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Psicologia Clínica

Print version ISSN 0103-5665On-line version ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.32 no.2 Rio de Janeiro MayAug. 2020

http://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0032n02A02 

SEÇÃO TEMÁTICA - CONFLITOS E DESAFIOS EM FAMÍLIAS E CASAIS

 

Estratégias de regulação emocional de pais: uma revisão da literatura

 

Parents' emotional regulation strategies: a literature review

 

Estrategias de regulación emocional de los padres de familia: una revisión de la literatura

 

 

Roberta Pereira CurvelloI; Deise Maria Leal Fernandes MendesII

IMestre em Psicologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Doutoranda em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), integrante e colaboradora do grupo de pesquisa Desenvolvimento Socioemocional e Parentalidade, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. email: robertapsi@gmail.com
IIDoutora em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Professora Associada do Instituto de Psicologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Coordenadora do grupo de pesquisa Desenvolvimento Socioemocional e Parentalidade, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. email: deisefmendes@gmail.com

 

 


RESUMO

A regulação emocional é uma habilidade importante na vida das crianças, que se desenvolve, sobretudo, por meio das interações sociais com seus pais ou cuidadores primários. Mães e pais podem ajudar usando estratégias de regulação para o manejo das emoções. O objetivo deste estudo foi traçar um panorama atual, examinando características de publicações científicas com esse tema, entre 2008 e 2017. Realizou-se uma revisão integrativa da literatura para organizar uma síntese de conhecimentos a respeito. Dezesseis artigos foram selecionados nas bases de dados Web of Science, PsychInfo, PubMed e LILACS, sendo preestabelecidas algumas categorias para analisar os estudos. Verificou-se predomínio da perspectiva conceitual da cognição social e de delineamento transversal. A reavaliação cognitiva se destacou nas estratégias empregadas, de modo a favorecer a ressignificação da experiência emocional. A maior parte dos estudos foi realizada nos Estados Unidos e as amostras foram constituídas, sobretudo, por mães e não pais. Foi possível apontar lacunas na produção, em especial a carência de estudos em diferentes culturas. Argumenta-se a necessidade de estudos brasileiros sobre o tema em que se explore a diversidade de contextos socioculturais.

Palavras-chave: regulação emocional; estratégias parentais; desenvolvimento emocional.


ABSTRACT

Emotional regulation is an important skill in the lives of children, which develops primarily through social interactions with their parents or primary caregivers. Mothers and fathers can help by using regulation strategies for managing emotions. The objective of this study was to draw a current panorama, by examining the characteristics of the scientific publications on this theme, between 2008 and 2017. An integrative literature review was formulated to organize a synthesis of knowledge on the matter. Sixteen articles were selected in the Web of Science, PsychInfo, PubMed and LILACS databases, with some categories being pre-established to analyze the studies. There was a predominance of the conceptual perspective of social cognition and cross-sectional design. The cognitive reevaluation was highlighted in the strategies employed, in order to favor the re-signification of the emotional experience. Most of the studies were conducted in the United States, and the samples consisted mainly of mothers rather than fathers. It was possible to point out gaps in production, especially the lack of studies in different cultures. It is argued there is a need for Brazilian studies on the subject in which the diversity of socio-cultural contexts could be explored.

Keywords: emotional regulation; parental strategies; emotional development.


RESUMEN

La regulación emocional es una habilidad importante en la vida de los niños, que se desarrolla principalmente a través de las interacciones sociales con sus padres o cuidadores principales. Las madres y los padres pueden ayudar utilizando estrategias de regulación para controlar las emociones. El objetivo de este estudio fue dibujar un panorama actual, examinando las características de las publicaciones científicas sobre este tema, entre 2008 y 2017. Se organizó una revisión integradora de la literatura para organizar una síntesis del conocimiento al respecto. Se seleccionaron dieciséis artículos en las bases de datos Web of Science, PsychInfo, PubMed y LILACS, con algunas categorías preestablecidas para analizar los estudios. Predominó la perspectiva conceptual de la cognición social y el diseño transversal. La reevaluación cognitiva se destacó en las estrategias utilizadas, con el fin de favorecer la re-significación de la experiencia emocional. La mayoría de los estudios se realizaron en los Estados Unidos y las muestras consistieron principalmente de madres y no de padres. Fue posible señalar brechas en la producción, especialmente la falta de estudios en diferentes culturas. Se argumenta la necesidad de estudios brasileños sobre el tema para explorar la diversidad de contextos socioculturales.

Palabras clave: regulación emocional; estrategias parentales; desarrollo emocional.


