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Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. v.39 n.70 São Paulo jun. 2006

 

JORNADAS PESQUISA E UNIVERSIDADE — SPBSP

 

Formação — pesquisa; sociedades de psicanálise — universidade: a delicada questão das fronteiras1

 

Training — research; psychoanalytic societies — university: the delicate issue of frontiers

 

Formación — investigación; sociedades de psicoanálisis — universidad: la delicada cuestión de las fronteras

 

 

Bernardo Tanis*

Membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este trabalho aborda alguns aspectos das relações entre formação e pesquisa, como também entre institutos de formação e universidade. Partimos de considerações gerais sobre a formação de analistas, para finalmente abordar as relações com a pesquisa e a universidade.

Palavras-chave: Formação psicanalítica, Pesquisa, Universidade.


ABSTRACT

This paper concerns the relationship between psychoanalytic training and research, as well as between psychoanalytic institute and university. It begins with general considerations about training, and continues with a discussion about the role of research in psychoanalysis and its relationship with university.

Keywords: Psychoanalytical training, Research, University.


RESUMEN

Este trabajo aborda algunos aspectos de las relaciones entre formación e investigación, así como entre institutos de formación y universidad. Partimos de consideraciones generales sobre la formación de analistas, para finalmente abordar las relaciones con la investigación y la universidad.

Palabras-clave: Formación psicoanalítica, Investigación, Universidad.


 

 

Agradeço à Comissão de Pesquisa e Universidade da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo o convite para participar deste debate voltado para a reflexão sobre a especificidade da pesquisa psicanalítica, seja na formação do analista, seja na universidade, ou nas atividades analíticas em geral. Pretendo abordar neste breve trabalho alguns aspectos das relações entre formação e pesquisa assim como também entre institutos de formação e universidade como um aspecto da questão mais ampla que diz respeito à ampliação dos espaços nos quais a psicanálise é objeto de reflexão e transmissão. Embora o tema da formação analítica tenha sido extensamente abordado, não me parece estar exaurido. Pelo contrário, por ser gerador de polêmicas, debates e cisões no movimento psicanalítico, considero que cada nova geração de analistas o recupera e vê-se solicitada a ressignificá-lo à luz dos desafios que a mutante realidade impõe.

Partiremos de considerações mais gerais, mas necessárias, sobre a formação de analistas, para finalmente abordar as relações com a pesquisa e a universidade. Penso que desta forma a questão poderá ser mais bem contextualizada e oferecer mais instrumentos para enriquecer o debate.

Em outro texto (Tanis, 1988), o leitor encontrará uma discussão da especificidade da formação do psicanalista e uma reflexão sobre a importância e as armadilhas do clássico tripé: análise, supervisão e estudo teórico, assim como importantes referências históricas sobre o assunto em pauta. Vários anos passaram-se desde sua publicação e, no entanto, ainda reconheço as inquietações e idéias nele desenvolvidas. As transformações no campo, assim como meu percurso ao longo destes anos, conduzem hoje a ampliar o espectro da discussão (Tanis, 2005).

Não farei uma apresentação exaustiva e histórica do tema. Meu interesse é apenas mapear, à luz do atual contexto histórico-cultural, alguns pontos que possam balizar reflexões cada vez mais necessárias para o presente e futuro da psicanálise. As idéias a seguir são fruto do trânsito e convívio em diferentes instituições psicanalíticas e acadêmicas, assim como da minha experiência pessoal a partir dos diferentes lugares que, como psicanalista, tenho ocupado ao longo destes anos. Para além de palavras de ordem, já desgastadas, aponto para um diálogo aberto sobre questões que demandam nossa atenção.

Constato que hoje nos vemos às voltas não só com clássicas questões sobre a particularidade da formação de analistas, que, sem dúvida, merecem nossa atenção, mas também com novas configurações do campo psicanalítico em particular e da área psi em geral. Penso que o diálogo e o debate são fundamentais neste momento, pois as significativas transformações da subjetividade e os impactos culturais e econômicos que vêm ocorrendo nas últimas décadas2 solicitam uma reflexão ampla e corajosa, sem a qual não poderíamos encarar os desafios com os quais nos defrontamos, como assinalados entre outros por Favilli (1998), Tanis (2003), e que aguardam as futuras gerações de analistas.

Isto nos impõe um esforço redobrado. Assim, como o deus Jano, dirigimos nosso olhar para duas frentes: em primeiro lugar para o resgate da singularidade da psicanálise como teoria, como método de pesquisa da cultura e da subjetividade individual e como modalidade de intervenção clínica; em segundo lugar, para a contextualização do lugar da psicanálise na sociedade atual, seja no âmbito das práticas clínicas em geral — psiquiatria, psicoterapias —, seja em relação ao sistema de saúde pública, seja no universo acadêmico, e na sua relação com as instâncias reguladoras e/ou regulamentadoras.

