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Psicologia Clínica

versión impresa ISSN 0103-5665versión On-line ISSN 1980-5438

Psicol. clin. vol.34 no.1 Rio de Janeiro ene./abr. 2022

http://dx.doi.org/10.33208/PC1980-5438v0034n01Edt 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

A revista Psicologia Clínica apresenta seu número 34.1, com o tema Dinâmicas sociais e psicologia: Cognição, família, trauma e inovação tecnológica em relacionamentos e tratamentos. Esta edição é composta de nove artigos, oito dos quais ligados ao tema do fascículo, além de um artigo especial, escrito a convite.

Este número é particularmente especial para nossa revista por duas razões distintas, a primeira delas ressaltada pelo artigo especial. No ano passado, o Departamento de Psicologia da PUC-Rio, que publica a revista, completou 68 anos e, de forma inovadora, lançou o curso de Graduação em Neurociência. Para celebrar esse marco histórico, convidamos a professora Terezinha Féres-Carneiro a escrever a história do Departamento de Psicologia. A segunda razão é a saída da professora Esther Arantes do papel de Editora-chefe. Por anos, Esther se dedicou muito a esta publicação. Em nome dos editores associados, editores anteriores, comissão editorial e do Departamento de Psicologia, agradeço imensamente à Esther por tudo que fez pela revista Psicologia Clínica. Em tempos de desafio para a sobrevivência dos periódicos nacionais, com dificuldades até para conseguirmos revisores, a professora Esther dedicou-se continua e ativamente para a manutenção de nosso periódico, mesmo quando não era professora da PUC-Rio. Muito obrigado, Esther!

O número traz inicialmente a seção temática, reunindo trabalhos diversos que apresentam temas ligadas a relacionamentos. Apesar da diversidade das abordagens teóricas e metodológicas, bem como da variedade dos tipos de relacionamentos, todos envolvem relações em algum nível, razão por que reconhecemos uma vertente ligada às dinâmicas sociais. A seção é aberta pelo artigo Does self-compassion mediate the relation between perfectionism and psychopathological outcomes?, escrito em inglês pelos autores Luiz Fellipe Dias da Rocha, Eliane Mary de Oliveira Falcone e José Augusto Evangelho Hernandez, todos filiados à Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Nesse estudo empírico, os autores exploram relações entre perfeccionismo e sintomas psiquiátricos, bem como efeitos da autocompaixão em tais relações.

Na sequência, temos o artigo A empatia e o infamiliar: Lendo "Praça Paris" como um caso clínico, escrito por Bartholomeu de Aguiar Vieira, da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS), do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi e da Universidade Presbiteriana Mackenzie, e por Renato Tardivo, do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). Nele é apresentada uma leitura do filme "Praça Paris" sob a luz da teoria de Sándor Ferenczi. Em especial, há no trabalho um destaque sobre aspectos da empatia no atendimento psicológico.

O terceiro artigo deste número foi escrito por Marina Zanella Delatorre, Giovania Mitie Maesima, Leda Rúbia Maurina Coelho e Adriana Wagner, todas filiadas à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e se intitula O ciclo de vida de casais brasileiros: Uma revisão integrativa. Esse estudo apresenta uma revisão de trabalhos sobre aspectos da conjugalidade no Brasil. Em função dos achados, as autoras apontam, em especial, direções para futuros estudos na área.

Como quarto artigo do fascículo, apresentamos o estudo A(s) maternidade(s) de mulheres em situação de rua: Entre violações e possibilidades de reparação subjetiva, das autoras Iara Flor Richwin e Valeska Zanello, ambas da Universidade de Brasília (UnB). Nesse trabalho empírico, desenvolvido por meio da etnografia, a maternidade é a experiência social abordada. O estudo foca particularmente em como mulheres moradoras de rua vivenciam a maternidade, e é interessante ver como as autoras documentam resultados sobre os impactos da vulnerabilidade e a resistência dessas mulheres em seu empenho de exercer a função materna.

