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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.48 no.89 São Paulo dic. 2015

 

PSICANÁLISES POSSÍVEIS NA FORMAÇÃO DO ANALISTA

 

Análise didática?1

 

Didactic analysis?

 

¿Análisis didáctico?

 

L'analyse didactique?

 

 

Luís Carlos Menezes

Membro efetivo com função didática na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e membro do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae (São Paulo, SP). luismzes@hotmail.com

 

 


RESUMO

O autor situa a análise didática em relação ao contexto da institucionalização da psicanálise, movida pela preocupação em preservar a sua especificidade, ao mesmo tempo em que, entre os próprios responsáveis, surgem dissidências. Nota que Freud não responde de modo analítico às transferências mobilizadas entre alguns de seus primeiros colaboradores, ao dar prioridade à lógica organizativa, visando a preservação regulamentada de suas descobertas. O autor sustenta que o paradoxo resistencial contido nessa resposta, não analítica, mas institucional, às demandas transferenciais, encontra-se ainda hoje no cerne dos debates que dizem respeito à análise didática na IPA e em suas Sociedades.

Palavras-chave: análise didática, preservação da psicanálise, transferência, poder


ABSTRACT

The author sets the didactic analysis in the context of institutionalization of Psychoanalysis. The worry of keeping the specificity of Psychoanalysis motived this institutionalization, while some dissents arose among those ones who were responsible for it. The author notes Freud had no analytical response to those transferences that were mobilized among some of his first collaborators, when he prioritized the regulated preservation of his discoveries. The author sustains the idea that the "resistantial" paradox in this response - which is not analytical but institutional - to the transferential demands has been found, even today, in the core of the debates that are related to didactic analysis in IPA and other Societies.

Keywords: didactic analysis, preservation of Psychoanalysis, transference, power


RSUMEN

El autor sitúa el análisis didáctico dentro del contexto de la institucionalización del psicoanálisis movido por la preocupación de preservar su especificidad, al mismo tiempo en que entre los propios responsables surgen disidencias. Nota que Freud no responde de modo analítico a las transferencias movilizadas entre algunos de sus primeros colaboradores dando prioridad a la lógica organizativa visando la preservación reglamentada de sus descubrimientos. El autor sostiene que la paradoja "resistencial" contenida en esta respuesta no analítica, sino institucional, a las demandas transferenciales se encuentra aún hoy en el centro de los debates que abordan el análisis didáctico en la api y en sus sociedades.

Palabras clave: análisis didáctico; preservación del psicoanálisis; transferencia; poder


RÉSUMÉ

L'auteur situe l'analyse didactique par rapport au contexte de l'institutionnalisation de la psychanalyse poussé par la préoccupation de préserver sa spécificité, au même temps où des dissidences apparaissent parmi les responsables eux-mêmes. Il observe que Freud ne répond pas de façon analytique aux transferts mobilisés parmi certains de ses premiers collaborateurs, lorsqu'il donne de la priorité à la logique organisatrice, tout en visant la préservation réglementé de ses découvertes. L'auteur défend que le paradoxe de résistante contenu dans cette réponse aux demandes transférentielles, laquelle n'est pas analytique mais institutionnelle, se retrouve encore aujourd'hui dans le sein des débats qui concernent l'analyse didactique dans l'IPA et dans ses Sociétés.

Mots-clés: analyse didactique, préservation de la psychanalyse, transfert, pouvoir


 

 

Começo me referindo a um texto de Freud, publicado em 1912, "Recomendações ao médico que pratica a psicanálise". Neste, à pergunta sobre "como alguém pode tornar-se analista", Freud diz ter respondido, "há algum anos", "pela análise de seus próprios sonhos", para acrescentar logo em seguida que isto, em geral, é insuficiente e manifestar o reconhecimento do que considera "um dos muitos méritos da escola psicanalítica de Zurique", a de ter fixado a "exigência de que todo indivíduo que queira efetuar análise em outros deve primeiramente submeter-se ele próprio a uma análise com um especialista". Desta maneira, acrescenta com propriedade, "ele adquire na própria carne, por assim dizer, impressões e convicções que procura em vão nos livros e nas conferências" (Freud, 1912/2010).

