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Jornal de Psicanálise

versión impresa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.49 no.91 São Paulo dic. 2016

 

EDITORIAIS DE DESPEDIDA

 

Editoriais de despedida

 

 

Abigail Betbedé

Assim como o autor conversa com o leitor, o Corpo Editorial também desenvolve cada publicação em constante diálogo com seus potenciais leitores, antes que mais nada, sujeitos submersos em diversos contextos sociopolítico-institucionais de uma determinada época. O trabalho invisível de cada membro ganha corpo por meio de sua obra em conjunto: o número. Cada número, por sua vez, faz parte de uma sequência que encarna o pensamento do grupo gestor: a política editorial.

Um dos eixos desta gestão foi resgatar e pôr em pauta a história da psicanálise, o que trouxe à tona a história de nossa Instituição e coincidiu com o privilégio da elaboração do número comemorativo do cinquentenário do Jornal. Estudando os editoriais foi possível identificar movimentos de expansão, regressão e repetição em consonância (ou não) com a conjuntura política/psicanalítica nacional e internacional. Nesse período a equipe editorial funcionou como um laboratório de pesquisa e metabolização, que ousou compilar e criar uma narrativa de parte da sua (própria) história.

Outro eixo de trabalho procurou lançar o Jornal, veículo já maduro e reconhecido de nossa Instituição, portas afora da Sociedade, consolidando um espaço de troca científica com a comunidade psicanalítica, o que demandou aperfeiçoar nossa comunicação com os interlocutores "estrangeiros" e atender, de forma cada vez mais rigorosa, padrões normatizados de publicação. O mais difícil: sem perder nossa identidade.

Esses dois eixos interligam passado, presente e futuro, tempos possíveis se existir a capacidade de simbolizar e pensar, e, nesse sentido, o Jornal ocupa um lugar fundamental, já que não é apenas uma revista científica de qualidade, mas também um instrumento de comunicação institucional. Se a proposta é lembrar para não repetir, a reflexão que gostaria de compartilhar é que não podemos deixar de ler o Jornal. Esta não é uma reflexão simplória: ao bom entendedor, meia palavra basta.

Agradeço à editora e aos colegas do Corpo Editorial os momentos compartilhados e a todos os leitores do Jornal de Psicanálise tornarem possível sua existência.

 


 

Any Trajber Waisbich

Escrever um texto na língua culta e, para além, adjetivar e adverbiar seu conteúdo parece uma heresia nos dias de hoje. Como expressar toda a turbulência destes quatro anos sem lançar mão dessas palavras, que qualificam uma experiência carregada de tons vermelhos, laranjas, por vezes azuis e, por que não, roxos?

Ao fazer parte da equipe editorial de uma publicação vibrante, atual e questionadora do lócus que ocupa na instituição à qual pertence, é inevitável lançar mão deste excesso quanto ao questionamento criativo. Pronto, aí vêm eles, se infiltrando, sorrateiramente, no texto e explicitando minha emoção.

Ao se definir como veículo de expressão vinculado ao Instituto de Psicanálise e órgão responsável pela divulgação de ideias ousadas e novas, esta editoria retoma sua essência traçada e apontada por editores anteriores e transmitida, aqui, em outro patamar. Patamar este, que faz da escolha dos artigos um estudo aprimorado dos temas propostos, levando-se em consideração a coerência do artigo, do lugar do qual o autor narra a experiência observada e revela o fato. A escolha dos textos revela o cuidado em focalizar várias tendências do pensamento teórico-clínico de seus autores.

Os textos estrangeiros ecoam um momento peculiar do Instituto e da psicanálise brasileira, inserida na Cultura à qual pertence e implicada, de forma mais ampla, na tentativa de compreender e dar possíveis respostas a esta realidade mutante. A marca desta editoria é a transgressão das ideias e consequentes ações disparadas por discussões aguerridas de toda a equipe. Foram horas de lutas, de definições de temas e aproximações teóricas que sustentaram estes quatro anos de trabalho em conjunto.

