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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.46 no.84 São Paulo jun. 2013

 

PSICANÁLISES POSSÍVEIS

 

Duas formas de psicanálise e um caso clínico

 

Two forms of psychoanalysis and one case study

 

Dos formas de psicoanálisis y un caso clínico

 

 

Luciana Estefno Saddi

Membro associado da SBPSP, mestre em psicologia clínica pela PUC-SP. Tem dois livros publicados como autora de textos de ficção: O amor leva a um liquidificador, São Paulo: Casa do Psicólogo, e o romance Perpétuo-Socorro, São Paulo: Jaboticaba. Titular do blog, Fale Comigo, na Folha de S. Paulo

 

 


RESUMO

Apresento uma visão panorâmica das obras de Herrmann e Bion. A intenção é iluminar a trajetória percorrida pelo pensamento crítico de ambos autores. A influência desses pensamentos será vista na forma de contar um caso clínico e na teorização utilizada. A teoria dos sonhos contida na obra de Herrmann e explicitada na de Bion (e, consequentemente, a teoria da consciência) é discutida. Dessa discussão nasce uma forma de compreender a clínica e de trabalhar com os pacientes que aproxima os autores.

Palavras-chave: Herrmann, Bion, identificação com o agressor, inconsciente relativo, sonho


ABSTRACT

I present a panoramic vision of the works of Herrmann and Bion. The intention is to illuminate the trajectory of critical thought traversed by both authors. The influence of their works will be noticed in the way a case study is exposed and in its theorization. Dream theory contained in Herrmann's work and made explicit in Bion's (and, consequently, consciousness theory) will be discussed. From this discussion, we weave a way to understand the psychoanalytic clinic, and to work with patients, which approximates the two authors.

Keywords: Herrmann, Bion, identification with the aggressor, relative unconscious, dream


RESUMEN

Presento una visión panorámica de las obras de Herrmann y Bion. La intención es iluminar las trayectorias del pensamiento crítico de ambos autores. La influencia de sus pensamientos será vista en la forma de contar un caso clínico y a través de la teorización utilizada. La teoría de los sueños, contenida en la obra de Herrmann y explicitada en la de Bion (y, consecuentemente, la teoría de la consciencia), es discutida. De esa discusión nace una forma de comprender la clínica y de trabajar con los pacientes que aproxima los dos autores.

Palabras-clave: Herrmann, Bion, identificación con el agresor, inconsciente relativo, sueño


 

 

Introdução

Alguns livros de Bion e de Herrmann marcaram minha maneira de compreender o trabalho analítico e resultaram na forma de contar o caso clínico que pretendo compartilhar com o leitor.

Relações entre duas formas de ver a Psicanálise

Apresento uma visão panorâmica das obras de Herrmann e Bion. A intenção é me aproximar dos caminhos percorridos pelo pensamento de ambos. Ver, bem do alto, o traçado de duas estradas, do início de suas marcações aos destinos de chegada.

Sabemos que Bion e Herrmann se posicionaram como psicanalistas críticos da Psicanálise. É verdade que tinham perspectivas diferentes, mas partiram de pontos bastante próximos. Ambos se perguntavam, cada qual à sua maneira, se haveria futuro para essa jovem ciência. Eles percebiam a dificuldade dos analistas ou da Psicanálise em alcançar os pacientes e tratá-los adequadamente.

Bion (1962 e 1967) denunciou a saturação da interpretação. Havia repetição e aplicação de teorias que não davam conta da problemática clínica. Para Herrmann (1979) eram as Escolas de Psicanálise que tendiam a repetir suas sentenças interpretativas e suas molduras, esgarçando o tecido criativo, por não compreenderem a operação metodológica da Psicanálise. Corria-se o risco de transformá-la em algum tipo de ideologia.

Para Bion (1962 e 1967) era preciso ter uma psicanálise capaz de fazer frente à demanda dos quadros graves: psicóticos, arrogantes, insensíveis e estilhaçados - as partes de cada paciente que não aprendiam com a experiência. Ele sabia, por causa do largo contato com casos extremamente perturbados, que as clássicas interpretações e teorias pouco serviam para o trabalho clínico. Era preciso, para abarcar a complexidade desses quadros, uma revisão no que se compreendia como aparelho psíquico e consequente mudança na técnica analítica.