Que uma análise pessoal seja condição para alguém "tornar-se analista" fora estabelecida por Jung - daí a referência à "escola de Zurique", na época em que este era o presidente da recém-criada Associação Internacional, a IPA, sendo esta prescrição encampada em grande parte por Freud, nesta passagem, com um argumento conhecido por nós e que diz respeito ao valor da análise pessoal do analista para sua implicação como analista na análise de outra pessoa.

Freud explicita isso mencionando em favor dessa proposição a "condição psicológica" do analista, que deve ser capaz de usar "seu inconsciente como instrumento na análise", não podendo tolerar em si mesmo "resistências que afastam de sua consciência o que foi percebido por seu inconsciente; senão introduziria na análise um novo tipo de seleção e distorção, bem mais prejudicial do que a produzida pelo recurso à atenção consciente" (Freud, 1912/2010).

No entanto, além de enfatizar a importância da análise prévia para a escuta do analista, Freud vai além, avançando outro problema que a falta de análise pode acarretar, agora não mais para a análise do paciente, e sim para a psicanálise como ciência. O analista, escreve ele, que

desdenhou a precaução de analisar a si mesmo ... corre um perigo mais sério e que pode se tornar perigo para os outros. Ele facilmente cairá na tentação de projetar sobre a ciência, como teoria de validade geral, aquilo que em obscura percepção ele enxerga das peculiaridades de sua própria pessoa, carreando descrédito para o método psicanalítico e desencaminhando os inexperientes. (Freud, 1912/2010)

O "perigo mais sério" é, pois, um "perigo" para o pensamento teórico da psicanálise dentro da nascente comunidade de psicanalistas: por insuficiência de trabalho analítico como analisando, analistas poderão inventar teorias distorcidas como expressão de seus próprios problemas. Além do "descrédito" para a psicanálise pelo modo parcial e equivocado como a entenderão, eles vão, além disso, "desencaminhar os inexperientes" que se submeterem a uma análise com eles.

Em suma, a análise de quem vai ser analista é necessária, segundo Freud, nessa passagem, não só para o desenrolar do processo analítico de seus pacientes, mas também para que os analistas não caiam na "tentação de projetar sobre a ciência, como teoria de validade geral" as suas "peculiaridades" transformadas em pontos cegos.

O contexto do artigo ao qual estou me referindo é o das primeiras cisões com Freud e com a psicanálise: a de Adler, que parte para formar uma "Sociedade de Psicanálise Livre" contra a "oficial", a "ortodoxa"... de Freud, nome que Adler abandona algum tempo depois para chamar definitivamente a sua teoria de "psicologia individual" (Freud, 1914/2012, p. 307); a de Stekel, ruptura mais pessoal que teórica; e a ruptura que, institucionalmente, representava a perda maior, pois envolvia o rompimento com Jung e Bleuler, e que foi consumado em 1913.

A concepção do inconsciente, baseada na postulação do recalque (Verdrängung), com a consequente destituição do Eu como centro unitário da vida psíquica e a natureza sexual das solicitações pulsionais que permeiam a vida psíquica, constitui o miolo da revolução freudiana, o fundamento da prática terapêutica por ele inventada. Esta encontra na transferência como inconsciente em ato o motor enigmático e desafiador do processo analítico.

A "História do movimento psicanalítico" é escrita por Freud em 1914, ou seja, justamente depois dessas cisões, para reafirmar com clareza o que há de radicalmente original em sua invenção e situar a psicanálise em relação a essas cisões, buscando esclarecer em que, cada uma delas, ao diluírem em suas concepções esses fundamentos, de fato não podia mais ser considerada como pertencente ao campo da psicanálise. Eram já outra coisa (Freud, 1914/2012).

Amarga ironia da história, pois Freud havia fundado em 1910, no Congresso de Nuremberg, a Associação Internacional, a IPA, para, por meio dela garantir a psicanálise contra os desvios que pudessem ocorrer em sua difusão, em especial, depois de sua morte. Ora, o presidente, o qual ele queria que fosse vitalício e que acabou, nesse Congresso, por pressão dos participantes, ficando com um mandato de apenas dois anos, era justamente Jung. Antes mesmo de acabar o mandato, o próprio Jung já não se considerava e já não era considerado um psicanalista.

