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Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.52 no.96 São Paulo jan./jun. 2019

 

INTERFACE COM A CULTURA

 

Sobre os gestos brutais: o trauma, a destruição e as formas de adoecimento psíquico1

 

On brutal gestures: trauma, destruction, and forms of psychic illness

 

Sobre los gestos brutales: el trauma, la destrucción y las formas de enfermedad psíquica

 

Sur les gestes brutaux: traumatisme, destruction et formes de maladie psychique

 

 

Nelson Ernesto Coelho JuniorI; Eugênio Canesin Dal MolinII; Renata Udler CrombergIII

IPsicanalista, professor doutor do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP). São Paulo. ncoelho@usp.br
IIPsicanalista, doutor em Psicologia (IP-USP), membro aspirante do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae e membro fundador do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi. Professor na Unifil (Londrina-PR) e professor convidado do IP-USP. São Paulo. eecdm@yahoo.com.br
IIIPsicanalista do Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, pós-doutora pelo IP-USP, professora convidada do Cogeae. São Paulo. renatauc@uol.com.br

 

 


RESUMO

Com base em uma experiência narrada por Milan Kundera, procuramos apresentar duas formas de adoecimento psíquico (por ativação e por passivação), e relacioná-las ao modelo proposto por Green para pensar os estados depressivos por passivação. Consideramos que a intrincação entre as pulsões de destruição e a libido, mesmo quando geradora de fantasias ou gestos brutais, pode revelar-se como tentativa episódica de defesa ativa em meio à predominância da passivação gerada pelo desamparo pós-traumático.

Palavras-chave: desamparo, trauma, estado depressivo por passivação, André Green, pulsão de morte


ABSTRACT

From an experience narrated by Milan Kundera, we try to present two forms of psychic illness (by activation and by passivation) and relate them to the model proposed by Green to think a depressive state due to passivation. We believe that the intricacy between the drives of destruction and the libido, even when it generates brutal fantasies or gestures, may prove to be an episodic attempt of active defense amid the predominance of passivation generated by posttraumatic helplessness.

Keywords: helplessness, trauma, depressive state due to passivation, André Green, death drive


RESUMEN

A partir de una experiencia narrada por Milan Kundera, procuramos presentar dos formas de adicción psíquica (por activación y por pasivación), y relacionarlas al modelo propuesto por Green para pensar los estados depresivos por pasivación. Consideramos que la intrincación entre las pulsiones de destrucción y la libido, aun cuando generadora de fantasías o gestos brutales, puede revelarse como tentativa episódica de defensa activa en medio de la predominancia de la pasivación generada por el desamparo post-traumático.

Palabras clave: desamparo, trauma, estado depresivo por pasivación, André Green, pulsíon de muerte


RÉSUMÉ

À partir d'une expérience racontée par Milan Kundera, nous essayons de présenter deux formes de maladie psychique (par activation et par passivation) et de les relier au modèle proposé par Green pour penser à un état dépressif dû à la passivation. Nous pensons que la intrication des pulsions de destruction et de la libido, même si elle engendre des fantasmes ou des gestes brutaux, peut s'avérer être une tentative épisodique de défense active dans la prédominance de la passivation générée par le état de détresse post-traumatique.

Mots-clés: détresse, trauma, état depressif par passivation, André Green, pulsion de mort


 

 

Entusiasmo e agonia

O ano era 1948. Em O livro do riso e do esquecimento, o escritor tcheco Milan Kundera conta que participara das "rodas" de dança juvenis, bem-dispostas e risonhas, após o triunfo dos comunistas em seu país. A imagem da roda ou do círculo entusiasmado e satisfeito é a representação do sentir-se parte, do pertencer ao grupo, de compô-lo em acordo com aqueles que se tem aos lados. Enquanto muitos "tinham se refugiado no estrangeiro", escreve Kundera, "eu segurava pela mão ou pelos ombros outros estudantes comunistas" (1978, p. 64).

Os expurgos que se seguiram às comemorações festivas eram catárticos para alguns, mas também brutais, e voltaram-se tanto para os membros do partido no poder quanto para outros grupos específicos. Descrevendo o que viveu, lemos em Kundera: "Depois, um dia, eu disse algo que não deveria dizer; fui expulso do partido e tive de sair da roda" (p. 65). Ao entusiasmo e à sensação de pertencimento e amparo, seguiu-se algo que é da ordem da agonia:

Foi então que compreendi a significação mágica do círculo. Quando nos afastamos da fila, ainda podemos voltar a ela. A fila é uma formação aberta. Mas o círculo torna a se fechar e nós o deixamos sem retorno... Semelhante ao meteorito arrancado de um planeta, eu saí do círculo e, até hoje, não parei de cair. Existem pessoas a quem é dado morrer no turbilhão e existem outras que se arrebentam no fim da queda. E estes outros (entre os quais estou) guardam sempre consigo uma tímida nostalgia da roda perdida. (Kundera, 1978, p. 65, destaque nosso)