Dessa necessidade surgiu uma nova forma de teorização e postura técnica, em Aprender com a experiência (1962), um dos livros mais importantes da Psicanálise, a teoria de fatores e função é exposta: ele afirma que a função que forma um fator é observável, o fator deve ser deduzido por hipótese teórica e não é observável. Com essa simples afirmação muda a forma como usávamos as teorias: ninguém mais pode ver o inconsciente ou ter certeza de quais motivações animam os seres humanos. Imagino que Bion estivesse a criticar os analistas da época, que percorriam um caminho demarcado previamente pelas teorias e que concebiam o inconsciente com conteúdos predeterminados, levando a excessos interpretativos e a pouco avanço nos resultados clínicos. Seu objetivo era expandir o pensamento analítico para outros territórios e com outra forma, a fim de evitar a saturação. Nesse mesmo livro mais certezas são abaladas: o inconsciente, a consciência, o princípio do prazer e os vínculos de amor, ódio e conhecimento são alguns dos exemplos. Surge uma nova teoria da mente e de seu funcionamento.

O que faz alguém aprender? Há relação entre aprender com a experiência e sonhar? Perguntas incomuns como essas servem de guia na construção dessa inovadora forma de pensar. Os analistas precisavam entender o funcionamento mental de pacientes perturbados para acompanhar o tipo e a forma de pensar de seus clientes. A grade é criada. Um instrumento de exercício para analistas ficarem atentos às nuances do pensamento, tornando suas intervenções mais eficazes. Algo do tipo: não se pode dar um churrasco a um bebê, diria Herrmann (1979).

Desse estudo decorre uma sofisticada teorização sobre o funcionamento do aparelho psíquico, rompe-se com a ideia de inconsciente formado por conteúdos, e surge um novo desenho que destaca os elementos que formam o psiquismo (no livro Elements of Psychoanalysis, de 1963). Devemos a Bion os termos continente/contido, rêverie, função e também afirmações como: sonhamos uma sessão de análise - isto é, enquanto atendemos um paciente.

Em sua obra vemos a insistente criação de caminhos e de temas para o pensamento psicanalítico. É o caso de Experiências com grupo (1961), um livro surpreendente e criativo, que alarga a fronteira da clínica psicanalítica ao estendê-la para Grupos e Instituições.

Em obras como Second Thoughts (1967), Learning from Experience (1962), Elements of Psychoanalysis (1963) ele parece requerer a linguagem das ciências exatas. Tenta sem sucesso uma matematização da psicanálise em Learning from Experience. Nunca entendi o caminho árido e impessoal de sua linguagem, que evitava exemplos clínicos e qualquer sedução, como se estivesse em estado de alerta. Estilo único, marca registrada da tentativa de precisão, oposto ao de Freud que, enquanto construía conceitos e modelos de aparelho psíquico conversava com o leitor. Hoje, creio que esse estilo impessoal se deva ou se agrave em função de pretender respeitabilidade para nossa ciência ainda jovem e controversa. Sua intenção de combater o uso das teorias de forma repetitiva e estéril - aplicando-as - justifica a experiência de tensionar a linguagem para uma forma quase que puramente conceitual ou abstrata.

Mais para o fim de sua produção em Transformações (1965), por exemplo, encontramos uma boa dose de mistério em sua linguagem que parece mais relaxada e um pouco mais pessoal. Essa forma de linguagem evolui em sua obra até o ponto em que ele, Bion (1990), resolve fazer literatura - Literatura e Psicanálise, dizem os especialistas - para fugir da mesma saturação que denunciara; uma espécie de maldição que o perseguia obra adentro e afora.

Dono de uma cultura ampla, sem preconceitos, que lhe possibilitou entrar em campos raros como a Bíblia e a religião cristã para falar da posição do analista, Bion reescreveu toda a Psicanálise, em busca de capacitá-la para os casos difíceis e de autorizá-la diante da comunidade científica.

Herrmann no seu primeiro livro, Andaimes do Real (1979), procura resgatar o poder heurístico da psicanálise. Sua crítica toca no mesmo ponto que a de Bion: a reificação. O mau uso e as repetições gastas de nossas teorias transformadas em semideologia e enfiadas goela abaixo dos pacientes. A Psicanálise seguiria sua vocação de se tornar uma ciência geral da psique ou morreria, pelas mãos dos próprios analistas, como tantas outras ciências passageiras? Nesse livro, em nome de resgatar o ato interpretativo inaugural de Freud, ele demonstra a força metodológica da Psicanálise, por meio do conceito de ruptura de campo, tema fundamental de sua obra. Também revê as noções de inconsciente, de interpretação, de transferência, de setting e, como Bion, reescreve a Psicanálise para que essa tenha condição de dedilhar a alma dos pacientes.