 

 

Introdução

O conceito de emoção está relacionado à noção de competência emocional, que abrange variadas habilidades. Dentre elas, está a de regulação emocional, que, para Thompson (1994), consiste em processos intrínsecos e extrínsecos responsáveis por avaliar, monitorar e modificar reações emocionais, além de apresentar respostas individuais variando quanto à intensidade, tempo e objetivos na experiência emocional.

Destaca-se nesses processos, com relação à infância, o papel relevante desempenhado pelos adultos no desenvolvimento emocional de crianças. É exercido por meio da transmissão direta e indireta de orientações, que estejam de acordo com a expectativa social e sejam sensíveis à cultura (Thompson, 1994). Atrelado a essa dimensão sociocultural, é também ressaltado que a regulação depende da experiência individual, e que funciona como um regulador de processos fisiológicos.

As crianças manifestam seu estado emocional para seus cuidadores, que reagem com respostas ajustadas às necessidades delas (Thomas et al., 2017). Os autores salientam que o processo de desenvolvimento da habilidade de regulação emocional é gradual e ocorre a partir do meio externo, como acontece quando um adulto auxilia a regulação da criança, e se prolonga até que ela melhore sua regulação interna.

São apontadas na literatura duas estratégias de regulação emocional mais amplamente utilizadas, a reavaliação cognitiva e a supressão emocional. Para Gross e John (2003), a reavaliação cognitiva permite o exame da situação que provoca a emoção e a modificação da expressão mais direta. Entretanto, a supressão emocional inibe a manifestação de comportamentos relacionados às emoções, tais como as expressões faciais.

As estratégias de regulação emocional em seu curso de desenvolvimento sofrem impacto de crenças e valores dos pais com relação às emoções e a formas de manejo delas (Meyer et al., 2014). Também a maneira com que os pais usualmente reagem às emoções dos filhos se reflete no desenvolvimento das capacidades regulatórias da criança.

De acordo com Mirabile et al. (2009), as mães desempenham um papel crítico na socialização emocional dos filhos, incluindo as estratégias regulatórias. Elas costumam acalmar seus filhos usando, por exemplo, estratégias de distração. Nesse sentido, vale ressaltar que o ambiente de cuidado tem suas peculiaridades, e as interações com a criança podem interferir em suas respostas emocionais.

As estratégias de regulação emocional utilizadas pelos pais para favorecer o processo de regulação emocional dos filhos podem ser consideradas também uma prática disciplinar. Como discute Lorber (2012), mães que se esforçam para moderar suas reações emocionais costumam utilizar práticas disciplinares que incorporam estratégias de regulação emocional voltadas para a supressão ou inibição das manifestações emocionais dos filhos. Ao contrário, mães que tendem a expressar reações emocionais com mais liberdade utilizam práticas disciplinares envolvendo regulação emocional, consideradas hesitantes.

No que concerne à habilidade de autorregulação, afirma-se que é um aspecto essencial para o bem-estar psicológico e para comportamentos apropriados, como discutem Hofmann et al. (2012). Segundo Shaffer e Obradović (2016), o comportamento dos pais e a qualidade das interações entre eles e os filhos influenciam na eficácia dessa habilidade. As autoras mencionam que há uma lacuna na literatura com relação a diferentes aspectos da autorregulação, comportamento dos pais, práticas de parentalidade e interações de pais e filhos. Apontam ainda fatores que influenciam e permeiam a regulação dos pais com relação aos filhos, como dificuldades de regulação emocional dos pais, o nível de educação que possuem, as condições financeiras da família, entre outras circunstâncias que influenciam as capacidades de regulação emocional.

A relevância da regulação emocional para a vida dos indivíduos, particularmente na infância, como discutido, é amplamente reconhecida na literatura científica e seu impacto no desenvolvimento da criança é considerado crucial para um desenvolvimento saudável. Nesse sentido, conhecer a produção na área e traçar um panorama do conjunto de estudos mais recentes e suas principais características se afigura como iniciativa que agrega valor e promove o conhecimento sobre o tema, possibilitando avanços em termos de novas iniciativas investigativas. Considera-se justificável o objetivo deste estudo, que foi analisar características das publicações científicas no que tange às estratégias de regulação emocional de pais com relação a seus filhos, em período mais recente (de 2008 a 2017), traçando um panorama dos estudos e indicando as principais lacunas encontradas.

 

Método

Realizou-se uma revisão integrativa da literatura, método indicado por Creswell (2007) para se organizar uma síntese de conhecimentos, em que foram seguidas cinco etapas: (a) identificação do tema em questão para a elaboração da revisão integrativa; (b) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos e para amostragem ou busca na literatura; (c) definição das informações a serem extraídas dos estudos selecionados e categorização dos estudos; (d) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; (e) apresentação da revisão e síntese do conhecimento.

