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Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.52 no.97 São Paulo July/Dec. 2019

 

EROS

 

O laço de Eros entre a literatura e a psicanálise

 

Eros' bond between literature and psychoanalysis

 

El lazo de Eros entre la literatura y el psicoanálisis

 

Le lien d'Eros entre la littérature et la psychanalyse

 

 

José Luiz Cordeiro Dias Tavares

Psicanalista pelo Centro de Estudos Psicanalíticos (CEP, SP). Faz aperfeiçoamento em Psicopatologia Psicanalítica e Clínica Contemporânea no Instituto Sedes Sapientiae (SP), tem formação em História da Filosofia pela Faculdade de São Bento(SP). Médico pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), tem doutorado pela Universidade Federal do Estado de São Paulo (unifesp) e pós-doutorado pela Universidade de Londres (UK). São Paulo / jltavares2016@gmail.com

 

 


RESUMO

O propósito de Eros é reunir indivíduos em uma grande unidade, diz Freud. Para tal, os homens devem estar interligados libidinalmente. Eros é pulsão de vida e divide o mundo com a pulsão de morte. Na tensão entre elas segue o homem com o objetivo de ser feliz. Nesta busca, aliviamos sofrimentos se deslocamos a libido e reorientamos objetivos pulsionais com recursos de sublimação. Como exemplo, Freud cita o prazer decorrente do trabalho psíquico e intelectual, como a alegria do artista em criar. A psicanálise se articula com a arte, na teoria e na prática. Este texto e as reflexões aqui desenvolvidas vão olhar a literatura como expressão artística em conexão com a psicanálise. Em A interpretação dos sonhos, Freud cita Virgílio na Eneida: "Se sou incapaz de mover os deuses acima, moverei o Aqueronte". Trata-se de um tributo ao poeta, uma ode de Freud à literatura ao inaugurar a psicanálise em 1900.

Palavras-chave: literatura, psicanálise, Eros


ABSTRACT

Eros's purpose is to bring individuals together into one large unit, says Freud. For this, men must be libidinally interconnected. Eros is the life drive and divides the world with the death drive. In the tension between them the man moves in order to be happy. In this quest, suffering is alleviated by moving the libido and reorienting drive goals with sublimation. As an example, Freud cites the pleasure of psychic and intellectual work as the artist's joy in creating. Psychoanalysis is articulated with art, in theory and practice. This text and the reflections developed here will look at literature as an artistic expression in connection with psychoanalysis. In The interpretation of dreams, Freud quotes Virgil in Aeneid: "If I am unable to move the gods above, I will move Acheron". It is a tribute to the poet, a Freud's ode to literature when he inaugurated psychoanalysis in 1900.

Keywords: literature, psychoanalysis, Eros


RESUMEN

El propósito de Eros es reunir a las personas en una unidad grande, dice Freud. Para esto, los hombres deben estar interconectados libidinalmente. Eros es el impulso de la vida y divide el mundo con el impulso de la muerte. En la tensión entre ellos sigue el hombre para ser feliz. En esta búsqueda, aliviamos el sufrimiento al mover la libido y reorientar los objetivos de manejo con capacidades de sublimación. Como ejemplo, Freud cita el placer del trabajo psíquico e intelectual como la alegría del artista en la creación. El psicoanálisis se articula con el arte, en teoría y práctica. Este texto y las reflexiones desarrolladas aquí verán la literatura como una expresión artística en conexión con el psicoanálisis. En La interpretación de los sueños, Freud cita a Virgilio en Eneida: "Si no puedo mover a los dioses de arriba, moveré a Acheron". Es un homenaje al poeta, una oda de Freud a la literatura cuando inauguró el psicoanálisis en 1900.