Eis a pergunta base do pensamento de Herrmann: o que funciona nos tratamentos analíticos realizados pelas diversas Escolas? Qual a operação comum a todas elas? De sua resposta, ruptura de campo, decorre uma investigação sobre o homem em posição de análise. Herrmann não pretende falar do homem fora do divã, não quer criar uma teoria sobre a mente humana e seu funcionamento, quer uma teoria crítica e metodológica para o exercício analítico e teorização. No livro Clínica psicanalítica: a arte da interpretação (1991) transparece essa preocupação com a clínica criativa e com o estilo próprio do analista.

Nos próximos trabalhos e livros, Herrmann (1985, 1998, 1999, 2002, 2003, 2004 e 2005) se concentra em ampliar a noção de paciente e as fronteiras da clínica; já deitara em seu divã a clínica psicanalítica, agora, em seu divã deita-se a cultura. Concentra-se em fatos históricos recentes e movimentos sociais - o terror é um de seus objetos de estudo, mas também a tecnologia e as dietas. De cada tema desses extrai conceitos inovadores para o pensamento psicanalítico. Ao estudar as novas patologias decide por não distinguir História de história pessoal e problematiza a relação entre a psicogênese infantil e a cultural, por exemplo.

Os lugares distantes e as culturas exóticas (para fazer como seu mestre fez) atraem seu pensamento, suas viagens se casam com psicanálise, delas nascem conceitos analíticos implicados numa particular visão antiturística. No livro, O divã a passeio (1992), vemos a psicanálise penetrar em territórios exóticos e se tornar mais criativa, ela é o viajante, a viagem e o território a ser descoberto. É que se Bion pretendia uma psicanálise apta a tratar dos mais difíceis pacientes, Herrmann quis uma psicanálise capaz de penetrar as entranhas do real, destacar suas substâncias e curá-lo.

Herrmann (2001) observa, por exemplo, que cada Escola de Psicanálise concentra suas interpretações num tipo de relação com o tempo (nada mais fenomenológico). Os três tempos da análise. Dessa observação deriva uma teoria sobre o funcionamento das análises. Vejam que Bion investigava o funcionamento da psique e do pensamento, procurava um modelo de aparelho mental para os fenômenos bizarros e primitivos. Já Herrmann (2001b) procurou desvendar o campo da análise, o que a constitui, o que causa ou provoca e por quais relações ocorre.

É provável que essa diferença de posição entre os dois autores tenha ocorrido em função de um debate histórico, no âmbito das ciências, sobre os limites do conhecimento. Esse debate colocou Einstein de um lado e Bohr e Heisenberg de outro, como demonstra Isaacson (2007), posto que os físicos que estudavam a mecânica quântica, ao contrário de Einstein, não sustentavam que a Física pudesse investigar uma realidade subjacente, única e independente de suas observações. Não era mais possível afirmar que a missão dessa ciência fosse descobrir como é a natureza. A Física, a partir da mecânica quântica, poderia falar da própria física - mais adequado dizer que seu objeto de estudo é criado por ela própria, bem como seus procedimentos. Por isso Hermmann deita no divã a Psicanálise, enquanto Bion se preocupou em desvendar os mistérios do pensamento e do aparelho para pensar.

Alguns dos textos de Herrmann (1979) exalam fenomenologia, é o caso de sua crítica radical ao conceito freudiano de inconsciente, banhada no pensamento de Isaías Melshon (1996). Porém, é a literatura que abraça como o análogo da nossa "ciência" - essas ideias se encontram no livro de ficção, Infância de Adão - onde afirma que a escrita é o guia de Freud a abrir as fronteiras da "alma". Tal como seu mestre Freud, Herrmann (2002) foi exímio escritor: cria nos textos a facilidade de compreensão e a perda imediata de memória, demonstrando que a sentença interpretativa mais eficiente é aquela que alfineta a alma - uma espécie de poesia clínica por ruptura de campo. E como Bion (1990), ele escreve ficção para brincar com as ideias que criou e, ao mesmo tempo, demonstrar os conceitos de sua psicanálise crítica.

No final de sua vida ele me apresentou o livro de sua viagem à China, obra não publicada, mas que pode ser vislumbrada no filme realizado pela SBPSP e exibido na ocasião da homenagem póstuma, prestada a ele. É um livro psicanalítico de viagem, mas o próprio livro é uma viagem que condensa poesia, fotografia, grafismos e interpretações da História da China e do Japão. O resultado é um sonho audacioso e rigoroso nas mãos de um artista. É que o estilo de Herrmann é radicalmente diferente do de Bion, Herrmann procurou unir poesia à psicanálise, para enfrentar as mesmas preocupações científicas que Bion, em seu tempo, enfrentou.

