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Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.52 no.96 São Paulo jan./jun. 2019

 

THANATOS

 

O ódio em análise1

 

The hate in analysis

 

El odio en análisis

 

La haine en analyse

 

 

Douglas Rodrigo PereiraI; Nelson Ernesto Coelho JuniorII

IPsicanalista e doutorando em Psicologia Experimental pelo Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP). Bolsista CNPQ. São Paulo. pereira.dougrodrigo@gmail.com
IIProfessor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IPUSP), psicanalista e autor de Dimensões da intersubjetividade (2012) e Adoecimentos psíquicos e estratégias de cura. Matrizes e modelos em psicanálise (2018), em coautoria com Luis Claudio Figueiredo, entre outros livros e artigos em periódicos nacionais e internacionais da área. São Paulo. ncoelho@usp.br

 

 


RESUMO

Neste artigo, temos o objetivo de pensar sobre a presença do ódio do analista e do analisando em uma análise. Para tanto: 1) apresentamos algumas considerações de analistas sobre o ódio; 2) indicamos as principais postulações de Freud sobre este afeto; 3) abordamos as contribuições de Winnicott sobre a precedência do ódio da mãe/analista em relação ao ódio do bebê/analisando; e, 4) para ilustrarmos a presença ódio na situação analítica, apresentamos o fragmento de um caso. O ódio pode se manifestar de uma maneira mais relacionada à ambivalência e à frustração, bem como pode ser uma manifestação de um estado narcísico. Destacamos a necessidade de o analista avaliar a natureza e qualidade de seu ódio e do ódio de seu analisando, levando em conta que esses ódios podem ser expressões de diferentes dimensões psíquicas.

Palavras-chave: ódio, narcisismo, pulsão de morte, ódio na contratransferência, destrutividade


ABSTRACT

In this paper the authors aim to think about presence of analyst hate and analysand hate in analysis. In order to do so, 1) we present some considerations to this matter; 2) we indicate the main Freud's postulate about this affect; 3) we approach Winnicott's contributions about hate of mother/analyst precedence related to hate of baby/analysand; and 4) to illustrate hate presence in the analytic situation it is been used fragment of a case. Hate manifestations can be aimed to more related to ambivalence and frustration, as well as its can be narcisical state. Highlighting the analyst necessity to evaluate the nature and quality of its own hate and the hate of his analysand, considering that these hates can be expressions of different psychic dimensions.

Keywords: hate, narcissism, death drive, hate in countertransference, destructiveness


RESUMEN

En este artículo, tenemos el objetivo de pensar sobre la presencia del odio del analista y del analizando en un análisis. Para ello: 1) presentamos algunas consideraciones de analistas sobre el odio; 2) indicamos las principales postulaciones de Freud sobre este afecto; 3) abordamos las contribuciones de Winnicott sobre la precedencia del odio de la madre/analista en relación al odio del bebé/analizando; y 4) para ilustrar la presencia del odio en la situación analítica, presentamos el fragmento de un caso. El odio puede manifestarse de una manera más relacionada a la ambivalencia y a la frustración, así como puede ser una manifestación de un estado narcísico. Destacamos la necesidad del analista de evaluar la naturaleza y calidad de su odio y el odio de su analizando, considerando que estos odios pueden ser expresiones de diferentes dimensiones psíquicas.

Palabras clave: odio, narcisismo, pulsión de muerte, odio en la contratransferencia, destructividad


RÉSUMÉ

L'objectif de cet article est de réfléchir à la présence de la haine de l'analyste et de l'analysant dans une analyse. Pour ce faire: 1) nous présentons des commentaires d'analystes sur la haine; 2) nous indiquons les principales formulations de Freud sur cet affect; 3) nous abordons les contributions de Winnicott sur la préséance de la haine de la mère/analyste par rapport à la haine du bébé/analysant; et 4) afin d'illustrer la présence de la haine dans la situation analytique, nous présentons le fragment d'un cas. La haine peut se manifester d'une façon plus liée à l'ambivalence et à la frustration, ainsi que peut être une manifestation d'un état narcissique. Il faut que l'analyste évalue la nature et la qualité de sa haine et la haine de son analysant, étant donné que ces haines peuvent être des expressions de différentes dimensions psychiques.