Vinte anos depois, em 1968, o eslovaco Alexander Dubček, membro do partido desde 1962, foi alçado ao poder e deu início a uma série de reformas. Um "Programa de Ação" foi divulgado em 5 de abril. Nele se encontravam indicações para o setor econômico, para a política externa, para a federação, para o papel de liderança do partido, e prometia-se "completa liberdade de expressão, debate, e associação, junto ao fim das prisões arbitrárias" (Crampton, 1997, p. 328). Mesmo que não completa, a diminuição da censura e do poder controlador do governo (e do partido) permitiram um silvo nada discreto de entusiasmo, pendor de mudança e crítica (Crampton, 1997).

Conforme Dubček e parte das forças políticas do país apontavam para as reformas, em 14 de julho os líderes da União Soviética, da Hungria, da Polônia, da República Democrática Alemã e da Bulgária reuniam-se em Varsóvia para avaliar o que ocorria na Tchecoslováquia. A situação foi condenada e exigiu-se o fim do programa de reformas.

Dubček negou-se a fazê-lo e foi convocado para ir a Moscou e negociar. Nova recusa; ele demandava que o encontro e a discussão ocorressem em território tcheco. Uma primeira e tensa reunião foi realizada em Čierná-nad-Tisou, na fronteira. Um segundo encontro, em 3 de agosto, em Bratislava, teve como resultado uma declaração que preocupou os reformistas: as bases do regime eram ortodoxamente protegidas, e defendia-se a ajuda mútua entre os países a fim de sustentar uma sociedade socialista nos respectivos países (Crampton, 1997).

O período reformista, a "Primavera de Praga", encerrou-se com a chegada da "ajuda" militar externa na noite do dia 20 para 21 de agosto. Uma invasão profilática, mas não por isso menos brutal, que rearranjaria as rodas de dança e os círculos alegres. Os processos de reabilitação dos excluídos ou considerados traidores, que se iniciaram pouco antes, foram interrompidos quando

os tanques russos irromperam na Boêmia e logo dezenas de milhares de pessoas também foram acusadas de terem traído o povo e sua esperança; alguns foram jogados na prisão, a maioria foi expulsa de seu trabalho e, dois anos mais tarde..., um desses novos acusados (eu) tinha uma seção de astrologia numa revista ilustrada destinada à juventude tcheca. (Kundera, 1978, p. 67)

A onda de entusiasmo inicial, a sensação de pertencimento à roda ou ao círculo sorridente, encerra-se duas vezes para Kundera: em 1948 e, mais tarde, no pós-1968. O que se segue às expulsões é o fim do ânimo e a sensação de queda, contínua. Parece necessário submeter-se à força e à brutalidade, encontrar meios clandestinos de sobrevivência, acostumar-se à ausência do entusiasmo e à exclusão de um meio acolhedor e receptivo.

Antes de prosseguirmos com Kundera e acompanharmos alguns detalhes singulares de sua trajetória de queda - que, entretanto, não ocorre sem soluços de reação ativa -, cabe-nos introduzir os elementos que utilizaremos para uma leitura propriamente psicanalítica desse movimento de entusiasmo seguido de exclusão e agonia, e de seus efeitos.

 

Matrizes de adoecimento por ativação e por passivação

Nossa discussão partirá da proposição de Figueiredo e Coelho Junior (2018) sobre a existência de duas matrizes basilares no pensamento psicanalítico sobre o adoecimento psíquico: a matriz freudo-kleiniana (de adoecimento por ativação, centrado nas defesas diante das angústias), e a matriz ferencziana (de adoecimentos por passivação, centrados na agonia diante de estados psíquicos mortíferos, estabelecidos em traumas muito precoces).

O momento em que vivemos, que fez surgir um pensamento pós-escolas, pode ser denominado de psicanálise transmatricial, ressaltando a forma pela qual autores como Green, Ogden, Ferro, Bolas, Roussillon e muitos outros articularam, em suas propostas teóricas e clínicas, aspectos das duas matrizes e de seus diferentes modelos.

A passagem do período das grandes escolas pós-freudianas para o transmatricial é pensada como tendo sido viabilizada por um representante de cada uma das matrizes, no caso, Bion e Winnicott. Os dois autores são considerados fundamentais, de diferentes formas, para os principais autores transmatriciais.

