SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.50 número92A formação pelo mundo: ideias, modelos e possibilidades de acessoÀ procura do pai: Observações sobre o filme Central do Brasil (Walter Salles, 1998) índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.50 no.92 São Paulo jun. 2017

 

NOTAS INTERNACIONAIS

 

Valores de análise didática pelo mundo

 

Worldwide values of didactic psychoanalysis

 

Precios de análisis didáctico en el mundo

 

Les valeurs de l'analyse didactique par tout dans le monde

 

 

Marielle Kellermann Barbosa

Membro filiado ao Instituto de Psicanálise "Durval Marcondes" da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, SBPSP. Editora da International Psychoanalytical Studies Organization, IPSO, São Paulo. mariellekbarbosa@gmail.com

 

 


RESUMO

Os dados aqui apresentados referem-se a valores pagos pela sessão de análise didática por candidatos em formação. O levantamento foi realizado por meio de canais de comunicação existentes entre colegas participantes da ipso (Associação Internacional de Candidatos) que fazem formação em institutos filiados à IPA em 27 diferentes cidades do mundo. Trata-se de um levantamento informal, e não de uma pesquisa com os rigores metodológicos pertinentes; porém, considera-se que, sendo verdadeiros os valores informados, servem como referência para revelar institutos, cidades e países onde a formação é mais acessível ou mais elitizada. Tal levantamento foi feito para debater questões no Simpósio Anual da AMF (Associação de Membros Filiados) "O silêncio sobre o custo e o custo do silêncio na formação psicanalítica", que aconteceu em março de 2017.

Palavras-chave: custo, dinheiro, formação, cultura


ABSTRACT

The data presented herein are regarding amounts of money which candidates in psychoanalytic training have spent for sessions of didactic psychoanalysis. The data collection was made through communication channels that exist among colleagues who are part of ipso (International Psychoanalytical Studies Organization). These colleagues are training in institutes that are affiliated to IPA in 27 different cities around the world. This data collection is informal; it has not resulted from a research made with due methodological rigor. However, the author continues, since the values informed herein reflect reality, they can be taken as a reference to reveal institutes, cities, and countries in which psychoanalytic training is more accessible to everyone, and those in which it is more restricted to the elite. The purpose of this data collection was to feed the debate at the AMF's Annual Symposium (AMF - Affiliated Members Association) "The silence about cost and the cost of silence in the psychoanalytic training", which happened in March of 2017.

Keywords: cost, money, training, culture


RESUMEN

Los datos presentados aquí se refieren al precio de la sesión de análisis didáctico que pagan los candidatos en formación. El levantamiento fue realizado a través de canales de comunicación existentes entre colegas participantes de la ipso ( International Psychoanalytical Studies Organization) que hacen formación psicoanalítica en institutos afiliados a la IPA en 27 ciudades del mundo. Se trata de un levantamiento informal de datos y no de una investigación con los rigores metodológicos pertinentes. Sin embargo, se considera que, siendo verdaderos los valores informados, sirven como referencia para revelar en qué institutos, ciudades y países la formación psicoanalítica es más accesible o en cuales es más elitizada. Ese levantamiento fue realizado para debatir estas cuestiones en el Simposio Anual de la AMF (Asociación de Candidatos) "O silencio sobre el precio y el precio del silencio en la formación psicoanalítica", que ocurrió en marzo de 2017.

Palabras clave: precio, dinero, formación, cultura


RÉSUMÉ

Les données présentées ici concernent les valeurs payées pour la séance d'analyse didactique par des candidats en formation. Ces informations ont été réunies au moyen de canaux de communication existants entre des collègues qui participent à l'ipso (International Psychoanalytical Studies Organization) qui suivent leur formation dans des instituts affiliés à l'ipa dans 27 différentes villes du monde. Il s'agit d'une enquête informelle et non d'une recherche suivant les rigueurs méthodologiques pertinentes, néanmoins, on considère que, si les valeurs présentées sont vraies, elles servent de référence pour divulguer des instituts, des villes et des pays où la formation est plus accessible ou plus élitiste. Ce recueil a été fait pour débattre des questions au Symposium annuel de l'AMF (Association des Membres Affiliés): "Le silence sur le coût et le coût du silence, chez la formation psychanalytique", qui a eu lieu en mars 2017.