Talvez um dos maiores desafios para a psicanálise contemporânea, e conseqüentemente na formação de analistas e pesquisadores, seja ampliar os horizontes sem perder a especificidade.

Mas vamos por partes, pois a complexidade do assunto assim o demanda.

 

Especificidade da psicanálise

A psicanálise nasceu, como bem o faz notar Birman (2000), como consciência crítica da modernidade. Vale dizer que através dela os reinos do eu e da razão soberana foram destronados.

O que a psicanálise colocou e, a meu ver, ainda coloca em evidência inquestionável é a limitação do discurso médico para dar conta do mal-estar moderno enquanto produção subjetiva e cultural. O desejo, o conflito e o sofrimento psíquico nas suas múltiplas expressões são irredutíveis a motivações de natureza exclusivamente biológica.

Freud aponta o descentramento do sujeito frente ao próprio desejo inconsciente, tematizado na primeira descrição do psiquismo. Posteriormente, amplia sua visão e a complementa. Assinala, em Mal-estar na civilização, a condição trágica do homem em relação ao desamparo a partir do qual se constitui — modelo formulado a partir da segunda tópica e que introduz a noção de pulsão de morte. Os analistas pós-freudianos ampliaram e desenvolveram clínica e teoricamente sua descoberta.

Para a psicanálise não se trata de nenhuma ortopedia psíquica, mas de uma transformação a partir de um fazer-saber sobre a natureza inconsciente da subjetividade, promovendo no a posteriori do ato interpretativo a desalienação desta mesma subjetividade condenada, até então, à repetição.

Neste complexo processo, como bem caracteriza Viderman (1990), sentido e força se articulam na dimensão transferencial de tal modo que as dimensões da significação e da pulsão permanecem irredutíveis.

Assim sendo, qualquer ilusão de transparência, compreensão apenas intelectual ou completude narcísica como finalidade última do processo de análise ou da formação de um analista permanecem fora do campo da nossa disciplina e da nossa prática, assim como qualquer tentativa de apreensão do objeto psicanalítico, por vias exclusivamente racionais, seria impraticável.

Levar em consideração o sentido forte dessas colocações implica compreender por que a formação de psicanalistas demanda uma especificidade, enfatizando a análise de quem a almeja como condição necessária, como possibilidade de abertura à ressignificação da própria subjetividade e como reconhecimento da eficácia do próprio inconsciente. Embora a análise seja condição necessária e primordial, não é suficiente quando o assunto diz respeito à formação.

Os institutos de formação nasceram com o objetivo inicial de garantir um ensino fiel à descoberta psicanalítica e, ao mesmo tempo, disciplinar uma prática que corria o risco de se tornar selvagem em mãos de charlatões sem uma formação adequada. O Instituto de Psicanálise de Berlim, fundado em 1926, é seu primeiro modelo, a partir do qual fica estabelecido o famoso tripé: análise didática, supervisão e seminários teóricos. Embora o tripé permaneça como eixo da formação, o modo de compreendê-lo, instrumentá-lo na prática, assim como sua contextualização teórica sofreram muitas transformações desde então. As diversas tentativas de buscar o melhor modelo que atendesse à práxis psicanalítica como experiência singular sempre foram objetos de discussão, quando não levaram a cisões dentro do movimento psicanalítico. Apontam a tensão entre o singular e o grupo. As instituições psicanalíticas não deixam de conter aporias e aspectos paradoxais.

 

Transmissão ou formação?

Cabe um olhar para o campo semântico de dois dos significantes que são utilizados para descrever o processo pelo qual alguém se torna analista: transmissão e formação.

A transmissão nos remete a um registro vertical, com os corolários de autoridade e valor. Assemelha-se ao modelo que Giddens (1995, p. 80) aponta para as sociedades tradicionais. Segundo este modelo certos valores e crenças são passados de uma geração para outra; ele compreende a tradição "como uma orientação para o passado, de tal forma que o passado tem uma pesada influência ou, mais precisamente, é constituído para ter uma pesada influência sobre o presente". Este modelo, que instaura os guardiões da tradição, combina conteúdo moral e emocional. Mistura complexa, para quem sabe dos pontos cegos da transferência institucional entre mestres e discípulos. Embora possa oferecer a ilusão de uma segurança ontológica aos que aderem ao modelo, pode promover a repetição, impedindo a ousadia e criatividade dos jovens analistas, assim como limitar o diálogo com autores considerados proscritos por serem alheios à "tradição" do grupo. O vértice religioso da transmissão está na origem deste modelo. Podemos indagar-nos sobre o lugar da ousadia, da criatividade e da pesquisa na formação que segue predominantemente este modelo.

