SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.47 issue86Between the institute and the cities: traveling miles toward psychoanalytic trainingBion, epistemólogo author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.47 no.86 São Paulo June 2014

 

HISTÓRIA DA PSICANÁLISE

 

A psicanálise pansexualista de Francisco Franco da Rocha - um fragmento da história da psicanálise brasileira1

 

The pansexualist psychoanalysis of Francisco Franco da Rocha - a fragment of the history of Brazilian psychoanalysis

 

El psicoanálisis pansexualista de Francisco Franco da Rocha - un fragmento de la historia del psicoanálisis brasileño

 

 

Josiane Cantos Machado

Psicóloga com atuação clínica e pesquisadora em história da psicanálise, especialista em teoria psicanalítica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, orientada pela profa. dra. Carmen Lucia Montechi Valladares de Oliveira, com o trabalho "Emergência da psicanálise no Brasil: O pansexualismo de Francisco Franco da Rocha". Mestre em psicologia clínica pela mesma instituição, orientada pelo prof. dr. Renato Mezan, com a pesquisa "A história da psicanálise no Brasil nas primeiras décadas do século XX e sua influência na concepção e constituição de saúde mental"

 

 


RESUMO

O presente artigo trata de um ínfimo fragmento da história da psicanálise no Brasil, o estudo do livro O pansexualismo na doutrina de Freud, de Francisco Franco da Rocha, de 1920. Busca-se a compreensão acerca do que Franco da Rocha considerava ser o pansexualismo na doutrina de Freud, se seria uma crítica à psicanálise ou algo que ele considerava sua essência.

Palavras-chave: história da psicanálise, Brasil, pansexualismo, Franco da Rocha, Freud


ABSTRACT

This article tackles a brief fragment of the history of psychoanalysis in Brazil, the study of the book Pansexualism in Freud's doctrine, by Francisco Franco da Rocha, from 1920. We seek to understand what Franco da Rocha considered to be the pansexualism in Freud's doctrine, if it was a critique of psychoanalysis or something that he considered its essence.

Keywords: history of psychoanalysis, Brazil, pansexualism, Franco da Rocha, Freud


RESUMEN

Este artículo trata de un pequeño fragmento de la historia del psicoanálisis en Brasil, el estudio del libro Lo pansexualismo en la doctrina de Freud, de Francisco Franco da Rocha, de 1920. Busca lo entendimiento de lo que Franco da Rocha consideraba ser lo pansexualismo en la doctrina de Freud, se debería ser una crítica a la psicoanálisis o algo que él consideraba sua esencia.

Palabras clave: historia del psicoanálisis, Brasil, pansexualismo, Franco da Rocha, Freud


 

 

Embora surgida no Rio de Janeiro, a partir dos anos 1920 a psicanálise passou a ganhar força em São Paulo. O primeiro divulgador da doutrina foi o psiquiatra Francisco Franco da Rocha, fundador e diretor do Hospital do Juquery, que, durante muito tempo, foi o único lugar da prática e do estudo da psiquiatria em São Paulo. Franco da Rocha foi também o autor do primeiro livro brasileiro inteiramente dedicado à psicanálise: O pansexualismo na doutrina de Freud, publicado pela primeira vez em 19202 e que, em sua segunda edição, de 1930, teve o título alterado para A doutrina de Freud, com a omissão do termo "pansexualismo".

Cabe um esclarecimento sobre o termo "pansexualismo". De acordo com Roudinesco e Plon, ele surgiu após a publicação, em 1905, de "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade":

utilizado para designar pejorativamente a doutrina freudiana da sexualidade, concebida sob a categoria de uma causalidade única, tanto porque ela recusaria qualquer explicação do psiquismo fora da etiologia sexual quanto pelo fato de que se pretenderia universal, isto é, aplicável a todas as culturas e a todos os indivíduos. (1998, p. 567)

Para Sagawa (1994), essa omissão ocorreu porque Franco da Rocha "tomara conhecimento de que Freud estava em desacordo com o significado e o uso desse termo" (p. 15).

Oliveira (2005) discorda dessa versão e sustenta que a questão do pansexualismo não era um problema para Franco da Rocha; ao contrário, conforme ele próprio afirma: "Resta o pansexualismo como princípio original, interessante, verdadeiro núcleo da doutrina de Freud. É este o ponto mais atacado e, com aparência de mais fraco, é exatamente o mais forte" (1920, p. 179).

Para a autora, Franco da Rocha, assim como os primeiros psicanalistas cariocas, fez uma leitura invertida, em espelho do termo pansexualismo, positivando-o.

Compartilho da opinião de Oliveira; a omissão do termo se deu por conta do contexto sociocultural em que a psicanálise tentava se estabelecer no Brasil, nos anos 1930, onde imperava certo moralismo, quando não se falava abertamente a respeito de sexualidade e outros assuntos "tabus" naquele momento.

Como nos conta a história oficial, por ser um livro voltado para a sexualidade, ele causou alvoroço na comunidade médica, e Franco da Rocha foi chamado até mesmo de louco.