Mots-clés: haine, narcissisme, pulsion de mort, haine dans le contre-transfert, destructivité


 

 

Introdução

O ódio é um afeto humano inegável. Ele revela a existência de uma dimensão psíquica de destruição que pode ter como alvo o Eu e o objeto (Jeammet, 2005). Além disso, destacam-se as suas funções de auxiliar o processo de separação entre o Eu e o objeto e de manter a sobrevivência psíquica2 (Barros, 2013). Neste artigo, temos o objetivo de pensar sobre a presença do ódio do analista e do analisando em uma análise. Com Winnicott (1947/2000c), partimos do pressuposto da existência, em todo processo analítico, de algum grau de ódio no analista. Primeiramente, abordamos algumas considerações importantes sobre o ódio. Em seguida, apresentamos as principais postulações de Freud sobre esse afeto. Ademais, enfatizamos as contribuições de Winnicott sobre a função psíquica do ódio da mãe/analista no desenvolvimento emocional. Posteriormente, trabalhamos com fragmentos de um caso clínico, com o objetivo de ilustrar a ação e os efeitos do ódio na situação analítica.

 

Algumas palavras sobre o ódio

Em nosso meio, Cromberg (2010) analisa a paranoia como um destino para o ódio. Ela acentua como a impossibilidade de viver e entrar em contato com fantasias arcaicas, vinculadas ao ódio, torna-nos suscetíveis à nossa própria agressividade e à agressividade do outro. Barros (2013), por sua vez, estuda o ódio como um fenômeno paradoxal: ele possui uma dimensão destrutiva e, concomitantemente, exerce uma função psíquica de conservação narcísica. Essa conservação possibilita a construção da diferenciação entre o Eu e o objeto. Ao odiar, o Eu exerce sua autonomia e sua diferença em relação ao objeto odiado. Por esta razão, portanto, relacionar o ódio apenas à destruição traria uma diminuição de sua amplitude e complexidade fenomênica e conceitual.

Bollas (1987/2015) aponta a existência de um ódio não destrutivo. Em sua opinião, pouco se tem dado valor a esse aspecto positivo do ódio, pois se enfatiza a relação entre o ódio e a destruição. O ódio, todavia, pode buscar a preservação do objeto, não a sua destruição. Odiar apaixonadamente o objeto seria uma forma de mantê-lo vivo. Em uma análise, existem analisandos que precisam fazer com que o analista os odeie, constituindo, pela via odiosa, um tipo de ligação com o objeto. Odeia-se para manter algum grau de contato humano. Assim, o ódio amoroso seria uma defesa contra o vazio objetal e atuaria para a manutenção da vida. A perspectiva de Bollas é tributária das concepções de Winnicott (1947/2000c) sobre o papel do ódio da mãe na gênese do ódio do bebê. Posteriormente, voltaremos ao pensamento de Winnicott.

Pontalis (1991) ressalta como o ódio pode constituir uma forma consistente de relação com o objeto. Como o ódio buscaria a aniquilação do objeto, visto que é do objeto odiado que ele, ódio, necessita? Não haveria o objetivo de aniquilação: odeia-se para manter o contato com o objeto odiado.

Minerbo (2009) descreve diferentes modalidades de "ódios". Há distintas dimensões e matizes desse afeto. Ele permeia fenômenos de ordem psicótica, como vemos na paranoia, assim como está presente, em alguma medida, em situações clínicas relacionadas à triangulação edípica. Além disso, a autora apresenta uma importante distinção entre o ódio e a raiva. No primeiro afeto, há um funcionamento psíquico de ordem mais psicótica, pois "o Eu está ameaçado e precisa destruir a fonte de ameaça" (p. 333). Trata-se, dessa maneira, da necessidade de destruição do objeto para que o Eu possa sobreviver. Ao passo que a raiva apresenta uma dimensão menos crua e visceral, porque se trata de uma expressão da frustração da satisfação de desejo. Nas neuroses, prevalece o registro da vida psíquica relacionada às experiências de prazer-desprazer. Enquanto nos estados psicóticos e borderline, as falhas do objeto primário são vividas no registro da sobrevivência narcísica. Lembremos que, mesmo em entidades psicopatológicas predominantemente neuróticas, encontramos núcleos psicóticos. Há uma interação entre os registros psíquicos mais relacionados à neurose ou à psicose. Por esta razão, mesmo em quadros neuróticos, podemos defrontar com o ódio mais narcísico e paranoico.

 

O ódio e o narcisismo

Desde o início de sua obra, Freud ateve-se à hostilidade humana. Inicialmente, a dimensão hostil se fez presente como representante do sadismo e da ambivalência em relação às imagos parentais (1900/2013; 1905/2016). Em o "Homem dos ratos" (1909/2013b), ele iniciará uma mudança substancial em sua compreensão do ódio. A novidade é que, antes de 1909, as neuroses se constituíam no conflito e na defesa contra os impulsos sexuais inconciliáveis com exigências das pulsões de autopreservação. Aqui, com a neurose obsessiva, há um novo elemento central: o recalque do ódio ao pai. Será somente em 1915, após a introdução do narcisismo, que o ódio passará a ter um estatuto mais claro na metapsicologia (Menezes, 2001).