Já a formação, como nos mostra Mezan, é associada ao romance de formação, o Bildungsroman. Dele diz Mezan (1993, p. 155) ser: "O périplo pelo qual o personagem se educa para vida, enfrentando-se com a decepção, com a dor e com a perda das ilusões, mas também tomando conhecimento de suas possibilidades, de seus limites e de suas responsabilidades". Este modelo, embora não deixe de aludir à questão da forma e encerre o risco da formatação, alude mais ao aspecto processual do vir a ser analista, destacando a natureza conflitiva e transformadora inerente a este processo. Acredito haver aqui maior espaço para o novo, a dúvida e a surpresa, ingredientes fundamentais para motivar um espírito de pesquisa.

Não considero que estes modelos sejam patrimônios exclusivos desta ou daquela instituição; pelo contrário, vejo-os acontecendo também em grupos independentes (não institucionalizados formalmente), muitas vezes configurados em torno da figura de um mestre. Percebemos também que no seio das instituições analíticas coexistem, por vezes, ambos os modelos. Não interessa frisar o conteúdo de tais tradições, pois estes podem variar, mas apenas sinalizar a sua existência e o fato de que estes dois modelos devem ser analisados criticamente, compreendidas suas respectivas contribuições, mas também suas limitações, levando-se em consideração a história dos grupos e instituições. Reconhecer a contribuição das tradições, mas sem se submeter a mecanismos reprodutivos, talvez seja uma das condições para emergência do espaço criativo, seja no estilo singular de cada analista, seja na vida institucional.

 

Algumas breves palavras sobre o tripé na formação: um lugar possível para pesquisa

São múltiplas as vias pelas quais alguém se aproxima da psicanálise: o próprio sofrimento psíquico, fascínio pela dimensão inconsciente do psiquismo, fantasias e desejos reparadores, prestígio profissional (hoje nem tão em alta), etc.

O processo de análise será o lugar de encontro com os efeitos do próprio inconsciente, com o reconhecimento dos seus desejos e paixões, angústias e temores. Nesta condição, a força de um núcleo traumático pulsional de natureza infantil terá lugar na cena transferencial. Laços de dependência, identificações, demandas de filiação ancoradas em fantasias edípicas não permanecerão intocáveis.

Desta experiência transformadora, geradora de uma familiaridade do analista com o seu próprio funcionamento psíquico, poderão surgir as condições de escuta analítica. O desejo e a disponibilidade de ocupar o lugar de analista poderão despontar no analisando.

A supervisão, ou análise de supervisão, como alguns preferem chamá-la, ocupa um lugar de extrema importância no processo de formação. Ligada à escuta clínica do analista, a supervisão surge como terceiro, não apenas em relação à análise que o iniciante conduz, mas também à sua própria análise. Isto não quer dizer que o supervisor trará uma interferência direta na análise, mas como diz Fédida (1988) terá um efeito na liquidação da transferência, da idealização do próprio analista pelo analista em formação; ele ainda aponta a supervisão como base de matriz potencial da comunidade analítica. Não se trata de aprender na supervisão uma técnica, mas de desenvolver a condição de escuta do analista.

O estudo das teorias é o terceiro elemento deste tripé. Conhecer o desenvolvimento dos principais modelos teóricos instrumentaliza o analista e favorece o diálogo com seus pares.

No entanto, o estudo teórico não se reduz à exegese do texto nem à erudição psicanalítica. Seria interessante desenvolver, como alguns analistas já assinalaram, e, no entanto, poucas vezes ocorre ao longo do processo de formação, o estudo das condições de emergência da função teorizante do analista, permitindo, deste modo, uma reflexão sobre o estatuto peculiar da teoria em psicanálise. Temos aqui a possibilidade de um nicho privilegiado para emergência da pesquisa clínica, originada no seio do processo analítico e metabolizada no espaço coletivo. Seminários clínicos podem vir a ser um lugar propiciador e estimulante para o exercício desta função. O analista em formação e seus colegas e supervisores não estariam apenas fixados no reconhecimento do já conhecido, mas abertos ao questionamento instigante deste singular encontro com o inconsciente propiciado pela experiência analítica. Este item parece cada vez mais urgente frente à dificuldade que os analistas encontram em estabelecer um diálogo clínico quando oriundos de filiações diferentes, o que vem conduzindo a uma fragmentação do campo. Estaríamos não apenas preocupados com a transmissão, mas com formar analistas capazes de criar suas próprias teorias ad hoc, sem negligenciar as fundamentais contribuições dos grandes modelos.

Claro que também caberia nos institutos de formação o espaço para pesquisa histórica, epistemológica e epidemiológica; assim como, através dos centros clínicos e dos consultórios, a investigação das diferentes modalidades técnicas de aplicação do método psicanalítico.