Uma característica fundamental da matriz freudo-kleiniana é a de centrar a problemática dos adoecimentos psíquicos nas experiências das angústias e nas formas ativas de o psiquismo delas se defender. Nessa matriz, será imprescindível analisar os processos de formação das angústias e suas configurações, bem como os mecanismos de defesa contra elas acionados, mostrando como os adoecimentos decorrem, paradoxalmente, não das falhas das defesas, mas, ao contrário, do seu "sucesso" custoso no que se refere a sofrimento psíquico.

Ao lado disso, a exploração clínica e teórica de estados de angústias primitivas e defesas igualmente radicais, anteriores à plena diferenciação entre id e ego, e, portanto, anteriores à formação do ego, foi a grande contribuição de Melanie Klein para nossa compreensão dos adoecimentos psíquicos. Sabemos, por diferentes desenvolvimentos posteriores, como os de Bion, que um dos destinos dessa matriz para pensar os quadros melancólicos é tomá-los como medida defensiva diante das ameaças do desamparo original (Delouya, 2002).

A matriz ferencziana nasce em uma posição de suplementaridade à outra. Ela se mostrará indispensável para pensar certas modalidades de adoecimento em que a interrupção dos processos de saúde é ainda mais precoce e mais radical do que se pode observar na matriz freudo-kleiniana. O que é fundamental neste novo contexto é o reconhecimento dos traumatismos precoces, experiências de ruptura que produzem a ultrapassagem e uma verdadeira aniquilação das capacidades de defesa e resistência.

As angústias não chegam a se formar, são liminarmente evitadas por uma verdadeira extinção de áreas do psiquismo que morrem, ou melhor, deixam-se morrer, num processo que Ferenczi (1920) chama de autotomia. O conceito de traumatismos precoces que utilizamos, entretanto, é operativo e determinante também fora de uma leitura que tome "precoce" exclusivamente como um qualificativo daquilo que ocorre durante as primeiras etapas de formação do psiquismo. Voltaremos ao problema à frente.

Na matriz ferencziana, no lugar de angústias, caberá falar em agonia, um termo sugerido por Ferenczi em um texto de 1931 (p. 138), que será retomado por Winnicott e que nos parece adequar-se a uma vivência do que antecede e antecipa a experiência da morte no moribundo, prestes a render-se à não existência.

Se as angústias podem ser pensadas como fenômenos da vida, da vida agitada pelas pulsões e afetos, e pelas impressões sensoriais, e dos sofrimentos tremendos que a vida comporta, a agonia é um fenômeno da morte, a morte antecipada, ou da morte em estado de suspensão, como sugere Ferenczi em uma passagem de seu Diário Clínico (1932/1988, pp. 38-40).

Sabemos que o desenvolvimento dessa matriz trará, por exemplo, com Winnicott, o reconhecimento de uma forma de estados depressivos por passivação determinada por uma ruptura muito precoce da amálgama bebê-ambiente, gerando um trauma precoce e um desamparo pós-traumático.

A referência, aqui, é a privação causada pelo ambiente por meio da falha recorrente em responder ao chamamento do bebê, que acaba por deixá-lo em pleno estado passivo de desolação interminável e de desistência, ou seja, a morte em estado de suspensão, como sugerida por Ferenczi.

O movimento é análogo ao que Kundera narra sobre suas expulsões: o círculo de entusiasmo coletivo, capaz de prover aquilo de que se precisa, deixa de ser acolhedor, de responder, e exclui.

Se pudermos considerar traumáticas as exclusões do campo de relações em que há troca de investimentos entre o indivíduo e o meio, o estado posterior às exclusões talvez se assemelhe aos estados depressivos por passivação que envolvem um desamparo pós-traumático.

Essa passivação produziria o que Green (1999/2012) denominou de passividade-desamparo, para diferenciar da passividade-gozo, na qual o que está em jogo ainda é uma modalidade de obter prazer.

 

Estados de depressão por passivação

Com isso em mente, podemos agora tratar das formas transmatriciais com que Green aborda o tema geral da melancolia e dos estados de depressão por passivação nos seus esforços teórico-clínicos. O pensamento de Bion, assim como o de Winnicott, serão centrais em suas construções acerca das formas de sofrimento psíquico que nos interessam.

Há momentos em que Green (1983/1988) se aproxima mais da matriz freudo-kleiniana (os estados depressivos como defesas ativas diante da violência da ameaça de aniquilamento, gerando a imobilidade depressiva), principalmente pelo apoio em Bion; e momentos em que se aproxima mais da matriz ferencziana, por seu apoio em Winnicott - ao enfatizar o sentimento de impotência, gerado pela falha do objeto primário, "que foi enterrado vivo", e por formas de despossessão do eu, "alienado em uma figura irrepresentável" (Green, 1983/1988, p. 260).

