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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.43 no.78 São Paulo jun. 2010

 

REFLEXÕES SOBRE O TEMA

 

Pensando a sessão de análise como um espaço potencial

 

Thinking the analytic session as a potential space

 

Pensando en la sesión analítica como un espacio potencial

 

 

Fátima Cristina Monteiro de Oliveira1

Membro filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Os conceitos de fenômenos e objetos transicionais e espaço potencial, concebidos por Winnicott, são extremamente férteis para pensarmos a criatividade necessária à analise de um paciente. Este artigo procurou abordar, dentro de uma linguagem winnicottiana, um caso clínico de uma criança de oito anos. O trabalho traz fragmentos de sessões em que a criança realizou desenhos que auxiliaram na aproximação ao seu mundo psíquico. Os movimentos criativos, possibilitados pelas sessões, decorreram dentro de um espaço potencial que possibilitou o desenvolvimento psíquico.

Palavras-chave: Espaço potencial, Brincar, Criatividade, Psicanálise.


ABSTRACT

The concepts of transitional objects, transitional phenomena and potential space in Winnicott are extremely fertile for thinking the necessary creativity for the analyzing of a patient. This article sought to address, in a winnicottian language, a clinical case of an 8 years old child. The work brings fragments of sessions in which the child made drawings that assisted approaching its psychic world. The creative movements, made possible through the sessions, took place within a potential space that allowed psychic development.

Keywords: Potential space, Play, Creativity, Psychoanalysis.


RESUMEN

Los conceptos de los fenómenos y objetos transicionales y el espacio potencial en Winnicott, son extremadamente fértiles para el pensamiento creativo necesario para examinar a un paciente. Este artículo busca abordar, dentro de un lenguaje winnicottiano, un caso clínico de un niño de 8 años. El trabajo aporta fragmentos de sesiones en las que el niño hizo dibujos que lo ayudó a aproximarse a su mundo psíquico. Los movimientos creativos posibilitados por las sesiones tuvieron lugar en un espacio potencial que permitió el desarrollo psíquico.

Palabras clave: Espacio potencial, Jugar, Creatividad, Psicoanálisis.


 

 

Introdução

De sua formosura
deixai-me que diga:
é uma criança miúda
enclenque e setemezinha
mas as mãos que criam coisas
nas suas já se adivinha.
(João Cabral de Melo Neto, 1997, p. 177)

Com esta estória eu vou me sensibilizar.
Eu não sou uma intelectual, escrevo com o corpo.
(Clarice Lispector, 1998a, p. 30)

 

Neste trabalho exponho um caso clínico de uma criança adotiva de oito anos. Cristina é uma menina negra que foi adotada por um casal oriental. Possui dois irmãos, de dez e 12 anos filhos biológicos de seus pais orientais. Sua mãe tem quarenta anos e seu pai faleceu há dois anos, aos 49 anos. O pai era músico, tocava violino, e, segundo a mãe, era um pai muito presente e amigo. Cristina foi adotada aos dois dias de vida. A mãe relata que desejava muito ter uma menina e “tinha certeza que se engravidasse novamente teria um menino”.

A menina tem uma bolsa de estudos em uma escola. Segundo a mãe, começou a trazer problemas, roubando objetos e levando-os para casa. A escola pediu que a criança iniciasse um atendimento psicológico, como condição para continuar com a bolsa. Cristina é inteligente e seu desempenho na escola é muito bom. Numa entrevista com a mãe, em que procuro compreender como essa criança é vista por ela, a mãe afirma que, ao adotá-la, o casal não achava a cor e a raça importantes, e sim como a educassem. Fica hoje pensando que “existe também a genética”. A mãe relata que Cristina não aceita sua cor, nem seu cabelo e não gosta de ser uma menina negra. A queixa principal da mãe é que a menina rouba e mente. Em sua família é chamada por seu nome oriental: Hiromi. Pareceu-nos que a mãe de Cristina sente-se decepcionada e aflita com sua filha adotiva, como se esta não tivesse correspondido aos seus sonhos e expectativas. Essa criança, acolhida aos dois dias de vida, rompeu precocemente um contato com sua mãe biológica. Além da ruptura que representa o nascimento de um bebê, parece ter-se somado, neste caso, uma perda definitiva da mãe biológica, e neste momento de sua análise a criança talvez estivesse perdendo parte do investimento amoroso de sua mãe adotiva, que me diz: “quando era um bebezinho era como uma boneca, pequenininha não me dava trabalho, agora parece que está se revelando.”