Antes do texto sobre o narcisismo (Freud, 1914/2010b), o ódio também teve um papel na construção da metapsicologia da paranoia. Em Schreber (Freud, 1911/2010d), o ódio é uma forma secundária e defensiva contra o desejo homossexual pelo pai: o amor ao pai é transformado em ódio. Nessa entidade psicopatológica, o mecanismo de projeção e a regressão da libido ao narcisismo são característicos. O amor ao homem seria um retorno ao amor a si. De maneira ainda rudimentar, vemos a aproximação entre o ódio e o narcisismo.

Em "Os instintos e seus destinos" (1915/2010f), pela primeira vez, o ódio é articulado claramente ao narcisismo. O ódio passará a ser compreendido como uma experiência primordial do humano diante da frustração das exigências pulsionais e de um objeto que estimula e exige trabalho do aparelho psíquico. Se, por um lado, o objeto nutrirá o bebê, suprindo-lhe as necessidades fisiológicas, por outro, ele será vivido como um intruso e diferente ao Eu-prazer. Temos um paradoxo: o ódio surge do contato com o objeto que, ao mesmo tempo, conserva o Eu e é estranho a ele (Menezes, 2001).

Como vimos, o objeto é levado ao Eu, desde o mundo exterior, primeiramente pelos instintos de autoconservação, e não se pode descartar que também o sentido original do ódio designe a relação para com o mundo exterior alheio e portador de estímulos. A indiferença se liga ao ódio, à aversão, como um seu caso especial, após ter surgido primeiro como seu precursor. O exterior, o objeto, o odiado seriam sempre idênticos no início. Se depois o objeto se revela fonte de prazer, ele será amado, mas também incorporado ao Eu, de modo que para o Eu-prazer purificado o objeto coincide novamente com o alheio e odiado. (Freud, 1915/2010f, pp. 75-76)

O ódio, antes de ser destruidor, é separador: separa um dentro e um fora (Jeammet, 2005). O bom é introjetado e vivido como prazeroso; o mau é expulso e vivido como externo. Nesta perspectiva, o ódio cria o objeto. A primeira relação, a origem da alteridade, se dá no ódio e pelo ódio. Na fase de desenvolvimento oral da libido, temos em ação o mecanismo de introjeção do objeto prazeroso. Come-se e engole-se o bom; rejeita-se e cospe-se o ruim. Assim, "para o Eu, o que é mau e o que é forasteiro, o que se acha de fora, são idênticos inicialmente" (Freud, 1925/2011, p. 278).

Com o narcisismo, o ódio vai se destacando como fenômeno de fundação do aparelho psíquico (Menezes, 2001). No citado texto de 1915, o ódio e o amor são qualitativamente distintos, sendo este primeiro mais primordial do que o segundo. O que é prazeroso ao Eu-prazer é introjetado, e não será mais vivido como externo. O que era externo passa a ser interno e é amado como parte do Eu-prazer. Com isso, o Eu-prazer percebe o externo como desprazeroso e mau. Narcisicamente, quando o objeto não é fonte de prazer, nós o odiamos. Assim, à medida que o objeto se apresenta, ele é vivido como perigoso à manutenção narcísica do Eu-prazer. Trata-se, portanto, de um ódio narcísico (Mezan, 2014), pois ele visa manter o fechamento narcísico do mesmo e é avesso à alteridade.

 

Ódio, pulsão de morte e pulsão de destruição

Na melancolia (1917/2010c), o ódio ao Eu revela um ódio ao objeto introjetado. Trata-se de uma forma de sofrimento que denota o papel do objeto na constituição psíquica. É o outro dentro que é odiado; o outro em mim que será investimento de ódio. Após a postulação da segunda teoria das pulsões, o ódio melancólico será uma forma de manifestação direta da pulsão de morte (Freud, 1923/2011b).

