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Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. v.39 n.70 São Paulo jun. 2006

 

REFLEXÕES SOBRE O TEMA

 

O canto da Esfinge: o feminino nas origens do saber

 

The song of the Sphinx: the feminine in the origins of knowledge

 

El canto de la Esfinge: lo femenino en los orígenes del saber

 

 

Marcia Simões Corrêa Neder Bacha*

Pesquisadora Colaboradora do Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Membro das Linhas de Pesquisa Educação e Trabalho do NUPPE/USP da Universidade de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho explora as origens femininas da produção de conhecimento em psicanálise tomando como fio condutor o encontro entre Édipo e a Esfinge. Partindo da nova elaboração da figura materna proposta por Conrad Stein como "sedutora perversa" e da teoria da sedução generalizada que a situa nas origens do nosso psiquismo, a autora argumenta que a dessexualização da mãe e da maternidade provoca importantes equívocos na concepção psicanalítica do feminino.

Palavras-chave: Feminino, Epistemologia, Educação, Fantasias e conceitos, Maternidade e feminino.


ABSTRACT

This paper explores the feminine origins of the production of knowledge in psychoanalysis proposing as a conductive thread the encounter between Oedipus and the Sphinx. Based on the new concept of the maternal figure elaborated by Conrad Stein, as a "perverse temptress" and on the theory of generalized seduction situated in the origins of our psyche, the author discusses that dessexualization of the mother and of maternity causes important misunderstandings in the psychoanalytic concept of femininity.

Keywords: Feminine, Epistemology, Education, Fantasies and concepts, Maternity and feminine.


RESUMEN

En este trabajo se investigan los orígenes femeninos de la producción de conocimiento en psicoanálisis tomando como hilo conductor el encuentro entre Edipo y la Esfinge. Partiendo de la nueva elaboración de la figura materna propuesta por Conrad Steiner como "seductora perversa" y de la teoría de la seducción generalizada que la sitúa en los orígenes de nuestro psiquismo, la autora argumenta que la desexualización de la madre y de la maternidad provocan importantes equívocos en la concepción psicoanalítica de lo femenino.

Palabras-clave: Femenino, Epistemología, Educación, Fantasías y conceptos, Maternidad y femenino.


 

 

Música e matemática — de onde vêm as duas palavras? Do mesmo lugar de onde
vêm todas as palavras que dão a pensar. Da boca dos gregos — de onde mais, se
não de lá?... Não apenas da boca de gregos: a primeira correlação entre cantar e
saber veio da boca das sereias, no 12º Canto da
Odisséia.

Simone de Mello

 

Cantar e Saber

Em 1992 a Pós-Graduação em Psicologia Clínica da PUC-SP discutiu o tema da investigação e produção de conhecimento em psicanálise publicando o debate nos dois primeiros volumes de Psicanálise e Universidade. Dentre outras questões, discute-se ali o lugar que a prática clínica teria na produção de conhecimentos psicanalíticos e se ela teria ou não determinante na teorização psicanalítica. Em outros termos, seria possível produzir conhecimento analítico fora da referência clínica?

Mais de dez anos depois, relendo esses cadernos, é possível precisar ainda mais a questão, buscando especificar a prática clínica em jogo. Que experiência seria esta, a psicanalítica? Seria ela a do divã e só a do divã1? Se fosse assim, onde situar o largo campo da psicanálise extramuros desbravado com audácia por Freud e que está longe de ser a mera aplicação de uma teoria que lhe seria estrangeira? Isso sem falar nas diversas experiências psicanalíticas institucionais, para além do consultório privado, cuja expansão o século XXI não cessa de aprofundar.

Por outro lado, se afirmássemos que a experiência clínica é o único fundamento da teorização psicanalítica não teríamos ainda que esclarecer se estamos nos referindo ao objeto de uma pesquisa ou ao sujeito investigador? A prática do divã seria o único objeto possível de uma pesquisa em psicanálise ou a condição indispensável da formação do sujeito analista/pesquisador? Finalmente, e se o que caracterizasse o campo analítico não fosse propriamente a prática clínica, mas um certo modo de se relacionar com o inconsciente?

Em Teoria da sedução generalizada e outros ensaios (1988) Laplanche diz que prefere falar em experiência ao invés de clínica porque a clínica é só um fragmento artificialmente separado da experiência psicanalítica, que inclui também a experiência teórica.

Indo à "Contracorrente" (2003, p. 358) Laplanche sugere que o que define o caráter singular da descoberta freudiana, o que define primordialmente a psicanálise, é o método de investigação, o instrumento criado por Freud, "um procedimento de investigação absolutamente novo, revelando um campo do ser (‘processos anímicos’, processos aos quais, antes, praticamente nada poderia dar acesso)". A terapêutica e a teoria nada mais são que conseqüências dessa exploração, da conquista dessa terra incógnita que é o inconsciente. Laplanche diz que não é nenhum "fato excepcional que um instrumento novo possa conduzir, não a novas explicações, mas a outras realidades inteiramente despercebidas. Telescópio, microscópio etc. Contudo, com relação ao ser humano, é um tormento imenso a descoberta, nele próprio, do radicalmente outro" (Laplanche, 2003, p. 358, nota de rodapé 2).