Apesar desse começo desastroso, a "associação oficial" foi mantida: diante "dos abusos a que estaria sujeita a psicanálise", a associação teria função de ser um centro que pudesse, nestes casos, declarar: "a psicanálise não tem nada a ver com todo esse absurdo, isso não é psicanálise", escreve Freud (Freud, 1914/2012, p. 295). Por outro lado, "nas reuniões dos grupos locais, que compunham a associação internacional, seria ensinado como exercer a psicanálise e seriam formados médicos que poderiam ter uma espécie da garantia em suas atividades". Além disso, seria uma maneira de os seguidores da psicanálise poderem "manter laços amigáveis e apoiar-se mutuamente" diante do veto da ciência oficial.

Isto tudo, e nada mais que isso, eu pretendi alcançar com a fundação da Associação Psicanalítica Internacional. Era provavelmente mais do que se poderia alcançar ... eu iria perceber que ele (o novo movimento) não tomava a direção que eu queria lhe dar. (Freud, 1914/2012, pp. 295-296)

Preservar o núcleo duro da invenção freudiana, assegurar a formação de novos analistas e ter uma função solidária contra os ataques ao novo campo do saber é o que Freud esperava das associações de psicanálise ligadas à associação internacional. A formação, tendo, naturalmente, em seu centro, a expectativa de que os novos analistas se submetessem eles mesmos a uma análise.

O surgimento da prescrição e da prática do que foi chamado de análise didática se fez, pois, nesse cenário turbulento, envolvendo conflitos políticos violentos e rupturas brutais, na busca de propostas organizativas, em que alguns chefes das associações tivessem a incumbência e o poder de decidir o que é e o que não é psicanálise, no afã de protegê-la. Mergulhados num clima de militância, em prol da luta por uma causa a ser defendida em sua pureza, o exercício do poder mostra-se de imediato abusivo (Safouan, 2014).2

A análise didática surge, portanto, num contexto dominado pela preocupação defensiva contra os ataques externos à jovem ciência, mas principalmente contra o perigo interno das heresias. O Comitê Secreto foi criado, por sugestão de E. Jones, ao que parece, para trazer uma garantia adicional às propostas organizativas de Freud: tratava-se de um pequeno grupo de discípulos confiáveis, constituído em torno de Freud, para reforçar os cuidados contra a possibilidade de descaracterização da psicanálise. Este - o Comitê Secreto - durou cerca de uma década, até se autodetonar em função de conflitos entre eles, afundando os "ultragarantidores" na desconfiança mútua sobre "os desvios", atribuídos na ocasião a dois deles, Ferenczi e Rank (depois da publicação em coautoria de Perspectivas da psicanálise, seguida do Traumatismo do nascimento, de Rank) (Safouan, 2014). O seleto grupo não teve condições para discriminar afastamento e ruptura com os fundamentos da psicanálise de questionamentos originais, com o poder de relançamentos fecundos de questões importantes dentro da invenção freudiana. E Freud ainda estava lá, participando do dia a dia.

Perplexo com a repetida autofagia dos melhores, dos mais confiáveis, no caso do Comitê Secreto - K. Abraham, H. Sachs, O. Rank, S. Ferenczi e, bem adiante, M. Eitingon e Anton von Freund -, retomo a citação acima, em que Freud afirma em 1914, com candura e inocência, que "o movimento em prol da psicanálise" nas sociedades da IPA "não tomava a direção que eu queria lhe dar" (Freud, 1914/2012, p. 296). Não mesmo, as paixões pareciam particularmente intensas, e acredito que, nessa afirmação, Freud subestima a efetividade e a selvageria das transferências e do inconsciente que ele próprio descobrira e descrevera nas análises, tanto mais que demandas prementes de análise entre seus mais próximos, dirigidas em geral a ele mesmo, não eram ouvidas por ele desde uma posição de analista, preocupado que estava na construção de uma instituição garantidora do novo campo de saber.

