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Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.41 no.74 São Paulo June 2008

 

REFLEXÕES SOBRE O TEMA

 

Refletindo sobre uma dificuldade: a de se aprofundar nas questões levantadas pela análise didática

 

Reflecting upon a challenge: to go deeper in the issues raised by training analysis

 

Reflexionando al respecto de una dificultad: la de profundizar cuestiones surgidas en el análisis de formación

 

 

Vera Lúcia Palma Pagliuchi*

Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Texto opinativo-reflexivo, marcadamente pessoal, situado no contexto do debate atual sobre a formação analítica. A partir de fatos ocorridos na vida societária, a autora observou a dificuldade de a análise didática ser discutida de forma profunda. Isso a levou a reler artigos dedicados ao tema e a constatar que a dificuldade observada na Sociedade na qual se filia é, na realidade, mais ampla, sendo relatada por uma quantidade de artigos críticos, provindos de todos os lugares em que a IPA atua. Trata-se de uma dificuldade que dura já 60 anos e abrange toda a instituição psicanalítica. O interesse em colocar em evidência a situação e adentrar-se um pouco nela foi o motor deste texto. A autora não acredita que a existência da análise didática, na forma em que ela se apresenta atualmente na SBPSP, seja útil para o desenvolvimento da Psicanálise ou para a Sociedade de São Paulo.

Palavras-chave: Análise didática, Análise de analistas, Formação de analistas.


ABSTRACT

This is a reflective-opinionative text. It is a personal approach, situated on the context of the current debate on the analytical formation. From facts of her own member life, the author observed a great difficulty to deepen the discussion on training analysis. This challenge drove her to re-read articles on the subject and made her realize that the difficulty observed in the Psychoanalysis Society of São Paulo it is actually broader, being reported by a profusion of reviews coming from several places were the IPA exists, and lasting for 60 years. The generating motor of the text was the interest to bring this situation to evidence. The author believes that the training analysis in the patterns it is structured today by the SBPSP, it is not useful to the development of the Psychoanalysis and neither of the B. P. Society of São Paulo.

Keywords: Training analysis, Psychoanalyst´s analysis, Psychoanalytic training.


RESUMEN

Se trata de un texto opinativo y reflexivo, de carácter personal, situado en el contexto del debate actual sobre la formación analítica. A partir de los hechos vividos por la autora en su experiencia institucional, constató la gran dificultad de discutir con profundidad el tema del análisis didáctico. Esto la llevó a releer algunos artículos dedicados al tema y verificar que la dificultad observada en la sociedad a la cual pertenece en la realidad es mucho más amplia siendo relatada en una grande cantidad de artículos, provenientes de todos los lugares donde existe el IPA. Esta dificultad de toda la institución psicoanalítica ya dura 60 años. El interés en colocar en evidencia esta situación y en profundizarse en ella fue el motor del presente texto. La autora no cree que la existencia del análisis didáctico, en los moldes actualmente presentes en SBPSP, sea útil al desarrollo del Psicoanálisis y tampoco al de la Sociedade Brasileña de Psicoanalisis de São Paulo.

Palabras clave: Análisis de formación, Análisis del analista, Formación del analista.


 

 

Introdução

Fiquei mais atenta à dificuldade referida no título quando o prezado amigo Aloysio d´Abreu, didata no Rio de Janeiro e representante brasileiro no Comitê de Educação (CE) da IPA, veio nos apresentar a situação atual dos modelos de formação. Comentei na ocasião, a título de provocação, que se ao entrar para escutar novas opiniões tinha eu uma idéia já pouco favorável à análise didática, estava saindo do encontro com a certeza de que não deve existir argumentação suficiente para refutar os exibidos pelos que não a aceitam. O colega Luiz Meyer vinha de apresentar nesse sentido um sólido trabalho, repleto de claros argumentos, e não ouvi em seguida nenhuma palavra sobre o mesmo. Para minha surpresa, nosso representante, que até então havia estado, assim me pareceu, numa posição mais favorável que desfavorável à análise didática, afirmou concordar comigo de que não havia respondido a nenhum dos questionamentos feitos pelo Meyer, e que os considerava sérios e bem fundamentados.

Surpreendeu-me ainda a quantidade de colegas, alguns amigos outros nem tanto, de diferentes orientações analíticas, que me procuraram na saída dizendo que eu havia dito o que estavam pensando em dizer ou exatamente o que gostariam de ter dito.

Vou me propor aqui a retomar essa percepção, considerando que todos os trabalhos de fôlego sobre a formação — sejamos nós a favor ou contra — representam compromissos sérios com a psicanálise, e como tal merecem (ou mereceriam) ser considerados. Esse descaso para com os trabalhos críticos, além de acontecer entre nós, o que já pede reflexão, acontece onde a IPA está presente há 60 anos. É surpreendente a extensa literatura crítica provinda de tantos lugares.