Obrigada, Marina e grupo, por dividirem comigo as dúvidas, as alegrias e as dificuldades inerentes a este trabalho.

 


 

Berta Hoffmann Azevedo

Tornar público, dar voz, eis a vocação de uma publicação. Participar do Corpo Editorial do Jornal de Psicanálise foi aprender a trabalhar nesse sentido, e nas diferentes pontas, desde a concepção de um número até o diálogo com o autor e o trabalho com seu texto, tudo isso sustentado por uma equipe.

Como qualquer definição editorial, a nossa também foi um ato político, e o foi no sentido de se comprometer com uma psicanálise aberta aos movimentos da cultura e interessada no que se tem produzido em diferentes espaços psicanalíticos. A tendência a um diálogo rico com universidades e outras instituições e a ética de acolher o estrangeiro têm se delineado como um mote desta gestão. A publicação se propôs a funcionar como "caixa de ressonância" não só de dentro da instituição psicanalítica de que faz parte, como também da sociedade mais ampla. A inclusão da seção Manifestações, por exemplo, busca dar voz a assuntos que correm o risco de ficar escamoteados, temas esses que mobilizam o mundo à nossa volta e os quais entendemos ser importante pôr a psicanálise para debater, participando do espírito do seu tempo, não apenas dizendo o que pensa, como também sendo sensibilizada pelas produções de outros saberes vizinhos.

A equipe teve o valor da heterogeneidade reconhecida desde a sua composição até a seleção de artigos, mantendo-se crítica e generosa no trato com o trabalho do outro, aberta e interessada pela pluralidade, não buscando forçar concordâncias, mas encontrando na tensão das diferentes ideias o motor maior que dá vivacidade a uma instituição psicanalítica e à própria psicanálise.

Foi um prazer ter estado tão bem acompanhada nessa empreitada!

 


 

Cláudia Amaral Mello Suannes

Ao final de quatro anos, a equipe editorial do Jornal de Psicanálise encerra seus trabalhos e aos 40 minutos do segundo tempo, quando se aproximavam o fim do ano e a sensação de trabalho concluído, a editora convida os integrantes do grupo a escrever sobre a experiência de trabalhar no Jornal.

O inusitado do convite me surpreendeu, mas não deveria ter surpreendido, porque, de certo modo, o grupo veio trabalhando justamente na perspectiva de tentar refletir sobre os movimentos institucionais enquanto estes estão acontecendo e quando deles fazemos parte. O jogo não terminou e prosseguimos nesta tarefa.

Tivemos o privilégio - e o trabalho! - de fazer parte da equipe no ano em que se comemoraram 50 anos do Jornal e para isto fizemos uma mirada retrospectiva em todos os editoriais, porém, o convite da editora foi ainda mais ousado, pois nos chama a pensar sobre nós mesmos no Jornal e a olhar para o Jornal do (e no) momento atual.

Em O que é o contemporâneo? (2009), Agamben distingue o conceito de contemporâneo da noção de atual, reportando-se ao primeiro como uma relação singular com o próprio tempo, isto é, uma não coincidência temporal, marcada por adesão e distanciamento. Valendo-se de imagens que evocam a relação entre luz e escuridão (céu estrelado e capacidade da retina de enxergar na ausência de luz), refere-se a uma obscuridade que só pode ser percebida na medida em que mantém relação com a luz que sua época irradia, definindo, então, a contemporaneidade como uma condição de perceber na obscuridade, tendo como pano de fundo algum registro do que tenha sido a luz. A luz de sua época.

As luzes estão acesas e da minha parte ainda não se criou a penumbra necessária para poder compreender, com um pouco mais de distância, os sentidos do momento que estamos vivendo, seja na instituição psicanalítica da qual fazemos parte, seja naquilo que diz respeito ao momento político brasileiro que atravessamos e que nos atravessa.