Como se sabe, Green (2002) insistiu mais de uma vez no ganho teórico que pode ser obtido com o formular de uma pulsão de destruição, com predominância autodestrutiva, o que, para ele, suprimiria, em consequência, a expressão pulsão de morte.

Com isso, Green (2002) procura substituir a indicação de Freud de que a melancolia é a pura cultura da pulsão de morte pela ideia de que é a pulsão de destrutividade que gera a condição para um estado melancólico. Esse estado resultaria da tentativa do sujeito de fazer cessar seu sofrimento, deixando de ser ele mesmo, já que sua existência e sua dor são uma e a mesma coisa.

Ao lado disso, Green (2002) propõe que a função do objeto (ou seja, um outro sujeito) nos processos psíquicos primários precisaria ser o de favorecer a intrincação entre libido e destrutividade e sustenta que, quando isso não se efetiva, abre-se o espaço "para a pura destruição, pura autodestruição" (Green, 2002, p. 317).

Em 1973, no livro escrito com Donnet, L'enfant de ça - psychanalyse d'un entretetien: la psychose blanche, Green realiza um primeiro avanço na direção de ideias que serão centrais nas suas reflexões e que indicam a existência de quadros psicopatológicos em que predominam o branco afetivo, ou seja, um buraco no psiquismo, uma mente oca e a sensação de colapso do corpo. Trata-se da evidência de uma forte

prostração, de desistência de viver e de anestesia à dor da espera: protótipos da forma defensiva de certas depressões em que se percebe uma estagnação afetiva junto a um estado dissociado, características que pertencem às chamadas vivências brancas na psicose ou em casos fronteiriços. (Delouya, 2002, p. 53).

Essas vivências resultam de um "desinvestimento massivo, radical e temporário, que deixa marcas no inconsciente sob a forma de 'buracos psíquicos'" (Green, 1983/1988, p. 252).

Já no texto "Passivité-passivation - jouissance et détresse"(1999/2012) Green sugere que a passivação designa o estado de desespero diante do desamparo psíquico vivido pelo bebê. Trata-se de um estado de impotência, da perda da onipotência e da ilusão, como pensadas na obra de Winnicott.

Green, por meio de uma revisão detalhada da passividade nos textos de Freud, recusa esse conceito como apenas uma modalidade simples da libido e insiste em sua relação com a passividade no aparelho psíquico. A melancolia poderia ilustrar uma concepção primária dessa passividade, no esmagamento do eu por um objeto perdido, uma expressão extrema da identificação narcísica, na qual o eu e o objeto se tornam intercambiáveis.

Caberia, assim, perguntar com Green quando o movimento autorrecriminatório do paciente melancólico pode ser pensado como uma defesa ativa diante da angústiaproduzida pelo desamparo original e quando os efeitos da "mãe morta", a desobjetalização, o desinvestimento total nos objetos e em si, com os vazios e buracos psíquicos consequentes, resultariam de um estado depressivo por passivação, gerado pelo desamparo pós-traumático.

Também caberia perguntar se tentativas de reação ao desamparo pós-traumático e ao estado depressivo por passivação dele resultante podem envolver ações ou mesmo fantasias em que a passivação é substituída pela violência e pela brutalidade, isto é, em que defesas ativas (ou de representações de atividade destrutivas) são eventualmente acionadas marginalmente ou de modo alternado à passivação.

Se a resposta for positiva, essas defesas ativas tomarão o outro como objeto contingencial da destrutividade, que ainda não ocupou plenamente o sujeito, mas que poderá fazê-lo em caso de fracasso das tentativas marginais de atividade.

Abordaremos essas questões a seguir.

 

Green, Bion e Winnicott

Em um de seus últimos livros publicados em vida, Green (2007) enfatiza cada uma das influências que o levaram a pensar em pulsões de destruição e a construir uma das mais completas e complexas reflexões pós-freudianas sobre o tema da melancolia e dos estados depressivos.

De Bion, Green recuperará a importância da ideia de que as situações traumáticas decorrem de falhas nos objetos primários incapazes de continência e reverie. Valorizará, ainda, a noção de elo e a ênfase na função, mais do que no objeto ou nas relações com ele.

Vale lembrar que os aspectos desvitalizados e não vivos, que podem aparecer em uma sessão psicanalítica, foram pensados por Green com base em algo que ele concebe como uma função desobjetalizante. Esta seria uma função psíquica de desinvestimento e desligamento, bastante primitiva, marcada pela pulsão de destrutividade e pelas características refratárias ou "depressivas" dos objetos primários. A ela se opõe, segundo Green, a função objetalizante, de ligação e investimento.

A partir daí, recupera de Bion também o papel do ódio, reforçado pelos ataques mortíferos aos elos que ligam o bebê à mãe ou o analisando ao analista). São experiências (ou protoexperiências) resultantes de um terror de aniquilação iminente, gerando formas prematuras de relações de objeto, sempre precárias.

