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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.47 no.87 São Paulo dic. 2014

 

EDITORIAL

 

 

O número 87 conclui o biênio desta equipe editorial (2013/2014) na condução do Jornal de Psicanálise e finaliza, também, a trilogia sobre a "Transmissão da psicanálise". Foram dois anos de trabalho focado no tema a "formação do psicanalista" e, ao mesmo tempo, fizemos uma grande angular sobre a cultura. O projeto editorial preza essa abrangência, acredita que a formação do psicanalista depende do refinamento do seu trabalho analítico, do trabalho consigo mesmo e de sua abertura para o mundo em que nós e nossos pacientes vivemos.

Tudo indica que avançamos um pouco mais nas discussões sobre a formação psicanalítica, reunimos textos das várias tendências da Sociedade, assim como dialogamos com outras importantes instituições do campo psicanalítico de nossa cidade, como o Instituto Sedes Sapientiae e universidades, tais como a PUC e a USP. Toda essa abertura e diversidade de pensamentos sobre a formação dá um vigor às discussões que, por si só, contribuem na formação do jovem colega dentro da SBPSP1 e o analista maduro tem a oportunidade de apresentar ideias e transmitir sua experiência.

Aos poucos todo este material precioso coletado pelo Jornal é metabolizado, elaborado e novas ideias surgem, ao mesmo tempo que descobrimos ser possível conversar de modo animado, sem nos trucidarmos por uma única psicanálise. Ao contrário, todas as psicanálises, as psicanálises possíveis, merecem trabalhar e se confrontar com o pensamento psicanalítico outro, adverso, diverso ou já em verso, de forma a serem pensadas. O Congresso Interno de Atibaia em 2007 foi bastante expressivo nessa direção, e o "I Encontro do Instituto e Jornal de Psicanálise" também caminhou no mesmo sentido. Experiências institucionais de discussões com acolhimento e continência foram apresentadas.

Neste número, na seção temática temos a excelente entrevista e o importante artigo de Howard Levine e Judith A. Yanof; ele, analista, supervisor e membro do corpo docente do Massachusetts Institute for Psychoanalysis (MIP) e do Psychoanalytic Institute of New England East. Na entrevista ele aborda a questão da ética e violação dos limites do enquadre analítico e nas instituições. No artigo ele fala do trabalho realizado pelo Comitê de Educação Psicanalítica - COPE, com o foco específico nos contatos pós-analíticos entre pacientes e analistas após o término da análise didática.

Tanto na entrevista como no artigo, ele aborda certas questões da formação que podem ter implicações na condução e na efetividade da análise didática, assim como no desenvolvimento das culturas institucionais e das relações de poder internas dos institutos. Howard Levine nos estimula a avançar na reflexão sobre as análises didáticas, sob o viés específico da forma um tanto incestuosa que essas análises podem adquirir por estarem tão entrelaçadas com as relações institucionais. Vale acompanhar o trabalho desse autor.

Ainda neste número temos, na seção da AMF, uma ótima entrevista de Ronald Britton, e na seção Tradução, temos o artigo do atual presidente da IPA, o psicanalista italiano dr. Stephano Bolognini, que simpaticamente acolheu o pedido do Jornal para a sua tradução.

Há muito mais o que dizer do que cabe em duas páginas de um curto editorial, mas vocês mesmos irão descobrir folheando e lendo o Jornal. Porém algumas coisas precisam ser contadas.

A equipe editorial, com o apoio do Instituto, da Sociedade e com o suporte administrativo, pôde alcançar algumas conquistas nestes dois anos de gestão: os números 84 e 85 se esgotaram, recebemos uma grande quantidade de artigos para serem publicados, aumentamos o número de bases às quais estávamos indexados, corrigimos aspectos formais e agora estamos acertando a pontualidade do Jornal para que tenhamos uma avaliação melhor frente à Capes.

Estamos recuperando todos os arquivos digitais dos números anteriores do Jornal que nos é possível ter acesso. É importante cuidar da memória e da história de nossa publicação e produção psicanalítica.

Tivemos dois eventos no interior coordenados pelas colegas colaboradoras do Jornal no interior Patrícia Nunes (Marília) e Josefa Maria Dias da Silva Fernandes Trento (São José do Rio Preto), só para citar alguns exemplos.

Para que tudo isso se realizasse, foi preciso ter uma equipe editorial muito preciosa, firme, competente, que trabalhou duro e construiu um projeto em conjunto. A ela o meu profundo agradecimento.

À Marion Minerbo, que se tornou uma colaboradora especial neste projeto, com a Seção "Diálogo com um jovem colega", quero também registrar o meu agradecimento.

Aos colegas da SBPSP e de fora que escreveram artigos e colaboraram com o Jornal, a nossa admiração pela coragem ao desafio da escrita, esperamos que continuem colaborando conosco no próximo biênio, que se inicia em 2015.

Enfim, dois anos de intenso trabalho, mudanças, aprendizado, de aceitar riscos, publicar três exemplares em um mesmo ano, ou seja, algumas noites sem sono, quase à beira das 24/72 e buscar o novo.

Boa leitura e um feliz Ano Novo!

 

Marina Massi
editora
jornaldepsicanalise@SBPSP.org.br

 

 

1 Assim como de muitos outros psicanalistas em formação no país, que podem ter acesso ao Jornal e se beneficiarem dessa rica discussão.
2 4/7 é a expressão de um sistema no qual o próprio ser humano é um empecilho à acumulação ilimitada e sem fim, 24 horas por dia, 7 dias por semana. Expressão usada pelo autor Jonathan Crary em seu livro 24/7- Capitalismo tardio e os fins do sono.

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