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Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.49 no.91 São Paulo Dec. 2016

 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

Marina Massi

Editora jornaldepsicanalise@sbpsp.org.br

 

 

Compreender é saber como seguir adiante.
(L. Wittgenstein)

 

Nosso último número

Este número contempla certas preocupações que marcaram o trabalho editorial nos últimos quatro anos - trabalho que procurou contribuir com temas caros à Instituição, tais como a formação e a transmissão da psicanálise entre nós -, como as de propiciar o diálogo das diferenças e de respeitá-las o máximo possível.

Na seção Manifestações, o artigo da Marion Minerbo, sobre corrupção, traz o esforço de nossa equipe em não dar as costas aos acontecimentos que assolam o país, entre os quais, os abarcados no fenômeno da corrupção sistêmica, que nos forja desde nossas origens até hoje, ambiente no qual estamos submersos enquanto analistas e que demanda uma reflexão mais aguda de todos nós.

Na seção Psicanálises possíveis, temos dois artigos sobre projetos de trabalho na Diretoria de Atendimento à Comunidade. O primeiro, de Ligia Todescan Lessa Mattos et al., versa sobre o conceito de responsabilidade social e narra a experiência de trabalho na DAC sob a presidência de Nilde Parada Franch; o segundo, de Magda Guimarães Khouri e Oswaldo Ferreira Leite Netto, aborda a concepção de psicanálise a céu aberto, que dá sustentação ao projeto da atual diretoria da DAC, sob a presidência de Bernardo Tanis. Ambos revelam diferentes projetos, que se completam em alguns pontos e se contrapõem em outros, mas, essencialmente, merecem dialogar em prol da Instituição e dos conhecimentos a serem desenvolvidos com base nessas tensões e diferenças.

A seção Diálogo com um jovem colega realiza um desejo da equipe editorial, de manter laços intelectuais e clínicos com áreas afins, sempre em busca de interseções criativas que nos possam surpreender com novos problemas ou questionamentos produtivos.

Na seção História da psicanálise observamos um novo território para pesquisas entre áreas, em que a psicanálise comunica-se, e vice-versa, com a antropologia e a sociologia, atendendo novamente o nosso anseio de lançar sementes para uma genealogia já sabidamente cultivada por Freud em seus di-versos artigos sobre cultura. Neste número reapresentamos, em nova tradução, o curioso artigo "Psicanálise do cafuné", de Roger Bastide. É fundamental registrar nosso profundo agradecimento ao professor Claude Ravelet,1 que nos incentivou, colaborou e até viabilizou a autorização dos direitos autorais para sua publicação; à Luísa Valentini, pela sua apresentação às estranhezas do texto de Bastide, com uma linguagem datada que a autora resgata e cuja atualidade demonstra; ao Augusto Massi,2 por sua generosidade em nos ceder contatos que viabilizaram sua publicação e também pela sofisticada revisão do artigo.

Na seção Tradução,3 fomos presenteados com o recente texto "A ideologia é uma posição mental específica. Ela nunca morre (mas se transforma)", de René Kaës, que nos permite pensar o fenômeno do terror e do terrorismo. Seu conceito de ideologia também nos dá instrumentos para compreender e ampliar a reflexão sobre a política de formação do psicanalista contemporâneo e o funcionamento dos grupos institucionais, que transmitem psicanálise e formam analistas. Agradecemos ao professor Kaës por seu verdadeiro empenho em colaborar com o Jornal e nos sentimos honrados em tê-lo em nosso último número, dando sentido ao que entendemos por um pensamento político sob o vértice psicanalítico.

Ao longo da nossa gestão, felizmente, pudemos agradecer a todos4 os que colaboraram conosco para que o Jornal de Psicanálise realizasse o projeto editorial que havíamos sonhado e planejado com tanto afinco.

À equipe editorial, um especial obrigada, minha profunda admiração por tudo o que mostraram ser, a capacidade de fazer e pensar, tudo com muito respeito, em favor do coletivo da nossa instituição.

Hoje terminamos a gestão com a sensação de missão cumprida. Aos próximos editores, Ana Clara Gavião e Celso Camargo, nossos votos de uma excelente gestão e de vivência prazerosa, criativa e desafiadora, que o Jornal nos proporciona a cada novo número. Aos leitores e colegas, obrigada por nos acompanhar.

Boa leitura!

 

 

1 Membro do Centre d'Études et de Recherche sur les Risques et les Vulnérabilités (CERReV), da Universidade de Caen-Normandie, na qual é professor. É rédacteur en chef dos Cahiers d'Études Bastidiennes. Foi cofundador da Associação Bastidiana, que se dissolveu em 2011. Escreveu artigos sobre literatura brasileira e sobre Bastide.
2 Poeta e professor na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da usp. Autor de Negativo, A vida errada e Gabinete de curiosidades (coautoria com Lu Menezes). Concebeu e editou a coleção de poesia Claro Enigma na saudosa Livraria Duas Cidades.
3 Agradecemos a Maria Auxiliadora Alves Cordaro Bichara a entrega do Jornal, em mãos, ao professor Kaës na França e a aceitação do convite de realizar a revisão técnica do artigo.
4 Um agradecimento especial a Mireille Bellelis, pela edição e produção gráfica impecáveis e às muitas horas que passamos juntas sonhando e trabalhando para um número sem erros e esteticamente mais elaborado.

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