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Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.41 no.74 São Paulo June 2008

 

REFLEXÕES SOBRE O TEMA

 

A análise dos analistas

 

The analysis of the psychoanalyst

 

El análisis del analista

 

 

Dominique Fingermann*

Analista membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacaniano

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

A análise do analista precisa qualificá-lo para suportar a experiência da análise vetorizada pela transferência e seu manejo. O desejo de analista é a função lógica e ética que capacita um analista. Esse desejo ao avesso da demanda e do gozo é produzido na análise do analista. Um longo tempo de rodeios e desvios é necessário para extrair da lógica do sujeito a ética de sua solidão e da sustentação de seu estilo que se tornam operadores da experiência de psicanálise com outros.

Palavras-chave: Experiência psicanalítica, Desejo de analista, Freud, Lacan, Manejo da transferência, Estilo, Duração, Finalidade.


ABSTRACT

The analysis of the psychoanalyst must qualified him to sustain the experience of psychoanalysis orientated to the transference and its maneuver. The desire of the analyst is a logical and ethical function witch habilitates the psychoanalyst. This desire is the opposite of the demand and jouissance and is produced in the analysis of the psychoanalyst. A long time turn and deviance is necessary to extract from the logic of the subject, the ethics of his loneliness, and the handling of his style, witch turns into operators of the psychoanalytical with others.

Keywords: Psychoanalytical experience, Desire of the analyst, Freud, Lacan, Handling of the transference, Style, Duration, Aims.


RESUMEN

El análisis del analista necesita calificarlo para suportar la experiencia del análisis vectorizada por la transferencia y su manejo. El deseo del analista y la función lógica y ética que capacita un analista. Ese deseo al revés de la demanda y del gozo es producido en el análisis del analista. Un largo tiempo de rodeos y desvíos es necesario para extraer de la lógica del sujeto la ética de su soledad y de la sustentación de su estilo que se tornan operadores de la experiencia de psicoanálisis con otros.

Palabras clave: Experiencia psicoanalítica, Deseo del analista, Freud, Lacan, Manejo de la transferencia, Estilo, Duración, Finalidad.


 

 

Existe algo que se possa chamar de término de uma análise — há alguma possibilidade de levar uma análise a tal término? A julgar pela conversa comum dos analistas, assim pareceria ser, já que freqüentemente os ouvimos dizer, quando deploram ou desculpam as imperfeições reconhecidas de algum mortal seu colega: ‘Sua análise não foi terminada’ ou ‘ele nunca se analisou até o fim.’

Freud, 1938.

 

O que é Psicanálise?

“A psicanálise... é o tratamento que se espera do psicanalista1”. Esta resposta de Lacan, em 1953, pode parecer uma pirueta retórica, um enunciado tautológico que não quer dizer nada. De fato, é uma provocação, que visa provocar, isto é, “fazer falar” os analistas, para que eles não esqueçam que se a psicanálise é um tratamento — uma prática clínica que tem conseqüências — eles são a causa dessa operação.

As conseqüências dessa prática clínica não são misteriosas: a psicanálise tem sérias conseqüências no tratamento da angústia e dos sintomas que atormentam os seres humanos. De saída, atribuí-se um valor de verdade aos sintomas e valida-se a angústia como indicadora da singularidade real de um sujeito. Subseqüentemente, a experiência própria da psicanálise decorre de seu procedimento, que transforma a dor e o mal-estar em fala dirigida ao psicanalista. A fala da associação livre produz logicamente deslocamentos das representações e uma elaboração de saber conseqüente, mas, mais além dessa construção epistêmica, a fala manifesta na sua superfície a sua vetorização pela transferência, vetor e palco da experiência analítica. A transferência — Übertragung, transposição — é um trabalho, uma dinâmica, diz Freud, que desloca e transporta dentro da cena analítica as “representações” e os “investimentos” que, ao se desenrolarem nos percalços da associação livre, tencionam enrolar a pessoa do analista. O manejo pelo analista dessa estratégia transferencial constitui a singularidade da experiência analítica e a condição de sua eficiência.