 

A formação estendida3: uma questão de fronteiras

Falseia-se qualquer conversa sobre a natureza específica da formação analítica se não levarmos em consideração a complexidade e riqueza do vir a ser analista. Esta complexidade e seus desafios incrementaram-se nos dias de hoje. Parece que, atualmente, alguns analistas extraviam-se e a clínica se dilui frente à multiplicidade dos discursos que a colocam em xeque e que mobilizam a reflexão:

1. do ponto de vista dos seus fundamentos: as neurociências, a psiquiatria ou terapias cognitivas;

2. pelos sistemas de saúde: o questionamento da sua eficácia terapêutica frente aos seus altos custos, fenômeno global;

3. do ponto de vista da subjetividade contemporânea: em que medida a nossa prática e nossas teorias estão aptas para atender às demandas das novas patologias e até que ponto podemos considerá-las como tais;

4. da perspectiva das suas instituições de formação: imensa difusão da psicanálise e proliferação indiscriminada de centros de formação;

5. do que diz respeito ao seu lugar na universidade: pós-graduação, cursos de especialização acadêmicos assim como o papel da pesquisa psicanalítica em suas diferentes modalidades;

6. do ponto de vista de sua relação com o Estado e os sistemas de saúde: a regulamentação da profissão de psicanalista e/ou psicoterapeuta.

Dado que os interessados em empreender sua formação analítica e os analistas em exercício estão mergulhados nas mesmas condições históricas, seria ilusório conceber uma psicanálise e um processo de formação que evitasse ou apenas tangenciasse estas questões. A Verleugnung, como desautorização do próprio processo perceptivo, estaria instalada no próprio processo de formação, à semelhança do que presenciamos na clínica com crianças, em que certos pais procuram manter os filhos numa espécie de bolha ilusória, esperando que algum dia estarão grandes e fortes o suficiente para enfrentar as adversidades da vida. Mais do que uma doce ilusão, trata-se de uma compreensão falha do processo de crescimento, uma vez que sabemos que a capacidade de responder à adversidade reside na possibilidade de uma aprendizagem contínua desde o nascimento. A mentira e a ilusão só reforçam nossa paranóia e fragilidade, apenas preparam para o colapso narcisista.

A psicanálise hoje, mais do que em outros momentos da sua história, deve lidar com uma questão de fronteiras. Fronteiras não são territórios tranqüilos, envolvem ameaças de invasão, fantasias persecutórias e também curiosidade, sedução e até o risco de perder a própria identidade. Em contraposição a uma postura defensiva ou de confronto face aos itens acima enumerados, faz-se necessária uma estratégia de diálogo, de discriminação das especificidades de atuação, da busca de interlocução com os diferentes campos do saber, resgatando a importância da sua contribuição. Distantes da arrogância ou da timidez, só um posicionamento claro que reconheça, não só nossos limites, mas também os nossos potenciais, poderão garantir um lugar para a psicanálise na nova geografia globalizada. A formação pode-se constituir como o espaço destinado a instrumentalizar a nova geração de analistas à altura dos desafios que terá de enfrentar. Desafios que, como vemos, revestem-se de alta complexidade. Apesar de o clássico tripé ter mostrado sua fecundidade ao longo de gerações, acho que a atual complexidade coloca novos desafios. Apresento a seguir apenas alguns pontos para reflexão e que poderão funcionar como pontes estendidas para o tema da pesquisa e a relação da psicanálise com a universidade. Não pretendo ser exaustivo; trata-se a meu ver da criação de um debate coletivo em que nossa geração vê-se convocada a refletir.

 

1. Convite desde o início da formação para uma discussão franca sobre a complexidade atual do campo e a singularidade da psicanálise

Seria interessante que, ao mesmo tempo que os candidatos se debruçam sobre a obra de Freud e o surgimento da psicanálise, pudessem expor suas inquietações sobre a diversidade de suas práticas clínicas concretas, e o campo de possibilidades para atuação do psicanalista. Olhar para a metapsicologia não como um corpo teórico pronto, mas como um movimento de teorização necessário para delimitação e constituição do campo da clínica psicanalítica.

Discutir no contexto da própria formação psicanalítica a multiplicidade dos pontos de vista dos profissionais que se ocupam da subjetividade e a discriminação da singularidade da escuta psicanalítica frente a outros modelos pode permitir que os analistas em formação manifestem nos seminários suas inquietações, dúvidas e interesses; questões que nos fazem refletir e para as quais não existem respostas prontas. O resultado deste trabalho poderia ser uma diminuição dos aspectos persecutórios em relação à formação, e ao mesmo tempo a emergência de um pensamento crítico sintonizado com as reais inquietações dos candidatos frente ao exercício criativo e atual da psicanálise.