Separados pela linha do tempo (20 anos de diferença), pelo continente e pela língua e também pelo humor (os textos de Herrmann são bem humorados, os de Bion são sisudos) partilharam de uma estranha proximidade no tempo e em algumas afirmações. No tempo histórico porque Fabio Herrmann foi muito crítico com a forma como o pensamento de Bion foi usado na SBPSP nos anos 1970 e 1980. Quanto à semelhança entre algumas afirmações, vejamos: para Herrmann (2001b) as relações que mantém um campo são observáveis, o campo é vislumbrado apenas quando ele se rompe. Para Bion (1962): a função é observável, os fatores, não. Ainda, a famosa proposição clínica bioniana, que espera que o analista trabalhe sem memória e sem desejo, casa bem com a de Herrmann, deixar surgir e tomar em consideração.

É que em alguns pontos suas estradas se cruzaram, em outros se afastaram, seguiram em paralelas por certos vales ou procuraram traçados opostos diante de um mesmo obstáculo. Optaram ora por desvios, ora por túneis e pontes. As estradas também desmatam e destroem se não houver cuidado, mas acima de tudo possibilitam acesso confortável a territórios escondidos ou de difícil alcance. Cada estrada, mesmo quando possui um mesmo destino, escolhe um caminho na geografia. Esse é o primeiro ponto desse diálogo possível: ambos traçaram caminhos que nos levaram para mais perto da Psicanálise ao criticarem sua reificação. Eles poderiam, parafraseando Martin Luther King, dizer: eu tenho um sonho. O sonho de uma psicanálise capaz de realizar seu próprio sonho, o sonho que Freud (1923/1980a) sonhara de forma despudorada e rigorosa: ser uma ciência geral do psiquismo. Eles ousaram realizar o sonho do mestre. Não podemos negar que ambos tiveram boa dose de pretensão: levar a Psicanálise a terras longínquas, de difícil acesso, para cumprir a vocação de se tornar ciência geral da psique.

 

Contando um caso clínico - uma ficção freudiana

Preâmbulo

Eis um pequeno rastreamento das ideias de dois autores que influenciaram meu trabalho clínico e teórico nos últimos 20 anos. Preocupada com resultados clínicos para pacientes que sofrem com problemas alimentares e, ciente da dificuldade enfrentada pelas análises convencionais, que trabalham a comida como símbolo de outra coisa ou que indicam dieta aos pacientes, correndo o risco de reforçar ainda mais os sintomas destes, incorri em alguns ajustes técnicos que serão pontuados no decorrer da apresentação de um caso clínico (Saddi, 2007).

Procurei apresentar a análise de Bárbara sem destacar as teorias utilizadas, acreditando que elas se encontram na forma de contar o caso. Optei por uma narrativa em que o caso clínico procura ser um gênero literário, para fazer jus aos interesses literários de Bion e de Herrmann.

Bárbara

Era uma moça de 19 anos, quando foi indicada para a análise comigo, porque sua mãe queria um profissional que entendesse de alimentação e que não ficasse apenas interpretando. A moça, segundo a mãe, precisava emagrecer. Num primeiro contato telefônico expliquei que ao focar no emagrecimento da filha, reforçaríamos os problemas que a afligiam como vomitar e comer demais.

A mãe me contou que controlava a alimentação de Bárbara desde bebê, porque se a deixasse mamar tudo o que queria, mamaria muito e muitas vezes. Isso não era certo para uma menina, segundo o pediatra, as meninas devem, desde cedo, comer menos do que os meninos.

Em nosso primeiro encontro, tive a impressão de conversar com uma mulher muito adulta e determinada. Bárbara sabia o que fazer, embora nem sempre conseguisse fazer o que sabia (Por isso a bulimia?). Alguns conflitos com o pai que a controlava um pouco... tudo lindo com a mãe, mulher extraordinária. Vomitar não foi assunto relevante nem comer demais. Ela se concentrou em falar sobre os deslizes com a dieta. Percebia que não conseguia se controlar, havia engordado 15 quilos. Por que não seguia a dieta? "Era só seguir que tudo ficaria bem. Talvez um trabalho analítico a ajudasse." Combinamos frequência, quanto aos honorários preferiu que eu conversasse com seus pais.

Os pais vieram e falaram sobre dietas e emagrecimento, embora a questão devesse ser o vômito. Sentiam raiva da filha, que não conseguia comer corretamente. Raiva misturada com cuidados e amor, mesmo assim raiva. A bulimia de Bárbara causava angústia, mas a preocupação com a gordura tomava o campo. Pedi para não falarem mais de comida, dieta e peso com a filha. Era importante que ela ficasse mais solta. Eles consentiram. Não acreditei que conseguiriam. Havia um barril de pólvora prestes a explodir, embora fossem amistosos e cordiais.