Independente da veracidade ou não, o fato é que, como afirma Bicudo: "O que houve de notável em Franco da Rocha foi seu espírito aberto à teoria, em um período no qual era tão apoucada, entre nós, a literatura sobre o assunto" (1948, p. 148).

É interessante notar que Franco da Rocha, por ser médico, trabalhava com a ciência exata, procurando, assim, uma exatidão na psicanálise. Por ser psiquiatra e fundador do asilo, interessou-se muito mais pela questão da psicose do que pela da neurose, o que fica claro em alguns pontos de seu livro.

Aliás, verifica-se através desse trabalho o grande interesse de Franco da Rocha e dos primeiros psicanalistas brasileiros por Carl Gustav Jung, o que pode ter acontecido justamente pelo seu entusiasmo pela temática da loucura.

Franco da Rocha inicia seu livro afirmando que seu único objetivo era abordar a teoria freudiana, ainda pouco conhecida no Brasil: "A publicação deste livro só tem por objectivo transmitir uma noção exacta da doutrina de Freud, que é muito falada e bem pouco conhecida"3 (1920, p. III). Sua pretensão era explicar o que era a psicanálise de fato, mesmo reconhecendo não ser esta uma tarefa fácil já que era necessário estudar muito o assunto. Além disso, ele alertava que a doutrina não traria um resultado prático imediato.

De outra forma dita, Franco da Rocha parece estabelecer uma diferença com outras práticas médicas no que se refere ao tratamento, uma vez que a psicanálise não era tão prática, rápida e objetiva quanto a medicina, sendo um trabalho moroso para o paciente e para o analista.

Para ele, o que mais atrapalhava o estudo da doutrina freudiana era seu idioma original, o alemão, que não era muito conhecido no Brasil, e justifica a utilização de alguns livros traduzidos do alemão para o inglês por não ser possível obter os originais na época da guerra, mas cita Freud, sobretudo, em alemão.

Também apontava como grande dificuldade a falta de estudos e observações psicológicas em "nevro[patas] e psicopatas" (1920, p. IV).

Para apresentar a doutrina ao leitor brasileiro, Franco da Rocha utilizou como bibliografia livros de Freud, Bleuler, Jung, Pfister, Rank, Adler, Stekel, Jones, entre outros, mostrando a apropriação de inúmeros textos e autores, inclusive de dissidentes do movimento psicanalítico.

Na bibliografia comentada que ele apresenta, sustenta que a obra de Freud A interpretação dos sonhos (1900) era essencial para quem quisesse conhecer a psicanálise; já as demais, só complementares:

O Traumdeutung (A interpretação dos sonhos) e a Psychopathologie des Alltagslebens (Psicopatologia da vida diaria) são dois livros de Freud, essenciaes e basicos da sua doutrina, alêm de outros estudos por êle publicados. A interpretação dos sonhos é o mais interessante e complicado dos seus trabalhos. (Franco da Rocha, 1920, pp. 80-81)

Sua obra é, basicamente, um resumo da obra de Freud, em que os assuntos centrais são: o inconsciente, a sexualidade, os sonhos, as neuroses e a psicopatologia da vida diária.

E afirma, ainda, que ele não estava ligado a nenhuma escola de psicanálise, mas assegura: "Utilizo-me da psicoanalise sempre que ela póde servir, e como é um estudo interessante, em que se ocupam alguns homens de valor, procurei torna-lo acessível a quem desejar conhece-lo" (1920, p. V).

É possível questionar, com a leitura de seu livro, por que ele não teve conhecimento e interesse pela psicanálise antes, já que estamos falando de 1920 e a psicanálise já dava sinal de vida desde 1914. Poderia ser falta de acesso ao trabalho de Freud, por ser o Brasil política e geograficamente tão distante do local de nascimento da doutrina? Aqui, parece-me que o interesse dele era puramente teórico, por se tratar de um assunto de interesse de grandes mentes, sendo motivo de "prestígio", embora ele já experimentasse a técnica psicanalítica nos pacientes do Juquery.

Apesar de dizer que grandes mentes se envolveram com a psicanálise, ele declara que ela também atraia muitos charlatões: "Pudera! Não se faz mister, para isso, estudar anatomia, histologia, fisiologia, patologia geral etc., coisas difíceis e amolantes; basta supor-se possuidor de conhecimentos de psicologia e está tudo feito" (1920, p. V).

Sob essa perspectiva, ainda na apresentação Franco da Rocha diz aos moralistas algo a respeito do pansexualismo: "Prevenidos no prefacio, os que tiverem medo de ver sua bela moral estragada fechem este livro, não o leiam" (1920, p. VI). Esse comentário reforça a tese sobre as críticas e acusações pansexualistas sofridas na Europa.

 

O aparelho psíquico, segundo Franco da Rocha

Em sua interpretação da escola freudiana, Franco da Rocha considera o inconsciente uma realidade interna, o que ele chamava de real psíquico. Para ele, essa realidade interna era ignorada pelo médico porque não era palpável, e o médico só conseguiria compreendê-la se ela surtisse efeito na consciência, como, por exemplo, através dos sonhos e das neuroses. Como sabemos, em certa medida isso se mantém até os dias de hoje em algumas áreas da saúde, em que o inconsciente ainda é ignorado, só sendo levado em consideração quando o sujeito adoece e ele transpõe o corpo, tornando-se visível. Portanto Franco da Rocha queria enfatizar que o inconsciente operava mesmo sem aparecer na consciência.