Palabras clave: literatura, psicoanálisis, Eros


RÉSUMÉ

Le but d'Eros est de rassembler des individus dans une grande unité, dit Freud. Pour cela, les hommes doivent être libidinalement interconnectés. Eros est la pulsion de vie et partage le monde avec la pulsion de mort. Dans la tension qui les sépare, l'homme veux être heureux. Dans cette quête, nous soulageons la souffrance en déplaçant la libido et en réorientant les objectifs avec des capacités de sublimation. Par example, le plaisir psychique et intellectuel comme la joie de créer de l'artiste, dit Freud. La psychanalyse s'articule avec l'art, en théorie et pratique. Ce texte et les réflexions développées ici verront la littérature comme une expression artistique liée à la psychanalyse. Dans L'interprétation des rêves, Freud cite Virgile dans Énéide: "Si je ne parviens pas à déplacer les dieux au-dessus, je déplacerai Achéron". C'est un hommage au poète, une ode de Freud à la littérature à l'inauguration de la psychanalyse en 1900.

Mots-clés: literature, psychanalyse, Eros


 

 

Eros e literatura na história da psicanálise

Eros é uma divindade fundamental na história da humanidade. Em "O mal-estar na civilização", Freud nos diz que o propósito de Eros é reunir indivíduos isolados em uma única grande unidade, a humanidade. Para isso, os homens devem estar libidinalmente ligados entre si, ainda que a natural agressividade do homem, representante de sua pulsão de morte, se oponha a esse programa da civilização. Eros corresponde à pulsão de vida e divide o domínio do mundo com Thanatos, representante da pulsão de morte. E é na tensão entre ambas as pulsões que se constitui a espécie humana, cujo principal objetivo é encontrar a felicidade. Na busca da satisfação desse objetivo, Freud assinala que podemos ter esperança de nos libertar de pelo menos uma parte de nossos sofrimentos, agindo sobre nossas pulsões. Nesse processo estão os deslocamentos de libido reorientando os objetivos pulsionais de tal forma que evitem a frustração do mundo externo com a participação aqui do processo de sublimação. Obtém-se o máximo quando se consegue intensificar a produção de prazer com base nas fontes do trabalho psíquico e intelectual, diz ele. Neste sentido, a satisfação decorrente da alegria do artista em criar e dar corpo às suas fantasias possui uma qualidade especial (1930/2016c).

A psicanálise articula-se com a arte durante o percurso de seu desenvolvimento teórico e em sua prática clínica. Neste sentido, este texto e as reflexões aqui desenvolvidas vão olhar para a literatura como uma das formas de expressão artística em relação à psicanálise. Na primeira página de A interpretação dos sonhos Freud faz a seguinte citação: "Se sou incapaz de mover os deuses acima, moverei o Aqueronte". Trata-se de um tributo a Virgílio, em seu poema Eneida, uma verdadeira ode de Freud à literatura ao inaugurar a psicanálise em 1900. Referências importantes que estruturam a psicanálise são de natureza literária. O exemplo mais emblemático vem de Édipo, um personagem dramático em um contexto poético transportado por Freud para a psicanálise. Em A interpretação dos sonhos, Freud diz que o papel principal na psique das crianças que se tornam neuróticas é desempenhado por seus pais e que apaixonar-se por um deles e odiar o outro são componentes essenciais do acervo de impulsos psíquicos que se formam nessa época, importantes para a determinação posterior dos sintomas neuróticos. Trata-se de algo que também ocorre, de maneira menos óbvia e menos intensa, nos que permaneceram normais, e isto se confirma pela lenda de Édipo, cuja universalidade só pode ser compreendida se as hipóteses referentes à psicologia infantil tiverem validade igualmente universal (1900/2016b).

Em Da arte poética, Aristóteles (2015) nos fala da tragédia como a imitação de ações da vida que despertam temor e piedade, permitindo a catarse destas emoções. Na tragédia se representam a dor e o sofrimento do homem, tributários de conflitos decorrentes de seus desejos que desafiam as leis sociais e o universo, acarretando a punição pelos deuses. Ao entrar em contato com os afetos da psique humana, seus paradoxos e inquietudes, a arte estabelece seu vínculo com a psicanálise, que, no início de seu percurso, buscou a catarse como abordagem terapêutica. Em "Personagens psicopáticos no teatro", Freud (1942/2016d) confirma o que disse Aristóteles acerca da finalidade do drama, despertar terror e comiseração, além de produzir uma purgação de afetos, e acrescenta que este propósito se refere a abrir fontes de prazer em nossa vida afetiva. Para tal finalidade, diz Freud mesclando literatura e psicanálise, no teatro é primordial o desabafo dos afetos do espectador, e o prazer resultante corresponde tanto ao alívio decorrente de uma descarga ampla, como também à excitação sexual que aparece sempre que afetos são despertados e conferem ao homem uma tensão psíquica crescente.