Tomada pelos ideais

Falamos sobre seus pais, ela os admirava muito. Falamos sobre comer, ela só queria saber de fazer uma dieta bem feita, mas era difícil conseguir. Insisti que tentasse comer de outra forma, guiada pela fome, saciedade e prazer em comer, era importante que escolhesse os alimentos de maneira mais livre. Ela achava isso uma grande besteira, mas como era educada... mentia, dizendo que estava tentando. A palavra vômito não era usada entre nós - um tabu.

Seus planos para o futuro - a mulher perfeita que um dia seria - ninguém podia saber que procurara uma analista. Executiva, bem vestida, rica, independente e bela. Diretora de multinacional.

Pobre coitada

Nos primeiros meses de análise deixei que Bárbara se apresentasse a mim. Fiz poucas interferências. Sentia que era necessário construir um laço, ter um peso de experiência conjunta. Ela parecia ser ao mesmo tempo velha, madura, carente e frágil. Aprendi que ela odiava brigas, que se sentia muito magoada pelas críticas de pai e mãe, mas jamais se colocaria contra eles - preferia se trancar no quarto. Por isso sempre era ótima aluna. Desde pequena escutava que comia demais, que tinha que emagrecer, que tinha que fazer esportes, que era preguiçosa, que tinha que parar com isso ou aquilo. Que tinha e tinha... muitos deveres nas costas.

Contava que sentia dores de garganta, seu cabelo era feio, mas ninguém a levava ao médico. Eu sentia pena e pensava (falava) se ela poderia ir por conta própria ao médico do convênio. Ela poderia se cuidar mais? Se responsabilizar por ela para não ser uma bandeira ambulante do fracasso dos pais em cuidar devidamente dessa filha?

Tabu

Bárbara se sentia controlada pelo pai e agredida na mesa. Ele parecia ser um fator irritante para a menina, mas ela negava afirmando que "ele é um garoto carente", que a amava muito. Ela não respondia às agressões, se trancava no quarto e atacava a geladeira. O depois disso não tinha nome entre nós. Eu não sabia por ela que vomitava, soube que vomitara no passado. O vômito não estava legitimado entre nós.

Poucos meses se passaram e pedi que anotasse o que comia, o que sentia antes e depois de comer. Um diário alimentar com sentimentos. Ela fez um pouco sem nenhuma vontade, no entanto, o vômito entrou na sala de análise, primeiro pela porta dos fundos - no diário havia um código para o dia em que ocorria. Depois fui percebendo que no dia em que o código aparecia, ela comia muito e vomitava diversas vezes. Contava o que tinha comido, barbaramente, depois eu entendia que havia o vômito para compensar. Para um bom entendedor... Bárbara, então, me disse que a análise era legal para ela falar dela, mas não estava funcionando para a sua relação com a comida, queria um nutricionista para emagrecer, faltava uma dieta para seguir. Se fizesse uma dieta certinha tudo ficaria bem e não vomitaria mais. Vomitar era seu maior defeito. Claro que tentei argumentar que era isso que ela já vinha fazendo e não vinha dando certo. Mas ela acreditava que seria diferente, seria uma dieta científica.

Foi ao nutricionista. Voltou reclamando que ele havia lhe dado comida demais. Tentou se enquadrar, mas os vômitos continuaram.

Tomada pela mãe agressiva

A análise seguiu com uma complexidade progressiva de problemas familiares e vômitos correspondentes. A mãe também passou a agredi-la e a vigiar e controlar seus bárbaros ataques à geladeira. Sua vida era um inferno. Permanecia a maior parte do tempo fora de casa para não ser atacada. Bárbara dizia que odiava conflito, por isso se trancava no quarto, não revidava ou fugia.

Surgiu sede de autonomia e independência, queria morar fora do país. Surgiu bebedeira, perda de consciência. Um mês de castigo, presa em casa. Ambivalência devidamente trabalhada em análise. Mecanismos que acionavam o controle da mãe e do pai, que aumentavam os vômitos, que acionavam o controle dos pais, que aumentavam os vômitos. Eu tinha uma fantasia que se ela continuasse a vomitar quatro ou cinco vezes por dia teria câncer de esôfago, e comecei a me apavorar com a autodestruição contida nessa forma de "cuidadoataque".

A palavra vômito ficou mais solta e pode ser usada com liberdade pela dupla.

Bárbara me pedia ajuda para lidar com seus pais. Chamei todos para uma conversa. A ternura havia sido exilada da relação familiar, cobranças e mais exigências, acusações e mais acusações. Sugeri uma terapia de família. Fizeram por alguns meses. Aos poucos a crise foi se acalmando.