Para apresentar este caso, tomarei como pressupostos teóricos as formulações de Winnicott sobre o desenvolvimento da criança, bem como seus postulados sobre o brincar como constitutivo da subjetividade. As sessões desta paciente ilustram o pressuposto de que,

A psicoterapia é efetuada na superposição de duas áreas lúdicas, a do paciente e a do terapeuta. Se o terapeuta não puder brincar, então ele não se adequa ao trabalho. Se é o paciente que não pode, então algo precisa ser feito para ajudá-lo a tornar-se capaz de brincar, após o que a psicoterapia pode começar. O brincar é essencial porque nele o paciente manifesta sua criatividade. (Winnicott, 1967/1975a, p. 80)

Pensamos que se o paciente pode brincar, a psicoterapia dar-se-á na área dos fenômenos transicionais. A digressão teórica que vem a seguir, buscou, na obra winnicottiana, os conceitos de fenômenos transicionais, e espaço potencial e sua relação com o processo criativo. O caso clínico apresentado na sequência visa dar vida a essa teoria.

 

Brincar e fenômenos transicionais

Na origem e na história do desenvolvimento psicanalítico, o modelo de pesquisa em psicanálise: o diálogo permanente entre a teoria e a clínica. A articulação teórica sem referência à clínica corre o risco de aproximar-se das manifestações do pensamento delirante. A clínica sem a conceitualização teórica pode perder-se na indisciplina de uma prática onipotente e sem rigor metodológico.
(Gilberto Safra, 1993, p. 120)

Que ninguém se engane: só consigo a simplicidade com muito trabalho. Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas, continuarei a escrever.
(Clarice Lispector, 1998a, p. 25)

 

Winnicott, pediatra e psicanalista inglês, dedicou-se ao estudo do desenvolvimento e amadurecimento do bebê e da importância do ambiente sobre esse processo. Tendo sido inicialmente um pediatra, ao tornar-se também psicanalista, observou a relação entre os bebês e suas mães, desde os primórdios do encontro entre eles. Para Winnicott (2000a) o bebê, inicialmente, não se separa do meio ambiente, que precisará ser suficientemente bom (mas não necessita ser perfeito) para propiciar-lhe o desenvolvimento e amadurecimento. A adaptação da mãe às necessidades do bebê, que são inicialmente físicas, representa a condição do seu “vir a SER”.

Podemos dizer que no início o ambiente é vital para a criança, pois os primeiros cuidados maternos se dirigem a um bebê cuja dependência é absoluta. Para o autor, esse estágio antecede o relacionamento com a realidade externa.

A criança sente a tensão instintiva gerada pela fome, e nesse momento, no qual o bebê motivado por sua necessidade está pronto para criar o mundo, sua criação aparece na forma do seio da mãe. A riqueza da experiência de amamentação para a criança é proporcionada pela sensível adaptação e identificação da mãe para com seu bebê. É claro que aquilo que o bebê cria, um objeto subjetivo do seu ponto de vista, já estava lá para ser encontrado por ele. Para o autor, a mãe coloca o seu seio onde o bebê o necessita e, deste modo, o bebê vive a experiência de criar o seio. A adaptação da mãe ao impulso do bebê propicia-lhe seu primeiro ato criativo, a experiência de ter criado o seio, o que é uma ilusão que não deve ser questionada como tal, pois alicerça o potencial criativo do sujeito vida afora. Sobre o momento de ilusão, esse conceito rico e surpreendente de Winnicott (1945/2000b), o autor diz ainda que “O bebê vem ao seio, quando faminto, pronto para alucinar alguma coisa que pode ser atacada. Nesse momento aparece o bico real e ele pode então sentir que esse bico era exatamente o que ele estava alucinando” (p. 227). O bebê que foi privado dessa experiência terá dificuldade para “criar o seu mundo” permanecendo naquele que é terrivelmente real.

Assim, nosso primeiro ato de criação foi, portanto, uma ilusão, que nos permitirá acreditar que somos capazes de criar. É nesse início bem-sucedido, que o sujeito poderá constituir as experiências vivas possibilitando ter ilusões, bem como aceitar as inevitáveis desilusões. (É possível perder quando se sabe capaz de recriar).