Em "Além do princípio do prazer" (Freud, 1920/2010), a pulsão de morte está relacionada à compulsão à repetição, à tendência ao desligamento e ao retorno ao estado inorgânico. Não há um efetivo destaque para o ódio e a destruição. Será em "O eu e o id" (1923/2011b) que a pulsão de morte passa a ter um estatuto odioso e destrutivo. Ela, como a mais primitiva das pulsões, como pulsão sem representação, seria fusionada com a pulsão de vida - o que balancearia a dualidade pulsional, produzindo, a partir desta fusão, ligações e desligamentos. Nesse contexto, o ódio terá dois alvos: a) o Eu, quando fenômenos como os ataques sádicos do Supereu ao Eu, a necessidade de punição, a reação terapêutica negativa e o sentimento inconsciente de culpa indicariam a sua ação e os seus efeitos internos. Além disso, b) temos os ataques aos objetos; nesse caso, o ódio ao outro seria uma forma de exteriorização do ódio advindo da pulsão de morte, constituindo, assim, a pulsão de destruição.

Em outros momentos, Freud também vincula o narcisismo à pulsão de morte. A interpretação de Freud do fenômeno por ele chamado de narcisismo das pequenas diferenças (Freud, 1930/2010e) acentua como o outro, por mais que possa se assemelhar a mim, será alvo de minha hostilidade e ódio. Na busca pela preservação do idêntico, cada pequena diferença acentua o narcisismo e o fechamento para a alteridade.

 

A agressividade primária e o amor primário

Até o momento, vimos como o ódio se configura na metapsicologia freudiana. Nela, pouco se discute a qualidade do objeto primário para o desenvolvimento do ódio. Em Winnicott (1947/2000c, 1950/2000a), encontraremos postulações sobre a importância do objeto primário para o surgimento da capacidade de odiar do bebê/analisando.

A agressividade é um fenômeno primário (Winnicott, 1950/2000a). Ela se manifesta por meio da motilidade do bebê. Na origem, a agressividade se relaciona com o amor primitivo, que é imperativo e desmedido. Nesse momento inicial, quando o bebê não existe sem os cuidados do ambiente, ele ainda não tem a capacidade de se responsabilizar por seus atos. Aos olhos de um observador externo, o bebê, ao morder e exigir os cuidados maternos, demonstra raiva e realiza atos destrutivos contra a mãe. Do ponto de vista do bebê, todavia, não existe intencionalidade em seus atos, pois não há integração possível para que ele possa intencionar algo. Com efeito, "o ódio é um fenômeno relativamente sofisticado e não se pode afirmar que exista nesses estágios iniciais" (Winnicott, 1950/2000a, p. 296, grifos nossos). Apenas após ter alcançado certa integração, bem como ter conquistado a capacidade de se relacionar com os objetos totais,3 a criança poderá odiar.

No início da vida, estamos no estágio do pré-concernimento e da dependência absoluta do bebê em relação ao ambiente. Nesse momento, tem-se o amor primário e a agressividade, e não há ódio e destrutividade. Posteriormente, na fase do concernimento, há uma separação e a consideração sobre a figura da mãe e dos objetos. Alcança-se e se conquista a capacidade de sentir culpa. Com certa integração tendo sido alcançada, a frustração passa, agora, a ser fonte de raiva e de ódio. Desta maneira, o ódio possui uma história de desenvolvimento que vai da dependência absoluta do bebê (a agressividade primária, o amor primário e a indiferenciação entre bebê e ambiente) à dependência relativa e à fase do concernimento (diferenciação entre Eu e ambiente, estabelecimento de relações de objetos totais, capacidade de usar os objetos e a conquista da capacidade de intencionar algo e sentir culpa). Nesta última fase, o desmame e a desilusão provocarão reações no bebê, e a mãe saudável deve usar a sua agressividade e o seu ódio a fim de promover um ambiente adequado para que o processo de desilusão continue ocorrendo (Dias, 2012).

 

O ódio da mãe/analista

Em "O ódio na contratransferência" (1947/2000c), Winnicott, baseado em seu trabalho com psicóticos e pacientes severamente regredidos, amplia a importância da análise do ódio para a prática clínica. O analista odiará o seu analisando. Ao invés de negar o ódio, negação que indicaria uma dificuldade em viver e suportar esse afeto, cabe ao analista aceitá-lo e fazê-lo ser um objeto de análise. Apesar de o foco ser o ódio vivido em relação ao psicótico, Winnicott amplia a sua afirmação: em toda análise, de alguma forma, algum grau de ódio se manifestará na contratransferência.