A defesa da "causa" ofuscava a sua sensibilidade analítica para as demandas hoje evidentes de escuta e de reconhecimento que lhe eram dirigidas, em seus movimentos transferenciais, por seus colaboradores. Freud desdenhou, com isso, de ser analista e de propiciar momentos que poderiam ter sido decisivos para a vida e para a condição de analista destes, pois o lugar de comandante ensurdecia nele o analista... Ele usava o argumento da "resistência" contra os desacordos e a insistência em questões sintomáticas, ali onde teria sido precioso o reconhecimento interpretativo... (Safouan, 2014).

A instituição tinha seus objetivos racionais compreensíveis, e estes, ao predominarem, tiveram em Freud uma função resistencial que obturou, com consequências trágicas, o acolhimento e o trabalho analítico de solicitações de escuta de movimentos transferenciais particularmente vivos da parte de seus próximos, como Ferenczi e Rank e também, me parece, de Bleuler (Safouan, 2014; Falzeder, 2003).

Podemos pensar que, essencialmente, a análise didática foi mais uma criação na linha da lógica organizativa institucional, como resposta de uma obrigação prescrita, de uma exigência prática encobrindo demandas analiticamente ignoradas. A análise didática surgiu da resistência institucional à análise, especialmente por Freud no início, ele próprio objeto de regressões e demandas transferenciais de seus próximos.

E assim permaneceu. Hoje, o debate sobre a análise didática, seja nos embates na IPA - penso nos que culminaram em alguma diversificação e avanço dos regulamentos no Congresso Internacional do Rio, em 2005 -, seja naqueles que ocorrem no interior das Sociedades a ela ligadas - excetuando-se o caso particular das duas Sociedades francesas, que aboliram essa prática, em particular, da Association Psychanalytique de France (apf), que o fez em 1972 -, pois bem, tais debates nos confrontam com o mesmo cenário: a análise didática como prescrição por parte do grupo societário imbuído da função de garantir a psicanálise, função imaginariamente estabilizadora de uma identidade grupal, na verdade, fictícia e que vem se sobrepor e se impor à análise dos analistas que buscam formação junto à instituição.

Ora, essa é, na verdade, inconcebível - a análise dos analistas, como qualquer análise - se não como resposta a uma busca pessoal, movida por um sofrimento vital e por uma expectativa mais ou menos obscura em relação à análise, com força - no desenrolar do processo - de ser o que o impulsiona.

Análise prescrita e regulamentada como qualificação requerida pela racionalidade formativa da instituição, guardiã da psicanálise, e, em relação à qual, qualquer questionamento ou proposta de mudanças suscita a mobilização militante, guerreira, de colegas bravamente imbuídos da tarefa de salvar a psicanálise a qualquer custo contra a ameaça interna representada pelos demais colegas. A miragem reside na certeza de que têm garantido para si mesmos aquilo que querem garantir nos outros.

Ora, em Freud, há um século, o núcleo duro dos fundamentos que sustentavam o novo campo por ele inventado e descoberto era difícil de sustentar num contexto adverso, mas bem mais difícil de sustentar pela dificuldade intrínseca a seu conteúdo, na medida da estranheza de seu objeto em relação à psicologia corriqueira da experiência imediata para a qual tende sempre a escorregar em busca de compreensibilidade. Aquilo que Freud, em meio a tantos atropelos, queria a qualquer custo garantir estará tão garantido por seus guardiões atuais? Ou não passam eles de meros defensores das inércias da lógica corporativa de sua sociedade?

O quanto desse núcleo duro da invenção freudiana - com todos os fecundos desdobramentos que teve neste século - estará presente na prática clínica e nas modalidades de pensamento psicanalítico desses colegas? O ardor militante pode tomar a forma de um sintoma empobrecedor, o que não foi suficientemente destacado por Freud, em sua angústia de que o campo psicanalítico pudesse vir a desaparecer, se diluir, se descaracterizar com sua morte. Exceto, talvez, já em 1921, no texto voltado para a Análise do Eu - em que pôs em evidência as potencialidades de alienação narcísica na Psicologia das Massas, em torno do ideal amalgamado ao líder, a seu dizer e a sua causa (Freud, 1921/2011).

Ora, passados mais de cem anos, está hoje claro que a psicanálise não precisa de defensores para existir. Ela só precisa de analistas quando, onde e como eles surgirem. E eles não pararam de surgir, desde então, para além das referências associativas, organizativas às quais possam estar ligados.