Nessa perspectiva, o autor se interroga sobre a importância do trabalho do psicanalista, sustentando que: "O médico deve penetrar, por dedução dos efeitos conscientes, até chegar aos processos psíquicos inconscientes" (1920, p. 6).

Apoiado em Freud, ele considera o inconsciente ativo e dinâmico e afirma que os conteúdos inconscientes existem em nós desde a infância; mais ainda não é por serem inconscientes que não influenciam o organismo. Segundo Franco da Rocha, "A verdade verificada por Freud, como resultado de seu estudo, é esta: as forças que regem a marcha de nossa actividade psíquica, isto é, que orientam os fenomenos mentaes, dos mais complexos, podem se produzir sem a intervenção da consciencia" (1920, pp. 6-7).

Segundo ele, o psiquismo inconsciente se divide em dois sistemas: o inconsciente, onde os conteúdos jamais virariam conscientes (o que podemos questionar, já que, em alguns momentos, como nos sonhos e nas neuroses, os conteúdos inconscientes se forçam à consciência e podem penetrar de maneira disfarçada), e o "pré-consciente", onde os conteúdos podem influir na consciência e se tornarem conscientes.

Na compreensão de Franco da Rocha, o inconsciente é fixado desde a infância, onde estão "os instintos e as mais fortes tendencias do individuo" (1920, p. 8). Já o pré-consciente é mais limitado, ficando entre o inconsciente e o consciente, e "abrange todos os fenomenos de distração, devaneio, inspiração, sonho noturno, que são revelações subjectivas da realidade interna ignorada" (1920, p. 9). A propósito, vale citar a analogia poética que ele faz: "São, como na flora dos nossos campos, os ramusculos, folhas e flores das arvores subterrâneas que as constantes queimadas recalcam e obrigam a viver, como raizes, no subsólo" (1920, p. 9).

De acordo com o autor, o pré-consciente está sujeito a instâncias deformadoras e críticas, e a censura, mecanismo situado entre o consciente e o inconsciente, deforma os conteúdos. Enfatiza que esse mecanismo seria "uma força modificadora do nosso psiquismo" (1920, p. 9) adquirida por meio da educação. A censura molda a personalidade do homem de acordo com a cultura em que ele vive e afrouxa de vez em quando num devaneio, por exemplo, deixando penetrar no pré-consciente algo do inconsciente.

No que se refere ao conceito de censura, Franco da Rocha diz apenas que é uma forma de adaptação à vida social. Em nota de rodapé, indica, a quem se interessar em saber mais sobre o inconsciente, a leitura do livro de Jung Psychology of the Unconcious, em que poderia ter conhecimento sobre o "inconsciente pessoal" e o "inconsciente coletivo". Novamente verificamos a apropriação de Jung como referência, mesmo que a teoria do inconsciente pessoal e a do inconsciente coletivo sejam muito diferentes da de Freud.

Nesse sentido, podemos dizer que Franco da Rocha é fiel a ele mesmo, em sua maneira de compor e apresentar diversas teorias, sem jamais se importar com as divergências entre elas. A psicanálise é uma teoria e prática a ser comparada com tantas outras; já nasce entre nós no campo da cultura. Para ele, os nossos pensamentos são quase todos dirigidos pelo inconsciente, mas a consciência pode modificar os fenômenos psíquicos, e é ela quem diferencia o homem do animal, que não necessita de adaptação à cultura e, portanto, nele não há censura.

Franco da Rocha apresenta, então, o esquema feito por Freud sobre o psiquismo, mas diz não se tratar de localização cerebral, somente um esquema explicativo, o qual seria essencial conhecer.

O aparelho psíquico tem, segundo ele, uma extremidade sensível e outra motora, sendo que a sensível recebe as percepções e a motora "vigia as portas da motilidade" (1920, p. 11).

Com efeito, a primeira representação do aparelho psíquico feita por Freud era formada por dois sistemas: o "perceptivo", que estava na extremidade sensível e recebia estímulos, e o "motor", que estava na extremidade motora e era relacionado à atividade motora.

As percepções são responsáveis por deixar, na extremidade sensível, o que Franco da Rocha, seguindo Freud, chamou de traço mnemônico. Com a função de memória, a atividade tem que ser distribuída em dois sistemas, um que recebe o estímulo perceptivo mas não tem memória e um que transforma as excitações do primeiro em traços duradouros. As percepções, então, deixam traços de memória na parte sensível, fazendo com que todos os elementos do sistema se modifiquem.

Franco da Rocha conclui que as nossas percepções são ligadas umas às outras na memória, chamando isto de associação. O sistema "P" não tem memória, portanto não guarda traços para associações. Diz ele que o sistema chamado por Freud de mnemônico está na base das associações.