Na psicose, e nos momentos de regressão à dependência, o ódio do analista será mais intenso, pois o psicótico demanda cuidado ambiental incessante. Do analista, será exigida uma disponibilidade de cuidado que, inevitavelmente, despertará ódio. O ódio está presente em qualquer análise, visto que é parte da ambivalência humana, mas, no caso de pacientes com falhas graves no desenvolvimento, o ódio não é vivido no registro da ambivalência. Trata-se de uma modalidade de afeto que tem como raiz o momento de dependência absoluta do bebê. Não há Eu e outro; não há externo e interno; não há objeto a ser odiado ou amado. Estamos no mundo das intensidades corporais e da agressividade primária. Não há ódio do bebê pela mãe/analista, visto que não há mãe, nem tampouco analista. Com a exigência impiedosa e excitada do bebê, contudo, a mãe/analista, legitimamente, odeia-o. É neste sentido que o ódio da mãe/analista antecede ao ódio do bebê.

O bebê só alcançará a capacidade de odiar se o ambiente favoreceu o desenvolvimento dos processos psíquicos primitivos (integração, personalização e realização) (Winnicott, 1945/2000b). São esses processos que possibilitam a integração do bebê rumo à fase de dependência relativa. O ódio legítimo e verdadeiro só poderá ser vivido pelo analisando se a mãe/analista conseguir viver e sustentar o próprio ódio (Winnicott, 1947/2000c). O ódio, aqui, não consiste em destruição, mas em autonomia do objeto. Para odiar, será necessário a criança ser uma pessoa inteira. Para tanto, o ódio da mãe é fundamental. Somente uma mãe capaz de odiar o seu bebê pode favorecer um ambiente facilitador e de sustentação para as experiências do amor primário, da agressividade/motilidade, da ilusão e da desilusão.

 

A destrutividade e o uso do objeto

A capacidade de odiar é um desdobramento saudável da agressividade primária. Alcançada certa integração, começa-se a estabelecer a distinção entre Eu e outro. Neste processo contínuo de diferenciação, a criança, inicialmente, ainda mantém contato apenas com os objetos subjetivos, ou seja, objetos construídos por sua fantasia onipotente. Com o paulatino processo de desilusão, abre-se espaço para a construção da capacidade de usar os objetos. Didaticamente, podemos pensar: 1) com o estabelecimento de uma diferença inicial entre Eu e ambiente, inicia-se a capacidade de se relacionar com os objetos. Estamos, contudo, ainda no mundo dos objetos subjetivos. 2) Após a conquista da capacidade de perceber e usar esses objetos, alcança-se a possibilidade de ter contato com os objetos objetivos, isto é, objetos externos que não foram construídos pela fantasia onipotente da criança (Winnicott, 1969/1975b). Temos, assim, a possibilidade de contato com os objetos totais e objetivamente percebidos. Isto nos é importante para compreendermos o argumento de Winnicott: o ódio é um afeto sofisticado e só poderá ser vivido em relação aos objetos totais. Vejamos, com mais calma, o papel da destrutividade na conquista da capacidade de usar os objetos.

O contato com o objeto objetivamente percebido pode ser alcançado em decorrência da destruição do objeto subjetivo (Winnicott, 1969/1975b). A criança, na fantasia, ataca e destrói o objeto. O objeto pode ou não sobreviver a esta destruição. Quando há sobrevivência, o objeto passa a ter um estatuto real e pode ser amado e usado, visto que é externo e não foi abalado pelos ataques onipotentes da criança. A destruição e a sobrevivência do objeto possibilitam o seu uso. Temos outro paradoxo: o objeto é destruído por ser real, e só se torna real porque é destruído e sobrevive. Em um primeiro momento, existe a criatividade, a ilusão e o mundo dos objetos subjetivos. Em seguida, os fenômenos transicionais inauguram o mundo do entre o interno e o externo; do percebido e do criado (Winnicott, 1969/1975a). Posteriormente, advêm o mundo objetivamente percebido e a sua permanente destruição (Winnicott, 1969/2005).

A destruição desempenha um papel fundamental para o uso do objeto (Winnicott, 1969/1975b, 1969/2005). O manter-se vivo implica a não retaliação aos ataques da criança. Caso contrário, em um ambiente que não possibilita a capacidade de destruição e não sobrevive, a destrutividade pode se tornar, de fato, uma forma de destruição do objeto. A não sobrevivência do objeto demonstraria a realidade da destrutividade e da onipotência da criança. Por isso, torna-se importante o objeto sobreviver, para que a criança não viva apenas no registro de sua onipotência. Quando há uma falha no processo de desenvolvimento que impede a experiência psíquica da fantasia de destruição, ou seja, quando o objeto não sobrevive, temos a abertura para os verdadeiros atos destrutivos.

Com o uso do objeto, o mundo dos objetos objetivamente percebidos foi alcançado. O ódio, assim, poderá se manifestar como um fenômeno relacionado à frustração e à ambivalência em relação aos objetos totais.