Utilizarei duas fontes: 1) Extratos da experiência em São Paulo; e 2) Idéias e informações retiradas da bibliografia. Trago e analiso os resultados do Congresso Interno da SBPSP sobre a análise do analista em Atibaia e minhas conclusões.

 

Extratos da experiência em São Paulo e algumas reflexões

Voltando à reunião em São Paulo: após os argumentos críticos de Luiz Meyer e Menezes que, para mim, tocam no que é central na Psicanálise — não importando se a postulada por Freud, Klein, Bion, Winnicott, Lacan ou outros —, irrompeu uma pergunta, entre irada e vitoriosa, dirigida a Menezes: “Se você é contra a análise didática, por que se tornou um didata?” Pensei numa teia de aranha: a pergunta não era um retorno ou contestação aos argumentos apresentados, mas a introdução a uma outra questão que descartava as que tinham sido apresentadas. Lembrei-me também de uma discussão entre os saudosos amigos Fabio Herrmann e Amazonas Alves Lima, cerca de trinta anos atrás. Amazonas, sempre coerente e radical, argumentava que não poderia apresentar um pedido para passar a didata, uma vez que era contrária à idéia. Fabio, já sábio na juventude, explicava que mais fácil seria lutar colocando-se dentro do sistema e, de lá, expressar suas idéias e votar por elas. Um velho ditado popular diz que são muitos os caminhos que levam a Roma.

Quando falo de críticas tocando o básico na psicanálise, sem importar o autor de nossa preferência, estou já abordando uma outra “resposta” que ouvi em três ocasiões, acontecendo a primeira quando apresentei numa reunião interna um apanhado de idéias: Notas sobre a análise didática. Utilizei nele um resumo do meu grupo de trabalho na primeira jornada sobre formação e discorri depois sobre as armadilhas das transferências cruzadas. Uma com o analista e outra com a instituição, ao se ter um analista que encarna e representa a instituição à qual se deseja pertencer, e da impossibilidade de se analisar o desejo do analisando de ser analista, pois já não existe como desejo após ter sido aceito pela instituição e confirmado pelo didata: a fantasia do analisando de ser analista quando a análise é didática já recebeu resposta. O jogo de idealizações refletidas entre analista e analisando fica sem ser percebido por ambos e sem ser analisado: o narcisismo do analista interagindo com o narcisismo do analisando faz com que a grandeza de um engrandeça o outro. Etc. A “resposta” veio num comentário — Os argumentos dos trabalhos apresentados são muito antigos, não têm nada mais a ver com a psicanálise atual — que denotava tolerância para com alguém que ainda não descobrira o atual e se deixava estar lá na rabeira da psicanálise, falando ainda de desejo, narcisismo, transferência, essas coisas antigas, superadas.

Fiquei “no ar” ao escutar aquilo. Creio que semelhante seria o espanto num laboratório de física, caso alguém argüisse que faz tanto tempo que Newton falou da gravidade e Einstein da relatividade que já era hora de deixá-los em paz e se voltar para a física atual. Se Newton demonstrou a relatividade do movimento, trabalhando no palpável através de cálculos, Einstein usou os conhecimentos de Newton trabalhando na abstração e chegou à relatividade no movimento em geral, nas partículas de energia. Eles se complementam e fornecem os fundamentos a partir dos quais todos os outros puderam e podem fazer evoluções, exatamente porque deles receberam a base. Imagino o escândalo que causaria a afirmação de um físico para seus colegas de que as concepções de Newton e Einstein tornaram-se obsoletas, e que importantes mesmo são os conhecimentos trazidos pelos autores contemporâneos.

Sinto semelhante mal-estar quando escuto colegas didatas fazerem uma leitura linear e simplificadora da história da psicanálise, dizendo mais ou menos assim: Freud foi até aqui; depois veio Melanie Klein, que foi até aqui; em seguida veio Bion, que nos abre perspectivas infinitas. Fico chocada, pois sinto a psicanálise — parte importante de minha vida — empobrecida. Freud, Klein e Bion me ensinaram muito: li e leio um Freud, que deu as bases e fundou o nosso métier com sua capacidade de observação, de trabalho, de intuições geniais e com quem teremos sempre o que aprender, uma vez que deixou idéias não bem exploradas ou pouco compreendidas; li e leio uma Klein que a partir de Freud desabrochou sua capacidade de mergulhar fundo: na criança, na psicose, nos estados da mente no dia-a-dia, etc., ampliando assim o conhecimento psicanalítico; li e leio um Bion, fertilizado por Freud e pela intuição de Klein, sua analista.