Ao sentir fome, o bebê encontra uma parte da própria mãe colocada habilmente para ser achada. Winnicott (2000e) chama a toda essa experiência, de um primeiro brincar:

A primeira brincadeira ao seio é de grande importância, por possibilitar ao bebê o encontro com a mãe e a comunicação com ela, fazendo com que ela esteja preparada para agir de forma correta. Sem a possibilidade de brincar, o bebê e a mãe permanecem estranhos um para o outro. (p. 143)

Ao adaptar-se às necessidades do bebê, a mãe está facilitando os processos de desenvolvimento da criança e também apresentando-lhe o mundo. A continuidade de sua presença dedicada permite ao bebê ter experiências de confiabilidade no ambiente.

Inicialmente, o bebê imagina que o mundo está sob seu controle mágico. Podendo confiar nesses cuidados, descobre, então, poder tolerar certa espera. Passa a perceber que o seio se ausenta e depois retorna. O objeto de seu desejo pode ser reencontrado. Gradualmente o bebê descobre que o mundo está fora de seu controle mágico. A mãe, ao permitir a experiência de ilusão (de que o bebê criava o seio), gradualmente introduz a desilusão (de que faz parte o desmame). O bebê chupa então o dedo ou a chupeta, ou brinca com um ursinho. Segundo Winnicott (1990):

Sabemos que nesse momento o bebê está declarando seu controle mágico sobre o mundo .... Considerei útil denominar os objetos e fenômenos que pertencem a esse tipo de experiência de transicionais. Aos objetos chamei de objetos transicionais. E às técnicas empregadas nessa situação de fenômenos transicionais. (p. 126)

De acordo com o autor, o fracasso no contato inicial do bebê com sua mãe faz com que o padrão para a criança seja o de reagir às intrusões do ambiente. As reações à intrusão poderão levar o bebê a se relacionar com o ambiente na base da submissão, lidando de forma passiva com a realidade externa. Compromete-se, assim, a condição de relacionar a realidade externa com a realidade interna.

Para Winnicott (1965/1975a),

Desde o nascimento, portanto, o ser humano está envolvido com o problema da relação entre aquilo que é objetivamente percebido e aquilo que é subjetivamente concebido, e na solução deste problema não existe saúde para o ser humano que não tenha sido iniciado suficientemente bem pela mãe. A área intermediária a que me refiro é a área concedida ao bebê entre a criatividade primária e a percepção objetiva baseada no teste da realidade. (p. 26)

Após definir a área intermediária de experimentação, ou seja, o espaço potencial, o autor prossegue afirmando que “os fenômenos transicionais representam os primeiros estágios do uso da ilusão” (p. 27). Para o bebê, o espaço potencial significa a possibilidade de experienciar a transição entre o subjetivo e o objetivamente percebido. É uma área não questionada, lugar de repouso na difícil tarefa de conciliar o mundo interno com o externo. O bebê que foi privado dessa experiência terá dificuldade em se relacionar com o mundo de forma espontânea e criativa. Segundo Winnicott (1967/1975a) há uma evolução dos fenômenos transicionais para a possibilidade de brincar. Ele defende a ideia de que:

O brincar criativo e a experiência cultural, incluindo seus desenvolvimentos mais apurados, têm como posição o espaço potencial existente entre o bebê e a mãe. Refiro-me à área hipotética que existe (mas pode não existir) entre o bebê e o objeto (mãe ou parte desta) durante a fase do repúdio do objeto como não eu, isto é, ao final da fase de estar fundido ao objeto. (p. 49)

A psicoterapia também é uma forma especializada de brincar: “A psicoterapia se efetua na sobreposição de duas áreas do brincar, a do paciente e a do terapeuta” (1967/1975a, p. 59).

Em nosso trabalho temos, portanto, como pressuposto, as teorizações de Winnicott (1967/1975a) a respeito do significado do brincar como constitutivo da subjetividade. Esse autor relaciona a criatividade ao “estar vivo” e ao sentimento de existir como uma unidade capaz de inter-relacionar o mundo subjetivo e o mundo real e extrair enriquecimento dessa inter-relação.

Assim como a relação mãe-bebê depende da fidedignidade do ambiente, também a relação criança-terapeuta depende da confiança e da possibilidade de sobrevivência a sentimentos intensos ou à agressividade que possa se manifestar. Esta afirmação demonstrou-se verdadeira nas sessões clínicas com a paciente com a qual ilustro este trabalho.