Green recupera, por fim, como Bion trabalha com a evacuação de elementos primitivos e tóxicos, que revelam toda a sua força destrutiva. O risco maior é o da evacuação completa das funções psíquicas, o que, de acordo com Green, deixaria o campo livre para a destruição.

Para ele, em Bion, as forças destrutivas impedem a capacidade para o pensar, tornam o psiquismo impensável, e o adoecimento permanece no que chamamos de matriz freudo-kleiniana, na medida em que é concebido como uma defesa diante das angústias impensáveis.

Já de Winnicott, Green recuperará a importância das características reais de uma mãe-ambiente na constituição subjetiva do bebê. Para ele, é preciso reconhecer que, quando o meio ambiente falha muito precocemente, o bebê está sujeito a situações diante das quais não possui defesa organizada e estará, portanto, sempre situado diante da agonia e da passividade determinada pelos efeitos do traumatismo precoce e do desamparo pós-traumático.

Temos, assim, cisões e isolamentos instalados, muitas vezes, como últimos recursos em face de experiências traumáticas dilaceradoras, que continuamente recolocam o sujeito diante dos persistentes enigmas produzidos pelas formas de união e separação relativamente aos outros.

Nos processos psicopatológicos derivados dos traumas precoces, é a agonia impensável que ganha relevo. Winnicott (1969/1992) insiste que os bebês que foram consideravelmente desapontados, e em quem as falhas ambientais tornaram-se um padrão,

carregam consigo a experiência da agonia impensável ou arcaica. Sabem o que é estar em um estado de confusão aguda ou de agonia de desintegração. Eles sabem o que é ser deixado cair [dropped], cair [fall] para sempre, ou tornar-se cindido [split] em uma desunião psicossomática. (Winnicott, 1969/1992, p. 260)

Cabe notar a respeito disso, como faz Figueiredo (2018), que

se o aniquilamento das capacidades de trabalho [somatopsíquico] for profundo e extenso, o efeito da interrupção definitiva [da saúde como processo ativo] pode ser tão drástico que vai funcionar [como um trauma precoce] não importando a idade do traumatizado. (Figueiredo, 2018, p. 33)

Noutras palavras, caso tomemos a prematuração como condição estrutural da espécie humana, leia-se, como sendo estrutural nossa situação de incompletude, despreparo e dependência, mesmo que relativas, a ameaça de morte, ao modo de um trauma precoce, "pode ocorrer em qualquer idade" (Figueiredo, 2018, p. 33).

De posse dos elementos de influência de Bion e Winnicott, Green mergulha nas experiências transferenciais com pacientes não neuróticos para daí sair com sua concepção do complexo da mãe morta. Neste, a criança lutaria "contra a angústia através de diversas maneiras ativas, entre elas a agitação, a insônia ou o terror noturno... [antes] de pôr em ação uma série de defesas de outra natureza" (Green, 1983/1988, p. 257).

Green tece considerações metapsicológicas acerca do desinvestimento materno e da falha do objeto primário no exercício de seu papel de espelho para o bebê.

O complexo da mãe morta se instaura quando a mãe é violentamente abatida por um luto ou por uma ferida narcísica (perda de um ente querido, aborto, traição do marido, por exemplo) nos momentos mais iniciais da vida do bebê, encontrando-se impossibilitada de investir nele.

"O paciente tem a sensação de que pesa sobre ele uma maldição, a da mãe morta que não acaba de morrer e que o mantém prisioneiro" (Green, 1983/1988, p. 260). Consequentemente, ocorre um desinvestimento por parte do bebê em sua mãe e uma identificação inconsciente com a mãe morta. O autor sintetiza:

houve enquistamento do objeto e o apagamento de sua marca por desinvestimento, houve uma identificação primária com a mãe morta e a transformação da identificação positiva em identificação negativa, isto é, a identificação com o buraco deixado pelo desinvestimento e não com o objeto. [E, ainda] ... na dor psíquica é impossível tanto odiar quanto amar, é impossível gozar mesmo de forma masoquista, impossível pensar. Existe apenas o sentimento de captura que despossui o eu dele mesmo e o aliena numa figura irrepresentável. (Green, 1983/1988, p. 260)

Agora estamos mais preparados para retomar a experiência subjetiva aguda de Milan Kundera.

 

O gesto brutal

No conjunto de ensaios Um encontro, Kundera (2013) dedica um texto à arte de Francis Bacon. Era a segunda vez que o autor da Boêmia, radicado em Paris, escrevia sobre Bacon. A primeira fora em torno de 1977, para a revista L'Arc, e tomava como objeto de reflexão um tríptico de retratos do pintor. O artigo para a L'Arc continha uma passagem que, mais tarde, foi incorporada - como inspiração e possibilidade narrativa de uma experiência subjetiva aguda - ao romance O livro do riso e do esquecimento(1978).