 

Melancolicamente obsessivo. Obsessivamente melancólico

Tratou-se de uma psicoterapia individual,4 com a frequência de uma sessão semanal. X, 42 anos, procurou atendimento em um Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (caps ad). Desejava se "livrar da maconha e do álcool". Diferentemente de outros pacientes da instituição, ele conseguia manter certo controle em relação ao consumo dessas substâncias. Vivia pelas ruas. Antes disto, X morava com seus pais. Mantinha uma boa relação com eles, além de ter um ótimo contato com os seus cinco irmãos. Ele, entretanto, preferia viver longe de todos.

Sem filhos, X nunca se casou. Juntou-se com uma moça. Viveram juntos por pouco tempo. Não deu certo. A culpa fora dele. Mesmo não sabendo que culpa era essa, ele era o seu dono. Cultivava-a e a exibia.

X cultuava a boa educação, mostrando-se muito racional e moralmente rígido. Vangloriava-se por nunca ser agressivo ou hostil com as pessoas. Parecia, de fato, que sua hostilidade estava apontada para sua cabeça. Tratava-se de artilharia pesada, com frentes contínuas de ataques. Ataques frontais ao Eu; ataques sutis e laterais ao outro. Independentemente do alvo, uma dimensão grave de hostilidade se constituía na transferência/contratransferência.

X pouco falava. Olhar vazio. Corpo lento. Recordo-me de que, no final da primeira entrevista, após minha fala sobre a necessidade de nos vermos mais vezes para que pudéssemos nos conhecer melhor, ouvi as seguintes palavras, palavras que viriam a se repetir em outros atendimentos: "Eu sou triste mesmo. Sou ruim. Nada contra você, mas você não pode me ajudar em nada. Esses atendimentos não serão bons". Palavras ditas com a voz baixa, apresentadas de forma cuidadosa. Pedi para ele vir aos atendimentos, mesmo sem ter nenhuma expectativa positiva em relação a eles. Em quase todas as sessões, X comunicava-me que elas não estavam lhe sendo úteis. Ele, contudo, nunca faltara aos atendimentos.

Sempre que conquistava algo, trabalho e namoradas, por exemplo, em poucos meses, ou até mesmo em poucos dias, ele voltava à eterna sensação de vazio. Em seu último trabalho, quando começou a receber elogios, abandonou-o. Com o dinheiro que recebera, alugou um pequeno cômodo. Nele, sozinho, fumava muita maconha. Isolava-se para alcançar alguns momentos de sossego. A maconha lhe servia como um artifício facilitador para a construção de um invólucro narcísico. Pensamos em um isolamento interno, apaziguador de um psiquismo povoado de objetos acusadores. Quanto à bebida, ele a ingeria apenas quando desejava intensificar seu isolamento.

Ao atendê-lo, sentia-me empolgado, pois alguma coisa me entusiasmava nele, apesar de sua dureza. Se havia empolgação, também existia desânimo e falta de vida. Estes dois últimos estados afetivos dominaram as sessões. A cada sessão, X mostrava-se um homem com acentuado teor melancólico. Tudo lhe era vivo com a consistência de uma escultura feita de areia. X era silencioso e barulhento. Nada parecia transpô-lo. No entanto, havia alguma esperança: ele continuava vindo e se mantinha em tratamento.

Em uma sessão, X, que desenhava e pintava muito bem, disse-me que não suportava os elogios que os pacientes e os profissionais lhe faziam.5 Recordei-me de que eu também o elogiara, certo dia. Com a voz firme, expressando energia e vida, olhando em meus olhos, X protestou: "Não suporto elogios. O pessoal fica me elogiando. Fico com ódio". Disse-lhe que era a primeira vez que ele falava sobre sua hostilidade. Ele recuou e me disse: "Só não quero que me elogiem. Não sou bom em nada". Falei algo sobre como ele era ótimo em ser ruim. Comento que ele deve ter sentido raiva de mim, quando o elogiei. X confirmou-me a sua raiva. Disse-lhe que não o elogiaria mais, se isso lhe fazia mal. Mas que precisaríamos pensar mais sobre esse seu repúdio ao bom, às suas partes boas. Ele silenciou. Após alguns minutos, voltou a dizer como a sessão não produzia nenhum efeito nele.

Nesse momento de nosso trabalho, o meu ódio emergiu. Sentia-me um inútil. Meu corpo fora invadido por uma intensidade furiosa. Parecia-me que todos os meus esforços para escutá-lo não o atingiam. Por que o atingiriam? Estávamos mesmo numa guerra, num campo de luta, e eu tentava atacá-lo com minha necessidade de escutá-lo, com meu desejo de ser analista, com toda a carga superegoica, ou até mesmo paranoica, que esta posição de principiante pode despertar. Em pensamentos destrutivos, imaginava esmurrando o seu rosto.

