SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.1 issue1Psicoterapia e psicanálise author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.1 no.1 São Paulo May 1966

 

Editorial

 

 

As ciências que estudam a natureza humana se defrontam com um problema especial, que não ocorre nos outros campos do conhecimento científico. Sendo o pesquisador da mesma natureza do objeto de seu estudo, é necessário destacar-se de si mesmo e de suas identificações com outros para que possa ter perspectiva e objetividade na pesquisa, sobre as qualidades e características da mente.

Devido a êsse fato, foi preciso desenvolver um instrumento de trabalho e uma técnica, que permitissem ao homem penetrar na natureza psíquica, com o mínimo de prejuízos de que se originam preconceitos e escotomizações. Essa técnica de trabalho foi desenvolvida por Freud, criando um corpo de conhecimentos sobre a dinâmica do inconsciente.

O desenvolvimento da psicanálise, técnica específica para a penetração no inconsciente, tornou possível preparar o aparelho psíquico do pesquisador num instrumento de trabalho tão livre quanto possível das barreiras emocionais, obstáculo ao acesso aos níveis mais profundos da personalidade. Assim a psicanálise didática, que é essencialmente terapêutica, passou a ser exigência fundamental e imprescindível na formação do psicanalista e condição "sine qua non", para que possa praticar a psicanálise terapêutica.

A análise didática distingue-se da análise terapêutica unicamente pelo fato de prolongar-se por mais tempo a fim de que se possam atingir níveis mais profundos do inconsciente, visto que a prática da terapêutica psicanalítica põe continuamente em movimento os conflitos emocionais inconscientes do psicanalista. Através da própria análise, o psicanalista capacita-se a entrar em contato com o próprio inconsciente e com o inconsciente do paciente para traduzir o material colhido em linguagem consciente, achando-se mais livre para usar as suas potencialidades e mais receptivo para adquirir novos conhecimentos sôbre o inconsciente. Foi pois, na medida em que se ampliou o conhecimento sôbre o que se passa no relacionamento entre psicanalista-paciente, em cuja situação o paciente transferencialmente revive o passado, mais do que rememora, que a imprescindibilidade da analise didática firmou-se como único meio de dar ao analista segurança interior para não se envolver emocionalmente com as projeções dos pacientes. Apesar dos conhecimentos já alcançados pela teoria psicanalítica ainda há psicoterapeutas que pensam praticar a psicanálise pelo fato de conhecerem intelectualmente conceitos psicanalíticos tais como transferência e contra-transferência.

Durante a análise didática, decorrido um mínimo de 12 meses, o candidato à formação de psicanalista inicia os cursos teóricos e práticos de duração de 3 anos.

Os cursos são ministrados no Instituto de Psicanálise, órgão internacionalmente credenciado para a formação de psicanalista.

O Instituto de Psicanálise vem procurando aprimorar os critérios de seleção de pretendentes à carreira de psicanalista utilizando-se de entrevistas e provas psicológicas.

O Jornal de Psicanálise, cujo primeiro número esta sendo apresentado surgiu da iniciativa da atual Diretoria do Instituto de Psicanálise e vem cumprir mais dos seus objetivos referidos no Artigo 1º do seu Regulamento nos seguintes termos:

Art. 1º - O Instituto de Psicanálise, órgão da Sociedade Brasileira de Psicanálise, com sede em São Paulo, de acordo com o que consta do Art. 1º, letras a e b do estatuto dessa Sociedade, tem por objetivos: a) o ensino, a pesquisa e a divulgação da Psicanálise;

O Jornal de Psicanálise é especialmente endereçado às instituições científicas afins, no intuito de ampliar a colaboração entre cientistas que labutam no campo de conhecimento ainda tão limitado como seja o da natureza da natureza humana. Abre-se principalmente à colaboração dos candidatos do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise, como estímulo à sua produção científica e contribuição à sociedade.

O Jornal de Psicanálise deseja receber apoio e incentivo através da colaboração dos psicanalistas da Sociedade Brasileira de Psicanálise. Espera a boa acolhida a esta iniciativa de todos aquêles que militam no campo das ciências afins à psicanálise, enviando-nos sua contribuição para maior desenvolvimento cultural.

A Diretoria do Instituto da Sociedade Brasileira de Psicanálise agradece aos colegas Dr. Luiz A. Prado Galvão, Dr. Paulo G. Arruda, Dr. Ruy L. Monteiro e Dr. Luiz Vizzone a eficiente ajuda que prestaram à concretização desta iniciativa, aspiração de todos.

 

A DIRETORIA.

 

Aos colaboradores

- O Jornal de Psicanálise será publicado a cada 4 meses.

- À Comissão de Redatores é reservado o direito de selecionar as colaborações.

- As colaborações devem ser datilografadas em espaço duplo, não ultrapassando 8 páginas.

- O Jornal de Psicanálise, órgão dos Candidatos do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, recebe também a colaboração de psicanalistas e especialistas em campos afins, assim ampliando-se o intercâmbio cultural.

- Os editores se reservam o direito de proceder a pequenas revisões para maior clareza e precisão, conservando porém os autores total responsabilidade sobre as opiniões emitidas em suas colaborações.

- A distribuição do Jornal de Psicanálise é gratuita e destinada aos institutos congêneres e afins.

- A comissão de Redatores é constituída pela Diretoria do Instituto de Psicanálise e por convidados, compondo-se necessariamente de psicanalistas e representante dos candidatos.

- Pedimos aos colaboradores do Jornal de Psicanálise remeterem as suas contribuições para o próximo número com a brevidade possivel.

Creative Commons License