter instrutivo, finalizamos lembrando que o bem-estar de idosos, crianças e adolescentes depende do adulto, e este merece se tornar foco de interesse do psicólogo clínico, seja para realização de psicoterapia, seja para a realização de práticas psicoprofiláticas.

 

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Recebido em 05 de setembro de 2018
Aceito para publicação em 12 de abril de 2019

 

 

Esta pesquisa teve financiamento da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

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