Cabe então pensar sobre a conexão entre a literatura e a fantasia psíquica, vale dizer, os desejos recalcados, e, portanto, questionar se haveria algo de particular relacionado ou inerente à literatura. Neste sentido, ainda em A interpretação dos sonhos, Freud nos diz que, se o texto de Édipo Rei comove tanto hoje quanto antigamente, a explicação só pode ser que seu efeito não está no contraste entre o destino e a vontade humana, mas que deve ser procurado na natureza específica do material no qual este contraste está contextualizado. Refere-se Freud a nosso destino quanto a dirigirmos nosso primeiro impulso sexual para a figura materna e nosso primeiro ódio e desejo assassino para a figura paterna, e acrescenta que nossos sonhos nos convencem de que é exatamente isso o que ocorre. Assim, a história de Édipo nos mostraria a realização de nossos próprios desejos infantis. Mais afortunados que o rei, contudo, conseguimos nos desprender desses impulsos sexuais e desse ódio assassino. Conclui Freud que na poesia daquele texto está alguém em quem esses desejos primevos de nossa infância foram realizados, tendo nós deles recuado com toda a força do recalcamento pelo qual tais desejos, desde aquela época, foram contidos dentro de nós. Assim, o poeta nos remete à nossa própria alma secreta, onde esses impulsos suprimidos ainda estão. Portanto, a literatura, como o sonho, poderia expressar uma forma de elaboração secundária de uma fantasia relacionada aos desejos infantis recalcados que são satisfeitos ao entrarmos em contato com o texto poético.

Mais de vinte anos após a publicação de A interpretação dos sonhos, Freud novamente recorre à literatura grega e refere-se a O banquete de Platão em seu texto "As resistências à psicanálise" (1925/2016f), ao comentar as dificuldades encontradas no que se refere à aceitação de sua teoria acerca da sexualidade humana. Nesse texto, Freud fala da recepção relutante da psicanálise no ambiente científico e supõe que tal reação deve decorrer de outras resistências, não apenas intelectuais, que devem ter sido excitadas, despertando poderosas forças emocionais. Muitos aspectos da teoria psicanalítica produzem um efeito desse tipo sobre as paixões dos homens em geral, não somente dos cientistas, como por exemplo nas questões da teoria relacionadas às pulsões sexuais. Segue Freud em seu comentário dizendo que a teoria psicanalítica sustentou a ideia de que os sintomas neuróticos constituem satisfações substitutivas, deformadas, de forças pulsionais sexuais das quais a satisfação direta foi frustrada por resistências internas. Posteriormente, a psicanálise procurou demonstrar que esses mesmos componentes sexuais, possíveis de ser desviados de seus objetos imediatos e dirigidos para outras áreas, efetuavam contribuições importantes para as realizações culturais do indivíduo e da sociedade. Além disso, acrescentou ele, aquilo que a psicanálise chamou de sexualidade não era em absoluto idêntico à união de dois sexos, nem algo no sentido de produzir uma sensação prazerosa dos órgãos genitais e tinha muito mais semelhança com Eros, que tudo inclui e tudo preserva, como enaltecido em O banquete de Platão, diz ele.