Essa experiência da psicanálise, tensionada pela transferência, almeja e produz um remanejamento dos destinos pulsionais constrangidos pelo desencontro traumático com a sexualidade, sempre inadequado e excedendo os limites do eu em construção. A experiência conduz a uma desorganização das soluções de compromisso pulsionais encerradas pela escolha da neurose e a sua formatação pela fantasia fundamental. A experiência acolhe, desestabiliza, abre brechas, desanuvia as trilhas, solta os laços, desata alguns nós, joga alguns baldes de água fria, trança cordas, pula abismos, cava silêncios, atravessa desertos.

É o manejo da transferência pelo analista que proporciona a redução do enredo neurótico e ocasiona, simultaneamente, a desenvoltura libidinal, que descerra e renova os investimentos e a disponibilidade do sujeito analisado no laço social (no amor, no trabalho e na criatividade).

A psicanálise — experiência da transferência e de sua manobra — é uma operação lógica da qual o analista é a causa. Espera-se do psicanalista que ele suporte essa experiência. Espera-se da análise do analista que ela seja uma experiência de formação, ou melhor, de deformação de uma pessoa que lhe dê as qualificações necessárias e suficientes para poder suportar a direção desse tratamento do começo ao fim, isto é, do começo ao fim da transferência de seus analisantes.

Os textos freudianos, que orientam os psicanalistas há mais de cem anos, explicam bem o que é a psicanálise como prática clínica. Seu dispositivo (o setting), seus conceitos, exemplos clínicos e impasses continuam referenciando os tratamentos que sustentamos no mundo contemporâneo. Freud explica.

 

O que se espera de um psicanalista?

Lacan questiona. Embora em 1958, no seu A direção da cura e o princípio de seu poder, ele afirme a responsabilidade sem escapatória do psicanalista: “O analista dirige a cura” (Lacan, 1958/1966, p. 586). Desde sempre os textos lacanianos inquietam e questionam: o que se espera de um psicanalista para que ele opere? O que é um psicanalista? O que opera no psicanalista? É uma posição? Uma função? Um desejo singular?

À procura do enigma de seus sintomas e do que estes encobrem de sua identidade perdida, o discurso do analisante presta-se a expor e transpor a sua “transferência”, ou seja, sua maneira própria de produzir laços libidinais, ativa e passivamente se fazendo e fazendo o outro de objeto desses laços. Espera-se do psicanalista que ele suporte a direção desse tratamento da neurose pela transferência e seu manejo do começo ao fim. Suportar a transferência é dar suporte ao trabalho e ao produto deste: quer dizer, trata-se de suportar essa inclusão da pessoa do analista sem se enrascar nela, nem tropeçar na sua função de analista ao se embaraçar com a sua contratransferência. Segundo a orientação lacaniana, a contratransferência não é um operador do tratamento analítico, e sim um embaraço; paradoxalmente, Lacan designa o operador da demanda transferencial com o nome: “desejo de analista”. O desejo de analista não é o desejo da pessoa do analista, mas a sua maneira singular de ocupar a função “de analista” que manobra, ou seja, acolhe e objeta à demanda transferencial. Trata-se para o analista de saber aproveitar-se da ocasião oferecida pela transferência do sujeito para fazer uso desta, implicando-se na estrutura do sujeito, sabendo manter aí seu lugar. Essa manutenção da posição “desejo de analista”, a despeito da demanda do sujeito vai, de fato, produzir um corte, um certo espaçamento, um intervalo, uma descolagem, uma descontinuidade com o intuito de esvaziar o sentido complementar que lhe dá o enredo neurótico.

No lugar em que a transferência convoca o analista para “fazer relação”, fazer cola com a pulsão, colaborando com a fantasia e colmatando o objeto, lá onde a transferência encontra o analista para colaborar com a satisfação pulsional de substituição que a neurose se deu como destino, é nesse ponto que se trata de responder com o que Freud nomeava Die Versagung, o fracasso, impedimento dessa satisfação, traduzido por “frustração”.