Como não existe um Freud verdadeiro, não existe um Bion único: cada pessoa possui aquele que sua mente alcança, com o sotaque que é o dela. O meu Bion é um Bion apaixonante e me encanta ao me convidar a estar aberta para experiências novas, a nunca me instalar no já conhecido, sob o risco de nunca alcançar o novo: de ao olhar para meu paciente reconhecer nele somente o que já conheço. Um autor que, como os dois que o antecederam, foi profundamente revolucionário, ousando. Espero que a psicanálise no futuro seja relançada por visionários tão sérios e geniais como os que já tivemos.

Leio todos eles: articulados, produzindo o conhecimento psicanalítico atual. Nesse sentido, me diz mais uma leitura do conhecimento psicanalítico como a que faz Raul Hartkes, na qual todo grande autor tem seu lugar e eles se articulam, sendo que o espaço e os desenvolvimentos teóricos de um interagem (ou não) com o de outros. Precisa ser dito que muitos colegas tampouco aceitam a leitura linear e possuem ou trabalham com leituras mais interessantes e ricas. Pessoalmente, aprecio a leitura de Elias Rocha Barros, aberta, considerando o bom autor, independentemente da corrente analítica, e dando peso à efervescência intelectual onde as grandes intuições emergiram.

Alonguei-me nesse item por ser diretamente responsável por outro que gostaria de examinar. Quando colegas contestavam o caráter vitalício dos didatas, sugerindo que sejam eles reavaliados periodicamente (o que me parece ser um excelente começo), a discussão foi abortada pelo argumento: É impossível haver uma avaliação periódica bem-feita, isso nos submeterá à corrente analítica dos colegas que estejam fazendo a seleção... O conceito de bom analista varia de acordo com o conceito de análise de cada colega... É um problema sem solução.

E o pior é que é verdade que a avaliação varia, e muito!

Só que tal argumento deveria ser encampado pelos contrários à análise didática. Se não podemos ter confiança em todas as seleções e elas são vitalícias, mais um motivo para que deixemos essa escolha na mão dos analisandos. Diretamente interessados, eles não são nada bobos: são aceitos professores universitários, mestres, doutores, pessoas com experiência de trabalho, capazes de escolher dentro da orientação com a qual se identifiquem o analista que lhes agrade e que será, garanto, um membro capaz, com vitalidade e produtividade no momento da escolha. Isso levaria os colegas com pretensões a funções didáticas a produzirem para manter o cargo e impediria que colegas interessados tão-só no status e ganhos financeiros buscassem a carreira de didatas.

Quando defendi, com a veemência que me caracteriza, a idéia de que os analistas efetivos com experiência possam exercer funções didáticas quando um analisando seu for aceito pelo Instituto, me perguntaram depois se eu tinha algum analisando querendo fazer formação. Quando conversei em particular com uma colega didata, amiga a qual respeito, perguntando-lhe porque, sinceramente, lhe parecia que tantos colegas queriam essa mudança, ela me respondeu que deveriam querer escapar de uma avaliação séria. Às vezes fico numa posição difícil — a maioria de meus amigos são didatas, alguns a favor, muitos contra mudanças —, que mais fácil seria assim me calar e viver minha vida. Porém, recebi tanto da SBPSP e, como a maioria dos colegas, tenho tanto orgulho de pertencer a ela que luto pelo que considero a sua vitalidade. Integridade, generosidade e preocupação com a comunidade podem existir naqueles que contestam.

Outra “resposta” que me vem à mente: Vocês estão demonizando a análise didática. O interessante é que tenho exatamente a impressão oposta, a de observar uma inversão de perspectiva, isto é, de que é uma frase que demoniza todo o esforço que tem sido feito para que todos sejam bem informados e tenham subsídios para pensar a questão. Ela não leva em conta os argumentos do oponente, não os analisa, não os refuta consistentemente: fica mais como frase de efeito, bloqueando o aprofundamento da questão. O colega presidente a todos enviou opiniões favoráveis e desfavoráveis à análise didática e buscou suscitar o debate de forma viva, informando à exaustão os modelos de formação em outros institutos do Brasil e de outros países. Quando apresento o modelo francês é porque o conheço, vivi essa história lá enquanto ela acontecia, e me parece que esse testemunho na hora em que se está discutindo análise didática possa interessar, sem que se pretenda implantá-lo aqui. A mesma atenção me parece ser necessária para com os modelos Eitingon e o uruguaio. A partir dos prós e contras dos implantados e da nossa própria realidade é que deveríamos estar discutindo o nosso, não fosse essa imensa dificuldade de se conversar sobre o assunto com argumentos sérios, argumentos de quem quer avançar a discussão e não impedi-la. E há didatas brilhantes que se omitem...

Apesar de não poder retomar todas as “respostas”, quero lembrar ainda a que escutamos de alguns colegas didatas na discussão do assunto: Não existe análise didática, todas as análises que faço são iguais.