Mais ela

Um curso de escrita criativa fez Bárbara enxergar que tinha talento, coisa que sempre suspeitara. Aceitou procurar um psiquiatra. Havia tentado convencê-la de que medicação psiquiátrica poderia ajudar, desde que minha angústia com os vômitos diários se instalou, mas como ela não se considerava doente, era avessa à palavra depressão, medicamento era coisa muito perigosa, que poderia afetá-la, se negara.

A medicação interrompeu os vômitos, trouxe estabilidade, diminuiu a ansiedade. Viajou por um mês com a família. Gostou. Férias, calmaria, remédio - pensou estar curada. Pedi que esperasse. Sentia-se bem, muito bem. Estava em paz com a família e com ela e com o tamanho de seu corpo, agora apenas 4 quilos mais gorda. Nunca se sentira assim. Perdeu a virgindade por escolha própria numa festa sem grandes sentimentos - vitória, uma escolha e nenhum arrependimento. Nem a mãe soube e não contar não era errado - não era obrigada a contar tudo pra mãe, algumas coisas eram só dela. Podia escolher me contar.

O pai tirano

Viajava frequente com os pais para a fazenda dos avós, que estavam envelhecendo e precisando de ajuda. O pai voltou a agredi-la verbalmente e exigir dieta. O primeiro sonho apareceu, um monstro rondava a sede da fazenda e atacava. Um clima de morte e invasão. Ela acordava com medo. Depois o monstro era um ladrão, entrava e roubava a fazenda. Um clima de medo. Associei ao seu estado de espírito, ameaçado pela agressividade e controle do pai.

Desde o início dessa análise notei marcas nas unhas e dedos de Bárbara. Marcas que foram usadas como provas da falta de cuidado dos pais para com ela, assim como uma permanente dor de garganta não tratada. Mas, as marcas se acentuaram no decorrer desse período de agressão do pai, que coincidia com o uso de medicação e o consequente cessar dos vômitos. Ela cutucava-se continuamente. Pequenas feridas se tornaram visíveis, mesmo com curativos para esconder.

Decepcionou-se com o remédio, não a continha totalmente, mas continuou a tomar.

Um dia foi brutalmente atacada pelo pai durante a festa de formatura da prima, na frente de toda a família, avós e primos. Ela comeu um prato de macarrão e ele lhe disse que comendo assim ela ficaria gorda e feia. Que vomitava porque não tinha vontade. Comia porque não tinha vontade. Não tinha força de vontade. Bulimia era falta de força de vontade. Bárbara retrucou, afinal, ele não tinha nada a ver com o que ela comia. Mais calma disse que ele não tinha o direito de falar em bulimia na frente de todos.

Eu não podia criticar seu pai, ela o defendia com unhas e dentes. Um ótimo pai. Queria o melhor para ela. Ele não sabia se explicar. Já estava acostumada. Era um cara muito legal, meio carente.

Identificação com o agressor

Liguei as agressões que sofria às agressões que fazia nos dedos. Ela negou. Era sem sentido, jamais se agredira, não tinha a intenção de se agredir, ela nem percebia o que estava fazendo. Afirmei que era assim que ela julgava pai e mãe, ela retirava a carga de agressão sofrida, acalmava a crítica, esvaziava a mágoa e como eles a amavam, fato inconteste, a dor era transformada em nada. Eles não tinham a intenção de agredir, queriam cuidar dela. Ela também não tinha intenção de se autodestruir, era muito pesado pensar assim, amava a vida. Contestei dizendo que seus argumentos em favor do amor à vida não importavam, pois o resultado era: vômito, dor de garganta e feridas nos dedos.

Mais Bárbara

Bárbara se tornou bastante ligada ao processo analítico, se mostrou interessada em me contar as novidades de sua vida, em desmarcar uma sessão e pedir reposição.

Outro sonho: um antigo paquera é engolido por uma onda gigante. Nada a ver com o próprio paquera que ressurgiu no facebook, mas desapareceu depois de uma ficada. Nada a ver com nada. Ela não era uma moça sentimental. Os homens eram assim, davam bola, ficavam e sumiam. Suas reações racionais contrastavam com os vômitos, com as feridas e com os sonhos intensos de angústia.

Estamos no meio do segundo ano de análise e Bárbara vem se cutucando menos, as feridas diminuíram, não vomita há 1 ano. Continua ligada na análise. Afirmou que percebe que quando tenta fazer dieta, piora, pois ataca mais a comida e quase vomita. (Talvez ainda vomite esporadicamente.) Continua desligada dos afetos, racional demais. No entanto, quando falo algo sugerindo a presença de emoções, ela responde com um consentimento mudo, um aceno com a cabeça, um pequeno movimento de curiosidade.