E quanto à obra de Freud e seus desdobramentos maiores? Evoco, a este propósito, apenas a opinião emitida por J.-B. Pontalis. Ao responder a uma pergunta sobre a longevidade da psicanálise, ele distingue sua prática da obra, dizendo que

a obra de Freud, enquanto obra de pensamento - grande obra de grande pensamento -, permanecerá. Não poderia dizer, no entanto, que ela é imortal, porque não se pode dizer isto de nenhuma obra ... a obra freudiana será, em minha opinião, para sempre fecunda. (Pontalis, 1998, pp. 494-497)

Em função disso considero, hoje, anacrônica a urgência, a angústia, compreensível nos tempos iniciais, em encontrar fiadores e entidades garantidoras dos fundamentos do fazer e do pensar da psicanálise. Desnecessário também esse artefato criado naquela época - a análise didática -, para suprir aquilo em relação ao qual ela só pode atrapalhar, a análise de quem se propõe a ocupar o lugar de analista junto a um analisando.

Embora esse anacronismo venha cedendo terreno, será preciso conviver com ele ainda por algum tempo na maioria das sociedades da IPA. Fica então a questão: alguém em posição de analista, que aceita um pedido de análise, tem a possibilidade de escolher entre ser analista naquela análise, com aquele paciente, e ser analista-a-serviço-do-instituto?

Desejo do analista, na feliz concepção de Lacan, disponível plenamente em sua escuta para o que der e vier no processo que ali se tenta pôr em marcha, ou analista parasitado pelo professor, que em tantos anos, com tantas horas por semana, dará condições para que a pessoa possa preencher o requisito regulamentar de seu currículo formativo?

O analista "em formação", ao ter feito tantas sessões, por tanto tempo, estará, graças a isto, resguardado do "sério perigo" de se perder da psicanálise, ou de vir a se tornar um "perigo mais sério para os outros" e de "desencaminhá-los", para usar as palavras de Freud?

Ou, ao contrário, caso esse embaralhamento, essa dupla mensagem, contamine resistencialmente o processo analítico, seja da parte do analista, seja da parte do analisando, aí sim que o analisando - e o analista também, quem sabe - poderá estar mais que nunca distante da experiência e do que seja a psicanálise.

O desafio para ambos, o desafio para o trabalho analítico, nessas condições, está em sustentar uma condição de escuta analítica, apesar da complicação introduzida pela instituição e seus fins. Parafraseando Pierre Fédida, a análise didática, enquanto for mantida, deve ser encarada como uma análise complicada. Toda diminuição das interferências da instituição só pode contribuir para aumentar as chances da análise e, por isso, serão bem-vindas.

 

Referências

Falzeder, E. (2003). Sigmund Freud et Eugen Bleuler: l'histoire d'une relation ambivalente. Psychothérapies, XXIII (1),1-47.         [ Links ]

Freud, S. (2010). Recomendações ao médico que pratica a psicanálise. In S. Freud, Obras completas (P. C. L. de Souza, trad., Vol. 10, pp. 156-158). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1912)        [ Links ]

Freud, S. (2011). Psicologia das massas e análise do eu. In S. Freud, Obras completas (P. C. L. de Souza, trad., Vol. 15, pp. 13-113). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1921)        [ Links ]

Freud, S. (2012). Contribuição à história do movimento psicanalítico. In S. Freud, Obras completas (P. C. L. de Souza, trad., Vol. 11, pp. 245-327). São Paulo: Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1914)        [ Links ]

Safouan, M. (2014). La psychanalyse. Science, thérapie - et cause. Paris: Thierry Marchaisse.         [ Links ]

Pontalis, J.-B. (1998). Cent ans après - entretiens avec Patrick Froté. Paris: Gallimard.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 4/11/2015
Aceito em: 7/11/2015

 

 

1 Trabalho apresentado no Eixo Didático do XXV Congresso Brasileiro de Psicanálise realizado em São Paulo, de 29 a 31 de outubro de 2015.
2 Agradeço ao meu amigo Marcelo Marques este livro que me foi, aqui, tão valioso.

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