A busca foi realizada no primeiro trimestre de 2018, em quatro bases de dados (Web of Science, PsychInfo, PubMed e LILACS), utilizando os termos de busca emotional regulation, strategies e parents, e o booleano AND. Na língua portuguesa, foram utilizados os termos regulação emocional, estratégias e pais. Foram estabelecidos como critérios de inclusão: (1) estudos voltados para reações e estratégias de regulação emocional de pais e/ou mães com relação a seus filhos (ainda na infância); (2) publicação entre 2008 e 2017. Como critérios de exclusão, foi decidido não selecionar: (a) estudos de caso, estudos clínicos, ensaios teóricos, revisões de literatura, capítulos de livros; (b) estudos publicados em outros idiomas que não o português e o inglês; (c) artigos com participantes que não fossem crianças e pais ou mães de crianças.

As buscas nas bases supracitadas resultaram na identificação de um total de 300 artigos, assim distribuídos: Web of Science (112); PsychInfo (38), PubMed (150) e LILACS (zero). Retiradas as 88 duplicações, foram lidos os títulos e resumos dos artigos restantes, e após a aplicação dos critérios de exclusão e inclusão, foram selecionados 16 artigos que seguiram para a etapa de leitura completa, procedendo-se em seguida a sua análise. A Figura 1 apresenta o fluxograma do processo de seleção dos artigos.

 

 

Para a análise dos 16 artigos selecionados, foram definidas as seguintes categorias: ano de publicação (para verificar o período de concentração das publicações sobre o tema); local de origem do estudo (país em que foi realizado o estudo, de modo a verificar se havia concentração de publicações em um determinado país); abordagem teórica empregada (perspectiva teórica que embasava a pesquisa); delineamento: transversal ou longitudinal; técnicas de coleta de dados (para analisar as diversas técnicas empregadas na coleta de dados, verificando se foram aplicados questionários, entrevistas, vídeos, tarefas e a combinação de duas ou mais técnicas); instrumentos utilizados na coleta de dados (para analisar se os instrumentos utilizados eram padronizados, o uso de testes ou escalas para medir a regulação emocional e, caso tenham sido empregados, quais e o grau de frequência com que foram utilizados); e participantes (para caracterizar os participantes).

 

Resultados

Os resultados serão relatados a partir das categorias de análise preestabelecidas e apresentadas anteriormente. Com relação ao ano de publicação, dos 16 artigos, oito foram publicados entre os anos de 2008 e 2013 (n=8, 50%) e outros oito, publicados entre os anos de 2014 e 2017 (n=8, 50%). Para o local de origem do estudo, observou-se que a maior parte dos estudos selecionados, onze (68,75%), ocorreu na América do Norte, dois deles no Canadá e nove nos Estados Unidos. Do continente europeu, quatro (25%) estudos foram selecionados. Na Oceania, da Austrália, foi selecionado um artigo (6,25%). Vale ressaltar que não foi encontrado nas buscas nenhum estudo brasileiro, ou mesmo da América do Sul.

No que diz respeito à abordagem teórica empregada, foram analisadas nessa categoria as perspectivas teóricas adotadas. Observou-se um expressivo número de estudos, quinze (93,75%), que utilizou a abordagem conceitual da cognição social como embasamento da pesquisa, mas três deles valeram-se também de concepções da perspectiva comportamental.

Os estudos orientados de acordo com a perspectiva da cognição social examinaram questões centrais a respeito de práticas parentais, em que pais conscientizam os filhos sobre as próprias emoções e as emoções dos outros, valorizando esse aspecto no desenvolvimento das crianças (Rogers et al., 2016). As conversas entre pais e filhos, em especial, indicaram a crença de que guiar o desenvolvimento emocional mediante diálogos leva à melhor compreensão dos filhos sobre as emoções (Meyer et al., 2014). Práticas de disciplina consideradas eficazes entre pais e filhos podem promover intimidade na interação entre eles e favorecer o comportamento adequado das crianças (Kim et al., 2016). As autoras apontam que, quando os pais demonstram ser emocionalmente disponíveis, os filhos tendem a ser socialmente competentes; porém, quando o contrário acontece por parte dos pais, as crianças denotam comportamento mais agressivo e habitualmente quebram regras.

Outra questão encontrada foi o relacionamento de práticas disciplinares às práticas de regulação emocional realizado por Lorber (2012). Segundo essa investigação, as estratégias de regulação, de reavaliação cognitiva e de supressão emocional podem ter impacto nas práticas disciplinares. Constatou-se nesse estudo que, quanto mais os pais se esforçavam por manejar suas próprias emoções, menos utilizavam práticas disciplinares percebidas como exageradas ou como fracas. O esforço dos pais no manejo das próprias emoções possibilita maior adequação nas práticas disciplinares aplicadas aos filhos, vistas como nem tão exacerbadas, nem muito tênues.