Em "O escritor e a fantasia" (1908/2015c) Freud pergunta de onde os poetas extraem seus temas e sugere que toda criança brincando é como um poeta, pois cria seu próprio mundo e transpõe as coisas para uma nova ordem que lhe agrade, mobilizando uma grande quantidade de afeto. O poeta faz o mesmo ao criar um mundo de fantasias também mobilizando grande carga de afeto, distinguindo-se da realidade. A linguagem é que mantém a afinidade entre brincadeira e poesia. Ao crescer, a brincadeira vai sendo deixada de lado, sendo, porém, substituída por fantasias, castelos no ar e sonhos diurnos que são criados. Espera-se que o adulto não brinque nem fantasie e aja no mundo da realidade. Esse mesmo adulto, porém, sabe que sob suas fantasias há desejos que devem permanecer ocultos, e por esta razão ele se envergonha de suas fantasias como coisas de criança ou proibidas. Para Freud, uma forte vivência atual deveria despertar no poeta a lembrança de uma vivência antiga, em geral, infantil, de onde parte o desejo que será realizado na criação literária, na qual há tanto elementos recentes quanto também antigas lembranças. Assim, supõe-se que a criação literária e o sonho diurno sejam uma continuação e uma substituição das brincadeiras infantis.

Se concordarmos em aceitar a vinculação entre a literatura com as fantasias e o inconsciente, devemos aceitar que o texto literário não se limita a um trabalho meramente intelectual à procura das melhores rimas ou métricas. Trata-se aqui de uma produção que traz consigo uma marca pulsional, expressando algo que, de outra forma, seguiria recalcado. Portanto, a sintaxe que constrói o texto literário baseia-se em um outro léxico, tributário do inconsciente e que se registra com a linguagem decorrente dos afetos. Desta maneira, assim como ocorre com os poetas, algo também se passa com os analisandos que nos buscam com seus enunciados dos quais escapam ou transbordam as enunciações que os motivaram e que marcam o percurso de seu sofrimento. Literatura e psicanálise são atos criativos que buscam pela fantasia dar voz ao indizível. São, portanto, exercícios de des-aprendizado para apreender e talvez aprender o que ilusoriamente se supõe ou se espera ser possível de ser capturado.

No discurso autoral dos analisandos assim como nos fragmentos literários dos autores residem preciosidades que, ao buscarem expressão, encontram seu caminho feito de brechas por metáforas ou, então, seguem vias que deslizam por metonímias exibindo significantes que as constituem numa rota sem um fim previsível. Somos submetidos às leis da linguagem. Considera-se que o enunciado do discurso difere da enunciação que produz este enunciado. O enunciado refere-se a uma sequência limitada de palavras ditas pelo enunciador e é produto de uma enunciação que é o local de onde o sujeito pode surgir, como ensina Lacan. Da mesma forma, nas estrofes poéticas e nos parágrafos literários estão os enunciados que as enunciações sustentam.

Em seu texto de 1895 "Projeto para uma psicologia científica", Freud propõe uma abordagem dos fenômenos psíquicos com base em pressupostos biológicos derivados de concepções neurofisiológicas (1950/1975). Com a continuidade de seu caminho, porém, ele vai inscrevendo a psicanálise em um outro registro, algo que fica nítido na publicação de A interpretação dos sonhos, na qual, ainda que mantenha um olhar relacionado à biologia quando se refere a sistemas neuronais, estímulos e enervações em alguns trechos, também introduz proposições de outra ordem, como a existência de um inconsciente. Neste percurso da psicanálise estão os escritores em geral, como referências às quais Freud não raramente recorre para a construção de sua teoria, sem, entretanto, negligenciar os elementos decorrentes de sua observação clínica neste caminho.

No "Manuscrito N", anexado a uma carta a Fliess datada de 1897 Freud escreve: "O mecanismo da criação poética é o mesmo das fantasias histéricas". Os vários casos clínicos narrados em "Estudos sobre a histeria" apresentam analisandas que poderiam ser extraídas de Madame Bovary de Flaubert, a descrição do melancólico em "Luto e melancolia" poderia vir de Goethe no romance sobre o jovem Werther, os conceitos contidos em "Introdução ao narcisismo" servem muito bem para a composição do personagem principal em Morte em Veneza de Thomas Mann, sem esquecer que o próprio "O caso Schreber" foi escrito por Freud tendo como referência um texto literário, a saber, Memórias de um doente dos nervos. Da mesma forma, ao construir "Totem e tabu", Freud buscou apoio na teoria evolucionista de Darwin, na concepção do totemismo de Frazer, na tese do banquete totêmico e da substituição da horda pelo clã de Smith, na ideia do fim do sistema patriarcal pela revolta dos filhos de Atkinson e nas considerações sobre o horror ao incesto de Westermack, como comenta Betty Fuks em Freud & a cultura (2011).