Creio que ela foi respondida de forma definitiva por Luiz Meyer, ao apresentar com espírito uma feliz associação sua. A história de um peixe totalmente desconhecido que caiu na rede de pescadores. Chamado para estudá-lo e classificá-lo, um especialista, biólogo marinho, depois de profundo exame, decretou: Este peixe não existe — e o jogou de volta ao mar.

A negação do problema é de uma ingenuidade surpreendente — notadamente em colegas que acreditamos capazes e honestos: Não existe análise didática; não existe problema financeiro; somos muitos agora e isso aconteceu no passado, quando existiam poucos didatas; esse problema deixou de existir.

No entanto, nos grupos de discussão dos quais participei, candidatos relataram estar fazendo só a análise ou só a supervisão, por não poderem pagar as duas coisas ao mesmo tempo. Recebi também telefonemas de candidatos me agradecendo por falar do problema financeiro quando foram publicadas minhas Notas sobre a análise didática. Quando fiz seleção de candidatos, fui orientada a informar aos candidatos os custos da formação — notem que não critico a recomendação, já que a situação é esta, melhor que eles não se metam numa aventura quixotesca. Este é ponto que quero focar: atualmente, existem problemas financeiros ligados à formação, sim — e não deixou de existir seleção econômica, não.

Realidade essa que evidentemente empobrece a psicanálise: não selecionamos os mais capazes de fazê-la avançar, mas os melhores entre aqueles capazes de pagar pelo caro desejo de ser psicanalista. Formar analistas gera mais prestígio do que analisar e pensar a psicanálise. Já se perguntaram por quê? Será que formar novos analistas é mais importante do que avançar no conhecimento analítico, mais útil do que desenvolver o acervo teórico-clínico da psicanálise?

Ao ouvir o comentário: Nós temos a nossa própria experiência, não podemos ficar com o modelo francês ou seguir a IPA; precisamos do nosso próprio modelo — confesso que tal declaração de autonomia e independência me deu esperança e entusiasmo. Dei-me conta depois que, estranhamente, ela era usada para significar: Vamos deixar como está, somos bons, já deu certo, não vamos mexer.

Logicamente, toda mudança comporta os riscos que acompanham qualquer empreendimento humano, sempre originado e atravessado pelo desejo. Mas a não-mudança comporta riscos mais graves, pois são riscos de vida: a estagnação é diretamente ligada à morte.

Quando comecei a formação, nossa sociedade era conhecida por ser a mais aberta e por estar adiante das outras que só aceitavam membros médicos; os não-médicos eram chamados de “leigos”. Ocorreu-me que Melanie Klein, visitando outra Sociedade, foi indagada se achava que a Sociedade em questão deveria aceitar leigos para a formação. Ela, então, perguntara: “E eles são leigos em quê? Em psicanálise?”

Desde o início, tínhamos um Philips, engenheiro de formação; uma Lígia Amaral, que fora educadora da Faculdade de Higiene; e uma Virgínia Bicudo, que cursara sociologia e política. Nossos pioneiros nos constituíram como um grupo aberto e sem preconceitos de origem, mas exigente no respeitante ao aspecto científico: todos eles saíram e saíam regularmente até uma idade bem avançada em busca de análise e conhecimentos.

Nosso sucesso começou aí, em sermos a opção mais aberta do país.

 

Extratos da literatura sobre análise didática

Nos textos de Meyer A análise didática deve ser mantida? (2007) e, sobretudo, em A análise subalterna (2002) uma extensa bibliografia pode ser conhecida.

O conjunto da bibliografia que focaliza a análise didática é maciçamente composto de trabalhos críticos que, como descreve Balint (1948), constroem uma história melancólica, se estendendo por um arco temporal que se iniciou nos anos 1930 e chega até nossos dias; eles provêm de todas as regiões que compõem o quadro da IPA, o que indica não se tratar de problema circunscrito a algumas poucas sociedades. Aray (1990) chama a atenção para o número ínfimo de trabalhos que a apóiam (Meyer, 2002, p.146).

Com o mesmo conteúdo, mas utilizando outras palavras, relata Portela Nunes:

Em corajoso artigo publicado em 1948, Michel Balint já estranhava que um assunto tão importante como o treinamento de futuros analistas tivesse suscitado tão poucos trabalhos, não havendo, praticamente, publicações que tratassem do problema.

Balint faz um relato do modo esotérico como era tratado, na época, o tema das análises didáticas. Cita o trabalho póstumo de Hans Sacks (1947), em que se evitava tocar em assuntos mais delicados e censurados na instituição psicanalítica. No congresso de Innsbruck, em 1927, três trabalhos — de Rado, Aufbau des Psychoanalitichen Lehrganges; de Sachs, Lehranalyse, e de Helen Deutch, Kontrolleanalyse — foram apresentados, em grupos limitados, aos membros das comissões de ensino das Sociedades envolvidas e nem mesmo os outros didatas puderam participar. Apesar das promessas, nenhum deles chegou a ser publicado.