Mots-clés: coût, argent, formation, culture


 

 

Como representante da ipso (International Psychoanalytical Studies Organization) na AMF (Associação dos Membros Filados - Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo), foi-me pedido para fazer um levantamento dos valores pagos pelos candidatos (chamados membros filiados em São Paulo) a seus analistas pela sessão de análise didática.

A ideia era ter um valor para comparar o custo da formação em diferentes cidades do mundo, já que, sendo o valor pago pela análise didática a maior despesa, poderíamos ter uma base de referência para saber em quais países e cidades a formação era mais acessível e em quais era mais cara.

Essa iniciativa partiu da diretoria da AMF para a preparação do seu Simpósio Anual "O silêncio sobre o custo e o custo do silêncio na formação psicanalítica", que aconteceu no dia 25 de março de 2017, na sede da SBPSP.

O propósito do Simpósio era levantar uma questão fundamental: que analistas a SBPSP quer formar?

Pensando e me preparando para este Simpósio, que muito me agrada ao tocar em um tema desafiador como este, li artigos a respeito do valor simbólico do dinheiro, da questão da analidade, e autores que fazem dialogar Freud e Marx, pensando no valor de troca do trabalho, da alienação do trabalho analítico como mercadoria etc. Em contato com esse material teórico, pensei em deixá-lo para os seminários, leituras individuais, e falar com base em minha experiência prática tomando contato com essas questões.

Fiz duas perguntas a colegas de várias cidades do mundo: quanto custa - em dólares - uma sessão de análise didática e se havia alguma outra forma de pagar pela formação, que não fosse exclusivamente por meio do pagamento individual direto, tal como reembolsos de seguros de saúde particular, sistema público, bolsas etc.

Mandei e-mails, mensagens de WhatsApp a colegas peruanos, argentinos, italianos, norte-americanos etc. As respostas foram chegando, de maneira direta e sem questionamentos: Guadalajara, 35 dólares; Barcelona, 64 dólares; Toronto, completamente coberto pelo sistema de saúde público; e assim por diante.

Quando perguntei aos colegas do meu Instituto, percebi que tinha criado um mal-estar.

Ninguém se sentia à vontade para responder.

Perguntei-me: qual será a diferença? Aqui as pessoas se conhecem? Conhecem os analistas uns dos outros? Saberiam que o colega paga mais ou menos do que outro que faz análise com a mesma pessoa?

Seria vergonha de pagar muito? De pagar pouco? De ficar claro que é impossível pagar esse valor com base no próprio trabalho no consultório?

Eu sabia, mas fazer essa pergunta "Quanto você paga por sessão ao seu analista?" deixou evidente o caráter de tabu que o dinheiro tem em nossa formação.

A respeito dos dados aqui expostos, é importante salientar que correspondem a valores reais que as pessoas estão pagando, atualmente, por suas análises didáticas em suas respectivas cidades, mas não significa que o valor apresentado seja o único e o mesmo naquela cidade entre todos os candidatos, podendo haver variações - exceto aqueles que estão descritos como "valores fixados pelo instituto", pois existem institutos de formação que estabelecem um valor comum a ser cobrado por sessão de análise didática de todos os candidatos.

Acreditamos que, mesmo que o levantamento seja informal e não possa ser considerado uma pesquisa com os devidos rigores metodológicos, presta-se como um parâmetro para as discussões feitas no Simpósio e, com certeza, para outras posteriores, no que se refere a identificar os institutos mais e menos acessíveis à formação.

Segue a observação de que nos Estado Unidos existe uma possibilidade de cobertura grande por parte de seguros de saúde, São Paulo figura como uma das cidades mais caras para se fazer a formação, ficando atrás de Zurique, na Suíça, considerada uma das cidades mais caras para se viver no mundo.

Seguem, a seguir, os dados obtidos.

 

 

 

Recebido em: 26/4/2017
Aceito em: 27/4/2017

Creative Commons License