Até Shakespere, os homens eram filhos dos deuses e dos mitos. Após Shakespeare, o homem passa a acessar a interioridade de seus sentimentos como ciúme, inveja, traição, ganância, poder e amor, temas igualmente presentes na obra freudiana. Hamlet é citado por Freud em vários textos, como "O inquietante", "O Moisés de Michelangelo", "Luto e melancolia", "Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen" e também em A interpretação dos sonhos. Em "Dostoievski e o parricídio", Freud é muito explícito no que se refere à relação entre literatura, teatro, mitologia e psicanálise, quando diz textualmente que dificilmente pode-se dever ao acaso que três da obras-primas da literatura de todos os tempos, Édipo Rei, Hamlet e Os irmãos Karamazov, tratem, todas, do mesmo assunto, a saber, o parricídio, e que nestas três obras o motivo do ato, a rivalidade sexual por uma mulher, é claramente evidenciada.

Em "O delírio e os sonhos na Gradiva de W. Jensen", Freud (1907/2015b) afirma que escritores criativos são aliados muito valiosos, cujo testemunho deve ser levado em alta conta, pois costumam conhecer uma vasta gama de coisas entre o céu e a terra com as quais a nossa filosofia ainda não nos deixou sonhar, novamente aqui em alusão a Shakespeare em Hamlet. Escritores estão bem adiante de nós, diz ele, no conhecimento da mente, já que se nutrem em fontes que ainda não são acessíveis à ciência.

Próximo do final de sua vida Freud recebe o prêmio Goethe, que não é exclusivamente de categoria literária, mas sim destinado àqueles cujas realizações são consideradas como dignas de honrar a memória de Goethe. Sobre a importância de Goethe, Freud compara seu talento ao de Leonardo da Vinci. Na carta endereçada a Freud comunicando sua premiação, o secretário da curadoria do prêmio lhe diz que tal decisão se deve ao reconhecimento do prestígio de suas obras, relacionado ao alto valor atribuído aos efeitos transformadores das novas formas de pesquisa proporcionados pela psicanálise, com base em um rigoroso método científico aliado à ousada interpretação das metáforas cunhadas pelos poetas, abrindo passagem para as forças pulsionais da alma e possibilitando tanto a compreensão de muitas formas culturais como também curar doenças cuja chave a arte médica até aquele momento não possuía, além de enriquecer o mundo das representações dos artistas, historiadores e educadores.

Na resposta a essa carta, Freud diz que não participará da premiação, mas que sua filha Anna vai representá-lo e lerá algumas frases que tratam da relação de Goethe com a psicanálise. Neste discurso, Freud pergunta como Goethe se sentiria caso seu olhar atento tivesse recaído sobre a psicanálise e responde que provavelmente ele não a teria repudiado, pois o próprio Goethe se aproximou da psicanálise e reconheceu muitas coisas que a teoria psicanalítica posteriormente pôde vir a atestar. E cita como exemplo a força das primeiras ligações afetivas das crianças, às quais Goethe alude no Fausto com palavras que poderiam ser repetidas em cada uma de nossas análises, quando, neste romance-poema, lemos sobre as formas hesitantes que um dia nos nublaram a visão e que agora o primeiro amor traz de volta ou, então, quando encontramos no mesmo autor algumas alusões à vida onírica, por exemplo, quando ele diz que o que não é sabido pelos homens, no labirinto do peito, vaga pela noite. Mais ao final do discurso, em referência a um dos pilares da psicanálise, Freud diz que Goethe sempre teve Eros em alta consideração, nunca tentou diminuir seu poder, seguiu suas manifestações mais primitivas e corajosas, defendendo todas as suas formas de expressão (1930/2016e).