Destaca-se, como outro tema investigado, a representação da socialização emocional de pais. As crenças e valores dos pais com relação às emoções estão implicados em práticas de socialização e influenciam na autorregulação das crianças (Meyer et al., 2014). No que diz respeito à expressão emocional, em especial à expressão de raiva e tristeza, Morris et al. (2011) constataram, em pesquisa com mães americanas, que a maioria delas se valeu da utilização de estratégias de ressignificação e refocalização da atenção para regulação emocional dos filhos. Em menor proporção, foram utilizadas estratégias em que se realizou o conforto físico. As primeiras estratégias, mais utilizadas, apresentaram redução na expressão de emoções negativas. Os autores argumentaram ainda que o engajamento de pais e filhos no processo de regulação emocional é um importante fator para considerar o desenvolvimento socioemocional.

Dos trabalhos orientados pela perspectiva da cognição social e que se valeram de concepções da perspectiva comportamental, há um que trata dos efeitos da transferência intergeracional de sobrepeso materno. Esses efeitos pareceram estar associados às dificuldades de regulação emocional de mães na interação com os filhos, em especial nas práticas de cuidado com relação à alimentação. A provisão da comida, dos cuidados no vestir e do calor afetivo auxiliam a criança na regulação de seu estado afetivo, no controle de impulsos e em saber adiar a gratificação. O desenvolvimento das habilidades no uso das estratégias de regulação emocional é interativo e depende das contribuições do cuidador e da criança (Campora et al., 2014).

Nesse estudo, os autores compararam dois grupos de mães italianas, sem sobrepeso e com sobrepeso, e possíveis relações com as dificuldades de manejar a regulação emocional dos filhos. Foi constatado que o grupo de mães com sobrepeso apresentou maiores dificuldades em tal processo. Essas mães denotaram estresse psicológico, riscos de desenvolvimento de quadro clínico depressivo e interações pobres na prática alimentar com os filhos. A hipótese dos autores sobre a condição de sobrepeso e da desregulação alimentar associada à desregulação emocional foi confirmada na pesquisa. Perceberam que a identificação sobre a desregulação emocional das mães influenciou o estado emocional das crianças, afetando negativamente as escolhas, as preferências e o desenvolvimento de habilidades de autorregulação. Essa influência apontou também que as crianças poderiam estar aprendendo a escolher alimentos para obter conforto emocional.

A compulsão alimentar e o consumo calórico excessivo dos pais, bem como os efeitos das suas respostas emocionais relacionadas às emoções negativas dos filhos, foram investigados por Saltzman et al. (2016). Nessa pesquisa, os pais reportaram dificuldades para mudar o humor quando necessário, limitada utilização de estratégias de regulação emocional e ainda dificuldades para identificar um modelo efetivo de regulação emocional. Encontrar estratégias assertivas que regulem também a ingestão calórica dos filhos parece um desafio para os pais no momento em que realizam suas práticas de cuidado, na rotina habitual da família.

Destaca-se também como desafio a construção parental de regulação emocional. No tocante à relação de pais e filhos adotivos, Gavita et al. (2012) pesquisaram como se dá o processo dessa construção, possíveis desordens de comportamento, e a aceitação das crianças da utilização das estratégias de regulação emocional realizadas por seus pais. A pesquisa foi feita à luz da perspectiva da cognição social e das concepções da perspectiva comportamental. Os autores apontaram que as crianças adotivas costumavam manifestar alta incidência de transtornos comportamentais e os pais que as adotaram mostraram-se, muitas vezes, despreparados para lidar com demandas emocionais e comportamentais.

Nessa pesquisa, os pais responderam a duas escalas. A primeira visava a identificar estratégias com relação às disciplinas parentais e a segunda a verificar nível de estresse psicológico dos pais frente às emoções negativas dos filhos. Os pais participaram ainda de um programa de intervenção com o objetivo de auxiliar na redução de estresse e de construir habilidades de regulação emocional para si e com relação a seus filhos. Eles receberam, também, suporte para ampliar as capacidades de comunicação com os filhos e habilidades gerais para auxiliá-los na resolução de problemas. Ao término desse processo, ocorreu follow-up com as crianças e foi constatado um melhor comportamento delas, além de adaptação às estratégias parentais (Gavita et al., 2012).