Se a transferência é a atualização da “pantomina” neurótica, o desejo do analista é o lance, é o lançar mão do analista com o objetivo de um “remanejamento possível do eu” (Freud, 1938) por causa da pulsão, em prol da pulsão e de seu resto “inamensável”, diz Freud, incurável, diz Lacan: “soll Ich werden, wo es war” (Freud, 1932/1936, p. 107). O que se espera do analista? Desejo, ato, função, discurso.

O ato do analista, quer seja via silêncio, neutralidade, interpretação, produz uma descontinuidade na continuidade transferencial na qual o sujeito tenta enrolar o analista.

A função do analista se interpõe na equação pessoal do analisando ocupando o lugar de constante de uma operação que evidencia as variáveis e reduz as variações possíveis dos sintomas e outros avatares da angústia.

O desejo do analista não obtempera com a demanda de transferência, ele desconcerta as suas estratégias, embora explore os seus meandros e, no fim, acabe por isolar o seu objeto: o próprio sujeito feito objeto do desejo do Outro, como se assim encontrasse aí uma falsa consistência.

O discurso do analista começa e termina com um silêncio — um silenciamento da inclusão do outro nas razões do sujeito e de seus tremores. O discurso analítico produz no fim o silêncio e a solidão que legitima a criação e autoriza o criador, passando do “estou sozinho!” ao “eu sou sozinho”, que valida o ato e suas conseqüências.

O que se espera de um psicanalista não se apresenta como uma posição de conforto! Entendemos, então, porque Lacan falou do “horror” do ato analítico, insistiu tanto em frisar que a resistência na análise era resistência do próprio analista a seu ato singular, e ao avesso do operador “desejo de analista”. Por fim, ele observou mesmo que a passagem de analisante à função analista que se produz ao cabo de uma análise constituía uma espécie de “aberração”, a ponto de interrogar essa passagem ao analista — “o passe” — no dispositivo institucional que orienta tanto a sua teoria da qualificação do analista quanto sua reformulação da instituição analítica e da formação dos analistas que a Escola de Lacan garante há mais de quarenta anos2.

 

A análise do analista produz o desejo do analista

O que se espera da análise do analista? Espera-se que ela produza os tais desejo, ato, função, discurso dos quais depende a prática conseqüente da psicanálise e seu futuro.

Avesso aos standards, que formatariam a priori as condições de acesso a qualificação de analista, Lacan, em 1967 (Lacan, 1967), propõe um dispositivo que pretende recolher nos testemunhos dos jovens analistas o que produziu para eles a passagem, a virada, na qual eles flagraram essa mudança radical que os fez passar de uma posição de analisante a uma posição de analista. Se para Lacan “o psicanalista autoriza-se por si mesmo” (Lacan, 1967/2001, p. 243), ele tem que validar essa autorização perante seus pares. O passe como procedimento institucional não é exame obrigatório; mas o passe como momento clínico é provação necessária de todo e qualquer analista. O analista valida ele mesmo a sua passagem pela sua presença na comunidade analítica, a sua fala, os seus escritos, a sua “práxis” da teoria. A análise de um analista será dita didática se ele mesmo puder dar as provas dessa passagem à posição de analista:

“Comme je l’ai souvent marqué, cette expérience de la passe est simplement ce que je propose à ceux qui sont assez dévoués pour s’y exposer à des seules fins d’informations sur un point très délicat... c’est que c’est tout à fait anormal que quelqu’un qui fait une psychanalyse veuille être psychanalyste. Il y faut vraiment une sorte d’aberration qui valait la peine d’être offerte à tout ce qu’on pouvait recueillir de témoignage” (Lacan, 1971-72/s.//d. p. 108)3.

 

Aberração

É uma aberração diz J. Lacan, que transforma a análise de alguém em análise de um analista, ou seja, que faz com que alguém se decida a se prestar a ocupar uma posição tão incômoda. O desejo de analista é um nome dessa aberração. A análise do analista precisa, portanto, produzir o operador “desejo de analista” para capacitá-lo a dirigir os tratamentos analíticos do começo ao fim da transferência.