Considerações sobre o caso

Nas próximas linhas desse texto farei uma visita ao conceito de sonho e de interpretação na visão de Bion e Herrmann, como possibilidade de ampliar a compreensão do caso narrado.

Sobre os sonhos Herrmann afirma que este arrasta para a área de mistério a vida desperta e diz:

um sonho talvez se sonhe continuamente, até que a manifestação onírica lhe dê oportunidade de expor-se, a nós, sonhadores relutantes, de despertarmos dele. Ganha o sonho, com a Psicanálise, uma via para penetrar novamente o quotidiano dos homens, em nossa época científico-tecnológica, recuperando-se da dimensão onírica da vida quotidiana, novo campo que liga o banal, pelo cordão umbilical dos sonhos, ao incessantemente renovado mistério da origem do pensamento. (Herrmann, 1979, p. 323)

Em outra passagem Herrmann coloca que:

o sonho aberto, essa história visual que se vive de noite e se conta de dia, é a oportunidade para sair de um sonho, da surda corrente subterrânea dos temas de que o sonho trata, cuja lógica preside ocultamente a vigília, até que se possa manifestar num episódio constituído, ganhando estatuto de consciência: o sonho é o despertar de um sonho. (Herrmann, 1991, p. 116)

Em outro ponto do livro Andaimes do real, Herrmann (1979, p. 320) argumenta que, se Freud não descobriu os segredos dos sonhos, criou, certamente, um novo campo, o da compreensão da vida desperta a partir dos sonhos.

Partindo dessas três afirmações podemos pensar que Herrmann (1979) problematiza o estatuto da consciência, do que chamamos de vida desperta ou vigília, enquanto instância psíquica. Nela vige um sonho ainda não manifesto em sonho e multideterminado por temas e campos, oriundo de um processo misterioso: o pensamento. O sonho noturno seria a presentificaçao desse processo, como a chuva (outra de suas metáforas para o sonho) que é consequência de um movimento de evaporação, condensação e precipitação.

No livro o Aprender com a Experiência, Bion (1962) também descreve um processo misterioso - denomina-o função alfa - que torna possível que estímulos externos e experiências emocionais se transformem em elementos disponíveis para o pensamento onírico e possivelmente para a consciência (elementos alfa). A falha nesse processo, afirma ele, significa que não é possível sonhar, dormir, ou mesmo ficar acordado. Ou seja, a consciência é resultado de um processo chamado sonho. Para ele não há separação entre os estados de sono ou de vigília, a função alfa opera em ambos os estados produzindo seu material ou não opera, produzindo outro tipo de material, que ele denomina elementos beta, que vigoram no estado de mente psicótica.

Nesse mesmo livro, capítulo sete, ele parece dizer que há simultaneamente um processo e barreira chamado sonho, que atua quase como censura e resistência, proporcionando diferenciação entre consciente e inconsciente. Esse processo/barreira chamado sonho preserva a personalidade de um estado psicótico, mantendo-a num discurso unidimensional. É que a consciência não pode ser consciência de tudo ao mesmo tempo, a não ser em seu momento de crise absurda, diria Herrmann (1979). Portanto, para Bion (1962), a consciência é dinâmica e não pode ser vista como oposta ao inconsciente, pelo contrário, é complementar a ele.

Para Herrmann (1979, 2ª parte) a consciência é sempre consciência de algo e depende das emoções, é apropriada pelo sujeito, portanto. A consciência não é região forrada de objetos nem existe um inconsciente por trás da consciência. A consciência é um processo ativo, é consciência de alguma coisa. Enquanto que o inconsciente é concebido como possibilidade de significação, refere-se ao que pode surgir pela interpretação, que surgindo deixou de ser inconsciente, por isso ele fala em inconscientes relativos, apreendidos pela ruptura de campo, e para o termo inconsciente prefere designar o que não se dá a saber. No entanto, é o inconsciente que dá a medida da não equivalência da consciência com ela mesma, denunciando que um processo multideterminado (cultural, material, imagético, histórico, filogenético) e constante atua na produção de cada um de seus conteúdos. O inconsciente visto nessa perspectiva reúne todos os sentidos potenciais a serem apreendidos pela consciência. É a própria forma humana.