Dentre todos os dezesseis artigos encontrados, apenas um (6,25%) trouxe a perspectiva biopsicossocial como base teórica de investigação. Encontrou-se na pesquisa longitudinal de Hastings e De (2008) a análise do funcionamento parassimpático do organismo humano e sua relação com a regulação emocional. Nessa perspectiva, examinou-se a manifestação de respostas emocionais, sociais e de comportamento adaptadas ou mal adaptadas em contexto educacional.

Diante desse objetivo apresentado, Hastings e De (2008) pesquisaram como se dá o processo de socialização parental e respostas emocionais competentes e problemáticas de crianças na faixa de idade entre três e cinco anos. Para tanto, as crianças foram monitoradas por um equipamento que acompanhava a atividade cardíaca enquanto assistiam a um vídeo de conteúdo afetivo. Destacou-se maior evidência nos seguintes aspectos estudados: crianças com baixo RSA (respiratory sinus arrhythmia) apontavam maior necessidade e dependência da experiência de socialização emocional dos pais, porque quanto maior o RSA, maior é o estímulo à atividade cardíaca, o que aponta baixa capacidade autorregulatória. Os pais responderam a um questionário identificado como Responses to Children's Emotions, que consistia em identificar estratégias que tendiam a utilizar (com categorias definidas) perante as respostas emocionais dos filhos. Essas categorias indicaram respostas de recompensa, de substituição (ou superação), de ampliação (magnificar a reação), de negligência e de punição. As respostas das mães foram mais calorosas, favorecendo a regulação emocional, enquanto os pais estiveram mais propensos a ignorar ou punir seus filhos por expressarem emoções negativas. As tendências de respostas emocionais de pais e mães apontadas pelos autores referiam-se às emoções raiva, tristeza e medo. Os resultados dessa pesquisa podem refletir a tendência mais ampla dos pais a parecerem mais rigorosos e controladores do que as mães nos estilos parentais de socialização emocional (Hastings & De, 2008).

Na categoria delineamento de pesquisa, nove estudos apresentaram um delineamento transversal e sete, um delineamento longitudinal. Quanto à técnica de coleta de dados, parte relevante dos artigos selecionados (n=13, 81,25%) utilizou a aplicação de escalas psicométricas. Cita-se a escala DERS - Difficulties in Emotion Regulation Scale, aplicada na pesquisa de Shaffer e Obradović (2016), utilizada para analisar dificuldades dos pais em sua regulação emocional e na utilização assertiva das estratégias de regulação emocional com relação a seus filhos. Utilizou-se outra escala para averiguar estratégias de enfrentamento emocional, a Coping with Children's Negative Emotions Scale, aplicada por Gunzenhauser et al. (2014), Rogers et al. (2016), Meyer et al. (2014) e Saltzman et al. (2016) para examinar reações de suporte e não suporte de mães em relação a seus filhos. A escala requer respostas hipotéticas para se distinguir quais estratégias os pais utilizariam a respeito das reações emocionais das crianças. Foi identificado nos estudos que as estratégias de suporte aos filhos facilitaram as tentativas de levar a criança a regular suas emoções.

O uso de questionários foi outra técnica bastante utilizada nos artigos analisados (n=8, 50%), como o questionário padronizado RCE, identificado como Responses to Children's Emotions Questionnaire, utilizado por Hasting e De (2008). Essa medida requer que os pais relatem suas respostas às emoções negativas discretas (raiva, tristeza e medo) de seus filhos. As respostas dos pais podem indicar apoio emocional, negligência, punição ou amplificação.

No estudo de Hasting e De (2008), as respostas das mães pareceram mais favoráveis, mais calorosas e acolhedoras, enquanto as respostas dos pais foram mais propensas a ignorar e punir as emoções negativas dos filhos. Em um dos estudos (n=1, 6,25%), foi empregada a técnica de observação com registro visual (vídeo) para analisar respostas de enfrentamento às emoções negativas. Roque e Veríssimo (2011) aplicaram uma técnica identificada como Emotion Regulation Paradigm, que consiste na intenção de medir estratégias, expressões e intensidade emocional de crianças interagindo com suas mães durante episódios de contexto emocional, que eram estimulados por diferentes brinquedos. O resultado desse estudo mostrou que o envolvimento materno diminuía a intensidade da expressão emocional do filho, mas, se a mãe não apresentasse envolvimento relevante, a tendência de resposta emocional da criança era aumentar o nível de intensidade da expressão emocional para chamar atenção da mãe para suas necessidades. Esse envolvimento materno demonstrou ser apoio e segurança para a criança regular sua excitação emocional.