É nesse sentido que este psicanalista entende a definição da psicanálise formulada por Freud em 1923. Reivindicando o caráter singular de sua descoberta esse "conquistador" escreveu que "Psicanálise é o nome: 1) de um procedimento para a investigação de processos anímicos dificilmente acessíveis de outra maneira; 2)... de um método de tratamento; 3)... de visões teóricas" (Freud, citado por Laplanche, 2003, p. 358). Laplanche vê nessas palavras uma advertência a todos os que buscam atribuir "uma prioridade à terapêutica, subordinando suas verdades aos imprevistos dos ‘resultados’ técnicos e às variâncias da psicopatologia" (Laplanche, 2003, p. 358).

Inúmeras respostas têm sido dadas a essas questões e não é minha intenção retomá-las aqui. Gostaria de aproveitar a ocasião em que comemoramos os cento e cinqüenta anos de Freud para voltar a uma particularidade já bastante sedimentada na produção psicanalítica contemporânea, não sem ter sido antes notada e experimentada por Freud com uma certa inquietação já nos seus Estudos sobre a histeria (1895/1980). Desculpando-se, de certa maneira, por se distanciar da linguagem científica, Freud ali observava o quanto seus escritos se aproximavam do estilo literário, poético, atribuindo tal proximidade à natureza do seu objeto. De lá para cá muitos analistas têm confirmado e explorado essa intimidade com as imagens, metáforas e fantasias exigidas por essa terra incógnita conquistada por ele com a invenção do seu método de investigação. Não são poucos a afirmar que a experiência psicanalítica — sua prática e sua teorização — constitui-se por uma dança de conceitos e imagens. Dança sabática da feiticeira metapsicologia que mais vale reconhecer do que lutar para expurgar.

Como escreveu Mezan (1998, p. 297) a Razão tem menos poder do que acreditava o positivismo, porque ele é limitado e infiltrado pelo irracional; mas também ela tem mais poder do que acreditava o mesmo positivismo, porque é também poder de captar e utilizar esta infiltração.

A teorização psicanalítica se constitui não só com a razão e a experiência, mas também com o imaginário de quem a elabora. Desde o seu Freud: a trama dos conceitos (1982) Mezan vem explorando o argumento anunciado na sua Introdução: "A psicanálise obriga a epistemologia a repensar a objetividade dos conhecimentos". Em Freud, pensador da cultura escreve: "Da fantasia à teoria o caminho é complexo e cheio de desvios; mas ambas têm uma secreta familiaridade, uma cúmplice da outra, na gênese do pensamento. Freud chamava a metapsicologia de ‘feiticeira’, e por vezes recorria a ela sob a forma do ‘quase diria fantasiar metapsicologicamente’" (Mezan, 1985, pp. 259-260).

A esse tema este psicanalista dedicará Figuras da teoria psicanalítica (1995), examinando a presença do processo primário no pensamento teórico do analista — uma presença vista como enriquecimento e não pobreza. "A hipótese que proponho é que, mesmo sob a dimensão mais abstrata dos conceitos teóricos, sujeitos às regras do pensamento racional que a psicanálise designa com o nome de ‘processo secundário’, continua a pulsar o lado plástico, sensorial, cênico, que ancora as produções do secundário no terreno movediço do processo primário" (1995, pp. 9-10).

Interrogado por Ferenczi "como fazia para ter idéias tão geniais" Freud respondeu: "‘O senhor também deve ter observado em si mesmo o mecanismo da produção: a sucessão da fantasia audazmente desvairada e da crítica impiedosamente realista’. Fantasia para inventar conceitos e hipóteses, crítica para discernir quais delas encontram correspondência nos fenômenos e quais devem ser descartadas porque, em última instância, contradizem a realidade" (2002 a, p. 482).

Laplanche define o homem como autoteorizante e conclui que, por isso, "toda verdadeira teorização é uma experiência que, necessariamente, engaja o pesquisador" (1992, p. 13). Os conhecimentos psicanalíticos se produzem engajando a subjetividade inconsciente do pesquisador e Renato Mezan destacou a implicação pessoal de Freud, e do inconsciente de Freud, na elaboração da psicanálise como um fator constituinte dessa disciplina desde o início. Os estudos de Freud trazem a marca do inconsciente de quem os escreve, diz ele em Freud, pensador da cultura, e até certo ponto o tematizam explicitamente, fundando um modo de pensar e de teorizar que é único (1985, pp. 593-594; 606-607).