O assunto só voltou a ser tratado em 1935, em Viena, na primeira conferência dos quatro países europeus em que a psicanálise mais se desenvolvera. Os apresentadores foram Helen Deutch e I. Hermann. O tema principal, Análise didática e análise de controle, aberto a todos os membros titulares, foi uma discussão extremamente rica, infelizmente fadada ao mesmo fim: nenhum dos temas foi publicado. Na segunda conferência dos quatro países, em Budapeste, em 1937, houve uma continuação do tema, com apresentações de E. Bibring e Landauer. Sumários foram distribuídos e, uma vez mais, os trabalhos deixaram de ser publicados.

O último registro, consoante Balint, foi o do Congresso de Paris, em 1938. Três apresentações foram lidas apenas para os membros das comissões didáticas das Sociedades participantes.

Mesmo os trabalhos de Eitingon, apresentados entre 1925 e 1938, apenas foram lidos para os didatas, embora tenham, posteriormente, sido publicados.

As controvérsias Freud-Klein (941-45), publicadas em 1991, com organização de Pearl King e Ricccardo Steiner, constitui um documento exemplar do perigo representado por lideranças carismáticas dos chamados analistas didatas.

Em todas as outras Sociedades do mundo, com alternâncias no tempo, vêm se desenvolvendo lutas similares, freqüentemente destrutivas, envolvendo didatas em busca de hegemonias pretensamente científicas (Nunes, 2002, p. 162).

Tais controvérsias se referem à disputa entre Anna Freud e Melanie Klein, em sua busca pelo lugar vago com a morte de Freud.

A recensão histórica dos trabalhos dedicados à análise didática deixa o leitor verdadeiramente perplexo. Essa perplexidade se estende aos vários autores que a estudaram e que passaram a se perguntar da insistência em se utilizar um modelo repetidamente diagnosticado como um modelo antianalítico (Herrmann, 1993). Por que será que os analistas trabalham para que ocorra a ruptura intrínseca às realizações analíticas em suas análises civis e, no entanto, controlam essa ruptura, regulamentando-a quando se trata de candidatos? Qual a revelação que se procura cercear com o uso da análise didática? Por que será que os analistas procuram o novo, o desconhecido (Herrmann, 1986) e, no entanto, organizam uma formação que engessa a pesquisa e o pensamento inventivo e original? Por que consideram que a base da transmissão é dada pelo desenvolvimento do insight e da educação da sensibilidade afetiva, e, no entanto a codificam com normas e standards? Por que a instituição se apresenta como científica, e, no entanto, promove um ensino doutrinário? (Herrmann, 1986). E, sobretudo: por que a crítica contínua, a denúncia radical da análise didática tem servido apenas para manter o status quo? (Meyer, 2002 p. 152, apud Herrmann, 1993).

Tentando responder, Meyer pensa que o que sustenta a permanência da análise didática, apesar das críticas constantes, seria: 1) Ela é um fetiche; 2) Ela é uma formação ideológica.

A situação na qual uma verdade é entrevista, mas por ser traumática é recusada, sem por isso ser negada, resolvendo-se em um comportamento que mantém viva ambas as afirmações conflitantes, lado a lado, porém dissociadas, é bem conhecida em psicanálise (Meyer, 2002, p. 153).

O que mostra que, apesar dos ganhos, a análise didática é uma experiência traumática e evoca uma angústia de castração, real ou fantasiosa, como a descrita por Freud, em 1927.

Enquanto fetiche, ela resulta da recusa dos analistas dos limites da ação da própria análise, daquela a que se submeteu e que pratica, da de seus colegas, de suas dificuldades pessoais, de seus sintomas e de suas idiossincrasias. Transformando a história da análise didática na história da legalização de uma dissociação patológica, afirmação que situa com clareza a análise didática no campo da perversão.

...aquilo que originalmente possuía a dinâmica de um sintoma vai ganhar a dimensão e a forma de funcionamento de uma ideologia, devendo ser compreendida na administração de um poder... A ideologia é o recurso às idéias para legitimar e justificar formas determinadas de dominação (Chauí, 1980); no caso em questão da análise didática, dominação burocrática-intelectual.... A análise didática não só oculta sua própria condição de produto ligado à determinação histórica, mas também procede do mesmo modo em relação ao método analítico, impondo uma idéia de psicanálise, universal e modelar, que faz tabula rasa das experiências particulares de psicanálises, sobretudo daquelas cuja produção não coincide com as teorias vigentes. Seu aspecto normativo não aponta somente para o que deve ser seguido, mas também para o que deve ser repelido, isto é, o que contradiz o estabelecido (Meyer, 2002, p. 154).