Em Um encontro (2013), Kundera diz que o texto de 1977 mostrava-o "ainda obcecado pelas lembranças do país que acabara de deixar e que continuava na minha memória como uma terra de interrogatórios e vigilância" (Kundera, 2013, p. 11).

Tendo ou não diminuído sua obsessão por essas lembranças, quando escreve o segundo texto sobre Bacon, "O gesto brutal do pintor: sobre Francis Bacon", Kundera (2013) inclui integralmente a mesma passagem que, entretempos, ganhara elaboração e detalhes em O livro do riso e do esquecimento. Estamos, portanto, diante de uma experiência que é recontada duas vezes da mesma maneira, e ainda uma terceira vez, de modo entrecortado e mais minucioso.

Em Kundera lemos que, no ano de 1968, pouco tempo depois de os russos terem invadido seu país, o autor foi expulso do emprego e, enquanto trabalhador intelectual remunerado, proscrito. "A polícia secreta queria nos matar de fome, nos reduzir à miséria, nos obrigar a capitular ou a nos retratar" (Kundera, 1978, p. 58).

Amigos mais jovens, e que por isso ainda não estavam nas listas de perseguição, ofereciam ajuda propondo que Kundera, extraoficialmente, escrevesse e fosse remunerado usando o nome deles.

Entre esses generosos doadores, havia uma moça chamada R. (não tenho nada a esconder a respeito do caso, já que tudo foi descoberto). Essa moça tímida, perspicaz e inteligente era redatora numa revista para jovens que tinha uma tiragem fabulosa. (Kundera, 1978, pp. 58-59).

Para conquistar leitores que poderiam cansar-se da profusão de artigos políticos louvando o povo russo e cuja publicação era obrigatória para a revista, a redação decidiu criar uma seção de astrologia. R. convidou-o para escrever clandestinamente a seção. Proposta aceita, mensalmente Kundera publicava um texto curto para cada signo.

Tudo o que havia de engraçado nisso era minha existência, a existência de um homem cortado da história, dos manuais de literatura e do catálogo de telefone, de um homem morto que [ponto importante para nossa leitura] agora voltava à vida numa surpreendente reencarnação para pregar a centenas de milhares de jovens de um país socialista a grande verdade da astrologia (Kundera, 1978, p. 59).

A coluna era um sucesso, e escrevê-la parece ter ocupado um espaço vital, rebelde e cômico para o autor. Em 1972, R. marcou um encontro com Kundera, em sigilo, num apartamento nos arredores de Praga. Dois dias antes, a moça fora interrogada pela polícia a respeito de suas relações com o escritor; em seguida, demitiram-na sumariamente da redação da revista.

Buscara no mesmo dia outro trabalho, em uma rádio, mas ouvira que não podiam mais contratá-la. Agora queria falar com Kundera para que, caso ele fosse interrogado, as respostas de ambos fossem idênticas. A cena que segue é a constante em todas as versões:

Era uma moça bem jovem que ainda não conhecia o mundo. O interrogatório a perturbara e o medo se revolvia em suas entranhas havia três dias. Estava muito pálida e saía sem parar, durante a nossa conversa, para ir ao banheiro - tanto que nosso encontro foi acompanhado pelo barulho da água que enchia o reservatório.

Eu a conhecia havia muito tempo. Ela era inteligente, espirituosa, sabia perfeitamente controlar suas emoções e estava sempre vestida de modo tão impecável que sua roupa, tanto quanto seu comportamento, não permitia entrever a menor parcela de sua nudez. E eis que, de repente, o medo, como uma grande faca, a tinha aberto. Ela se encontrava diante de mim, exposta, como uma carcaça de vitela suspensa num gancho de açougue (Kundera, 2013, p. 12).

No romance, entre os acréscimos, lemos: "Essa moça corajosa tinha vergonha de seu medo. Essa mulher de bom gosto tinha vergonha de suas entranhas, que a castigavam diante dos olhos de um estranho" (Kundera, 1978, p. 70). A cena continua:

O barulho da água enchendo o reservatório do vaso sanitário praticamente não parava e, quanto a mim, tive de repente a vontade de violentá-la. Sei o que digo: violentá-la, não de fazer amor com ela. Não queria sua ternura. Queria colocar brutalmente a mão em seu rosto e, num só instante, apanhá-la por inteiro, com todas as suas contradições intoleravelmente excitantes: com sua roupa impecável tanto quanto suas vísceras revoltas, com sua razão tanto quanto seu medo, com seu orgulho tanto quanto sua infelicidade. Tinha a impressão de que todas essas contradições escondiam sua essência: esse tesouro, essa pepita de ouro, esse diamante oculto nas profundezas. Queria arrancar dela, num só segundo, tanto sua merda quanto sua alma inefável.