Pois bem, é neste contexto da teorização psicanalítica que gostaria de situar a identificação freudiana com Édipo, "com o Édipo que resolve os enigmas da Esfinge, e ao fazê-lo a obriga a se atirar do rochedo — e com um conquistador intrépido e audaz, armado com o gládio da Razão". Essa identificação permeia toda sua obra, suscitando enormes problemas (Mezan, 1985, pp. 606-607).

Conrad Stein chamou a atenção para esses problemas e sua exploração sistemática levou-o a uma nova elaboração da figura materna e do complexo de Édipo, explicitando nossa relação com o feminino nas origens da teorização psicanalítica.

 

Édipo matricida, herói do saber?

"O psicanalista terá mais trabalho do que pensa se quiser estender suas pesquisas para o lado da vida intelectual" e dirigir sua "atenção para o conhecimento objetivo" (Bachelard, 1996, p. 225). Com essas palavras enunciadas em 1937 no seu A formação do espírito científico: Contribuição para uma psicanálise do conhecimento objetivo, Bachelard apontava um novo campo a ser explorado ao psicanalista. O conhecimento científico, dizia ele, finca suas raízes num solo imaginário que constitui um obstáculo epistemológico contra o qual está em luta. A ruptura epistemológica buscará expulsar as imagens e metáforas das ciências, que nela permanecerão sob a forma de erros retificados.

Bachelard prescreve "um trabalho de psicanálise da imaginação" para as ciências, que devem lutar contra as imagens e metáforas pois elas "contêm o sinal do inconsciente; são sonhos cuja causa fortuita é um objeto" (1937/1996, pp. 48; 239). Por isso, "toda cultura científica deve começar, como será longamente explicado, por uma catarse intelectual e afetiva" (1937/1996, p. 24). "Antes de qualquer empenho de constituição de um domínio da racionalidade é necessário uma psicanálise" (1977, p. 205).

A psicanálise a que Bachelard se refere é assimilada à catarse e, mais especificamente, a uma concepção purgativa e higiênica da terapêutica catártica, tal como entendida por Breuer e Freud na "Comunicação preliminar". Mas, e nós o veremos adiante com Monique Schneider, essa é apenas uma das maneiras — a mais limitada — de conceber a catarse.

A "ruptura epistemológica" proposta por essa psicanálise do conhecimento objetivo de Bachelard não pode ser identificada ao "corte epistemológico" de Althusser — este, uma sutura radical que não incorpora nada daquilo que expele. No entanto, ambos, como Édipo, estão em luta com uma Esfinge que seria puro logos, teoria pura.

Eis-nos, pois, palmilhando aquele terreno movediço apontado por Bachelard às explorações do psicanalista, numa época em que a psicanálise suscitava mais críticas e desprezo do que o desejo de expandir seu campo para paragens aparentemente tão distantes como a epistemologia.

Somos todos Édipo confrontados com a Esfinge/enigma. Tanto pelo fato de o complexo (de Édipo) fazer parte da nossa constituição psíquica quanto, ainda, pela dimensão edipiana inconsciente que impregna nosso trabalho intelectual e que é, nas palavras de Renato Mezan, a de "penetrar na obra para desvendar seus segredos e engendrar com ela" uma obra. O desejo de saber e de resolver problemas foi funesto para Édipo "pois, ao desvendar o segredo de sua origem, ele provocou o suicídio de Jocasta e sua própria perda" (1985, p. 641).

Conrad Stein abre suas "Notas sobre a Morte de Édipo" (1977) com as palavras pronunciadas pelo Corifeu ao final da tragédia Édipo-Rei: "‘Atenção, habitantes de Tebas, minha pátria! Eis ali Édipo, o especialista em enigmas famosos, que se tornara o primeiro dos humanos’" (1997, p. 1).

Freud-Édipo ganhou de presente de aniversário de seus primeiros discípulos uma medalha com a mesma inscrição: "Este especialista em enigmas famosos se tornou o primeiro dos humanos". Stein chama a atenção para a agitação de Freud ao ler as palavras de Sófocles dirigidas agora a ele por seus alunos: ficou pálido e agitado, "com voz embargada". Nesse texto de Stein Freud, como Édipo, teve a coragem de ver claro em si mesmo, de reconhecer Édipo em si, apesar do medo que tal semelhança provoca.

Édipo diante da Esfinge, Édipo desafiado pela Esfinge, Édipo triunfando sobre a Esfinge, Édipo perscrutando a Esfinge em seus segredos e levando-a por isso ao desespero: esse é, no texto de Stein, um afrontamento tão fundamental para a tragédia quanto o de Édipo consigo mesmo e com suas origens. É apenas com palavras que Édipo fecha a boca da Esfinge voraz, levando-a a precipitar-se garganta adentro enquanto ele próprio se regozija de sua inteligência.