Em sua autobiografia, Freud (1925/2016a) diz que o que o moveu em direção à carreira médica foi saber que nessa área poderia se dedicar principalmente às questões humanas e que o fato de ter-se ocupado precocemente da história bíblica tão logo aprendeu a ler influiu de forma duradoura na direção de seus interesses. Segue ainda dizendo que era enormemente atraído pela teoria de Darwin e que ter lido o belo ensaio de Goethe sobre a natureza também ajudou a fazer com que decidisse matricular-se no curso médico. Determinados textos literários incluindo os poéticos podem ser vistos como imortais, sempre atuais, desde que devidamente contextualizados. A psicanálise igualmente pode assim ser considerada. Em A interpretação dos sonhos, Freud diz que há nos sonhos uma encantadora poesia, uma alegoria arguta, um humor incomparável, uma rara ironia.

Reflexões sobre literatura e psicanálise necessariamente me remetem ao texto de Freud sobre "A transitoriedade" (1916/2015f). Rilke e Freud juntos, poesia e psicanálise juntas, lado a lado, passeando por uma rica paisagem num dia de verão, como ele mesmo descreve na abertura do texto. O passeio em si é provavelmente uma narrativa ficcional de um encontro que efetivamente teria ocorrido em Munique, em agosto de 1913. Um ano depois, em julho de 1914, a Áustria vem a atacar a Sérvia. Nesse passeio, o poeta admirava a beleza do cenário, mas não se alegrava, pois tudo ali estaria condenado à extinção no inverno, e isso também aconteceria com a beleza humana e com tudo o que há de belo na criação humana. O poeta ali abordava a transitoriedade da existência, o que lhe dificultava amar e admirar a vida. Freud lhe responde que a primavera sempre retorna e que a preciosidade da vida decorre de sua fugacidade. O valor da transitoriedade, diz Freud, é sua escassez no tempo, e a limitação da possibilidade de uma fruição eleva o valor dessa fruição. Neste diálogo, poético, Freud toca em questões estruturais da psicanálise, como a libido e sua importância como potencial amoroso e o luto no que tange à dificuldade do homem em viver as perdas inerentes à condição do existir e que o remetem ao desamparo e ao confronto com a finitude da vida. Freud, entretanto, também fala sobre sua esperança de que após o luto pelas perdas, em alusão à guerra, possa se criar algo novo, expressando sua crença no homem e em sua capacidade de elaborar o sofrimento e reconstruir-se com objetos novos, possivelmente tão ou mais preciosos do que os que foram perdidos. Reconstruiremos tudo o que a guerra destruiu e talvez em um solo mais firme e de modo mais duradouro, diz ele no final desse texto.

 

Eros e literatura na sala de análise

Em "O ofício do poeta", discurso apresentado em 1976 em Munique por Elias Canetti, ganhador do prêmio Nobel de literatura em 1981, lemos que "só pode ser poeta quem sente responsabilidade para com a vida que se destrói" e que "o poeta não é guiado por nenhuma regra consciente e, sim, por uma fome inexplicável, uma vez que se abre para os seres humanos mais distintos e os compreende da maneira mais antiga, pré-científica, ou seja, através das metamorfoses". Diz ele que "o poeta não coleciona seres humanos, não os coloca ordenadamente lado a lado, mas depara com eles, os acolhe e por meio destes encontros experimenta choques intensos". Lendo este recorte do discurso (2011) uma segunda vez e substituindo a palavra "poeta" por "psicanalista", me parece que sua essência se preserva. Lembro-me então de Freud no texto "Alguns tipos de caráter encontrados na prática clínica" (1916/2015a), no qual ele faz uma citação de Ibsen, extraída de sua peça Rosmersholm: "... na quietude... na solidão... quando você me confiava sem reservas seus pensamentos... cada estado de ânimo, sutil e delicado como você o sentia, aí então houve a minha grande mudança". Penso tratar-se de uma poética descrição do ofício da psicanálise, que, além de afetar o analisando, igualmente permite ao psicanalista ser por ele - seu analisando - também afetado. Segue Canetti, no mesmo discurso (2011), dizendo que há um desejo íntimo dos poetas pela experiência dos outros e que, em sua natureza, há um processo misterioso e pouco investigado, que constitui a única e verdadeira via de acesso a um outro ser humano sobre o qual se fala "ora em intuição, ora em empatia". Mais uma vez, é do psicanalista que ele poderia estar falando.

