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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. v.39 n.71 São Paulo dic. 2006

 

EDITORIAL

 

O Jornal de Psicanálise completou no último setembro quarenta anos. Tendo seu primeiro número saído em 1966, ele vem ao longo desse tempo lutando pela crítica, pelo aprimoramento e pela renovação do saber e do campo psicanalíticos. Para comemorar esta data e com o intuito de tornar mais ágil a reflexão sobre as questões que afetam o analista, o Jornal volta a ser publicado semestralmente.

O tema do presente número: "Psicanálise: investigação e cura" é uma forma de homenagear os cento e cinqüenta anos de nascimento de Freud, colocando em discussão sua proposta na qual afirma ser a psicanálise, ao mesmo tempo, um procedimento de investigação dos processos mentais, um método de tratamento e um conjunto de conhecimentos que reunidos constituiriam uma nova disciplina científica.

A ressonância do tema em nossos colaboradores traz uma clínica vigorosa, multifacetada, que, tal como uma mina de metal precioso, se abre por vários veios — que às vezes seguem separados, outras se entrecruzam —, sendo alguns deles explorados por mais de um trabalho. É o caso, por exemplo, do veio que concebe a clínica de forma abrangente, uma clínica extensa, aliás, da forma como o próprio Freud a concebeu e praticou. Basta lembrar trabalhos como "Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen", Totem e tabu, O mal-estar na civilização ou "Dostoievski e o parricídio", entre tantos outros. Ou daqueles que tomam a clínica a partir de seu interior para problematizar o manejo técnico face à singularidade do paciente ou para colocar em discussão os efeitos da escuta da clínica sobre o corpo do analista, principalmente nos casos difíceis nos quais está em jogo a dificuldade de representação do paciente.

Outro filão interessante vai reconhecer no texto de Freud não um "corpus teórico sistemático", mas um "texto que se oferece para o analista como oportunidade de se deixar interrogar a partir de sua análise e de sua clínica".

Também há um que problematiza a relação da escrita com a clínica; a subjetividade do pesquisador e as relações entre clínica e pesquisa psicanalítica.

Outro, não menos importante e bastante fértil, vai procurar acompanhar as decorrências e reverberações do pensamento de Freud na construção teórico-clínica de autores pós-freudianos.

Sem pretender percorrer todas as trilhas possíveis a partir dos trabalhos aqui reunidos, cabe salientar que, embora os trabalhos difiram no modo de exploração do tema, na profundidade da investigação ou mesmo na escolha do instrumento utilizado nela, paradoxalmente, essas diferenças apontam uma unidade: cada um parece fazer da clínica a fonte, o centro criador, a usina do saber psicanalítico. E por isso convidamos o leitor à leitura, a descobrir novos veios de exploração possíveis.

 

 

Leda Maria Codeço Barone
Editora

Alexandre Horta e Silva
Alice Paes de Barros Arruda
Ana Maria Loffredo
Beatriz Helena Peres Stucchi
Iliana Horta Warchavchik
Marta Úrsula Lambrecht

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