Nesta exposição trago alguns desenhos realizados pela criança. Uma das riquezas na utilização de desenhos na análise de crianças é a sua proximidade com o brincar. As sessões ocorrem dentro do espaço potencial, possibilitando movimentos criativos e vitais para a criança que participa da experiência. Tal possibilidade propicia a criação, entre o profissional e a criança, de um espaço potencial, uma área intermediária que não pertence nem ao mundo externo nem à realidade subjetiva. Demonstra ainda auxiliar na retomada do desenvolvimento pessoal, que se expressa em movimentos criativos, nos gestos espontâneos e em sentimentos de existência.

 

Caso clínico

O que me proponho a contar parece fácil, à mão de todos. Mas a sua elaboração é muito difícil, pois tenho que tornar nítido o que está quase apagado e que mal vejo. De uma coisa tenho certeza: essa narrativa mexerá com uma coisa delicada: a criação de uma pessoa inteira que na certa está tão viva quanto eu.
(Clarice Lispector, 1998a, p. 33).

 

As primeiras sessões de Cristina foram realizadas com o auxílio do Procedimento de Desenhos-Estórias, de Walter Trinca (1971/1987). Este instrumento compreende a utilização de desenho livre associado a histórias com a finalidade de emergirem expressões do mundo emocional, onde apenas o desenho ou a verbalização isoladamente não o conseguiriam. A criança iniciou o atendimento mostrando-se muito colaboradora e pronta para o desempenho.

 

 

P: Estão muitas pessoas dentro do prédio observando uma estátua.

A: Como é esta estátua, parece que é moreninha como você.

P: É uma estátua de argila, mas acontece que ela não quer ser estátua. Queriam que ela fosse, mas ela não quer.

A: Não quer ficar parada, sem poder se mexer do jeito dela... Bem, se ela é de argila pode ser mudada, argila é molinha, podemos mexer, modelar, não precisa ficar parada.

P: Mas o problema é que a argila já está seca, muito seca, e tem um pé só, se mexer vai quebrar inteirinha...

A: Como quebrar inteirinha?

P: Em mil caquinhos.

Comento que a estátua é um pouco como ela se sente. Pensa que não dá para mudar... E todos a ficam observando. Digo que acredito que a argila está molinha ainda. E que de todo modo ela está dizendo que não quer mesmo ser estátua. Vamos descobrir o que ela quer ser.

Penso que nesse desenho a paciente fala de sua percepção de estar atada a uma condição que não pode mudar, um lugar que veio ocupar numa família que não é a sua biológica, e no qual tem que permanecer imóvel como uma estátua. A criança apreende, simultaneamente, a dureza e a fragilidade de sua condição. Como teriam sido para esta criança as primeiras 48 horas em que ficou aguardando a adoção, até ser acolhida por sua mãe adotiva? Há uma marca indelével de uma experiência de ruptura e de uma separação física.

Como levá-la a perceber que poderia ela própria criar sua vida?

 

 

P: É uma menina que faz quadros. Ela diz que os quadros dela são bons de verdade.

A: É por que as pessoas estão dizendo não?

P: Porque é mentira, os quadros dela não são bons.

A: E como é não ser bom de verdade?

P: É ser uma mentira, e é muito ruim...

Comento que ela também escreveu para sair dali “quem falou que não é bom de verdade!”. E que vejo que ela está lutando para dizer o que sente.

A questão dessa menina é a verdade e a mentira: ser filha e não filha. Sua inserção nessa família é uma inserção-denúncia. A família é de orientais, a menina é negra. Todos que a veem podem saber imediatamente que ela não é filha biológica daqueles pais.

 

 

P: É um homem fugindo de um tubarão que quer devorar ele. Tem que nadar para fugir e o tubarão é mais rápido que ele e vai comer ele.

A: Mas aqui também tem um golfinho...

P: E ele é amigo...

Vemos, aqui, o amor e ódio digladiando no seu mundo interno. A menina coloca em cena a sua agressividade, expressa na imagem do tubarão com seus dentes e, paralelamente, transmite uma sensação angustiante de alguém fugindo de um ataque terrível. Por outro lado, há o golfinho: ele é amoroso, e está mais próximo da figura humana que o tubarão.

