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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.49 no.90 São Paulo jun. 2016

 

DEPOIMENTOS DOS EDITORES

 

1967: Pessanha / Schlomann

 

 

Antonio Luiz Serpa Pessanha

Membro associado da SBPSP. alspessanha@gmail.com

 

 

 

Em maio de 1966, graças ao entusiasmo de um grupo de analistas e à iniciativa da então diretora do Instituto de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, Virginia Leone Bicudo, surgia o primeiro número do Jornal de Psicanálise. O pioneirismo e o sucesso dessa publicação fizeram com que um outro grupo de analistas, um ano após esse início, relançasse a Revista Brasileira de Psicanálise. O Jornal, publicação de um órgão de ensino, visava a desenvolver a pesquisa, o ensino e a divulgação da psicanálise em nosso meio, acima de tudo incentivando nossos colegas que se encontravam no período de formação institucional a estudar, por meio de artigos, levantamentos bibliográficos e traduções, aquilo que estava sendo desenvolvido em nosso meio e internacionalmente, o que era um vasto horizonte de ideias novas e férteis.

Foi justamente nesse horizonte que pude, pelo convite da própria Virginia, minha analista na época, participar do Jornal de Psicanálise. Como candidato, minha participação no Jornal teve início em 1967, e foi uma surpresa quando em 1969 fui convidado a ser redator-chefe. Esse cargo, no entanto, não significava, na época, ser o editor, cargo que não cheguei a ocupar no Jornal, mas sim ser a pessoa responsável por uma série de atividades do Jornal, que demandavam trabalho árduo, que muito me orgulho de ter realizado. Havia, nesse momento, um pequeno número de abnegados que, empreendendo um esforço muito grande, acabaram promovendo um progresso fantástico nesse momento inicial. O Jornal era uma publicação "artesanal". Muitas vezes o datilografávamos e rodávamos no mimeógrafo durante a noite, com ajuda de nossos familiares. Adele Lacotis, sempre muito eficiente, era incansável na execução desses trabalhos para, junto com os editores, concluir a publicação na data estabelecida. Em 1969, a pedido da d. Virginia, redigi o editorial do número 6, no segundo ano da publicação. Chamava-se "Da importância de ser congressista", e referia-se a meu envolvimento no preparo do material que seria discutido no Congresso de Roma, naquele mesmo ano. Estava dedicado a esse tema, e a d. Virginia, uma pessoa de clareza muito grande e enorme poder de síntese, foi capaz de observar que o Jornal poderia ser organizado também por meio de ideias gerais, através de levantamentos bibliográficos, nesse caso, sobre os temas que seriam discutidos nesse congresso. Pedíamos àqueles que sabiam bem alemão, francês, inglês para traduzirem textos considerados importantes naquele momento. Eram necessários, nesse início, boas ideias e muito trabalho braçal. Como candidato e redator-chefe do Jornal, tive o privilégio de participar desse momento inicial e fico muito feliz por ver esse esforço ser levado adiante por todos os que observaram posteriormente a importância do Jornal como veículo de formação e divulgação das ideias que orientam o trabalho dos nossos analistas. Mas era também um trabalho que visava o futuro, embora fosse realizado naquele presente e tivesse igualmente propósitos para aquele momento.

O futuro que enxergávamos era o desenvolvimento da psicanálise em nosso meio, e a formação dos novos analistas por meio do estudo aprofundado. Desse modo, permaneci no corpo editorial do Jornal até 1972.

Minha escolha para releitura é o artigo "Psicoterapia e psicanálise", de Henrique Julio Schlomann, no Jornal de Psicanálise, n. 1, pp. 3-7, republicado no início desta edição comemorativa.

Gostaria de aproveitar e agradecer a iniciativa da equipe editorial do Jornal de Psicanálise, e, em particular, à editora, Marina Massi, de realizar essa edição comemorativa dos 50 anos do Jornal; e convidar os novos analistas e aqueles que ainda estão em formação para lerem os números iniciais do Jornal, como um convite para resgatar a nossa própria história, tomando, deste modo, uma posição diante de nossa árvore genealógica institucional. Na história passada pode-se pressentir o estilo de uma série de grandes analistas e receber a herança que foi deixada para aqueles que puderem recebê-la. Certamente a iniciativa do atual corpo editorial do Jornal de Psicanálise tem esse propósito, de iluminar o nosso passado para abrir as veredas de nosso futuro.

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