Muitos atendimentos se desenvolveram com base nessa resistência ao encontro com X. Em diversas situações, desejava que X faltasse às sessões. Penso que esse desejo de interrupção do trabalho com X era uma forma de manifestação de minha necessidade de atacá-lo: se ele não viesse mais às sessões, ele não existiria mais, de alguma forma, e a sua presença/existência não mais me atacaria. Batalhava para me manter vivo psiquicamente.

Identificava-me com X, encontrando-me e vivendo somente no registro da impossibilidade de viver o bom? A presença dos ódios, o meu e o dele, dessa forma inédita, não me era um sinal de trabalho analítico em movimento. No entanto, o ódio era o que de mais vivo havia entre nós. Somente após algumas sessões, consegui trabalhar a aceitação da dimensão hostil da contratransferência - aliás, em minha análise pessoal, nesse momento do processo analítico de X, também me debruçava sobre conhecidas formas de anulação de minha hostilidade. O analista precisa poder suportar e viver o seu ódio (Winnicott, 1947/2000c). Somente podendo vivê-lo, será capaz de promover um ambiente que sustente o ódio do analisando. Recordo-me de minha demasiada educação e "suposta postura de acolhimento" com X. Esse meu traço obsessivo poderia ser uma forma de não entrar em contato com o meu ódio e com o seu ódio? Resistência constituída pela dupla?

 

Dimensões dos ódios

X apresentava uma mistura das dimensões obsessiva e melancólica. É como se X encarnasse uma forma quase híbrida. Lembremos que Freud (1923/2011b) distinguia os ataques ao Eu na neurose obsessiva e na melancolia. Na primeira, temos a presença de um ódio recalcado, que se manifesta de maneira reativa: a hostilidade se torna uma educação demasiada, parcimônia e gentileza. Ao passo que, na melancolia, o ódio ataca o objeto internalizado. Trata-se de um ódio ao outro em mim; de um objeto que se tornou parte do Eu e que merece ser alvo de ataques. Assim, "na neurose obsessiva trata-se de impulsos chocantes que permaneceram fora do Eu; na melancolia, o objeto a que toca a ira do Super-eu foi acolhido no Eu por identificação" (p. 64).

A regressão à oralidade indica o elemento narcísico constitutivo da melancolia; enquanto a regressão à fase anal, na neurose obsessiva, denota a fixação em um momento do desenvolvimento libidinal mais avançado, do ponto de vista da constituição do Eu e das vicissitudes da libido (Freud, 1909/2013b, 1917/2010c, 1923/2011b). Na melancolia, temos uma morte viva; na neurose obsessiva, trata-se de um ódio vivo, mas impedido de ser vivido. Em alguns momentos da análise, a dimensão obsessiva era mais clara: o ódio era vivido e anulado e/ou a sua representação era isolada afetivamente. Em outras situações, a cor desbotada da melancolia predominava. X vivia obsessivamente os seus elementos melancólicos. Independentemente de sua forma de manifestação, o ódio de X estava sempre presente. X vivia em um dilema permanente: qual destino dar ao seu ódio?

Apesar de se isolar, havia em X uma procura constante de contato afetivo. Se levantarmos a hipótese da existência de uma forma de desligamento, na qual a pulsão de morte efetuava seu trabalho, também não haveria uma tentativa paradoxal de manter vivos os objetos, sustentando a ligação odiosa com eles? Esta hipótese se baseia na existência de uma espécie de ódio amoroso (Bollas, 1987/2015), responsável por manter algum grau de contato com o objeto odiado. Teríamos, assim, um ódio preservador do contato objetal (Pontalis, 1991).

No que concerne ao ódio do analista, torna-se essencial pensarmos em sua inserção como fenômeno do campo analítico. Trata-se de um ódio relativo aos efeitos dos aspectos melancólicos do analisando, ou ao estágio do pré-concernimento (Winnicott, 1947/2000c), ou ele decorre da fase edípica/ambivalente e da regressão à analidade (Freud, 1909/2013b)? Como escutar e articular estes diferentes registros do ódio? Quando se trata da neurose, o ódio do analista, predominantemente, encontra-se no âmbito do recalque e pode ser mais bem compreendido e trabalhado. Quando estamos em níveis mais regredidos, nos quais a regressão à dependência é o fenômeno clínico central, estamos no mundo dos objetos subjetivos. Neste registro, o ódio do analista se transforma em uma experiência próxima da de uma mãe que, exigida impetuosamente, odeia o seu bebê. As perguntas a serem feitas: neste momento, aqui comigo, os ódios, tanto o meu quanto o de meu analisando, apresentam uma maior intensidade relacionada à ambivalência? Ou se trata de um efeito produzido no campo da unidade mãe/bebê?