Identifico, porém, no grupo editorial do Jornal um desejo de continuidade do diálogo do Instituto com as universidades, com a psicanálise para além da ipa e com as disciplinas que nos permitem sair do modelo "caseiro", por vezes endogâmico, que nos aprisiona na repetição do mesmo. A busca pela pluralidade e os conflitos que dela advêm, presentes até mesmo no interior do grupo editorial, permitem uma forma de contato com o estrangeiro que nos faz estranhar o nosso próprio sotaque e problematizar o que pareceria inquestionável. Penso que a possibilidade de cada um dos integrantes do grupo sustentar suas particularidades e interessar-se pelo outro, semelhante e diferente, contribuíram muito para que este trabalho fosse possível e prazeroso.

 


 

Gustavo Gil Alarcão

Ocupação e investimento

"Nosso projeto foi delineado a partir do eixo da ocupação (Besetzung). Que o Jornal, enquanto espaço potencial, se ocupe e seja ocupado pelos membros e interessados pela psicanálise" (Editorial, Jornal de Psicanálise, v. 84, n. 46, p. 13, junho 2013).

A época, início da minha participação na equipe editorial do Jornal, mar-cava os 47 anos de uma publicação bastante singular. O Jornal percorreu a história de nossa instituição acompanhando os vários movimentos que se sucederam nesses anos. "Uma caixa de ressonância", expressão que surgiu em uma de nossas reuniões, na qual percorríamos os editoriais que lemos para produzir a edição comemorativa de seus 50 anos de vida.

Ocupar e ser ocupado, eis a questão! Antes de tudo, foi fundamental experimentar na carne o processo que se iniciava: ser ocupado pela presença dos colegas da equipe, de suas opiniões, de suas visões de mundo, de suas sensibilidades e trajetórias e da responsabilidade de integrar um grupo de trabalho que se formava naquele momento. Ser ocupado e, ao mesmo tempo, ocupar, participar das discussões, falar, investir, desejar. E, enquanto a equipe se construía, a ocupação se efetivava nos preparando a cada edição para a proposta que tínhamos em mente: oferecer aos membros e interessados um espaço vivo de circulação da psicanálise, que pudesse dar voz àqueles que desejassem falar.

Um espaço potencial se tornou um acontecimento real. Cada edição foi preparada com cuidado e crítica, com prazer e com muito trabalho. Um dos pontos que mais me marcaram foi a proposta de Marina de que não nos portássemos como uma equipe que recebesse artigos e dissesse simplesmente sim ou não, aceitando ou recusando os trabalhos que fossem enviados. As ocupações podem se efetivar pela violência das imposições ou pela legitimidade que alcançam. O projeto editorial priorizou o diálogo, a conversa e a troca entre os pares, entre os iguais (no sentido de sua legitimidade em falar e ser escutado), que foram amplamente respeitados em suas diferenças. A equipe acolheu este projeto e cuidou muito para que não se apresentasse como estrutura assimétrica de simples controle e censura dos materiais enviados. A opção foi pelo trabalho constante de idas e vindas aos textos e autores (fossem quem fossem!). E uma permanente autocrítica, na qual a curiosidade acerca de nossas decisões e opções editoriais mobilizava nossos ouvidos para vozes que poderiam passar silenciosas, não poderíamos matar a flor de Drummond (elas existem!).

Percorremos nesses anos várias lavouras: a formação, as psicanálises possíveis, as questões institucionais, a política, as manifestações culturais e sociais de nosso tempo; as clínicas, as teorias, os teóricos; traduzimos textos importantes, fomos ocupados por textos de vários autores, colegas da instituição, analistas de outras instituições, pensadores que se relacionam com a psicanálise, jovens e experientes; abrimos espaço para a Associação dos Membros Filiados. Trabalhamos, ocupamos, fomos ocupados: participamos dessa história deixando nossa marca nesse longo filme.

Ao encerrar esse percurso fica a boa sensação de trabalho cumprido, da camisa suada. Conscientes da incompletude, das falhas, mas satisfeitos com o que foi possível. O projeto da editora cativou a equipe, que optando pela abertura e pela inclusão das diferentes vozes, trabalhando seriamente para que o Jornal mantivesse seu papel na instituição e ampliasse sua voz fora dela, demonstrando que ciência e política, ideias e sensibilidade, contribuem muito mais quando nos damos conta de suas imbricações, dando voz aos falantes, do que quando tentamos criar espaços de assepsias e hegemonias, abaixando o volume das vozes dissonantes. O Jornal segue seu rumo como uma nau de criatividade, nós desembarcamos, ocupados por essa experiência: o tempo segue!