 

A dor de uma separação

Terei segredo de morte por falar de uma vida que contém como
todas as nossas vidas, um segredo inviolável?

Clarice Lispector, A hora da estrela, p. 55.

 

Os desenhos seguintes foram realizados aproximadamente após um mês, depois de uma semana de feriados em que não tivemos sessão.

 

 

P: Esta mulher foi passear e atravessou a rua, e então foi atropelada.

Digo-lhe que esta sou eu, que fui passear no feriado, e que ela deve ter se sentido abandonada por mim, por isso está chateada. Embora tenha escrito meu nome sobre o desenho, a menina nega que seja eu.

P: Não, não é você não!

A: Bem, você escreveu o seu nome aqui também, talvez tenha se sentido bem chateada porque não nos vimos durante os feriados.

P: Eu não! Nem liguei. Achei foi bom, não ter que vir aqui.

Este desenho foi realizado após um período em que a menina parecia ter adquirido uma confiança na análise. Ela podia então “atacar-me” e minha tarefa era sobreviver.

Concordo com Winnicott (1968/1994b) quando, no artigo sobre “O uso de um objeto”, esclarece que :

O sujeito destrói o objeto (quando se torna externo), e, então, podemos ter: o objeto sobrevive à destruição pelo sujeito. Porque pode ou não haver sobrevivência. Surge então um novo aspecto na teoria da relação de objeto. O sujeito diz ao objeto: eu te destruí, e o objeto ali está recebendo a comunicação. Daí em diante o sujeito diz: eu te destruí. Eu te amo. Tua sobrevivência à destruição que te fiz sofrer confere valor à tua existência para mim. (p. 174)

 

 

P: Bem feito, esta mulher foi passear de avião, e caiu do avião, em cima de um monte de espinhos.

Aponto-lhe que a mulher se parece comigo, pois usa óculos, e roupas da mesma cor que eu, nesse dia. A menina responde que não sou eu, que estou completamente enganada. Emblematicamente me aponta: você não entende, ela é malvada. Você não é malvada! Cristina pode perceber a ambivalência de seus sentimentos: o ódio pela analista que não esteve com ela no feriado e o amor pela analista que agora está presente. Ambos já haviam surgido no desenho do tubarão e do golfinho. Simultaneamente, Cristina demonstrava raiva de mim, batia portas, me chamava de boba e dizia que queria que eu morresse. Minha tarefa era sobreviver aos ataques da criança. Winnicott esclarece que sobreviver significa não retaliar:

“Ver-se-á que embora destruição seja a palavra que estou utilizando, esta destruição real relaciona-se ao fracasso do objeto em sobreviver. Sem esse fracasso a destruição permanece potencial” (Winnicott , 1968/1994b, p. 176).

 

 

Aqui a menina desenha uma mulher dentro de um caixão.

P: São as filhas dela. Elas estão rindo porque a mulher morreu. Elas estão dizendo: bem feito!

Aponto-lhe que há também alguém chorando.

A paciente verbaliza que uma das pessoas está chorando porque aquela que morreu era também uma mulher boa, que ajudava muita gente. A menina está novamente mostrando sua ambivalência de sentimentos em relação à analista, o que nos remete a um progresso na sua integração.

Dentro do referencial teórico que estamos seguindo, “A mãe pode perceber facilmente o que se passa com o bebê, nesse estágio em que ela está sendo destruída por ele, se tiver conhecimento da situação e proteger-se sem se valer de retaliação ou vingança.” (Winnicott, 1968/1999a, p. 26).

A conclusão desse processo é o sentimento, pelo bebê, de que a mãe sobrevive, e essa é a sua função. Segundo o autor, o bebê pode colocar a mãe num mundo que não é parte dele mesmo, que tem vida própria e que então pode ser amada por quem ela é.

Winnicott (1967/1975a, p. 131) afirma: a importância da sobrevivência do objeto à destruição, “coloca este último fora da área de objetos criados pelos mecanismos psíquicos projetivos do sujeito. Dessa maneira, cria-se um mundo de realidade compartilhada que o sujeito pode usar e que pode retroalimentar a substância dentro de mim, dentro do sujeito.”