Com Minerbo (2009), podemos pensar: estamos em um registro psicótico, no qual o ódio é uma defesa contra a aniquilação? Ou nos situamos no campo da raiva e da frustração, no qual as experiências são vividas com base no registro prazer-desprazer? Ressaltamos que, na primeira possibilidade clínica, o analista precisa sobreviver ao amor primitivo e à agressividade primária, sustentando o campo transferencial/contratransferencial. Na segunda forma de manifestação, no quadro das neuroses, a interpretação do ódio pode ser compreendida e vivida pelo analisando, pois a integração foi alcançada. Compreendemos que, na clínica viva, esses limites não são claramente definíveis. Os fenômenos clínicos se encontram sobrepostos e articulados entre as diversas dimensões do psiquismo. Assim, estes esforços de compreensão nos servem para fazer movimentar o pensamento clínico e metapsicológico, mas ter a clareza da sobreposição e complexidade dos diferentes aspectos psíquicos é fundamental.

Apesar das distinções conceituais e epistemológicas, tanto Freud, quando pensa o ódio na paranoia e na melancolia, quanto Winnicott, ao se debruçar sobre o ódio da mãe, estão trabalhando no registro da constituição primária do Eu. Seja em termos pulsionais e narcísicos, ou com os elementos conceituais de uma teoria do desenvolvimento emocional, cujo axioma é a indiferenciação inicial bebê/ambiente/mãe, trata-se de pensar na gênese e na função primordial do ódio. Se com Freud o aspecto narcísico pulsional é essencial, com Winnicott temos a importância da resposta do objeto como elemento central para o surgimento do ódio. Pensarmos no narcisismo e nas pulsões, bem como no papel e na qualidade do objeto primário para o desenvolvimento do bebê, seria uma maneira de trabalharmos considerando o par pulsão-objeto (Green, 2008).O ódio possui duas dimensões essenciais: preservação narcísica e destruição do Eu e/ou do objeto (Barros, 2013). De fato, a impossibilidade de viver e suportar o ódio produz sofrimento (Cromberg, 2010). Viver, todavia, o ódio e em ódio, permanentemente, remete-nos às experiências paranoicas e/ou melancólicas, nas quais o Eu e o objeto são alvos de ataques maciços e impetuosos.

 

Retomando o caso X

Retornemos ao chão da clínica. Pensamos que o ódio de X expressava tanto o caráter narcísico de proteção e manutenção do mesmo, quanto denotava sua hostilidade obsessiva, portanto ambivalente, em relação ao objeto. Aos poucos, o ódio ao Eu e ao objeto incorporado foi deixando espaço para um ódio recalcado, anulado e isolado. Esta mudança de qualidade do ódio indicava algum caminho positivo de elaboração.

 

Considerações finais

Procuramos pensar sobre a existência e alguns efeitos do ódio em uma análise. Por meio da apresentação de fragmentos de um caso clínico, indicamos, no campo analítico, a complexa relação entre o ódio do analisando e o ódio do analista. Em outro momento, caberia pensarmos mais detidamente na dimensão intersubjetiva do ódio em uma análise. Pensamos que Winnicott (1947/2000c, 1950/2000a) já nos aponta subsídios importantes para este estudo, visto que, para ele, o ódio é um afeto originado a partir da unidade mãe/bebê.

 

Referências

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Recebido em: 12/8/2018
Aceito em: 25/4/2019

 

 

1 Uma versão preliminar deste trabalho foi apresentada, pelo primeiro autor deste artigo, no seminário coordenado por Maria Helena Fernandes no Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae. Agradecemos as contribuições da citada analista e dos demais colegas desse seminário.
2 Aos interessados em uma análise do ódio em sua característica paradoxal (destruição e sobrevivência psíquica), indicamos a tese de Barros (2013).
3 No item "A destrutividade e o uso do objeto", apresentaremos o papel da destrutividade para a conquista da capacidade de usar os objetos.
4 Trata-se de um caso atendido pelo primeiro autor deste artigo.
5 Além da psicoterapia, X participava de grupos terapêuticos na instituição. Foi durante essas atividades que ele foi elogiado pela equipe de profissionais.

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