Além das escalas e questionários, encontrou-se a aplicação de tarefas com história ilustrada, vídeos com situações-problema, e vinhetas padronizadas que apresentavam possibilidades de seleção de atitudes para regulação emocional. No caso da pesquisa de Zimmer-Gembeck et al. (2011), pais e filhos deveriam assistir a algumas cenas e, nos inquéritos, tinham de relatar o que imaginaram e, em seguida, precisavam responder a questões sobre o que sentiram, e como enfrentariam as situações ilustradas. Nessa tarefa, as crianças lidaram com situações interpessoais estressantes provocadas por outras crianças. Os pais participaram promovendo suporte social e auxiliando nos argumentos dos filhos.

As estratégias utilizadas pelos pais quando os filhos experimentavam raiva pareciam mais estimulantes para as crianças. Já no caso da manifestação de tristeza, as crianças demonstraram motivação na procura de conforto e na tentativa de pedir apoio e informação para repensarem a situação emocional vivenciada. Outras técnicas valeram-se de medidas fisiológicas, como a coleta de saliva para medir a produção hormonal e a aferição cardíaca (Thomas et al., 2017). Outra técnica encontrada nessa revisão foi a aplicação de medida fisiológica para analisar intervalos de batidas cardíacas contínuas. Elas foram monitoradas pelo Mini-Logger com intuito de verificar o tom vagal cardíaco e relações entre a socialização emocional dos pais e o comportamento das crianças (Hasting & De, 2008).

Quanto aos instrumentos padronizados, estão presentes, considerando-se os artigos analisados, três (18,75%) (Gunzenhauser et al., 2014; Lorber, 2012; Meyer et al., 2014) que utilizaram o ERQ (Emotional Regulation Questionnaire). Esse questionário consiste em duas subescalas de estratégia de regulação emocional, reavaliação cognitiva e supressão emocional.

Para analisar funções executivas dos pais em relação a seus filhos, Shaffer e Obradović (2016) utilizaram a escala Parental EF. Essas funções executivas correspondem aos valores e motivações na prática de regulação emocional. Além dessa, outra escala utilizada no mesmo estudo foi a Parental ER, que buscava medir as dificuldades dos pais na escolha efetiva de estratégias para sua regulação emocional e como essas dificuldades poderiam interferir na interação com os filhos.

No sentido de pesquisar desordens de comportamento e regulação emocional, foi utilizada, em um estudo romeno (Gavita et al., 2012), uma escala com itens de autorrelato para pais. O instrumento, identificado como The Parenting Scale, apresenta fatores que indicam estratégias de disciplina e estilos ou práticas parentais. Ainda com esse propósito de examinar práticas parentais, utilizou-se, no mesmo estudo, a escala Profile of Emotional Distress, centrada em emoções valoradas como negativas que apontavam estresse emocional dos pais.

Com o intuito de medir o comportamento emocional dos pais e a depressão materna em especial, Coyne e Thompson (2011) utilizaram como instrumento as escalas Center of Epidemiological Studies Depression e Parental Locus of Control. O primeiro instrumento visava a analisar se as crianças apresentavam problemas internalizantes e como os enfrentavam, de acordo com as influências das reações emocionais maternas. Já o segundo instrumento visava a acessar, por meio do relato dos pais, o controle que eles percebiam ter sobre o comportamento das crianças. Na pesquisa de Coyne e Thompson (2011), foi possível constatar que as mães com sintomas depressivos relatavam perder o controle da utilização de estratégias de regulação emocional com relação a seus filhos. Os autores relataram ainda em seus resultados que a percepção destas mães com sintomas depressivos indicava que seus filhos pareciam estar em alto risco de internalizar os mesmos sintomas.

No estudo da socialização da regulação emocional, Meyer et al. (2014) utilizaram a escala CERP (Children's Emotion Regulation Processes Survey) para acessar estratégias de regulação emocional. O instrumento é apresentado aos pais com cenários do cotidiano que envolvem situações centradas em emoções de raiva e tristeza, e eles deveriam responder como os filhos reagiriam às situações e que estratégias utilizariam para lidar com o problema. Tais estratégias estavam focadas no problema ou focadas na atenção. Os relatos apurados tinham relação com a representação emocional dos pais para lidar com as emoções das crianças. As representações emocionais que demonstraram ser favoráveis às respostas emocionais das crianças apontavam associação com as capacidades autorregulatórias das crianças.

O instrumento Parental Emotion Regulation Inventory (PERI) foi utilizado no estudo de Lorber (2012) para verificar a prática de disciplina e sua possível relação com as práticas de regulação emocional. Há itens nesse inventário que correspondem às estratégias de reavaliação cognitiva e supressão emocional. As estratégias de supressão emocional encontraram-se associadas às práticas exageradas de disciplina.