Édipo é "o mais perverso dos perversos" que conduziu sua investigação até o fim. Édipo, que se mostrou o mais corajoso diante da Esfinge e, por isso mereceu partilhar o leito de sua mãe. Édipo destemido, parte em busca do esclarecimento do seu destino terrível e não se detém, mesmo quando começa a entrever o mais horrível nas respostas que vai colhendo em seu percurso, nem quando Jocasta suplica que interrompa sua pesquisa. Corajoso e valente, Édipo não cede jamais. Édipo "será cego e banido de sua terra natal por haver conhecido sua origem" (1997, p. 10).

Édipo em Colona é mais que uma tragédia, continua Stein; é o poema da morte e da glória de Édipo que se apresenta em Colona como o benfeitor e não teve dificuldade em convencer o povo de sua inocência. "Ele foi vítima de seus crimes, ele não os cometeu: ‘Eu estava inconsciente quando matei, massacrei’". Para Stein nessas "Notas sobre a Morte de Édipo", "... o verdadeiro crime de Édipo, e que faz sua grandeza, é o de não haver desejado permanecer inconsciente" (Stein, 1997, p. 15). Édipo é a vítima inocente de uma Jocasta abjeta e sedutora, mas cuja imagem deve permanecer irreconhecida em nós. Irreconhecimento que é um ativo "não querer saber" de algo, e não uma simples ignorância ou falta de conhecimento.

Stein dedica o Prefácio para A morte de Édipo (1997) ao suicídio da Sra. G., sua paciente quando ele estava em formação. Refere-se ao fato como uma morte que aconteceu "no movimento induzido pela situação analítica". E acrescenta que, se os psicanalistas envolvidos nesse "caso de supervisão" ficaram paralisados quando esta mulher mergulhou na melancolia, é porque todos os três ficaram paralisados no que tange à elucidação das próprias transferências — transferências do psicanalista sobre seu paciente. Elucidação dessa transferência (do psicanalista sobre seu paciente) que é o único fundamento possível da condução do tratamento.

Em La parole et l’inceste (1980) Monique Schneider escreve que essa confissão de Stein é impudica e contrasta com a assepsia inerente à teorização. O domínio teórico é o domínio de Édipo, aquele das entidades gerais, abstratas: o dia, a noite, a infância, o homem. Conrad Stein não quis recorrer à maquiagem daquele suicídio, atribuindo-o à ignorância de um aprendiz. Ao contrário, ele expõe a falha e confere a este incidente uma virtude iniciática. Essa representação do assassinato de uma figura feminina, diz ela, adquire um alcance fundador. Essa operação matricida está ligada à constituição do saber.

A partir daí, toda a história edipiana tal como interpretada por Freud exige ser reinterrogada. Para Conrad Stein em As Erínias de uma mãe (1988b), a leitura freudiana do Édipo como parricida denega o ódio nas relações entre uma mãe e seu filho, de modo a encobrir a destruição do feminino que se pode ler na tragédia. Denunciando isso que considera uma idealização ingênua de Édipo, Stein observa que Freud, em conformidade com uma sólida tradição, mas em oposição com a sua curiosidade habitual e escandalosa, jamais se colocou a menor questão sobre um tema que é muito problemático no texto de Édipo-Rei: ele não observou que a causa da morte de Jocasta é o desvelamento do segredo de sua maternidade, e nesse desvelamento Édipo tem uma responsabilidade ativa. Freud jamais mencionou a morte de Jocasta.

Édipo, a vítima inocente de uma Jocasta sedutora, dá lugar ao matricida cuja investigação conduzirá a mãe ao suicídio, como Stein descobriu no a posteriori do suicídio da Sra. G. O prefácio de A morte de Édipo é um "texto autobiográfico e de autocrítica, que introduz também uma nova elaboração da figura materna", escreveu Renato Mezan no Prefácio de O psicanalista e seu ofício (1988a, p. 11).

A leitura freudiana do mito edipiano insiste sobre o assassinato do pai com um barulho destinado a encobrir o matricídio que permanece na sombra do recalque, diz Monique Schneider. Jocasta é apresentada como a Tentadora, a Sedutora, a encarnação da sedução do prazer e inimiga do pesquisador. A leitura freudiana de Jocasta acentua a carga heróica de Édipo e do teórico ou pesquisador. Diferentemente de Conrad Stein, para quem o pesquisador seria um herói valoroso e um conquistador vitorioso se tivesse a coragem de se embrenhar pelo interior das cavidades sombrias do monstro materno voraz, ao invés de derrotar e destruir esse monstro originário que ameaça fazê-lo dormir ou paralisá-lo como a Medusa.

 

Édipo e a Esfinge: feminilidade irreconhecida

Conrad Stein estuda as origens conflitivas da teorização em As Erínias de uma mãe: Ensaio sobre o ódio (1988b) partindo de uma "fantasia interpretativa" que identifica Freud à Esfinge e que será seu fio condutor. No manifesto Freud se identifica com Édipo, mas no latente ele é também a Esfinge e Jocasta.