Paradoxo: a posição que esse desejo ocupa na equação do analisante confina o analista num paradoxo. Antes de tudo, porque a demanda transferencial é paradoxal, como evidencia o exemplo que Lacan propõe para uma tal demanda: “Peço-lhe que recuse o que lhe ofereço, porque não é isso!” (Lacan, 1972-73/1975, p. 101).

Subseqüentemente, porque é paradoxal sustentar por um lado a demanda e a operação que a oferta do analista causa, e por outro bancar a posição de “neutralidade benevolente” que o exonera de toda resposta complacente e subordinada às armadilhas fantasmáticas do analisante.

Extravagância: o “passe” é o momento clínico em que se produz essa ultrapassagem do desejo do sujeito formatado pela fantasia e a passagem extravagante para o desejo de analista. O desejo na neurose é formatado pela fantasia, o desejo de analista é um desejo inédito, seu lance não é editado pela fantasia; esvaziado de demanda e de gozo, é uma falta que causa.

Contraponto: o conceito de desejo em Lacan se diferencia de demanda e de gozo: no mínimo, o que se espera da análise do analista é que ela qualifique o analista para não usar da transferência do paciente em benefício de sua demanda de amor nem de seu gozo singular, mas possa manobrá-la a partir de um desejo inédito. Nem mestre, nem perverso, ele não vai usar a transferência em benefício próprio. Tampouco vai reagir à sua inclusão na transferência do paciente com a angústia e seus avatares. Nem angústia, nem demanda, nem gozo na contratransferência: um contraponto, o desejo de analista, uma função lógica que move e desconcerta a entropia da neurose.

 

Finalidade

A análise do analista, tanto quanto a análise de qualquer um, é orientada pelo seu fim: tanto seu término quanto sua finalidade. O seu fim justifica os meios.

Freud em Análise terminável e interminável nos disse que a análise termina quando o paciente não encontra mais o analista (Freud, 1937/1985). A análise de qualquer um produz essa finalidade: não precisar mais de um Outro que completa o seu sintoma com seu saber suposto. No fim não precisa mais que a verdade do sintoma esteja contida no saber do Outro. Finalizar uma análise é não estar mais cativado nem cativo da suposição, segundo a qual o enigma da existência de Um estaria contido no saber do Outro. Lacan sublinha que este é um dos paradoxos do Ato do analista já que, tendo passado por conta própria por essa provação da inconsistência do Outro, ele, no entanto, tem que sustentar essa posição para com seus analisantes.

No fim, a ausência de resposta do Outro não é mais um desastre, mas uma causa.

 

Duração da análise

As análises são longas, mesma na época de Freud, quando ainda eram muito curtas (alguns meses), os pacientes queixavam-se de sua duração. O final feliz de uma análise é produzido após muitas peripécias da transferência, longos rodeios e desvios. Esse tempo é necessário para que o analisante possa percorrer os meandros de suas determinações inconscientes, assim como contornar as armadilhas de suas relações objetais na cena transferencial. É preciso um tempo para rodear as significações que o sujeito constrói de si mesmo a partir de sua novela familiar e exaurir as suas ficções e identificações até cingir o ponto de origem de sua identidade como algo fora de série que não se identifica com o outro. “Ce n´est qu´après un long détour que peut advenir pour le sujet le savoir de son rejet originel” (Lacan, 1961-62/1996, p. 181)4. Ao longo da história da psicanálise, as tentativas para encurtar o processo não foram bem-sucedidas e, de qualquer forma, prejudicaram tanto a lógica quanto a ética da psicanálise.

Saber de sua “rejeição original” é deduzir de todos seus enredamentos que o que lhe dá marca de origem como ser único, é algo da ordem do recalque originário que não se liga nem se representa, mas condiciona todas as ligações e representações.

 

Estilo

A análise do analista precisa produzir um ponto a mais: além da queda da transferência e da suposição de saber do Outro, a prova do desejo de analista é a prova de “uma outra satisfação”, uma prova de separação.