A menina traz para o espaço analítico toda a ambivalência sentida em relação à mãe biológica, à mãe adotiva e ao pai que morreu. Cristina precisava me atacar e destruir, mas necessitava que eu permanecesse viva. Foi no espaço potencial da brincadeira, representada por meio dos desenhos, que a menina pôde viver a experiência de que o objeto sobrevivia a seus ataques. Pôde usá-lo, e assim, nas palavras de Winnicott (1975a): “Não há raiva na destruição do objeto a que me refiro, embora se possa dizer que existe alegria pela sobrevivência do objeto. O objeto agora pode ser usado” (p. 130). Ressalto também que deste modo, como esclarece o autor, ao final do artigo citado, cria-se um mundo de realidade que pode ser compartilhada .

Nas sessões seguintes, observamos a evolução do atendimento, em que Cristina vai utilizando o espaço potencial da análise para elaboração de seu sofrimento psíquico.

 

Novos momentos criativos

Mas não havia nela miséria humana.
É que tinha em si mesma uma certa flor fresca.
Pois, por estranho que pareça, ela acreditava.
(Clarice Lispector, 1998a, p. 39)

 

Em encontros posteriores, Cristina e eu conversamos sobre o medo de perder a analista, o receio de que eu não quisesse estar com ela, e tocamos no assunto relativo à sua adoção e sua mãe biológica. A menina ficou muito brava comigo e me proibiu de tocar no assunto. Disse que isso aconteceu “há muito, muito tempo atrás, há mais de oito anos”. Comenta que eu não estava lá, então nem adianta tentar falar nada sobre isto, porque eu nunca vou saber de fato o que aconteceu. Aos poucos vai podendo deixar vir à tona toda a sua raiva, dizendo-me que não pode gostar de mim porque não sou da sua família: “eu só gosto da minha família, entendeu, só da minha família que me criou, e você não é da minha família.” Cristina me desenha, me agride em seus desenhos ou me coloca em situação de perigo, para em seguida dizer: “não, não é você. Esta aqui é má! Você não é má.Você é boa!”. Deste modo tentava, paralelamente, reparar a analista.

Durante muitas semanas a menina continuou expressando sua raiva e a dor de ser uma menina negra numa família de orientais. A dor de ser confundida com a empregada da família, o sofrimento de ter perdido o pai adotivo. Cristina foi sempre muito corajosa ao colocar em cena seus sentimentos mais profundos e doloridos.

Uma sessão subsequente, após os ataques incessantes à análise, foi muito significativa. A menina me pede para regar as plantas de meu jardim. Vamos fazê-lo juntas. Ela rega e retira as folhas secas, tentando deixar o jardim bonito. Vejo aqui sua tentativa de reparar a analista e a análise. Em seguida brinca com bonequinhos compondo uma família. A menina pede que eu seja uma das figuras femininas. Vamos nos encaminhar para um momento bastante significativo de nosso trabalho, em que temos o seguinte diálogo:

P: Me diga, onde está meu pai de verdade? Vamos, me diga, me diga!

A: Seu pai de verdade, ele morreu, você sabe, acho que está no céu.

P: Não! Estou falando de meu pai de verdade. O que é que é de verdade hein? Me responda: o que é de verdade???

A: Acho que de verdade é quem cuida da gente, como este seu papai, a mamãe Maria, e eu que também estou cuidando de você... de verdade é você mesma aqui falando comigo.

A menina entra embaixo da minha cadeira, encolhe-se na posição fetal e fica lá por algum tempo. Depois, para minha surpresa, sai, e deita-se no meu colo, aí permanecendo por alguns minutos até o término da sessão. É um momento muito intenso. Sinto que se contrapõe à destruição e ao ódio que aparecia nas sessões anteriores. Naquele instante não sei se sou a mãe biológica, a mãe adotiva ou a analista. Não é uma pergunta a ser feita. De qualquer modo, sou alguém em quem ela pode confiar. Estamos em pleno espaço potencial: numa área de ilusão, em que o paradoxo não deve ser questionado.

 

Movimentos de vida

Eu estava me aproximando da coisa mais forte que já me aconteceu.
Mais forte que esperança, mais que amor?
Eu me aproximava do que acho que era – confiança.
(Clarice Lispector, 1998b, p. 46)

 

Na sessão seguinte a menina quer brincar de mãe e filha. Pega uma caneta e começa a riscar minha escrivaninha. Digo-lhe que não pode riscar meus móveis. Ela reclama que está riscando porque eu não a criei direito.

P: Eu vou falar pro meu pai que é você que não me criou direito.