O quinto artigo também é ligado à maternidade, e se intitula Maternidade e nascimento prematuro: O encontro com a vivência traumática. Suas autoras são Karina Stagliano de Campos, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), e Sílvia Nogueira Cordeiro, do Departamento de Psicologia e Psicanálise da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Como enunciado no título, o estudo envolve a maternidade no contexto da prematuridade; foi realizado de forma empírica, com metodologia qualitativa, mediante entrevistas com mães de filhos prematuros sobre as quais leituras psicanalíticas foram realizadas. As autoras se atêm principalmente em como a prematuridade pode ser vivenciada de forma traumática no desenvolvimento psicológico da mãe.

No sexto artigo, volta ao foco a relação terapêutica, no estudo A escuta em psicanálise: Abstinência e neutralidade em questão. O trabalho das autoras Kellen Evaldt Arrosi, do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da UFRGS e do Núcleo de Estudos em Psicanálise e Infâncias (NEPIs), e Milena da Rosa Silva, do Departamento de Psicanálise e Psicopatologia do Instituto de Psicologia da UFRGS, do Programa de Pós-Graduação Psicanálise: Clínica e Cultura da UFGRS e do NEPIs, é um estudo teórico sobre a abstinência e a neutralidade na prática clínica. Nele são revistos conceitos, desde versões mais antigas, até a revisitação atual das concepções considerando a contemporaneidade. Entre reflexões importantes, as autoras indicam que, embora pertencentes à teoria e à clínica psicanalítica, esses conceitos são também políticos e portanto devem ser levados em conta tanto na psicoterapia como no meio social.

Continuando na linha de foco na relação terapêutica, o sétimo artigo deste número, é chamado Adesão e abandono em psicoterapia psicanalítica na perspectiva de adolescentes, escrito por Gabryellen Fraga Des Essarts, Sofia Koch Hack, Leonardo Copello Valentini, Eduardo Brusius Brenner, todos filiados à Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) e ao Núcleo de Pesquisa em Psicopatologia e Psicoterapia Psicanalítica (NuPePPP), e por Vera Regina Röhnelt Ramires, do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Unisinos. Esse trabalho envolveu uma profícua metodologia, na qual adolescentes encaminhados a terapia de orientação psicanalítica foram entrevistados meses depois, e comparados, segundo alguns temas identificados, conforme tenham abandonado ou não o tratamento. Os resultados jogaram luz, principalmente, sobre a importância de valorizar a relação terapêutica no trabalho com adolescentes.

O último trabalho da seção temática é um artigo internacional, escrito em espanhol, focado igualmente em relações terapêuticas, mas mediante meios online, principalmente durante a pandemia da Covid-19. O estudo intitula-se La telepsicoterapia durante el Covid-19: Repercusiones de la capacitación y del ámbito laboral de las/los terapeutas, dos autores Maximiliano Azcona, Luis Ángel Roldán, Lucía Soria, Ramiro Garzaniti, Celeste Labaronnie, Fernando Manzini, Lardizábal Maite e Maria del Pilar Bolpe, todos da Facultad de Psicología, Universidad Nacional de La Plata, Argentina. O estudo investiga como se dá a capacitação em telepsicoterapia, como as modalidades presencial e remota podem impactar os resultados do tratamento, e o que ocorre quando o retorno ao atendimento presencial volta a ser possível.

Finalmente, esta edição se encerra com um artigo especial, escrito pela professora Terezinha Féres-Carneiro, do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). O artigo, chamado Departamento de Psicologia da PUC-Rio: 68 anos de uma história de pioneirismo e inovação, narra a história do primeiro Curso de Psicologia do Brasil, e abrange desde sua criação até os dias atuais, justamente quando o Departamento surge de forma inovadora, lançando o primeiro Curso de Graduação em Neurociências do país. Para além da rica história contada para celebrar e comemorar a ocasião, a narrativa torna-se ainda mais relevante quando se sabe que a autora, a professora Terezinha, viveu a maior parte das páginas dessa história, já que foi aluna e professora, somando mais de 40 anos de contribuições ao Departamento.

Breno Sanvicente-Vieira

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