Daí as afirmações: “Ele precisa de mais análise”, “Ele nunca foi analisado até o fim”.

Outro aspecto habitualmente focalizado nos textos são os efeitos nefastos criados pela criação de duas classes da espécie analistas:

...os bons para pacientes comuns e os realmente bons, que cuidarão dos futuros membros (Bernfeld, 1962). Historicamente, o “ensino” (formação) tornou-se o caminho da distinção entre os analistas: formar analistas gera mais prestígio do que pensar a psicanálise (Masur, 1978). Tornar-se psicanalista didata é a fonte essencial de status e de poder em psicanálise (Michels, 1999). A manutenção deste poder, por outro lado, é uma tarefa consumidora (Bernefeld, 1962; Kernberg, 1992), que deixa pouco espaço para a reflexão, mesmo porque, para alcançar o status almejado, é preciso submeter-se a standards, à burocracia, à teoria seguida pelo grupo dominante (Meyer, 2002, p. 146-147).

Sendo a sessão de análise o lugar privilegiado da aplicação e a fonte da pesquisa no nosso métier, com a existência da didática a análise “simples” passa a ser uma análise subalterna, menor. Já pararam para pensar nas perdas que esse rebaixamento traz?

Um comentário de bom senso e ético é o de Portella Nunes, que, depois de examinar uma série de dificuldades importantes colocadas pela existência da análise didática, comenta: “Não há razão alguma para limitar a didatas a análise de candidatos que pode e deve ser feita por qualquer analista com anos de prática. Se não confiamos nos analistas que formamos não deveríamos autorizar que analisem pacientes indefesos” (Nunes, 2002, p. 163)

Vale a leitura do artigo Análise didática: uma história feita de críticas, de Fabio Herrmann.

 

Exame das principais propostas do Congresso Interno de Atibaia

Todos os relatórios do Congresso foram favoráveis a mudanças, excetuando-se um referente a um único grupo composto por cerca de dez didatas, vários candidatos e poucos membros. Com pequenas variações entre si, os outros grupos apresentaram, num clima de entusiasmo e descontração, um trabalho livre e produtivo, que se estendeu até tarde. O que se percebe na leitura dos relatórios destes últimos é uma discussão com seriedade e a preocupação em preservar a qualidade da formação — considerada indispensável —, mas ao mesmo tempo em avançar no aperfeiçoamento do sistema atual. Não vi em nenhum grupo algum doidivanas, desejoso de chutar para cima toda a experiência que já temos — que evidentemente não pode nem deve ser descartada —, e sim uma preocupação séria em inseri-la no ciclo do progresso natural das coisas, que exige mudanças para se aperfeiçoar. Foi agradável ver como vários colegas se diziam orgulhosos de pertencer à SBPSP e se sentiam responsáveis por ela.

Vejamos o grupo dos muitos didatas. Durante a maior parte do tempo, percebe-se um clima de medo de que qualquer mudança desmorone o bom sistema que está aí e destrua o que foi feito sem deixar nada no lugar. Alguns trechos do relatório:

2) Sobre o tema central, a análise do analista — houve certa maioria, ainda que não tenha havido votação, em torno da idéia de que a análise didática deve ser mantida e o essencial da formação não deve ser mexido, podendo haver variações na forma. Parte do grupo indica a ocorrência de certa demonização da análise didática, que não pode ser jogada para o ar ou eliminada. Pelo menos um colega aponta que a análise didática, tal como se apresenta hoje, causa danos e seqüelas não só à formação, mas também à instituição psicanalítica. Comenta que há um mito segundo o qual a análise didática seja sinônima de rigor e de seriedade na formação, o que não é verdade. O rigor não é igual à didática hierarquicamente vertical, diz ele. Uma colega fala com simpatia da seriedade do modelo francês de análise, no qual não há a didática: a análise do psicanalista em formação é conduzida com o maior rigor por membros de alto nível e de competência avaliada em profundidade. Mas vários outros colegas elogiam a formação que tiveram até recentemente nos moldes tradicionais da IPA (SBPSP, 2007, pp. 1-2).

Como vemos aqui, quando aparece um movimento buscando trazer uma idéia nova para ser discutida, o grupo se fecha e aborta a iniciativa, negando a necessidade de mudanças. Vejamos um pouco mais:

Ocorre uma longa discussão sobre o que significa essa continuidade entre três e cinco sessões, rotulada de “alta freqüência”. É feita uma denúncia de que alguns didatas estariam trabalhando secretamente três vezes por semana, em conluio com o candidato, quando os atuais estatutos exigem um mínimo de quatro vezes. Uma colega declara não ter sentido discutir esse assunto no âmbito de propostas, uma vez que o tema deveria ser encaminhado à comissão de Ética da Sociedade (SBPSP, 2007, p. 2).