Digo-lhe que estou ali ao seu lado tentando ajudá-la. A menina se acalma e senta-se no meu colo para brincar de viajar de carro. Subitamente faz uma pergunta que me deixa estupefata:

P: Mãe, você queria morrer?

A: Morrer... Não, eu não quero,... não queria morrer ...

P: Por que você pôs tanto filho no mundo, se você não podia criar hein mãe? Eu nem vou te conhecer quando eu for grande, sabia?

A: Por que não?

P: Ah, se eu te encontrar na rua, você vai ter mudado, e eu também, então eu não vou te conhecer.

A: Acho que podemos nos conhecer sim. Eu pelo menos não vou esquecer você.

P: É mesmo? diz a menina demonstrando alegria... Ah, você é tão legal.

Acabamos a sessão. Cristina vira-se para mim e diz: Tchau Fátima, até a semana que vem. Aí a gente brinca mais!

 

Conclusões

A verdade é sempre um contato interior inexplicável.
(Clarice Lispector, 1998a, p. 99)

 

Na sessão apresentada acima, Cristina pôde brincar, criar e usar a análise como área intermediária de experimentação daquilo que necessitava viver para elaborar as questões que permeiam sua existência. Tal experimentação ocorreu como fenômeno transicional, já que, “os fenômenos transicionais dão a partida a cada ser humano através daquilo que será importante para ele, ou seja, uma região neutra de experiência que não será questionada” (Winnicott, 1951/1971b, p. 27-28). Penso que, eu própria, podendo sobreviver aos ataques, ao continuar viva e não destruída, possibilitei à paciente usar a mim e à análise de modo extremamente criativo. Ficou muito evidente nesse atendimento que, “nenhum ser humano está livre da tensão de relacionar a realidade interna à realidade externa, e o alívio para esta tensão é proporcionado pela área intermediária de experiências” (Winnicott, 1951/1971b, p. 329). Neste contexto, o espaço potencial gerado dentro de uma análise tem, na acepção e na etimologia da palavra potência, a força de colocar em movimento uma criação pessoal.

A criança precisou elaborar suas dificuldades através da brincadeira e usar a criatividade para lidar com o seu sofrimento. Cristina sempre rejeitou minhas pontuações quando eu tentava falar de sua adoção e das questões que a permeavam. Porém, tinha recursos para trazer com criatividade o tema à tona através dos desenhos e do brincar. Ensinou-me a não questioná-la enquanto estava usando seu espaço potencial. E, deste modo, estava de acordo com Winnicott (1967/1975a), quando afirma que “Todos sabemos que nunca desafiaremos o bebê a dar a resposta à pergunta: você o criou ou o encontrou?” (p. 125). É preciso, antes, aceitar o paradoxo.

Apreendi com este atendimento, que é preciso esperar “o tempo” do paciente, e que a brincadeira se dá num espaço potencial, onde não se questiona se o que está acontecendo é real ou ilusão. Lembrei-me que Fábio Herrmann (2003) disse certa vez, acerca do atendimento de uma paciente, ter percebido que antes de falar do pai morto ele precisava ser o pai. Compreendi que eu não podia falar com Cristina sobre sua mãe ausente, pois ela não suportava ainda esta fala. Era necessário que eu fosse a mãe (na brincadeira e no uso do espaço potencial) antes de poder falar da mãe.

Ao final deste trabalho, compreendi também que, eu própria, necessitei da companhia permanente de muitos autores para criar um espaço potencial de onde pudesse escrever. E, sobretudo, como diz o poeta, entendo que:

Se procurar bem, você acaba encontrando, não a explicação (duvidosa) da vida.
Mas a poesia (inexplicável) da vida.
(Carlos Drummond de Andrade, 1993)

 

Referências

Andrade, C. D. (1993). Corpo. Rio de Janeiro: Record.         [ Links ]

Hermann, F. (2003). Clínica psicanalítica: a arte da interpretação. São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

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Endereço para correspondência
Fátima Cristina Monteiro de Oliveira
Rua Morás, 588/302 | Alto de Pinheiros
05434-020 São Paulo, SP
Tel: 11 3871-2239
E-mail: fatima@gtp.com.br

Recebido em: 12/04/2010
Aceito em: 05/05/2010

 

 

1 Membro filiado da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo SBPSP. Psicanalista, mestre em Psicologia pela Universidade de São Paulo USP.

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