 

2. Clima institucional

O clima institucional possui enorme importância no processo de formação. Nozek tem destacado este ponto na SBPSP. Concordo com os analistas que colocam o clima institucional como um quarto elemento a ser acrescentado ao clássico tripé. Mezan (2000), quando num interessante trabalho nos fala da história do movimento psicanalítico, também se refere a este clima institucional e cultural como inerente à formação. Ele pode ser estimulante, favorecer o diálogo no qual os diferentes membros do grupo possam encontrar seu lugar, mas ele pode também ser dominado por brigas escolásticas que muitas vezes refletem lutas de poder dentro da própria instituição. Penso que poderiam ser estimulados:

a) a possibilidade de os analistas mais jovens ouvirem apresentações clínicas de analistas mais experientes permitindo que estes possam expor seus impasses e dúvidas;

b) a organização de seminários temáticos e não apenas por autores, o que pode auxiliar na quebra ou compartilhamento do ensino;

c) o convite a analistas de outras instituições, e outros profissionais da saúde mental, para verdadeiros seminários de trabalho, nos quais diferenças e semelhanças possam ser discutidas; isso pode fortalecer o conhecimento e a capacidade de reflexão sobre a clínica.

Nós sabemos que, assim como no Brasil, na Europa, Estados Unidos e vários países da América Latina são cada vez menos os analistas que exercem psicanálise apenas no modelo-padrão nos seus consultórios. Muitos trabalham em instituições de saúde pública, ambulatórios, hospitais, centros de pesquisa. Se compreendermos a psicanálise não apenas como tratamento-padrão, mas como um método de conhecimento e transformação a partir da análise da transferência, incluir na formação do analista o estudo e a pesquisa sobre outras modalidades psicanalíticas de intervenção na saúde pública pode sem dúvida ampliar o espectro da clínica e o papel da psicanálise na comunidade. Embora essas práticas existam, carecem de maior espaço para estudo e reflexão no próprio processo de formação.

 

3. Reflexão sobre os aspectos terapêuticos da psicanálise

Isto nos aproxima de um terreno pantanoso, pouco abordado pelos psicanalistas4. Na maioria das vezes associado aos aspectos sugestivos da transferência, o tema da função terapêutica é apenas tangenciado, quando não evitado, repetindo a já desgastada imagem freudiana da mistura do ouro da psicanálise com o cobre da sugestão. A partir da clínica com pacientes borderline, adições e compulsões desenfreadas, anorexias e bulimias, será que não poderíamos aprofundar esta discussão? Os escritos técnicos de Freud são a porta de entrada para uma nova modalidade de apreensão do psiquismo; talvez durante a formação pudesse ser ampliada a discussão sobre os aspectos técnicos do método sem confundir um com o outro. Caberia a criação de grupos interdisciplinares para discutir a relação da psicanálise com as neurociências e a psiquiatria, deslocando a discussão dos bastidores ou do confronto superficial na mídia para uma autêntica reflexão clínica.

Esta contextualização do momento atual da psicanálise e do que denominei formação estendida permitirá nossa aproximação ao tema principal do encontro, a relação entre a formação psicanalítica com a pesquisa e a universidade de um modo menos esquemático e mais abrangente.

 

Das relações entre formação e pesquisa, institutos e universidade

A universidade se caracteriza por ser um espaço no qual o debate de idéias e a diversidade de opiniões são aceitos e legitimados; em segundo lugar, possui uma vocação intrínseca para a pesquisa. Pesquisa compreendida num sentido amplo como assinalado por Peirce: "toda investigação de qualquer espécie que seja, que nasce da observação de um fenômeno surpreendente, de alguma experiência que frustra uma expectativa ou rompe com um hábito de expectativa" (apud Santaella, 2001, p. 11). Ainda mais: "No seu aspecto gerativo, o conhecimento só pode continuar crescendo na medida em que pesquisas são incessantemente realizadas. Caso contrário, o conhecimento se cristalizaria em idéias fixas, nos axiomas das crenças estabilizadas ou em meras imposições burocráticas do fazer científico...", que Peirce chamará de "excremento da ciência". Nascida do desejo de encontrar respostas para algumas questões, a pesquisa exige do pesquisador uma atenção para os aspectos filosóficos e epistemológicos sobre as leis que regem o processo de produção do conhecimento num determinado campo do saber, assim como rigor metodológico.

Se como disse Freud a psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais que, de outra forma, são praticamente inacessíveis; de um método, baseado nessa investigação, para o tratamento de distúrbios neuróticos; e de uma série de concepções psicológicas adquiridas por esse meio e que se somam umas às outras para formar progressivamente uma nova disciplina científica; caberia então à psicanálise, por sua natureza, um lugar na universidade.