Se estivermos discutindo análise do analista, por que não examinarmos esse comunicado? (Transgressão não é assunto para crianças: os adultos irão discutir isso mais tarde, quando as crianças dormirem?) É lógico que não cabe a nós encaminhar ou resolver o problema, felizmente temos para isso uma Comissão de Ética. Mas esse fato é um sintoma e qualquer psicanalista é capaz de examinar um sintoma. Sintoma de quê? De que as regras do Instituto não estão mais se coadunando com a realidade? De que os candidatos não estão podendo pagar as quatro sessões? De que nossa seleção de didatas é falha e colocou indivíduos com lacunas no que diz respeito à ética e à moral para analisar nossos futuros analistas? Que a seleção de candidatos está admitindo cooptáveis? De que temos didatas inconformados com a rigidez das nossas leis, que cansados de lutar para uma flexibilização resolveram fazer “justiça com as próprias mãos?” Enfim, se é um fato que está existindo, cabe a um grupo interessado em discutir esse assunto e que abdicou do convívio com seus familiares num fim de semana todo para essa finalidade: ser convidado a examiná-lo, trazendo suas idéias e informações.

Parágrafo contíguo ao que acabamos de ver:

Vários colegas lembram que um problema grave é o caráter vitalício da função didática, que deveria ser regulamentada com mais precisão. Uma colega (didata) lembra que não há nada de extraordinário na condição de didata, uma vez que a pessoa “vai se tornando didata naturalmente”, pela experiência e tempo de pertinência à Instituição. Propõe que as coisas não sejam tão regulamentadas e que se deixe como são (SBPSP, 2007, p. 2)1.

O grupo está amarrado, bloqueado por pessoas que não estavam ali verdadeiramente para examinar o tema, mas que foram ao Congresso para impedir qualquer exame sério dele, mesmo sem terem consciência disso. Houve uma proposta de rever o número de candidatos por didata. Oficialmente são sete e foram propostos dois ou três, no máximo, por didata.

Houve uma acalorada discussão e uma parte do grupo opôs-se vigorosamente a tal redução, alegando que quase nenhum didata, atualmente, tem sequer três candidatos em formação, em face da clínica atual escassa. Portanto, tratar-se-ia de um “falso problema”. O assunto foi posto em votação e venceu a manutenção da situação como está hoje (SBPSP, 2007, p. 4).

Aqui, nada sai do lugar: as questões colocadas não se podem ser examinadas com um pouco de seriedade. Estamos no paraíso, são falsas as questões, não existe nada demais e nada deve se mexido para se preservar o bom.

(Atibaia transcorreu de 26 a 28 de outubro de 2007; em setembro de 2008, uma proposta ainda não votada — por sabedoria da atual Comissão de Ensino, que muito trabalhou nos estatutos — foi encaminhada: a inclusão de um parágrafo único, que aumenta para sete o número de candidatos por analista didata.)

Na contramão do que recenseei até agora, vejamos o clima de outro grupo integrado por três didatas, sete efetivos, cinco associados, sete afiliados ao Instituto e dois pretendentes.

...aproveitamos os encontros para desenvolver um trabalho reflexivo e de trocas, que se revelou profundo e do qual me senti privilegiado em participar... (SBPSP, 2007, relator: Osvaldo Ferreira Leite N., p. 1)...após o exame de várias situações e dos depoimentos pessoais dos participantes, constatamos que mesmo em constante evolução, certas distorções estão presentes quando o poder é usado perversamente no carreirismo, na busca por status, no impedimento da expressão de idéias e em dificuldades criadas para o convívio com diferenças....ventilar problemas, temores, discutir posições, como fizemos aqui, trabalhando nesse Congresso Interno, é uma forma de exercer esse cuidado e uma conquista para todo o corpo societário (SBPSP, 2007, p. 2).

Os demais grupos, no mesmo clima aberto e de trabalho, trouxeram reflexões sérias e responsáveis. Uma síntese do que foi votado:

1) O caráter vitalício da função didática é considerado um problema grave por todos.

Que o analista didata seja considerado (como diz o regulamento) um membro efetivo com função didática. Essa função implica em reanálises, publicações científicas, engajamento na Instituição. Deve ser uma função constantemente revitalizada e reavaliada (a cada cinco anos).

2) Que seja um lugar que se ocupa a serviço da Instituição e não um cargo de poder.

3) Um membro efetivo não-didata, tendo um analisando aceito pelo Instituto, pode exercer funções didáticas naquele caso.

4) Que o número de sessões, entre três e cinco, seja decidido entre o analista e o analisando. É preciso que o par analítico tenha liberdade e autonomia (num grupo sem consenso).

5) Que a análise de formação tenha preço reduzido, como um compromisso dos didatas em relação à Instituição, pelo que receberam dela (fundo de membros).