Para Franco da Rocha, a associação ocorre quando a resistência diminui; assim, a vibração passa, transmitindo a associação a partir de um "me" (mnêmico) a outro sistema "me".

Para equilibrar as energias, a energia interna deve ser mantida. Segundo ele, é o que acontece com as psicoses alucinatórias e com o delírio da fome, que se apegam ao objeto desejado.

Seguindo essa linha, existem, segundo o autor, vários sistemas "me", em que uma mesma excitação, que parte de "P", sofre diversas fixações. O primeiro sistema "me" tem a fixação das associações por simultaneidade, e nos outros, o material excitador ocorre de acordo com outras formas de combinação, como, por exemplo, por semelhança.

O sistema "P" não tem memória e, por isto, nos fornece toda a multiplicidade de qualidades sensíveis. Nossas memórias são inconscientes, mas podem se tornar conscientes, sem descartar suas influências inconscientes.

O sonho é a prova das partes do aparelho, sendo formado por duas instâncias psíquicas, em que uma submete a outra a uma crítica, sendo que esta é excluída da consciência. A instância que critica tem relação direta com a consciência, e a criticadora está entre esta e a criticada e rege a vida de vigília, determinando nossas ações conscientes, tendo a seu cargo a extremidade motora.

No pré-consciente, o processo excitador pode atingir a consciência; ele tem a chave da motilidade. Antes dele, temos o inconsciente, que não tem acesso à consciência sem passar antes pelo pré-consciente, que transforma os conteúdos.

O sistema em que se formam os sonhos é o inconsciente; nele temos o que Franco da Rocha chamou de motivo-força do sonho (1920, p. 13), o ponto de partida da formação do sonho, sendo que esses conteúdos lutam para entrar no pré-consciente e passar para a consciência, o que se torna difícil por conta da censura que, à noite, enfraquece seu trabalho entre o inconsciente e o pré-consciente. Ele afirma isto sem conseguir provar o contrário; esta é a razão pela qual, para Franco da Rocha, diferentemente de Freud, os sonhos não têm caráter alucinatório.

O aparelho psíquico tenta se conservar livre de excitação, mas ele se torna um aparelho-reflexo que permite a descarga de estímulos sensíveis vindos de fora. A excitação provocada pela necessidade interna busca saída na motilidade, que Franco da Rocha chama de "expressão das emoções" (1920, p. 18), ou melhor, de "desejo que se funde numa alucinação" (1920, p. 19).

Assim, através da memória, é estabelecida a identidade de percepção do mundo exterior, para através da experiência se chegar à satisfação do desejo. Sempre interessado no paralelo entre a neurose e a psicose, Franco da Rocha conclui seu livro conectando as diferenças entre essas estruturas.

Ele questiona novamente se não seria um grande risco a censura diminuir durante a noite e deixar passar conteúdos inconscientes para, apoiado em Freud, afirmar:

Quando a censura repousa (e nós temos prova de que só cochila, não dorme), toma o cuidado de fechar as portas da motilidade. Não importa qual seja a especie de sentimento, aliás inibido, do Ics, que ande a rodear a scena; não ha necessidade de pô-lo fora; ele permanece inocuo, porque é incapaz de pôr em actividade o aparelho motor, unico capaz de exercer influencia no mundo exterior. O sono garante a segurança da fortaleza que está sob sua guarda. (1920, p. 21)

Na psicose, acontece um enfraquecimento patológico da censura ou um aumento patológico das excitações inconscientes.

Franco da Rocha faz, basicamente, uma tentativa de elucidar o aparelho psíquico. Em seu texto, como ele mesmo afirma, são apresentados apenas alguns aspectos da teoria freudiana:

Os esquemas acima expostos só dão em linhas geraes uma ideia muito teorica do psicodinamismo das doutrinas freudeanas. Na pratica, os elementos psiquicos são chamados complexus. São sistemas tambem chamados elementares, mas na verdade são eles complicados e do seu entrelaçamento uns com os outros se constitue a trama activa do psiquismo inconsciente. (1920, p. 22)

 

A razão para o pansexualismo - a sexualidade infantil

Franco da Rocha fez uma leitura particular de Três ensaios sobre a teoria da sexualidade de Freud. Segundo ele, foi o estudo e a observação direta de crianças que ajudou Freud a formar sua teoria da origem sexual das neuroses. Para ele, existe sexualidade desde o nascimento; ele chamou de "período de hermafroditismo" (1905, p. 25), onde o instinto sexual se satisfaz sem os órgãos sexuais. Aqui, ele está se referindo ao autoerotismo, em que a libido está ligada na excitação da pele ou das mucosas, nas zonas erógenas, que provocam uma excitação de natureza erótica, e Franco da Rocha cita a boca, o lóbulo da orelha e o pescoço como exemplos dessas zonas. A criança busca excitação para se libertar de um sentimento de tensão, e a principal manifestação da libido é o chupar o dedo, que é confundido com o instinto de mamar.