Sabemos que não foi este o caminho inicial e sabemos também os motivos. A resistência à psicanálise assumira diferentes expressões. Mas sem dúvida a natureza inconsciente da psique colocava em questão a soberania da razão, dominante na cultura e na academia. Ainda mais que o processo analítico seria a via de acesso a este conhecimento, cujo método dificilmente se enquadra nos padrões das ciências "duras". Assim os psicanalistas criaram suas próprias instituições para preservar e desenvolver sua descoberta assim como formar novos analistas. Esta história nós conhecemos bem.

Assistimos já há alguns anos no Brasil e no mundo desde os anos 70 a um grande crescimento da presença da psicanálise na universidade. Experimentamos o impacto e estes encontros não deixam de ser fruto dele. Não gostaria de fazer uma análise superficial sobre esta inter-relação que tem muitas implicações para o campo psicanalítico e que sem lugar a dúvidas produz efeitos na formação da atual geração de analistas. Farei apenas alguns assinalamentos.

Dois pólos centrais contribuem para este interesse e desenvolvimento, a universidade por um lado e os psicanalistas por outro. Vou-me referir em primeiro lugar aos aspectos científicos ligados à produção de conhecimento para depois abordar outros de natureza diversa.

Por parte da universidade: se nos tempos de Freud, como dissemos, a universidade via com desconfiança as primeiras descobertas psicanalíticas, as profundas transformações do contexto cultural a partir do início do século XX, que a própria psicanálise entre outras forças ajudou a produzir, criaram um interesse genuíno pelo conhecimento do inconsciente. No início foram os artistas, os literatos, mas este movimento ampliou-se para o interesse de muitos campos do saber universitário. Programas de pós-graduação passaram a procurar e manter um diálogo com a psicanálise: filosofia, sociologia, antropologia, literatura, lingüística, etc.

Por parte dos psicanalistas: este movimento foi posterior. Marcados por uma certa desconfiança inicial e em parte traumatizados pela rejeição inicial, os psicanalistas mantiveram-se distantes da universidade criando suas próprias instituições. No entanto a partir do pós-guerra muitos departamentos de psiquiatria passaram a dialogar com a psicanálise a ponto tal que nos anos 50-60 muitos chefes destes departamentos, principalmente nos Estados Unidos, eram psicanalistas. Há também o crescimento das faculdades de psicologia, nas quais passa a se ensinar psicanálise como umas das teorias sobre o desenvolvimento da personalidade e como modalidade de intervenção clínica.

Mas um fenômeno diferente emerge a partir dos anos 70, principalmente na França, e desta terá uma expansão para o resto do mundo. Após as cisões no movimento psicanalítico francês, iniciam-se seminários nas universidades coordenados por psicanalistas. Instauram-se programas de doutorado em psicanálise, por Laplanche em Paris 7, e outro de natureza um pouco diferente por Serge Leclaire em Paris 8. Para Laplanche o seu ensino devia ser compreendido como atividade acadêmica de um psicanalista que, embora pudesse contribuir com as questões ali discutidas para formação, diferenciava-se da formação stricto sensu de um psicanalista, sustentada na psicanálise pessoal e no atendimento supervisionado. A experiência de Leclaire em Vincennes, na esteira do movimento de maio de 68, visava combater o risco do aprisionamento do pensamento psicanalítico em instituições de formação, sejam estas da IPA ou de origem lacaniana. A psicanálise aqui entra via departamento de filosofia, do qual faziam parte Foucault, Badiou, Deleuze.

Este movimento chega ao Brasil influenciado por jovens doutores que fizeram suas teses no Departamento de Filosofia da USP (Bento Prado Jr. e Marilena Chauí estimulam estas pesquisas iniciais) ou na França. Joel Birman, Jurandir Freire Costa, Monzani, Renato Mezan, Sérvulo Figueira e Fabio Herrmann são alguns dos principais animadores deste boom nos anos 80 que se consolidou nos anos 90 e que hoje apresenta algumas transformações, que podem ser aprofundadas.

Destaco dois elementos motivacionais da procura pela universidade por parte dos analistas:

i) Aprofundar o estudo teórico da psicanálise numa perspectiva epistemológica e crítica assim como desenvolver o diálogo com outras disciplinas;

ii) Realizar pesquisa seja conceitual, clínica ou voltada para cultura a uma prudente distância das pressões transferenciais diretas dos grupos psicanalíticos.

Sem lugar a dúvidas, como assinala Mezan (2002), este movimento teve um efeito revigorante para a psicanálise. Destacamos vários aspectos:

i) O estudo e reflexão sobre as diferentes teorias psicanalíticas, aspectos epistemológicos, comparativos das diferentes teorias, estudos histórico-críticos sobre a evolução de certos conceitos, etc.;

ii) Novas modalidades de intervenção a partir do método psicanalítico, seja na clínica privada, seja no vasto campo da saúde pública;

iii) A utilização do método psicanalítico como possibilidade heurística no desvelamento de certos aspectos da nossa cultura, terreno de interface psique-cultura;

iv) Trabalhos psicanalíticos stricto sensu a partir de discussão direta da experiência clínica.