6) Que o número de candidatos em análise didática seja no máximo três para cada analista. (Assim eles poderão manter o preço que quiserem para seus analisandos e um preço menor para candidatos — e também para não haver na cabeça do analista contaminação de tantas pessoas próximas.)

Todos os grupos reafirmaram a necessidade de uma análise, a mais extensa e cuidadosa possível, como requisito absolutamente indispensável à formação. Um resumo de relatórios, com idéias nem sempre de consenso, é difícil. Coloquei o que é unanimidade e, nos parênteses, as sugestões.

 

Conclusões

Com a seleção de extratos, tentei mostrar uma dificuldade de pensar que nos diz respeito por bloquear a evolução da Psicanálise, do nosso grupo e de nós mesmos. Apesar da dificuldade descrita, não vamos esquecer que ela é de toda a instituição psicanalítica e do peso político e científico da SBPSP na IPA.

Como não me propus a examinar as críticas à psicanálise didática, apenas as citei. Gostaria de ter uma conclusão redonda para o problema, mas só possuo hipóteses, algumas já semeadas no texto. Vejo a pertinência das hipóteses de Meyer, bem formuladas, fundamentadas, e úteis na compreensão do problema. Ouso acrescentar uma terceira, que seria a da Eficácia simbólica na manutenção da análise didática. Sem poder desenvolvê-la aqui, conto fazê-lo depois. Algumas pinceladas, a seguir.

Não só os analistas didatas são responsáveis por essa situação. Seus ganhos naturalmente são mais gritantes, mas os membros há anos os deixam nesse lugar, o que evidentemente deve trazer ganhos reais e imaginários para ambos. Não existiriam didatas numa sociedade sem membros: é a anuência dos membros (aos ganhos presentes na fantasia de todos) que permite a existência da Sociedade tal como ela se apresenta.

Pode-se começar a conhecer o conceito da eficácia simbólica no capítulo IX, O feiticeiro e sua magia, do livro Antropologia estrutural, (Lévi-Strauss, 1958). O autor traz passo a passo uma sessão de cura mágica observada, frisando que as condições necessárias para o sucesso são: 1) Que o feiticeiro acredite nos seus conhecimentos e no seu poder; 2) Que o paciente acredite na sabedoria e no poder do seu feiticeiro; 3) Que toda a comunidade esteja imbuída da mesma crença. Sem o “tripé xamânico”, como é conhecido, o xaman perde os poderes e todos ficam desprotegidos e expostos aos poderes dos xamans ou gurus das tribos inimigas (psiquiatras, lacanianos, terapeutas comportamentais, etc.). Vejo o romance L´étrange destin de Wangrin, de Hampaté Bâ, conhecido na literatura africana de língua francesa, como o que mais nos ajuda a realizar o fenômeno descrito pela antropologia.

Se eu estiver certa, a situação da análise didática vai mudar entre nós quando a maioria dos membros deixar de recorrer ao protetor pensamento mágico e resolver pensar e falar em nome próprio.

Quando fui representante de turma e depois presidente da Associação dos Candidatos, os professores eram escolhidos pelo Instituto, um por autor. Foi uma luta férrea até termos o direito de escolher nossos professores entre aqueles que não eram os gurus da hora. Até então, os professores eram didatas e entre eles se via o mesmo clima persecutório que observamos hoje entre os que se sentem ameaçados pela perda de status e mercado cativo. A racionalização era a mesma: a diminuição da qualidade da formação se os candidatos escolhessem os professores. A luta valeu a pena, apesar dos dissabores que enfrentamos ainda na condição de candidatos. São dessa época as entrevistas com Fédida e René Major na Ide — e me lembro perfeitamente que os comentários, mesmo vindos de lugares tão diferentes (os de Piera Aulagnier, na época no Quatrième groupe) eram coincidentes na preocupação com o sistema de formação, que, segundo todos, fagocitava os candidatos vistos como criativos e promissores na seleção, padronizando-os ao fim da “formação”.

Uma hierarquia é necessária e tem de continuar a existir com as mudanças, mas selecionada democraticamente por todo o corpo de membros, adultos e capazes, e não somente pelos didatas. E, o que é importante, reciclável, isto sim, como garantia da qualidade.

Os bons continuarão a analisar nossos novos analistas e a guardar seu status e prestígio, mas sem a imantação institucional do cargo enquanto atuarem como analistas.

Os bons sempre serão bons e ninguém capaz deveria ter o que temer.

 

Referências

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Endereço para correspondência
Vera Lúcia Palma Pagliuchi
R. Boquin, 41 — Alto de Pinheiros
05454-001 São Paulo, SP
Fone: 3022-2913
E-mail: pagliuchi@uol.com.br

Recebido em: 15/05/2008
Aceito em: 10/06/2008

 

 

* Membro efetivo da SBPSP.
1 O parêntese é meu, as aspas do relator.

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