Para Franco da Rocha, o autoerotismo acaba quando a criança começa a agir e se alimentar como adulto. Logo em seguida vem o período de latência, que vai até a puberdade. Para ele, o período de maior "impressionalidade afectiva" (1920, p. 23) é entre a infância e a puberdade. A educação serve para reprimir alguns desejos de satisfação erótica, fazendo surgir o vexame e o pudor para recalcar esses desejos, produzindo o que ele chama de "esquecimento activo" (1920, p. 27), uma defesa para que o indivíduo não se lembre dos seus desejos. A libido é sublimada em benefício da moral e do intelecto, desviada, então, do objetivo sexual. Assim, ele diz: "Entre as forças que restringem e dominam a direção do impulso sexual, se encontram o pudor, o vexame, a repugnância, a simpatia, as construções da moral e o poder da autoridade" (1920, p. 44).

No caso de não ocorrer a sublimação, como na masturbação, por exemplo, Franco da Rocha assegura:

Quando a energia dinamica sexual rompe as forças sublimadoras, surge ás vezes os actos de satisfação erotica que são punidos pelos educadores como vicios hediondos. Segundo Freud estas repressões podem ser o ponto de partida de futuras nevroses. (1920, p. 28)

Ou seja, pune-se qualquer ato que seja relacionado com o sexual.

Após o período de latência, a excitação sexual volta e, em consonância com o autor, isso acontece através do que ele chama de "meio geralmente mau - colégios, pensionatos etc. - onde se dá a sedução por adultos, ou por outros meninos, e onde se iniciam as praticas que constituem intensos traumas afectivos..." (1920, p. 28).

A censura inibe essas recordações ruins, e elas são esquecidas, guardadas no inconsciente para o resto da vida.

Nesse período de latência, não há objeto nem objetivos fixos; a pulsão é desviada do sexual para outras finalidades.

Na leitura que Franco da Rocha faz do complexo de Édipo, em determinada fase a criança passa a amar a própria mãe através do mamar e das carícias que esta lhe oferece, mas esse sentimento é sublimado com a ajuda da educação. Nessa fase, a menina ama o pai, e o menino, a mãe, e isso ocorre junto a um sentimento de ciúme pelo concorrente do sexo oposto. A fixação inconsciente na fase edipiana dificulta a escolha de objetivos e objetos normais quando adulto.

Os desejos nessa fase podem, inclusive, ser extremos, chegando o ciúme a se tornar um desejo de morte ao concorrente, mesmo que este seja seu próprio pai. Só na puberdade é que esses sentimentos se transformam em devotamento aos pais. Assim como Freud, Franco da Rocha dá ênfase à sexualidade masculina, raramente citando exemplos com a menina.

Além dos três ensaios, Franco da Rocha cita também o estudo de Freud sobre o pequeno Hans (1909), mostrando que, nesse caso, o menino apresentava enorme curiosidade pelas diferenças sexuais. Para o autor, este seria o primeiro passo de independência da criança, não confiando mais, como antes, totalmente nas pessoas de seu convívio.

Sobre a puberdade, Franco da Rocha afirma ser um momento importante e rápido da passagem da sexualidade autoerótica da criança para a anatômica do adulto. As satisfações parciais antes existentes ainda ocorrem, mas só como uma forma de preparo para a finalidade que, segundo ele, é "o intenso prazer da exoneração dos produtos das glandulas genitaes" (1920, p. 37).

Nessa fase, a busca do objetivo e objeto sexual andam em paralelo; não se mantém mais o "hermafroditismo". Como mencionado, agora busca-se o sexo oposto, surge o primeiro amor e, com ele, desaparecem as tendências incestuosas e a libido se dirige para o outro sexo, ainda por influência do complexo de Édipo.

Para o autor, a percepção da diferença dos sexos só acontece efetivamente na puberdade, e essa constatação influencia no desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Em nota de rodapé, Franco da Rocha explica o sentido a que se refere a psicanálise quando fala de masculino e feminino: "Usam-se das palavras masculino e feminino ora no sentido de actividade e passividade, ora no sentido biologico e ora no sentido sociologico. A primeira significação é a essencial e é a unica utilizada na psicoanalise" (1920, pp. 39-40).

Essa diferenciação já era dada antes, mas a atividade autoerótica é igual em ambos os sexos, e é isso que dificulta a percepção:

Com efeito, se se pudesse dar um conteúdo mais definido dos termos masculino e feminino, poder-se-ia avançar a opinião seguinte: a libido é regularmente de natureza masculina, quer no homem quer na mulher, e, se considerarmos seu objecto, este tanto póde ser o homem como a mulher. (1920, p. 40)

A respeito da sexualidade da menina, sustenta que a principal zona erógena é o clitóris, comparável ao pênis no menino. A excitabilidade na vagina ocorre quando a mulher está preparada para a atividade sexual; já o homem conserva como zona principal a mesma da infância.

Assim, Franco da Rocha encerra sua explicação sobre a sexualidade infantil afirmando que a criança já nasce com sexualidade, que se retrai no período de latência, quando ocorre a sublimação. Favorável a essa tese, ele, no entanto, reconhece que: "a existencia da vida sexual da infancia tem sido lamentavelmente posta em duvida; as manifestações sexuaes, que frequentemente se observam nas crianças, têm sido atribuídas a ocorrencias anormaes" (1920, p. 43).