Um outro ponto interessante e polêmico, já assinalado no texto de Fabio Herrmann e por outros autores, diz respeito às diferentes metodologias de pesquisa.

Herrmann (2005) destaca que três modalidades de pesquisa disputam espaço no movimento psicanalítico: pesquisa empírica; investigação teórica (pesquisa conceitual) e pesquisa clínica — seja do paciente seja da cultura —, mas sempre com o método psicanalítico.

Conhecemos o já clássico debate entre Wallenstein e Green sobre a pesquisa empírica, defendida por aquele e refutada pelo segundo como modelo que trai a especificidade do método psicanalítico. O que não quer dizer que pode ser útil para estudos epidemiológicos ou auxiliares. No entanto, os debates sobre a eficácia do método psicanalítico em comparação com outras modalidades de psicoterapia vêm ganhando cada vez mais espaço, assim como a pesquisa empírica sobre modalidades técnicas de intervenção (visando as mais adequadas para diferentes estruturas psíquicas). Esta tendência aumenta especialmente no mundo anglo-saxão e na própria IPA, impulsionada principalmente pelos países nos quais a psicanálise encontra-se fortemente vinculada aos sistemas de saúde. Como nos situamos como psicanalistas frente a estas pesquisas? Temos aqui um grande desafio, pois esta tendência parece ser reforçada pelas pesquisas cognitivas e das neurociências. Estamos participando do debate ou optamos por permanecer à margem dele?

Em relação à pesquisa conceitual também existem algumas tensões, mas estas são menores: há um maior consenso em relação à especificidade da teoria em psicanálise, psicanálise não é filosofia. A pesquisa conceitual ganha valor quando estes conceitos adquirem vida no estado nascente da clínica, é neste campo que podem ser avaliados e discutidos. Evidentemente há também importantes trabalhos apontando o modo como conceitos regionais formulados em determinados contextos clínicos ganham espaço dando lugar aos grandes sistemas.

Também há muito a ganhar no campo da pesquisa clínica, seja no consultório seja no campo interpretativo voltado para a cultura, desde que mediada pelo método interpretativo. Sabemos que, na sua origem freudiana, a pesquisa clínica transforma tanto o objeto como o sujeito, assim como as teorias que sobre o mesmo são construídas. O campo transferencial da experiência analítica não é adequado à separação positivista sujeito_objeto ou a um tratamento estatístico. Como vemos, o campo da pesquisa é rico e polêmico.

Como depoimento pessoal posso dizer que a passagem pela pós-graduação teve uma contribuição não somente na ampliação dos meus conhecimentos e na reflexão epistemológica da psicanálise ou no aprendizado de uma disciplina para conduzir uma pesquisa, mas também por uma via indireta na minha formação como analista, na desidealização de certos modelos e na percepção dos fundamentos filosóficos que sustentam implicitamente as teorias e a modalidade de conceber a técnica psicanalítica. Sem dúvida, elementos valiosos para não sucumbir à sedução das aparentes verdades últimas.

Também enxerguei algumas dificuldades:

1. Muitos orientadores, embora com excelente formação teórica, não dispõem de grande experiência clínica.

2. A teoria psicanalítica é muitas vezes tratada como sistema filosófico e não na sua especificidade heurística, conduzindo muitas vezes a uma incorreta contextualização sua.

3. Surgem dúvidas sobre se os consagrados modelos de dissertação ou tese são adequados ao objeto de pesquisa segundo o método psicanalítico. Talvez sim quando o trabalho possui um caráter eminentemente epistemológico, histórico ou empírico.

Também as relações entre psicanálise e universidade ou entre instituições de formação e universidade não estão isentas de conflitos; não voamos num céu de brigadeiro, nem sempre o interesse científico vigora.

Muitos profissionais buscam hoje a pós-graduação não apenas como lugar de aprimoramento e desenvolvimento como pesquisadores, mas como via de atalho ou substituição para sua formação como psicanalistas, fato este que dificilmente poderíamos negar. Será este o lugar ideal para tal formação? Há aqui uma questão que transcende a natureza científica e se transforma em fenômeno de mercado. Em muitos programas de pós-graduação constituíram-se nichos ou feudos semelhantes aos que existem em outros grupos psicanalíticos, reproduzindo o mal que supostamente pretendiam combater. Alguns professores de pós-graduação criticam e ironizam as instituições de formação (sejam estas da IPA ou não) pelo seu aspecto apenas reprodutor de conhecimento; em contraposição exaltam a universidade, na qual, sustentam, o pensamento seria mais livre e sempre obrigado a justificar-se racionalmente. Os institutos estariam incapacitados de oferecer uma genuína formação pela limitação ou pobreza do seu ensino se comparado com as vastas regiões do conhecimento às quais a universidade oferece acesso. Assim, estes cursos de pós-graduação ou especialização acabam se constituindo como alternativas à formação, embora a clínica ocupe neles muito pouco espaço. Recomendando que seus alunos procurem ter também uma experiência de análise temos a emergência de uma nova modalidade de formação.