Com relação aos participantes, a maioria dos estudos contemplou adultos que fossem pais e mães. Os pais (homens) participaram de sete estudos (43,75%), já as mães participaram dos 16 estudos selecionados (100%). Pais e mães estiveram juntos em sete estudos (43,75%). Nenhum estudo contemplou somente o pai na pesquisa. As crianças também participaram e estiveram presentes, como participantes, em 12 estudos (75%), em faixas de idade de cerca de sete meses até seis anos. Na Tabela 1, são apresentadas as categorias preestabelecidas para a análise dos artigos selecionados, configurando as características de interesse para apreciação dos estudos.

 

Discussão

O presente estudo teve como objetivo realizar uma revisão da literatura abrangendo o período de publicação entre 2008 e 2017, com foco em estudos empíricos que investigassem estratégias utilizadas por pais e/ou mães para promoverem a regulação emocional dos seus filhos. O propósito foi traçar um panorama do que vem sendo produzido na literatura científica sobre esse tema e, com isso, fornecer subsídios que favoreçam o avanço das investigações. Foram selecionados e analisados 16 artigos, a partir de categorias predefinidas.

Em relação ao ano de publicação, observou-se que oito estudos se concentraram entre os anos de 2008 e 2013 e oito estudos entre os anos de 2014 e 2017. Embora haja um crescente interesse pelo assunto, parece oportuno que sejam empreendidas novas investigações para ampliar a compreensão e a discussão sobre o tema. A maior parte dos estudos foi realizada nos Estados Unidos. Apenas um estudo selecionado teve sua origem fora dos continentes europeu e americano, tendo sido efetuado na Oceania (Austrália). Nesse sentido, constata-se uma lacuna bastante significativa na literatura, a ausência de estudos com população sul-americana. Considerando a importância das emoções na vida de crianças e adultos e, em especial, da regulação emocional como habilidade primordial à vida, desenvolvida em contextos socioculturais específicos, ressalta-se a necessidade de estudos contemplando a população brasileira e que leve em conta sua diversidade cultural.

No que diz respeito às abordagens teóricas encontradas nos estudos, identificou-se a perspectiva conceitual da cognição social como sendo a mais empregada. As questões centrais que abrangem a socialização emocional parental estiveram ancoradas na proposta de Eisenberg et al. (1998) e no tocante à regulação emocional e às estratégias de regulação emocional encontrou-se presença significativa da proposta teórica de Gross e Thompson (2007).

As práticas de socialização emocional selecionadas nessa revisão de literatura voltaram-se para pais e mães. Como resultado de pesquisa, Hastings e De (2008), em seu estudo canadense, perceberam que as mães tendiam a gratificar mais os filhos no momento em que eles manifestavam emoções negativas. Entretanto, constataram que os pais tendiam a negligenciar e punir esse mesmo tipo de emoções. Já Gunzenhauser et al. (2014) não perceberam substancial diferença entre pais e mães alemães nas práticas de socialização. Contudo, apontaram a relevância de compreender, em um quadro mais amplo, particularidades parentais e diferenças entre pais e mães em seus contextos socioculturais.

A maneira como os pais costumam reagir às emoções é um aspecto de socialização importante. Reação em que há redução ou aumento da excitação emocional foi um fator bem examinado por Mirabile et al. (2009), que relataram, dentre as reações maternas com relação às manifestações emocionais dos filhos, estratégias de distração verbal. Os resultados sugeriram que os conteúdos de verbalização das mães nem sempre foram bem recebidos pelos filhos e que as mães com muita frequência responderam às emoções negativas dos filhos descarregando agressão por manifestações verbais.

Há uma complexidade de processos em torno da regulação emocional, com destaque para a reavaliação em meio às estratégias, muitas vezes escolhidas pelos pais para utilizarem no manejo da regulação emocional com relação a seus filhos. Tais estratégias tendem a fazer pais e filhos pensarem e reavaliarem a situação emocional vivenciada, o que parece promover uma oportunidade para desenvolver o pensamento, a percepção, a motivação e a capacidade para ampliar as respostas emocionais, dentre outras habilidades sociocognitivas.

No que concerne às técnicas de coleta de dados, houve um número significativo de estudos que utilizou escalas, questionários e inventários para medir estilos, práticas e estratégias parentais. Tais técnicas pareceram eficientes para examinar respostas emocionais de adultos, pais e mães, com relação aos filhos, no processo de regulação emocional. Além disso, essas medidas padronizadas são autoaplicáveis, o que facilita atingir os objetivos metodológicos de pesquisa.