Eis aqui mais uma crítica de Franco da Rocha à sociedade, que não aceitava, e podemos dizer que ainda não aceita completamente, a sexualidade infantil e se prendia a questões hereditárias e biológicas, excluindo a vida psíquica infantil.

 

A teoria dos sonhos

Na apreciação de Franco da Rocha, a psicanálise é um método de suma importância tanto pela sua ênfase no aspecto psicológico quanto pelas possibilidades metodológicas que explora:

A psicoanalise recorre, como método de exploração psicologica, a uma serie de factos que outrora se achavam fora dos processos positivos, tradicionaes, de exame clinico: o estudo dos sonhos, dos devaneios, das fantasias, das distrações e dos menores factos da vida diaria - os erros, os lapsus, os esquecimentos, antipatias, simpatias, cacoêtes e gestos de aparencia inocente e casual. (1920, p. 80)

Apesar de deixar clara a grande importância da obra fundadora da psicanálise, Franco da Rocha declara que a premissa de que através da análise dos sonhos conseguimos acesso ao inconsciente é de Jung.

Feita essa ressalva, ele apresenta uma "pré-história" do estudo dos sonhos, dizendo que, desde muito cedo, filósofos e médicos já se ocupavam disso, como Aristóteles, que afirmava que o sonho tinha origem demoníaca. Nessa perspectiva, a importância de Freud está em ele ter sido o único a falar da possibilidade de o homem se compreender através do sonho. O autor considera que o estudo dos sonhos não condiz com o senso comum das profecias, que podem, sim, ocorrer coincidências, mas elas não têm base científica.

De acordo com ele, as raízes de nossos pensamentos e atos externos estão nas profundezas do inconsciente, mas como não temos acesso a ele, projetamos nossas razões no mundo exterior, como, por exemplo, no caso da fé religiosa:

O consciente ignora muita coisa que o inconsciente sabe. Ahi estão as raizes psiquicas de todas as superstições e presentimentos ligados a factos acidentaes ou casuaes. ... As concepções mitológicas, que existem até hoje, mesmo nas religiões mais modernas, nada mais são do que psicologia projectada no mundo exterior. (1920, p. 86) Corroborando as teses de Freud, ele declara que os desejos tirados da vida psíquica de vigília se forçam a voltar durante o sono, mas de forma disfarçada, sendo sua função a descarga das emoções de vigília: "O sonho é uma realização de desejos, realização disfarçada de desejos recalcados" (1920, p. 87).

Embora leve em conta diferentes fatores que influenciam o "sonhar", desde imagens, ideias, recordações, ruídos ou até dores, assinala que o mais importante são as impressões da infância, que são guardadas no inconsciente e que aparecem no sonho através de fragmentos disfarçados nas representações recentes associadas a elas: "São combinações de complexus activos que tentam se realizar, mas disfarçados pelo trabalho de desfiguração (Traumentstellung). Por ahi se vê que é idêntico o mecanismo dos sonhos e das nevroses" (1920, p. 89).

De acordo com ele, as neuroses são, assim como os sonhos, desejos inconscientes que não podem ser satisfeitos na realidade e que se manifestam "desfiguradamente", nesse caso, através dos sintomas da doença. Esses desejos da vida de vigília são dissimulados pela ação da censura.

Nesse sentido, todos os sonhos são realizações de desejos, até os sonhos de angústia, porque esta é causada pela repressão: "Isto quer dizer que ha desejos que só com desprazer se realizam" (1920, p. 90).

Para exemplificar a censura no sonho, Franco da Rocha cita o caso de uma paciente de Freud que sonha com seu sobrinho morto num caixão e, embora não mencione, trata-se do "Sonho de uma criança morta no caixão", que encontramos no capítulo iv de "A interpretação dos sonhos":

Uma moça, cliente de Freud, que adorava seu sobrinho, viu em sonho o menino morto e colocado no caixão. Ela não lhe desejava a morte, longe disso; mas si tal se desse, ao enterro viria seguramente um homem de quem ela muito gostava e que desejava ver (do Traumdeutung). ( 1920, p. 89)

O sonho, assim, realiza e atualiza um desejo, algo que não pôde ser realizado fora dele.

Para ilustrar melhor os desejos inconscientes que vêm à tona, ele relata:

Freud afirma que os desejos do inconsciente, recalcados desde longa data, são sufocados mas nunca extintos. Quando aparece [uma] oportunidade êles se revelam, como os Titans da Fabula que, soterrados sob as montanhas, vencidos pelos deuses, revelam, de tempos em tempos, as convulsões de seus membros na agitação das montanhas que os comprimem. (1920, p. 90)

Como Freud, Franco da Rocha considera que os pensamentos de vigília (restos diurnos), enquanto tais, são formadores de sonhos. Far-se-ia necessário um desejo inconsciente que, unido ao resto diurno, tenta se satisfazer de forma disfarçada. Esses desejos recalcados se mostram nos sonhos tidos como menos "importantes", tomando muito a atenção do consciente e fazendo com que a censura os deixe passar mais facilmente:

Confessemos francamente: este é o único ponto das doutrinas de Freud em que o espirito habituado às sciencias positivas póde, com plena razão, vacilar, titubear mesmo. Vamos ver que na exegése do simbolismo onirico a imaginação do onirócrita, o coeficiente pessoal, póde influir grandemente no resultado da interpretação. (1920, p. 95)

Com isso, Franco da Rocha pretendia explicar que, para Freud, o ceticismo dos homens já é uma censura. E declara que a doutrina dos sonhos pode se tornar um problema se mal utilizada: "não deixa tambem de ser uma faca de dois gumes em mãos de médicos incapazes" (1920, p. 95).