"Fantasia impertinente" que ridiculariza Freud, escreve Stein, por causa de sua identificação com Édipo. E ridiculariza o próprio Stein por causa de seu culto a Freud identificado com Édipo. Sua idealização ingênua de Édipo levou-o a um "verdadeiro culto", diz Stein em "Édipo, o sobre-humano ou O repúdio do feminino": culto a Édipo e culto a Édipo-Freud, idealizado, cultuado não só por ele, mas por todos aqueles que se mantêm fiéis ao mestre. Um dia viu-se ridicularizando seu culto e seu herói e essa reviravolta sobre si mesmo foi apresentada em seu seminário sob o título "Santo Édipo", no qual reconhece "a figura do Édipo matricida" (1988b, pp. 15-16). O mesmo Édipo que sempre lhe aparecera como uma vítima, "Édipo seduzido sem o saber, Édipo enganado por sua mãe. Assim uma certa figura de Jocasta chegou a delinear-se com contornos precisos" (1988, p. 194). "Santo Édipo" que realizou um desejo que é de todos nós: o matricídio impossível. E "Santo Édipo" porque nós acreditamos que ele só teria bons sentimentos pela mãe (amor e desejo). Mas é ódio que Stein descobre e é dele que vai falar.

Desnudando a insistência com a qual Freud denega a possibilidade de que o menor movimento agressivo venha macular as relações entre um menino e sua mãe, Stein apontava o recalcamento do matricídio. No uso que os psicanalistas fazem da tragédia, Édipo é cultuado como santo e celebrado como herói, enquanto Jocasta é hostilizada e a figura materna feita objeto de desconfiança. O herói não fez a Esfinge se lançar no despenhadeiro? E não provocou a morte de Jocasta com sua insistência em prosseguir na investigação de suas origens? "Santo Édipo", que realizou um crime que a humanidade não cessa de repetir com a misoginia, definidora da cultura. É a ela, "sedutora perversa", que levam as manchas de sangue que o matricida deixa pelo caminho.

Stein denuncia a identificação de Freud à Esfinge, monstro bissexuado que é tido como feminino e que se precipitou do alto de seu rochedo quando Édipo adivinhou seus segredos. Como a Esfinge, Freud sentia-se "ameaçado de ser penetrado em seus enigmas", em sua identificação feminina inconsciente. "O rei Édipo é um personagem bastante monolítico: ele se apresenta como uma máscara onde não se poderia encontrar um grama de feminilidade, esboço dramático de um aspecto isolado do ser humano, (...)" (1988b, p. 24). A "identificação heróica de super-homem" de Freud, isto é, "de homem isento de qualquer feminilidade", estava destinada a ocultar a sua identificação feminina inconsciente.

Édipo é cego, incapaz de prever seu próprio destino parricida e incestuoso. E Freud, teórico tanto do destino parricida e incestuoso quanto da bissexualidade dos humanos, tinha que "permanecer cego à própria feminilidade, à sua feminilidade monstruosa encarnada pela figura da Esfinge. Esta é sem dúvida a chave de suas limitações bem conhecidas: (...)" (1988b, p. 26).

Freud quis ser um decifrador de enigmas; mas na fantasia de Stein ele é apresentado como um criador de enigmas e é também como um criador de enigmas que os pacientes vêem seu analista. O psicanalista não exerce apenas um poder esclarecedor, mas também um poder sedutor, demoníaco. O psicanalista, como a cabeça de Janos que reinava sobre a mesa de Freud, dirá Stein, tem dois rostos, uma face de luz e uma face de sombra. "Tentar ressaltar apenas nosso poder esclarecedor não será talvez, sempre e ainda, irreconhecer aos nossos próprios olhos e ocultar aos olhares de outrem — a fim de nos servir dele de modo mais seguro — nosso poder de sedução?" (1988b, p. 52).

Poder de sedução que era também o da Esfinge e que foi denegado pela posteridade, conforme escreveu Monique Schneider (1980). A Esfinge fascinante e erótica que canta e seduz, a Esfinge "ávida de sangue e de amor" foi sepultada pela Esfinge questionadora, uma ogra perguntadora que examina. A Esfinge intelectual neutralizou o fascínio do monstro-fêmea que deixou de ser uma tentação, perdeu seu poder de sedução e seu caráter erótico para se tornar um flagelo caracterizado pela ameaça de devoração pelos enigmas que coloca.

Foi então que surgiu Édipo e a "cruel cantora" (a Esfinge cantava os seus enigmas) e, segundo a tradição antiga, propôs a Édipo dois enigmas. O primeiro deles e menos conhecido diz: "São duas irmãs, a primeira gera a segunda, e esta por sua vez, gera a primeira". Édipo responde corretamente: "O dia e a noite". O segundo, mais conhecido, fala de um animal que, possuindo voz, de manhã anda com quatro pés, ao meio-dia com dois e no entardecer com três. Mais uma vez acertando, Édipo responde "o homem".