Mas quanto mais eu via esses dois olhos que me fixavam, cheios de angústia (dois olhos angustiados num rosto sereno), e quanto mais angustiados estavam esses olhos, mais meu desejo se tornava absurdo, estúpido, escandaloso, incompreensível e impossível de realizar.

Deslocado e injustificado, esse desejo não era, no entanto, menos real (Kundera, 2013, p. 12-13).

Ao sair do apartamento, "Esse desejo ficou em mim, prisioneiro como um pássaro num saco, como um pássaro que acorda de vez em quando e bate as asas" (Kundera, 1978, p. 74). Os retratos de Bacon, que para Kundera revelam um análogo gesto brutal de violação e busca da essência dos retratados, despertam a ave adormecida em sua memória.

Não é a pintura de Bacon, todavia, o que nos interessa, mas a dinâmica da cena do apartamento, a necessidade de sua repetição confessional pelo autor e as posições ocupadas pelas personagens na cena que o autor descreve.

 

Um pássaro num saco

Vejamos o encontro com R. com algum cuidado. Devido à perseguição política, Kundera perdeu sua condição de autor que poderia ser publicado, reconhecido e remunerado por seu trabalho; a exclusão e o modo pelo qual foi experimentada fizeram-no sentir-se um "homem morto".

A necessidade da ajuda dos amigos mais jovens, R. inclusa, colocou-o numa posição de dependência em relação àqueles que, ao contrário dele, não tiveram ainda o tempo, a disposição ou o espaço para criticar o governo. Por meio deles, e de R., em especial, o autor sentiu que voltara à vida - o embuste envolvia uma insubmissão contra a proscrição, uma pequena vitória sobre ela, e o autor ainda tinha um ganho de prazer devido ao caráter cômico da situação.

A possibilidade de reagir ao que lhe foi imposto, de escrever e ser lido a despeito de constar nas listas de perseguição, vivificara Kundera porque lhe permitira um grão de atividade em um contexto no qual, até então, só lhe coubera aceitar a passivação a que fora submetido.

O encontro com R. no apartamento, dessa forma, apresenta-lhe o fim da possibilidade de ser ativo (de reagir ativamente), mesmo de forma clandestina; além disso, encerra o prazer conquistado com a comicidade da situação e posiciona-o mais uma vez como sujeito passivo diante da perseguição do regime.

Antes do interrogatório, R. é o retrato da ordem e de um certo equilíbrio despreocupado que ele, Kundera, não podia mais se dar ao luxo de ter. Após o interrogatório e a demissão, entretanto, seu estado emocional é de tal natureza que a conservação da discrição no vestir e da serenidade do rosto passam a contrastar com a angústia - poderíamos dizer, a agonia - dos olhos, com a desordem e o descontrole intestinal, e a vergonha de se encontrar nesse estado na frente de um interlocutor com quem não tem intimidade.

Em Kundera, o pedido do encontro sigiloso gera expectativa - parece-nos que também de natureza sexual, a despeito do que o autor procura enfatizar sobre como via R. antes daquele momento -, mas sua reação apresenta-nos um movimento psíquico do qual só temos conhecimento em razão da sua necessidade de contá-lo.

Kundera, que se sentia morto, apassivado pela proscrição e por ter sido retirado do círculo, fora do qual se morre ou se cai até arrebentar-se, havia sido vivificado pela ajuda de um objeto (R., a outra personagem), que agora dizia não mais ser capaz de prestar ajuda - de contribuir, portanto, para a vivificação -, porque ela mesma fora apassivada ao ponto de temer pelo que ocorreria no futuro: "o medo, como uma grande faca, a tinha aberto. Ela se encontrava diante de mim, exposta, como uma carcaça de vitela suspensa num gancho de açougue" (Kundera, 2013, p. 12).