Ao se referir ao processo de simbolização, ele menciona que é uma forma de o inconsciente lutar contra a censura. O estudo dos mitos, dos folclores, das artes e das religiões são provas de que em outras épocas o simbolismo era a linguagem geral. O simbolismo dos sonhos é resultado de representações e tem significados sexuais. Para elucidar, ele cita exemplos extraídos do livro de Freud supracitado, facilmente localizados no capítulo vi:

Imperador, rei, chefe de governo = pai ou mãe

Bengala, tronco de arvore, serpente, gravata etc. = órgão masculino

Tabaqueira, bolsa, vaso, cofrezinho etc. = órgão feminino (Que significa boceta, na linguagem chula do Brasil. Toda a gente o sabe.)

Flor branca = inocência ou ex-contrário = pecado. (1920, pp. 98-99)

Franco da Rocha, insistindo na temática da figuração, compara um sonho relatado por Freud, extraído do capítulo vi de A interpretação dos sonhos, e outro, que percebemos ao longo da leitura, ser seu.

Ao interpretar o sonho relatado por Freud, Franco da Rocha afirma estar relacionado com a sexualidade reprimida da paciente e fatos da sua infância.

Além disso, faz uma interpretação das palavras proferidas: "Arrancar um, em alemão chulo, significa masturbar-se. ... A palavra ramo significa simbolo do orgão sexual masculino" (1920, p. 101).

Apesar de Franco da Rocha citar o sonho de maneira breve e tentar interpretá-lo, não dá maiores explicações. Mas vemos, claramente, desejos sexuais reprimidos e cenas que foram recalcadas. Vemos também o mecanismo de condensação nas palavras com sentidos "disfarçados" e na sobredeterminação dos conteúdos do sonho. O deslocamento também é encontrado, mudando os sentidos para tornar obscuro no manifesto os conteúdos de valor no latente.

Após apresentar em linhas gerais a temática do funcionamento do aparelho psíquico e das formações do inconsciente através dos mecanismos de formação do sonho, Franco da Rocha passa a narrar seu próprio sonho, aparentemente como uma forma de provar a veracidade das teorias freudianas:

Achei-me num quarto a examinar um doente, não como medico, mas como pessoa de amizade. Desvaneceu-se esta scena sem que eu percebesse a passagem à scena seguinte. Achei-me numa sala de restaurante, cheia de mesas para refeições; sentei-me junto a uma delas e vi chegar-se a mim, com ares amáveis, um moço que apresentava sinaes evidentes de morféa. Fugi para um lado; ele seguiu-me. A falar sempre, muito proximo de meu rosto. Eu, numa aflição horrível deante da impertinencia do moço, não pude conter-me com paciencia e falei alto, para que outra pessoa, que se achava perto, ouvisse bem: você não tem consciencia; é morfetico declarado e está querendo contaminar os outros; está vendo que procuro evita-lo e faz-se [de] desentendido, por maldade de perverso, sem alma. Chamei a pessoa respeitavel, que estava presente, e mostrei-lhe o moço, dizendo ao mesmo tempo: é seu parente, mas é mau e quer transmitir morféa aos outros; repare na cara dele. (1920, p. 102)

A explicação dada para seu próprio sonho começa com simples restos diurnos. Havia visto um doente no dia anterior com a mesma doença de outro que vira vinte anos antes, o qual era o paciente de seu sonho (ou seja, o paciente do dia anterior o fez lembrar e sonhar com o de há anos). Quando viu o paciente da véspera, foi no mesmo momento que foi apresentado a um homem que ele conhecia por sua fama de mau caráter, e este retornou com ele de trem, causando-lhe desconforto. Diz ele que seu sonho foi uma vingança a esse rapaz, chamando-o de leproso e perverso.

Apesar de se tratar de restos diurnos, Franco da Rocha declara que o afeto que acompanhava o sonho já era antigo, e que proveria de sua criação severa, do medo que tinha de seus pais, de más companhias e maus comportamentos.

Mesmo assim, não aprofunda, alegando que seu sonho poderia gerar muitas outras associações, mas o livro não permitia esboçá-las por se tratar de uma tarefa longa e demorada.

Franco da Rocha faz questão de, em tom defensor da separação entre o normal e o patológico, finalizar a narrativa de seu sonho dizendo: "Não ha aqui elemento sexual, porque não se trata de sonho de nevropáta; mas ha satisfação de um desejo, ou melhor, descarga de emoção que se não pôde realizar na vigilia" (1920, p. 104).