Édipo resolve os enigmas triunfando sobre seu encanto, sobre o feitiço do canto sedutor como o das sereias que sai da boca da "cruel cantora". Da boca deste "monstro-fêmea ávido de sangue e de amor", fantasia do reino materno originário, brota o enigma, simultaneamente canção e teoria.

Monique Schneider diz que a transformação da Esfinge erótica em uma Esfinge puramente intelectual foi acompanhada também da transformação daquilo que sai da sua boca: seu canto foi substituído por um enunciado teórico que exige uma resposta. É muito diferente a situação daquele a quem se dirige um canto ou um enigma: pode-se resolver um enigma, mas não se pode resolver um canto. Pode-se ceder a seu feitiço ou tomar distância dele, ou recorrer ao procedimento mágico que consiste, como Ulisses, em ouvir o canto numa posição imobilizada.

É também nesta posição de uma Esfinge examinadora e intelectual que o pesquisador, o teórico e o professor preferem ser vistos — por eles próprios e pelos outros, e Bachelard o diz com todas as letras:

É preciso também inquietar a razão e desfazer os hábitos do conhecimento objetivo. Deve ser, aliás, a prática pedagógica constante. Não deixa de ter uma ponta de sadismo, que mostra com clareza a interferência do desejo de poder no educador científico. Essa brincadeira da razão é recíproca. Na vida cotidiana também gostamos de amolar o próximo. O caso de quem faz charadas é revelador. Quase sempre o enigma à queima-roupa é a desforra do fraco sobre o forte, do aluno sobre o professor. Propor um enigma ao pai, não é, na inocência ambígua da atividade espiritual, satisfazer o complexo de Édipo? Reciprocamente, a atitude do professor de matemática, que se mostra sério e terrível como uma esfinge, não é difícil de psicanalisar (Bachelar, 1996, p. 304).

A teorização psicanalítica subverte o domínio oficial da teorização com sua concepção higiênica e busca ancorar-se no reino do singular e do onírico. Os conhecimentos psicanalíticos são criados a partir desse enraizamento singular e passional e não se pretende apagar seus vestígios. A teorização caminha no pas de deux do Enigma que é, ele próprio canção (música e letra). Ao invés de um afrontamento mortífero entre Édipo e a Esfinge professoral/intelectual, a metapsicologia feiticeira surge de um acasalamento entre Édipo e "a cantora" que era chamada de "a Angustiante".

O teórico da cultura Friedrich Kittler volta a Odisseu e às sereias para investigar as relações entre o canto e o saber (o som e o número) em Musik und Mathematik I. Hellas 1: Aphrodite (2006). Ele recorre aos originais gregos e resgata dos textos o teor imagético e conceitual diluído nos milênios da aculturação sofrida pelos antigos (Mello, 2006).

 

Jocasta, mulher é mãe ou: a mãe sexualizada

"No princípio eram as sereias"

O canto envolvente e sedutor da Esfinge retorna sempre em qualquer formação posto que, no inconsciente, a formação confronta uma criatura seduzida e a perversa sedutora. Esse fantasma originário figurado pela Esfinge ou Circe, Jocasta ou Epicasta (a Jocasta em Homero), vem assombrar discípulo e mestre envolvidos na formação (Bacha, 1998; 2002a).

A sedução originária implanta na criança os significantes enigmáticos. Cantando seus enigmas, a Esfinge examinadora que supostamente convidaria Édipo a realizar uma operação puramente intelectual encobre uma Esfinge sedutora, suplicante, "ávida de sangue e de amor". A ameaça que emana da "cruel cantora" com suas cantigas de ninar é a ameaça de devoração e opressão e, por isso, a Esfinge era chamada de "a Angustiante". A Esfinge canta sua canção, que é canto e teoria.

A comparação proposta por Mezan (1995) entre a teoria do Édipo Originário de Le Guen e a teoria da sedução originária de Laplanche que privilegia a oralidade na constituição do psiquismo conclui que ambas tratam da constituição do psiquismo a partir do outro. Apesar disso, haveria entre as duas uma incompatibilidade radical, já que o originário na primeira é sedução, "sempre um jogo de dois", e na segunda é o Édipo cuja natureza é triangular.

Ora, dizer que a sedução originária implanta na criança significantes enigmáticos não é o mesmo que dizer que ela deixa algo do Enigma como resto? E, portanto, que ela também já começa a instituir a criança como um Édipo confrontado com a Esfinge/sedutora perversa? (Bacha, 2003)

Se minha hipótese procede, a exigência de separar os conceitos de Édipo (triangular) e Narciso (sedução dual) poderia ser uma exigência fundada na fantasia inconsciente do feminino canibal, da mãe ogra devoradora. Se na origem se posta o enigma entre o bebê e a mãe, então o triângulo (edípico) já estaria colocado desde esse momento da sedução originária. Se esta fosse a situação originária: um confronto do bebê-Édipo com significantes enigmáticos criados por um outro-Esfinge (monstro bissexual das versões antigas), talvez o originário fosse um Édipo narcisista...