Para que um passe de analista prove o desejo de analista, ele precisa dar essa notícia e essa demonstração de que algo da sua análise produziu uma maneira outra de se relacionar com a satisfação pulsional. Nesse sentido, é interessante observar que, embora Freud termine seu texto de 1936 sobre o rochedo da castração, que constitui o impasse de toda análise, ele contempla seriamente no início de seu texto uma dimensão pulsional inamensável. O desejo de analista é a prova de um destino pulsional não formatado pela neurose. A análise do analista precisa deixar escapar algo como uma extravagância, uma aberração, um estilo.

O desejo do analista é um destino pulsional, que permite não mais se embaraçar com a neurose, mas qualifica o analista para desconcertá-la. A análise dos analistas precisa levar em conta o “inamensável” da pulsão, pois o rigor das análises que ele conduz não se sustenta sem estilo.

 

Referências

Freud, Sigmund. “Les diverses instances de la personnalité psychique (Troisième conférence)” In Nouvellles conférences: Paris, Éditions Gallimard, 1936, pp. 78-107.

Freud, Sigmund. “Analyse avec fin et analyse sans fin” In Résultats idées, problèmes II (1921-1938): Paris, PUF, 1985, pp. 231-268.

Lacan, J. “La direction de la cure et le principe de son pouvoir (1958)” In Écrits: Paris, Éditions du Seuil, 1966, pp. 585-645.

Lacan, J. “Variantes de la cure-type” In Écrits: Paris, Éditions du Seuil, 1966, pp. 323-362.

Lacan, J. Le savoir du psychanalyste (1971-72): Paris, Publication hors commerce — Document interne à l’A.L.I, s/d.

Lacan, J. L’identification (Séminaire 1961-62): Paris, Publication hors commerce — Document interne à l’A.L.I, 1996.

Lacan, J. “Proposition du 9 octobre 1967 sur le psychanalyste de l’École” in Autres Écrits: Paris, Éditions du Seuil, 2001, pp. 243-259.

Lacan, J. Encore (1972-1973): Paris, Éditions du Seuil, 1975.        [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência
Dominique Fingermann
Travessa Alonso, 30 — Vl. Madalena
05436-060 São Paulo, SP
Fone: 3032-7674
E-mail: dfingermann@terra.com.br

Recebido em: 19/05/2008
Aceito em: 10/06/2008

 

 

* Analista membro da Escola de Psicanálise dos Fóruns do Campo Lacanian.
1 "Une psychanalyse... est la cure qu’on attend d’un psychanalyste." Lacan, J. (1966, p. 329). Variantes de la cure-type.
2 O dispositivo do passe foi proposto por Lacan em 1967. O passante produz o testemunho de sua passagem de analisante à analista perante dois passadores, sorteados numa lista de pessoas indicadas pelos seus analistas para essa função, por estarem no “momento do passe”. Os passadores expõem o testemunho dessa passagem do passante perante uma comissão de garantia: o “cartel do passe”, que nomeia (ou não) o passante “Analista de Escola”.
3 Lacan, J. Le savoir du psychanalyste (1971-72): Paris, Publication hors commerce — Document interne à l’A.L.I, s/d. “[...] Como assinalei freqüentemente, essa experiência do passe é simplesmente o que eu proponho àqueles que são suficientemente dedicados para se exporem aí somente aos fins de informação sobre um ponto muito delicado e que consiste, em suma, no que se afirma da maneira mais segura, é que é inteiramente a-normal — objeto anormal — que alguém que faz uma psicanálise queira ser psicanalista. É preciso verdadeiramente uma espécie de aberração que valesse a pena ser oferecida a tudo quanto pudéssemos recolher de testemunho [...]”. (Tradução da autora.).
4 Lacan, J. L’identification (1961-62): Paris, Publication hors commerce — Document interne à l’A.F.I, 1996, p. 181: “[...] É somente após um longo desvio que pode advir para o sujeito o saber de sua rejeição original [...]”.

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