É nesse momento de confronto com a passivação em que o outro foi colocado, de exposição de suas entranhas devido ao medo, que o desejo de Kundera ganha a forma de violação e expropriação brutais. Trata-se de uma fantasia de submeter, de controlar, de destruir e de apropriar-se do todo, mas também, especialmente, do cerne, do outro. Tentando interpretar posteriormente o episódio, Kundera escreve que talvez

esse desejo insensato de violar R. tenha sido apenas um esforço desesperado para me agarrar a alguma coisa no meio da queda. Porque, depois que me excluíram da roda, não paro de cair, ainda agora estou caindo, e no momento eles não fizeram outra coisa senão me empurrar mais uma vez para que eu caísse ainda mais longe, ainda mais fundo, cada vez mais longe do meu país, no espaço deserto do mundo onde ressoa o riso assustador dos anjos que cobre com seu carrilhão todas as minhas palavras. (Kundera, 1978, p. 74)

Mais tarde, Kundera (2013) acrescenta que o ato desejado de colocar a mão no rosto de R. parecia-lhe uma tentativa de atravessar o que o rosto escondia: um "'eu' infinitamente frágil, tremendo em um corpo" (2013, p. 21) após o término das ilusões e sonhos de que, por pertencermos a uma coletividade - por estabelecermos relações com os outros - não estamos irremediavelmente sozinhos.

Caso adotemos ambas as interpretações do autor e as nossas de maneira não excludente, mas segundo uma lógica de sobredeterminação, ao modo do que faríamos tomando um sintoma, parece-nos que o gesto brutal fantasiado por Kundera (1978) revela-se como:

1. "um esforço desesperado" (p. 74) de agarrar-se a um objeto bom perdido;

2. uma defesa ativa, mas marginal, contra a constatação do desamparo pós-traumático do outro, que traz à tona, reflexivamente, o próprio desamparo pós-traumático;

3. a alteração da posição ocupada pelo sujeito apassivado, que aparece submetendo um objeto deslocado, isto é, tornando-o passivo em uma dinâmica na qual a posição ativa é agora ocupada pelo próprio sujeito;

4. um movimento de ligação entre a destrutividade e a e a libido;

5. a representação desse movimento de ligação por meio de um ato sexual que é, simultaneamente, violação do corpo, ataque contra o rosto e expropriação da essência do outro.

Caberia ainda acrescentar um sexto elemento que permeia todas as interpretações: o caráter traumático. Vemo-lo nas repetidas experiências que seguem o roteiro de entusiasmo, mudança no ambiente que se apresentava provedor e alvissareiro, e agonia posterior à decepção e à passivação. Parece ser também da ordem do trauma o que o desejo e a fantasia com R. movem em Kundera: por que o episódio precisa ser repetido, contado mais de uma vez? O que o autor ganha - se é que ganha - ao fazê-lo?

Ao atualizá-lo periodicamente por meio da narrativa, nos mesmos ou em outros termos, parece-nos que Kundera elabora (reinveste e liga) tanto a experiência traumática de desamparo após as expulsões quanto o estado depressivo por passivação, gerado pelo desamparo pós-traumático, ao qual reagiu, no encontro com R., com a fantasia de violação.

Essa fantasia revela como a pulsão de destruição, na qual Green viu uma predominância autodestrutiva, não se acomoda sempre e de modo estanque no próprio indivíduo, a despeito da passivação.

No episódio, temos um exemplo de como a pulsão de destruição, mesmo temporariamente, intrinca-se à pulsão de vida e ensaia uma defesa ativa e deslocada (porque R. não é o regime perseguidor, mas o encarna como objeto que investe e, depois, abandona) contra a agonia do desamparo pós-traumático. Noutras palavras, o desejo e a fantasia de Kundera no apartamento em Praga mostram-se como tentativas de evitar a trajetória da queda, como soluços de atividade em meio à agonia da passivação.

Embora a experiência de Kundera seja singular, as mudanças políticas, em especial quando são seguidas de perseguições mais ou menos declaradas a opositores (reais ou fantasiados) do regime, têm efeitos psíquicos profundos e de longo prazo. A clínica, nesses momentos, passa a ser povoada por aqueles se sentiam fora do círculo e, portanto, após uma mudança política, passam a sentir-se incluídos na roda.

Mas a clínica também se torna povoada por aqueles que sofrem por terem sido excluídos do círculo alegre e satisfeito. Para estes, sobre o entusiasmo anterior recai um manto de desesperança, e muitos começam a apresentar estados depressivos por passivação, gerados pelas experiências de desamparo pós-traumático.

Se a implementação de defesas ativas não pode ser realizada com sucesso por todos, e em todos os espaços, talvez uma das funções que nos cabem, no trabalho clínico, seja a de acolhê-las como o grão episódico de atividade que procura estancar a agonia. Nessa linha, parece importante que o analisando não esteja completamente sozinho, mesmo durante a queda.

 

Referências

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Recebido em: 17/4/2019
Aceito em: 5/5/2019

 

 

1 Este texto faz parte de um trabalho conjunto que realizamos fazendo nossas pesquisas dialogarem. Algumas ideias deste texto foram apresentadas inicialmente por Nelson E. Coelho Jr. no I Encontro Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo (IP-USP e Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP), na mesa-redonda "Melancolia", realizada em outubro de 2018.

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