Buscando ouvir o canto da Esfinge nas teorias e práticas que os adultos criam para a infância, tenho reservado em meu trabalho de formação dos professores na universidade (em todos os níveis) um lugar especial à "catarse intelectual e afetiva" prescrita por Bachelard como ponto de partida da formação do espírito científico. Mas não uma catarse expulsiva como a talking cure de Anna O. que visaria eliminar o "corpo estranho", como Freud e Breuer queriam na "Comunicação preliminar", onde a palavra iluminaria o reino onírico reduzindo a pó seus fantasmas. Catarse digestiva para metabolizar as fantasias e digerir o afeto estrangulado, libertando os fantasmas dos seus grilhões para que encenem seu drama até o fim.

Segundo Monique Schneider, as hipóteses da "Comunicação preliminar" são inúteis para compreender o que acontece com Miss Lucy ou Elizabeth, e seu estudo marca uma nítida reviravolta, obrigando Freud a abandonar as metáforas anais e substituí-las pelas metáforas orais. No lugar da expulsão do "corpo estranho" surge a sua assimilação, a digestão do alimento indigesto ou não-metabolizado graças ao triunfo sobre a resistência que obstruía sua livre circulação.

A catarse digestiva da criatura que persegue o professor e o educador (os pais e seus substitutos no curso de uma vida) propicia a incorporação desse estranho corpo feminino figurado como ogra devoradora e sedutora perversa. Longe de esvaziá-lo de seus afetos ou expulsar o corpo estranho que o persegue no ofício de formar alguém, tenho buscado proporcionar a metabolização ou admissão em si (não em sua consciência) do mestre-e-cuca que habita seu inconsciente. Esse trabalho que o psicanalista oferece na formação do professor — e do adulto educador, formador de um outro ser em qualquer nível de idade e de escolaridade (dentro ou fora da escola) —, talvez o ajude a suportar a angústia de se reconhecer nessa figura do mestre-e-cuca assimilando sua face sombria, demoníaca, angustiante e sedutora. Levando ao pé da letra essa catarse digestiva do outro, esse trabalho de bruxaria busca acender, fazer arder e inflamar suas paixões, inclusive a paixão de formar e de se formar e a paixão de aprender, ao invés de fazê-las dormir sob teorias científicas e objetivantes e rituais escolares purificadores (Bacha, 2005).

"Assim, a educação tem de escolher seu caminho entre o Sila da não-interferência e o Caríbdis da frustração" (Freud, 1932/1980, p. 182). Estas foram as últimas palavras pronunciadas por Freud sobre a educação, em 1932, confinando, inteira, essa atividade ao interior de um campo delimitado por esses dois monstros femininos enfrentados por Ulisses em sua Odisséia. Apesar do seu arranjo manifesto essas palavras de Freud sobre a educação evocam, no latente, a angústia do herói homérico em sua passagem pelo estreito habitado por essas pavorosas criaturas.

Cila e Caríbdis são dois monstros da mitologia grega descritos por Homero na Odisséia de Ulisses. Três vezes por dia Caríbdis sorvia o mar e tudo o que estivesse perto, e três vezes por dia tornava a cuspir tudo. Cila fora uma bela ninfa por cujo amor Glauco suplicara desesperado. Impassível às súplicas do deus marinho de aspecto horrendo, Cila foge para se esconder, o que obriga Glauco a ir à ilha de Ea pedir ajuda aos poderes de Circe, a feiticeira. Circe promete ajudá-lo a conquistar a amada ninfa mas acaba por apaixonar-se pelo feio deus com sua fascinante riqueza de sentimentos. Já que não o consegue conquistar como mulher, recorre a seu poder de feiticeira e transforma Cila numa criatura horrenda e repulsiva envenenando a água onde a ninfa costumava banhar-se. Cila mergulha na água enfeitiçada e horrorizada vê monstros horrendos surgindo à sua volta, com um alarido ensurdecedor. A bela ninfa tenta fugir-lhes mas eles estão sempre a seu lado até que Cila descobre que esses monstros são parte de si mesma, nascem de seu corpo. Procurado pela desesperada Cila, Glauco também lamenta sua beleza perdida mas o amor por ela se foi. Cila retira-se para o estreito de Messina aterrorizando os mortais que antes a cortejavam, deslumbrados com sua beleza extraordinária.

No outro extremo do estreito habita Caríbdis. Navegando entre as duas horrendas criaturas, os marinheiros tentavam fugir de Caríbdis e acabavam capturados e engolidos pela ninfa transformada em monstro pelos feitiços do ciúme. Tentando fugir de Cila, acabavam tragados pelo redemoinho de Caríbdis. Como podemos ver, a expressão usada por Freud, "entre Cila e Caríbdis", remete a uma escolha entre duas opções igualmente perigosas. E foi aí, nesse estreito, que Freud situou a educação, nas últimas palavras que pronunciou sobre o tema.