Em suas associações livres, atos falhos, sonhos narrados, os analisandos vão nos oferecendo seus conteúdos poéticos - pois fantasiosos - à medida que vão driblando suas resistências, drenando suas almas e nos propondo modalidades singulares de vínculos dos quais participamos também com textos igualmente fantasiosos e, por que não, poéticos, que constroem nossa própria existência e que atravessam nossa atividade como psicanalistas. Citando Ribeiro no texto "Narrativas imaginativas na sala de análise" (2017), a dupla psicanalista & analisando tem o potencial de construir e desconstruir narrativas, pois são duas subjetividades em interação constante, com base na associação livre de um e na atenção flutuante do outro, de tal forma, que o que produzem decorre de uma fantasia inconsciente da dupla, ainda que a responsabilidade de condução do processo seja do psicanalista. Somos feitos de histórias escritas a quatro mãos, diz Ribeiro, nas quais só existe um se houver dois, como um eu só se constrói na presença de um outro.

O exercício da psicanálise requer dois artífices. Durante o percurso da análise, psicanalista & analisando dedicam-se a construir a demanda de análise juntos, a quatro mãos e dois inconscientes, em encontros alicerçados em um amor transferencial que escapa das leis óbvias e é tão valioso quanto singular. Penso a atividade da psicanálise como algo mais amplo do que a aplicação de um conjunto de regras técnicas. A experiência dos afetos que se desenvolvem no setting tem fundamental importância na dimensão estética desse encontro à medida que vai-se estabelecendo a relação transferencial na dupla psicanalista & analisando.

Como Freud comenta em "Recomendações aos médicos que praticam a psicanálise" (1912/2015e), não é suficiente expor para o analisando o que lhe é inconsciente, pois, além de não ajudar, pode torná-lo mais incapaz de superar resistências. Há outras questões em jogo, como, por exemplo, a relação transferencial entre psicanalista & analisando possibilitando que tal experiência compartilhada faça algum sentido para ambos. Com o decorrer das sessões, vai-se tecendo na trama do acolhimento algo que ultrapassa as palavras, pois, ainda que estas sejam uma importante ferramenta, no ofício do analista também circulam as que não são ditas, esquecidas, trocadas e tudo mais que se expressa em um gesto ou em um simples olhar que dispensa a apreensão pelo entendimento verbal.

Entre fevereiro de 1903 e o Natal de 1908 Rilke, o poeta, manteve correspondência com Franz Kappus, um jovem poeta, como diz o título da coletânea que reúne essas cartas. Diz Rilke em algumas dessas páginas (2006), a maioria dos acontecimentos da vida é indizível e realiza-se num espaço em que a palavra nunca penetrou. Por isso, devemos tentar em nossos poemas trazer à tona as sensações submersas de nosso vasto passado. Se a partir desse aprofundamento em nosso próprio mundo resultarem versos, não há dúvida de que serão bons. Lembro-me de Carlos Drummond de Andrade, em Poesia, quando diz:

Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
Inquieto, vivo.

Ele está cá dentro e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
Inunda minha vida inteira.
(Andrade, 1973, p. 65)

A poesia assim como a psicanálise possibilitam, ambas, que se alarguem os registros da condição humana, e neste momento o texto de alguma forma se presentifica, seja nas sessões ou em páginas escritas. Estar na clínica psicanalítica faz com que eu me interrogue sobre o lugar do qual devo viver essa experiência. Quando a porta do consultório se fecha e se abre o abismo do inconsciente não é possível buscar certezas, tampouco reprodutibilidades, e o que se constrói na dupla psicanalista & analisando se passa como no exato momento em que uma dupla de trapezistas se lança no ar contando apenas com o tudo que ali será possível ser vivido. Algo como personagens de Chagall, aspirando a voar e construir um novo olhar no qual os limites do viver se transformem em uma plenitude singular e libertária do existir. Para mim, este movimento aponta para uma subjetividade em permanente construção, tanto do analisando como minha também, que só é possível na clínica pela experiência da alteridade, distante de dogmatismos que silenciam o que há de estranho no outro, e que, em grande parte, se sustenta por uma curiosidade sobre a vida e pela incômoda pergunta que me move sobre o que eu quero e o que eu faço de mim mesmo.