As medidas fisiológicas foram utilizadas essencialmente para analisar fatores biológicos relacionados com fatores psicológicos e que influenciam as respostas emocionais de pais e filhos. Todavia, vale ressaltar que os aspectos biológicos pesquisados se relacionavam com a sensibilidade emocional das mães e possíveis aspectos de depressão materna.

No que tange aos instrumentos padronizados, o ERQ (Emotional Regulation Questionnaire) foi o instrumento mais utilizado na avaliação da regulação emocional de pais, tendo sido, em geral, usado juntamente com outros instrumentos. O ERQ tem sido bastante utilizado em estudos internacionais, como em John e Gross (2007) e Tamir et al. (2007). O instrumento abrange uma medida de autorrelato a respeito de duas estratégias representativas do processo de regulação emocional, reavaliação cognitiva e supressão emocional, e parece ser considerado como adequado e constituir uma boa opção para a coleta de dados.

Na análise dos resultados referentes aos participantes, as mães estavam presentes em todos os estudos desta revisão de literatura e participaram sozinhas ou com os pais, além de seus filhos. Não foi possível identificar nenhum estudo com a díade pai-filho. Nos estudos em que os pais participaram, as mães também fizeram parte da amostra, o que acarretou um menor número de respostas provenientes do pai. Especula-se que a maior parte dos estudos tenham optado por amostras sem os pais em função de facilidades para obtenção da adesão e participação, considerando-se as mães mais disponíveis. Não se pode desprezar, no entanto, o possível entendimento, por parte dos autores, de que as mães estão mais presentes no dia a dia da criança e nos processos de socialização envolvidos no desenvolvimento infantil.

Gunzenhauser et al. (2014) constataram em seu estudo que as mães costumam se envolver mais na socialização emocional dos filhos e tendiam a ser mais eficazes na utilização das estratégias de regulação emocional. Entretanto, no estudo de Hasting e De (2008), foi identificado que apenas um pequeno corpo de pesquisadores considerou que os pais são menos engajados que as mães na socialização emocional dos filhos.

Percebe-se que na literatura há divergências sobre a consideração do engajamento dos pais (genitores masculinos) no processo de socialização emocional dos filhos. Outros fatores merecem ser examinados, como por exemplo, o interesse dos pais na participação em pesquisas. Nessa lógica, outra questão de representação social pode ser examinada, e corresponde às funções sociais cuja dimensão racional volta-se ao homem e a dimensão emocional, com atribuições do plano afetivo, é voltada à mulher. As mães estão bem próximas da experiência emocional dos filhos, seja pelos cuidados iniciais de suporte à sobrevivência, seja por funções de envolvimento materno quando a criança recorre mais frequentemente à mãe, conforme é indicado por Roque e Veríssimo (2011). Entretanto, muitos homens investem um tempo considerável no cuidado com os filhos nos dias atuais e, por essa razão, surge a necessidade de ampliar as investigações sobre manejo de mães e pais ao gerenciarem a regulação emocional dos filhos.

Os estudos selecionados indicaram que há variados fatores importantes a serem investigados no engajamento da regulação emocional entre pais e filhos. Esse conjunto de estudos foi analisado, e foram discutidas as perspectivas teóricas e metodológicas utilizadas, bem como aspectos que mereceram destaque, de modo a traçar um panorama das publicações mais recentes e permitir o direcionamento de interesses de investigações futuras.

A aquisição da habilidade de regulação emocional permite alcançar gradualmente o desenvolvimento das competências emocionais. Em uma perspectiva futura, ressalta-se a importância da realização de novas pesquisas sobre esse tema, para aprofundar aspectos concernentes às práticas parentais de socialização emocional.

É relevante destacar que crianças pequenas não se apropriam somente das capacidades autorregulatórias dos pais, mas suas capacidades para regulação emocional emergem de múltiplas características das respostas emocionais dos pais às expressões emocionais dos filhos, como discutem Meyer et al. (2014).

Os participantes provêm de diferentes grupos no que tange à diversidade cultural e socioeconômica, o que também interfere nas práticas de socialização emocional entre pais e filhos. A depender do contexto, variam as estratégias e reações às emoções positivas e negativas dos pais com relação aos filhos. Requer-se que em futuros estudos sejam examinados, com maior aprofundamento, os impactos dos esforços dos pais para a socialização da regulação emocional dos filhos, como mencionam Mirabile et al. (2009).

Finalmente, ressalta-se a necessidade de analisar padrões de estratégias de regulação emocional em pais e mães que se estabelecem em função das etnoteorias parentais e dos nichos de desenvolvimento e de características individuais das crianças e de seus pais, levando em consideração a influência do contexto sociocultural.

 

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Recebido em 28 de novembro de 2018
Aceito para publicação em 12 de agosto de 2019

 

 

Este estudo teve o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ).

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