Como uma espécie de bumerangue, a universidade pode afetar burocraticamente os espaços de formação: especialização via CFP, regulamentação via MEC etc. Nelson da Silva Jr. (2004) analisa esta relação, assim como a própria transformação da universidade, seguindo a direção assinalada por Marilena Chauí: burocratização, tecnicização e mercadização, colocando em questão o lugar da psicanálise neste contexto.

Os institutos de formação psicanalítica, embora não alheios a este movimento, nem sempre incluem debates sobre estas relações assim como sobre a natureza da especificidade da pesquisa em psicanálise, assunto que merece cada vez mais atenção. A psicanálise há tempos não se restringe às instituições formadoras da IPA, o diálogo e o intercâmbio são necessários e enriquecedores; no entanto não devemos idealizar a universidade ou a idéia de pesquisa universitária em contraposição àquela que há mais de cem anos, com maior ou menor criatividade, vem sendo conduzida pelos analistas ligados às sociedades e institutos de formação. Está em jogo, como assinalei anteriormente, expandir a formação e o diálogo sem perder nossa especificidade.

 

A modo de conclusão

Minha hipótese é que a ampliação da experiência de formação psicanalítica, sem perder a especificidade, mas lidando diretamente com as fronteiras, evitando posturas arrogantes ou defensivas, poderá ter um efeito catalisador e potencializador no desenvolvimento de jovens analistas, contribuindo para diluir os aspectos de uma submissão identificatória a mestres ou grupos, nem sempre dissolvidos na análise daqueles que visam uma formação. Assim, esta formação ampliada não viria para diluir ou empobrecer a formação de analistas. Pelo contrário, acho que dela emana o potencial de aprimorar os clássicos espaços da supervisão, do estudo teórico e da análise pessoal, assim de como instrumentalizar o analista para novos desafios.

A vida institucional e os problemas com os quais o psicanalista se ocupa poderão se ampliar tendo assim um papel mais ativo no debate sobre a saúde pública, a cultura e a subjetividade contemporânea, cumprindo o seu legado freudiano.

A pesquisa é inerente à própria descoberta do método psicanalítico, sua dimensão heurística é incontestável, assim como seu aspecto inovador. Esta inovação metodológica no modo de produzir conhecimento e transformação, que deu provas de sua riqueza e eficácia ao longo de mais de cem anos, foi muita vezes atacada e desprestigiada por não corresponder aos standards da pesquisa empírica. Caberá a nós e às futuras gerações de analistas ampliar o diálogo com a comunidade científica e acadêmica visando a legitimação da sua singularidade.

A psicanálise nasce como crítica da cultura. A mesma cultura se apropria das suas produções e procura neutralizá-la como o fizera com muitos movimentos de contracultura. O desafio para a atual geração de analistas reside na possibilidade de ouvir aquilo que pede para não ser silenciado nos diferentes espaços onde o psicanalista é chamado a intervir, seja na nossa clínica cotidiana, seja no campo da cultura ou na universidade e centros de pesquisa. Estamos prontos para estes desafios?

 

Referências

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Endereço para correspondência
Bernardo Tanis
R. Capote Valente, 432/142 – Jd. América
05409-001 São Paulo, SP
Fone/Fax: 3062-1855
E-mail: tanis@uol.com.br

Recebido em: 15/04/06
Aceito em: 11/05/06

 

 

* Membro Associado da SBPSP, Doutor em Psicologia Clínica pela PUC-SP.
1 Texto apresentado em 19/11/06 na Jornada: "Psicanálise, pesquisa e Universidade", organizada pela Comissão de Pesquisa e Universidade da SBPSP.
2 Muito se escreveu sobre este tema nas últimas décadas. Remeto o leitor aos clássicos trabalhos de F. Jameson, G. Debord, A. Guiddens, Z. Bauman e G. Lipovesky, para citar apenas alguns dos principais autores que descreveram e analisaram estas transformações.
3 Amplio aqui a noção de Clínica Extensa formulada por Fabio Herrmann em seminários proferidos na SBPSP.
4 Ver: "Psicoterapia: mal-estar na psicanálise", Jornal de Psicanálise, 1999, vol. 32.

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