Entendemos sua alegação como uma forte resistência em ver que seu sonho também teria uma origem sexual, no sentido próprio de gozo e de satisfação de desejo.

Ao mesmo tempo que parece tentar provar a veracidade das teorias de Freud a respeito dos sonhos, recusa que há um conteúdo sexual e se defende de ser um possível "nevropata". Reconhece, em si, a realização de um desejo, mas não sexual. Mostra-se aberto às teorias da sexualidade e defende um pansexualismo não como crítica negativa, mas, como todos os críticos do pansexualismo freudiano, acaba por recusar uma noção de desejo sexual.

O importante seria, em consonância com Franco da Rocha, através do conteúdo manifesto tentar descobrir o latente e os desejos recalcados. Esse seria o papel do psicanalista, e a melhor forma de se "treinar" isso é tentar interpretar seus próprios sonhos, já que, para ser psicanalista, é essencial conhecer seu próprio inconsciente.

Franco da Rocha conclui que o sonho só chega à consciência depois de ser transformado pela censura. Acontece, então, um processo de regressão, um retorno aos conteúdos infantis. Nesse sentido, a alucinação no sonho só pode ser interpretada porque a excitação tem um caminho regressivo, ou seja, enquanto na vida de vigília a excitação é progressiva, do inconsciente para o consciente, no sono ocorre o contrário.

Em Freud, todas as alucinações, desde um sonho até uma paranoia, são regressões, ou seja, pensamentos transformados em percepção.

Concordando com Freud, Franco da Rocha conclui sua obra afirmando que o sonho não é um "perturbador", mas um "protetor" do sono ele é a realização de "complexos" recalcados e um retorno à infância, aliviando o indivíduo de um recalque difícil, funcionando como uma catarse.

 

Considerações finais

A história nos conta que Freud foi, por vezes, chamado por seus opositores de pansexualista, o que era considerado um grande insulto, uma forma de chamá-lo de pervertido. Para Franco da Rocha, não era esse o sentido empregado pelo termo. Para quem logo se depara com o título de seu livro, acredita se tratar de uma obra dedicada a criticar a psicanálise, mas quem analisa com cuidado percebe o real sentido da palavra empregada pelo autor.

Como desfecho ao objetivo deste artigo, podemos concluir, então, que o termo pansexualismo era utilizado por Franco da Rocha não como os críticos ferrenhos de Freud faziam na Europa, ou seja, não como crítica, mas como característica intrínseca à teoria.

Em conformidade com Franco da Rocha, o pansexualismo seria a psicanálise em sua essência, e a teoria da sexualidade, uma disciplina que estuda a sexualidade infantil, a sexualidade do adulto e desvenda os seus mistérios e implicações na vida mental do indivíduo.

Mais do que procurar conhecer um fragmento da história da psicanálise no Brasil e compreender o que essa grande e importante figura para a história, não só da psicanálise como da psiquiatria brasileira, entendia ser a teoria de Freud, pesquisas históricas, como a que resultou neste artigo, pretendem deixar algumas diretrizes para a melhoria e avanço desses estudos para que a história seja cultivada e nunca esquecida.

 

Referências

Bicudo, V. L. (1948). Contribuição para a história do desenvolvimento da psicanálise em São Paulo. Arquivos de Neuropsiquiatria, 6(1),69-72.         [ Links ]

Franco da Rocha, F. (1920). O pansexualismo na doutrina de Freud. São Paulo: Typographia Brasil de Rothschild & Cia.         [ Links ]

Machado, J. C. (2009). Emergência da psicanálise no Brasil: O pansexualismo de Franco da Rocha. Monografia (Especialização em Teoria Psicanalítica). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (COGEAE).         [ Links ]

Oliveira, C. L. M. V. (2005). História da psicanálise: São Paulo (1920-1969). São Paulo: Escuta.         [ Links ]

Roudinesco E. & Plon, M. (1998). Dicionário de psicanálise. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.         [ Links ]

Sagawa, R. Y. (1994). A história da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo. In Nosek, L. (org.), Álbum de família: Imagens, fontes e ideias da psicanálise em São Paulo (pp. 15-28). São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 22/7/2014
Aceito em: 29/7/2014

 

 

Josiane Cantos Machado josicantosmachado@hotmail.com
1 Artigo publicado anteriormente no periódico Analytica Revista de Psicanálise, especial "100 anos de psicanálise no Brasil", vol. 3, n. 4 (2014), com o título Emergência da psicanálise no Brasil: O pansexualismo de Francisco Franco da Rocha. Parte desse artigo foi extraído da monografia apresentada no Curso de Especialização em Teoria Psicanalítica (COGEAE/PUC-SP), sob a orientação da profa. dra. C. Lucia M. Valladares de Oliveira, em 2009.
2 Antes, Franco da Rocha já havia elaborado a temática no texto "Do delírio em geral", de 1919, elaborado para a sua primeira aula para o sexto ano na Faculdade de Medicina de São Paulo e que, como era costume, foi publicado no jornal O Estado de São Paulo.
3 Optei por preservar a grafia da época nas citações.

Creative Commons License