Nosso inconsciente situa a educação nessas águas turvas guardadas por monstros fêmeas assustadoramente vorazes e angustiantes. Se alguém conseguir sobreviver a uma, terá que se debater com a outra. Vitorioso, ainda terá que se haver com as encantadoras Sereias, habitantes dos mesmos mares. E com Circe, feiticeira encantadora e famosa por sua especialidade de metamorfosear em animais todos os estrangeiros que se apresentam em sua morada.

Ora, se desde nossas origens psíquicas na sedução originária já estamos, como Édipo, confrontados com o canto fascinante da Esfinge ou com a sedutora perversa, de onde viriam a insistência e a virulência em denegar a dimensão erótica da mãe, da maternidade — e, pois, da formação de outro ser, da educação —, situando-a como uma função reprodutiva meramente biológica?

Segundo Freud, a passagem bem-sucedida da menina pelo complexo de Édipo resultaria na maternidade. Ele foi criticado por essa afirmação, já que associando a feminilidade com a maternidade teria destinado a mulher à maternidade, condenando-a ao exercício puramente reprodutivo da sua sexualidade. Seria tedioso alinhar aqui os inúmeros protestos levantados até hoje por psicanalistas e feministas ao longo das últimas décadas contra essa tese freudiana.

Mas não é surpreendente que esse senso comum muito confortavelmente estabelecido entre os psicanalistas, segundo o qual uma coisa é a feminilidade e outra, muito diferente, é a maternidade, venha atacar a descoberta freudiana em um ponto capital? Desde quando a sexualidade poderia ser algo puramente biológico e estranho ao prazer (e à angústia)? Desde quando a psicanálise comportaria algo como uma reprodução humana "meramente" biológica? Por que a maternidade em questão nunca é entendida como a da mãe, mas apenas a da menina em crescimento?

Aquela crítica, bem como todas as discussões sobre o feminino que ela gera ou suporta, partem, todas, de um pressuposto inabalável e consensualmente aceito. Ou melhor, irreconhecido: a maternidade é assexuada.

A dessexualização da maternidade implícita nessa crítica não exigiria, ela própria, uma explicação psicanalítica? Ora, e se a dessexualização da maternidade postulada como uma função biológica de reprodução resultasse do recalque da (insuportável) sexualidade da mãe? Não é a essa sexualidade insuportável que nos remete a teoria da sedução generalizada de Laplanche ao afirmar que a oferta do seio precede a sua demanda? Não é essa mesma sexualidade insuportável da mãe que Conrad Stein nos devolve sob o signo da "sedutora perversa"?

A separação entre a procriação e o erotismo é obra do recalque; ele oculta a face erótica da maternidade e da educação (escolarizada ou não) e nos protege do fantasma apavorante da mãe ogra, devoradora de homens como a Esfinge, cujo nome era "a Angustiante". O fantasma da sedutora perversa subjaz à idealização da mãe protetora e carinhosa que evocamos em nossos sonhos de um paraíso perdido da infância.

A associação do feminino com a criação — ou, com a procriação, conforme preferem alguns feministas, que viram nessa associação intemporal o germe da "dominação sexual" — faz o feminino surgir como algo invejável, para além do invejoso e da castração.

É essa dimensão erótica da formação de outro ser, dimensão recalcada da Esfinge professoral que soterrou a Esfinge cantora, que venho tentando resgatar em minha abordagem psicanalítica da educação e das relações humanas cujo cortejo fantasmático no divã acompanho da poltrona. Dimensão apaixonante e angustiante da criação que o nosso moderno cardápio de receitas fast-food tenta ocultar em sua formação.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Marcia Simões Corrêa Neder Bacha
R. Cel. Camisão, 314 — Amambaí
79005-340, Campo Grande, MS
Fones: (67) 3382-7744 / 3321-3273 / 9902-4975
E-mail: mbacha@uol.com.br

Recebido em: 18/05/06
Aceito em: 15/06/06

 

 

* Psicanalista, Doutora em Psicologia Clínica, autora de Psicanálise e educação: Laços refeitos e A arte de formar. O feminino, o infantil e o epistemológico, Pesquisadora Colaboradora do Mestrado e Doutorado em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Consultora de "A arte de formar: Encontros virtuais com a Autora" (//www.ead.ufms.br/consultoria/index.html) e membro das Linhas de Pesquisa Educação e Trabalho da UFMS e do NUPPE/USP da USP.
1 Tomo aqui o divã como um símbolo da terapêutica psicanalítica no consultório privado, sem entrar na polêmica sobre seu caráter imprescindível, que nos desviaria do tema deste trabalho.

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