 


 

Maria do Carmo Meirelles Davids do Amaral

A experiência de participar da equipe editorial é muito interessante.

O que primeiro chamou minha atenção foi o processo de escolha de artigos a serem publicados, em relação aos critérios de qualidade da escrita, do tema e da pertinência político-científica da publicação de determinado artigo.

Atentos ao que ressoa nas entrelinhas do corpo societário, ocupados em seguir as propostas originais do jornal de informar, transmitir e possibilitar uma boa reflexão, como não nos deixarmos conduzir por nossas próprias parcialidades? Informar não é dar uma direção ao pensamento, e sim promover reflexão a partir de dados oferecidos. Fazer parte da equipe editorial é lidar com escolhas.

Coube à equipe editorial cuidar para que a seleção de artigos não correspondesse às entrelinhas de pensamentos individuais, e sim a uma escuta das entrelinhas entre pares. E entre o público-alvo. Existe um público-alvo? Públicoalvo seria o da imaginação do grupo editorial?

No início, havia um leitor específico, no caso, os membros do corpo societário. No entanto, os leitores foram surgindo, e, na interação com aqueles que enviaram artigos, acabamos por descobrir pelo que se interessavam, escreviam, ou buscavam conhecer.

Importante também foi a divulgação, que sai do núcleo inicial fechado e vai em direção a universidades, outros núcleos psicanalíticos, público fora de São Paulo, Internet, traduções em inglês, francês e espanhol.

Existe grande parte do corpo societário que não está em São Paulo, que interagiu e participou ativamente na divulgação do Jornal por meio dos colaboradores das regionais: Glaucia Maria Ferreira Furtado, Josefa Maria Dias da Silva Fernandes, Juliana Picado Alvares Ribeiro dos Santos, Patricia Nunes.

O Jornal de Psicanálise vai ao mundo, recebe e transmite ideias, não é uma publicação somente teórica, mas viva, que acompanha os acontecimentos do mundo que nos cerca. Havia um cuidado em manter o Jornal inserido em um contexto dos acontecimentos teóricos/culturais, sociopolíticos.

A seção História da psicanálise nos conta do passado e a seção Manifestações fala do presente. Riquíssimo foi o contato com uma variadíssima gama de artigos, autores, editora e colegas da equipe editorial.

 


 

Ricardo Trapé Trinca

No filme Nostalgia da luz (2010), de Patricio Guzmám, encontramos uma ideia comovente: mulheres perseguem a história de seus familiares desaparecidos durante o regime militar chileno. No meio da vastidão do deserto do Atacama, procuram pequenos vestígios, fragmentos de ossos, restos de roupas ou qualquer outra marca que possa contar a história daqueles que não puderam ter uma história: seus filhos, maridos ou parentes. Trata-se da história dos desaparecidos ou da história dos derrotados, uma história que tende a ser esquecida e sobrepujada pela história daqueles que venceram. Como psicanalistas, podemos compreender que a história dos derrotados tende a ser aquele tipo de história que traz em seu âmago maior necessidade de escuta e de atenção, até porque podem ser histórias sem história, sem palavras, uma história de silêncios. Mas por que me utilizo desta imagem para celebrar neste momento o término deste ciclo editorial do Jornal? Utilizo-me dela para dizer que durante este período aprendi que, se editamos histórias por meio de artigos científicos, então é necessário ter, como psicanalistas, aquela atenção especial para que nenhuma voz seja perdida ou deixada em silêncio. Mas como fazê-lo? A verdadeira dimensão democrática desta tarefa é de fato consentir na tarefa de ajudar a figurar aqueles pensamentos que precisavam ser mais bem elaborados nos artigos recebidos e em ajudá-los a serem transmitidos, mesmo que pudessem vez ou outra divergir daquilo que pessoalmente acreditávamos como correto. Neste sentido a posição política precisa ser de convergência, para que a tarefa analítica e editorial não se tornem excludentes. Apenas com o intuito de permitir e ajudar a ressoar o que precisa ser ressoado e transmitido é que podemos ajudar no desenvolvimento daquelas ideias que precisam ser desenvolvidas e no reaparecimento de temas que também necessitavam de reelaboração e de uma nova escuta. A tarefa de propor temas em cada número do Jornal decorre exatamente disso, pois aquelas ideias que caem no esquecimento tendem a se tornar, portanto, divergentes e a ganhar uma autonomia muitas vezes perigosa, com a qual geralmente se combate opositivamente, não como dialética, mas como recusa (Verleugnung). Nesse sentido, a tarefa editorial do Jornal tende a ser também uma tarefa analítica par excellence; tarefa esta que fico agradecido por tê-la exercido ao lado da editora e dos colegas do Corpo Editorial do Jornal.