Ambos os autores problematizam a posição da consciência. Algo acontece, para que um determinado conteúdo se faça presente nela. A consciência não é nem a sede da verdade e nem a da mentira. É um processo e o resultado de um processo ao mesmo tempo. Para Bion (1962, p. 17) ela é oriunda da seleção (sonho/barreira) complexa de estímulos internos e externos. Para Herrmann a consciência não é um processo passivo, ela é ativa, selecionadora, e fruto de uma multideterminação de fatores que passa pela função da rotina. Ambas as teorias questionam e problematizam o que classicamente aprendemos como sendo consciência: a superfície perceptiva do aparelho mental, que recebe as percepções sensórias (vindas de fora) e as sensações e sentimentos - impulsos vindos de dentro, mas que são projetados para fora a fim de facultar sua apreensão. Está ligada ao ego: controla a motilidade, supervisiona os próprios processos, reprime tendências, inibe atividades e censura sonhos. Freud (1923/1980b, p. 31) nos assegura que a propriedade de ser ou não consciente é nosso único farol na treva da psicologia profunda.

Há convergência ou pelo menos áreas de toque sobre o tema da consciência (um processo misterioso de seleção de campos, de estímulos e de objetos - o sonho é visto como um dos resultados desse processo), porém, em relação ao tema do inconsciente as diferenças são maiores, mas não intransponíveis, principalmente, por conta das consequências no pensamento para a interpretação e para o trabalho clínico.

Bion e Herrmann, a meu ver, não se utilizam do conceito clássico de inconsciente de Freud, ambas as teorias, por motivos diferentes, o criticam. Para Herrmann (1979, 4ª parte) o inconsciente é a forma humana, o campo de todos os sentidos possíveis. Quando um desses campos de sentido possível se faz presente, vindo à luz pela operação metodológica de ruptura de campo, fala-se em inconsciente relativo. Herrmann duvida da instância psíquica chamada inconsciente, concebida como um lugar específico na mente, com conteúdos predeterminados e ou proibidos. Por último, o inconsciente é também aquilo que não se sabe, nunca se sabe, porque quando se sabe deixa de ser inconsciente.

Em Bion o inconsciente é resultado da função alfa, pode ser apreendido enquanto fatores que compõem uma função - o sentido dinâmico predomina, bem como a ideia de um processo a preservar a saúde mental. Como os elementos alfa são estocáveis, há maior proximidade com o pensamento Freudiano, mas não vemos os grandes temas analíticos como complexo de Édipo, de castração, relação mãe/bebê ou mesmo o conceito de superego serem concentrados e justificados nas explicações teóricas. A afirmativa de que a função alfa opera sobre a experiência emocional e sobre os estímulos internos, derivando elementos que podem ser usados pelo pensamento onírico é bastante abstrata e nos previne de utilizar os caminhos e conteúdos já conhecidos pelo patrimônio teórico da psicanálise. Isso coincide com a concepção e aplicação da ideia de inconsciente relativo. Assim ficamos protegidos da saturação e da reificação do pensamento e da clínica psicanalítica. Portanto, há maior proximidade na clínica de ambos os autores, posto que renunciam e colocam em crise a ideia de inconsciente conteudístico e livram a interpretação de conteúdos previamente determinados. O trabalho analítico é entendido como construção de sentido junto ao paciente.

Para Herrmann são os toques afetados - gestos e falas fora do discurso convencional - que se somam até que uma ruptura de campo ocorra. A ruptura aqui é entendida como possibilidade de surgir um novo campo de significação emocional. A interpretação vista como algo maior e além da sentença interpretativa (as falas do analista) é resultado do movimento que causa o corte de um campo e o novo sentido ao mesmo tempo.

Para Bion há algo de minimalista na interpretação, entendida enquanto fala e postura de continência do analista. É que este atua na transformação dos elementos betas em matéria pensável. Também colabora com suas intervenções para a ampliação dos elementos alfas levando em conta a natureza do pensar, mais próxima do funcionamento do aparelho digestivo e das etapas do pensamento descrita na Grade. A interpretação se dirige para o aqui e agora com vistas à formação de um aparelho para pensar e pela ampliação do Continente/Contido.

 

Palavras finais

Considero os dois sonhos que surgiram no decorrer do trabalho clínico com Bárbara (ela alegava que nunca sonhara dessa forma antes) como expressão teórica e clínica de minha compreensão da paciente. Sua bulimia condensava a impossibilidade de representação de agressividades sofridas e auto impostas.

No trabalho clínico, no trânsito pelos sonhos de Bárbara, observamos que eles chovem (em termos de Herrmann) a corrente subterrânea de agressões contidas e proibidas.

O pensamento clínico entrelaçado à teorização de Bion segue o mesmo caminho de Herrmann, elementos alfas construídos e armazenados transitam pela barreira de contato e se expressam em sonhos. Surge, nessa análise, de forma nítida, um aparelho para digerir as experiências emocionais.

 

Referências

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Recebido em: 2/5/2013
Aceito em: 7/5/2013

 

 

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