 


 

Suzana Kiefer Kruchin

A proposta da editora de, no último editorial, dar voz a cada um dos participantes do Corpo Editorial, na forma de um pequeno depoimento assinado, reflete o espírito que reinou em nossa equipe durante esses anos todos: o encorajamento a falar em nome próprio, permitindo, assim, que se criasse um espaço democrático, que funcionou como um solo firme que assegura que as ideias possam entrar em tensão em busca de sua melhor forma, de sua abertura às suas próprias possibilidades, sem correr o risco de polarizações disruptivas.

A potência do grupo em sua finalidade de formar um corpo de autores advém da afirmação de cada um de seus membros enquanto autores de seus pensamentos, reflexões, o que só é possível levando-se em consideração a alteridade, num ambiente de fraternidade.

Editar, publicar, dar à luz é tomar partido da verdade daquele que vem fazer-se conhecer pela sua escrita.

 


 

Tiago da Silva Porto

Ao entrar para o Corpo Editorial do Jornal de Psicanálise, ficou logo evidente para mim uma condição indispensável e muito difícil para se exercer este trabalho, que é a de controlar suas próprias ideologias e seus referenciais teóricos, e nesta suspensão se submeter a inúmeras provocações e deixar-se atravessar pela tensão causada pela alteridade corporificada nos inúmeros trabalhos submetidos a avaliação. Confesso que nem sempre tive sucesso. Nós psicanalistas conhecemos bem este trabalho, este esforço constante, quase sempre inglório, em busca de uma certa neutralidade, pois sabemos que é parte natural do dispositivo analítico a liberdade de associação e a força da transferência.

O Jornal é uma publicação que busca, entre outras coisas, refletir a complexidade, a pluralidade e as tensões existentes dentro da SBPSP, sendo esta experiência de tensão, no meu entender, a maior riqueza desta instituição. O conceito de dualidade em Freud tem a sua maior potência não no reconhecimento de campos tópicos opostos, mas sim no campo de força tensional que se cria entre eles, e é imerso nele que todo sujeito e nós psicanalistas inevitavelmente trabalhamos.

As tarefas de sustentar e dar voz à tensão institucional, de deixar ressoar os diferentes grupos existentes dentro da SBPSP, de possibilitar a esta instituição ser atravessada pelas vozes do mundo, e, principalmente, falar ao mundo, foram efetivamente realizadas por este Jornal. E creio que isto não se deu por qualquer sensibilidade particular ou neutralidade individual dos membros do Corpo Editorial. Sustentar, como foi feito, a riqueza dessa tensão não é tarefa solipsista. Só se faz em grupo, e não sei se por qualquer grupo. Penso que tivemos um pouco de sorte neste bom encontro. Formou-se um corpo de trabalho heterogêneo em que a diferença não se escondia, com pessoas consistentemente críticas, mas profundamente generosas, corpo este que só funcionou pelo trabalho constante feito pela editora Marina Massi, que nos ofereceu vigorosamente o oxigênio fundamental, a mais ampla liberdade.

Boas-vindas aos que chegam, e vida longa ao Jornal!

Equipe Editorial

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