Voltando a seu texto sobre as recomendações aos médicos que praticam a psicanálise (1912/2015e), Freud fala sobre a necessidade de o psicanalista voltar seu inconsciente como órgão receptor para o inconsciente emissor do analisando. Penso que é da delicadeza do encontro que Freud fala. Uma certa amorosidade, que nem sempre as palavras alcançam nomear por completo, mas que vai tornar possível pavimentar o percurso da experiência analítica. Não há encontro impessoal. Somos atravessados pelos afetos próprios de cada encontro. Há algo mais que de mim transborda depois da pergunta que faço: "em que posso lhe ajudar?" Da mesma forma, há algo mais, muito mais, no relato do analisando quando discorre sobre seu sofrimento. Há expectativas, desejos, receios, apostas e muito mais que não pode ser sequer identificado, muito menos nomeado.

Em "O início do tratamento", Freud (1913/2015d) recorre ao jogo do xadrez para falar da psicanálise. Diz ele que nesse jogo somente as aberturas e os finais permitem uma descrição sistemática e que, após a abertura, são tantos os movimentos possíveis, que tal abordagem descritiva é inviável, comentando que as regras para o exercício do tratamento psicanalítico têm limitações semelhantes. Para mim, é exatamente essa amplidão que me cativa, algo que me situa num lugar desconhecido onde a priori não sabemos - nem eu nem o analisando - qual será o tecido a desdobrar e tampouco a trama a tecer. A cada início de sessão sinto-me num mundo, vasto mundo, onde nem sempre as rimas trazem a solução, mas vou percebendo e legitimando a beleza de ser gauche na vida, apostando as fichas em um desejo mútuo, que me bota comovido como o diabo, como me ensinou o poeta de Itabira. Penso que, como numa sessão de repentistas nordestinos, psicanalista e analisando criam os versos no exato momento em que a sessão se passa, construindo uma literatura de cordel falada, singular, imprevista, surpreendente, própria e exclusiva daquela dupla, na qual a métrica e a rima escapam da lógica e seguem uma outra sintaxe, uma outra música, que vai além das palavras.

A comunicação verbal intersubjetiva se passa numa cena em que, ao falar, alguém que não sabe de si diz algo para um outro alguém que se encontra na mesma situação, e, nesta cena, tampouco se sabe exatamente o que foi dito por quem disse, nem o que foi registrado por quem ouviu, nem se sabe exatamente de que forma os registros psíquicos da experiência circularam ali em ambos, tampouco quais conexões ou associações ocorreram fora do registro objetivo da cognição. A cena na sala de análise é instantânea, algo fotográfico que não necessariamente revela o filme por completo, como bem me ensinou uma analisanda recentemente durante uma sessão. Portanto, o que escuto em uma sessão se restringe e se limita àquele momento no qual a interação ocorreu e traz consigo algo de transitório e lábil, ainda que potencialmente fértil, e é nesta instabilidade que acena para a possibilidade de aberturas criativas que vão surgindo as potencialidades de construção desse encontro. Trata-se de uma experiência que se registra psiquicamente com as marcas do sensível, como se passa quando lemos um texto poético que, por algum motivo desconhecido pela razão, nos captura em alguma dimensão nem sempre possível de ser nomeada. Permitimo-nos, apenas, ser surpreendidos, sabe-se lá por quê, mas, certamente, houve algo ali que escapou e se inscreveu para além do concretamente tangível.

Ao perceber-me atravessado pelos afetos na prática da clínica psicanalítica, volto meu olhar para a questão do vínculo que, embora não seja exclusivo da psicanálise, também nasce na experiência analítica, como ressalta Radmila Zygouris em O vínculo inédito (2003). O vínculo não decorre da interpretação, pois ele é o que se vive, efeito da singularidade de dois corpos interagindo, diz Radmila, o que me remete às considerações freudianas sobre Eros, mencionadas no início deste texto, acerca da função de ligação libidinal entre os seres humanos. A linguagem é patente e o que necessita análise é latente, ela diz, e nos lembra que, embora a linguagem seja o material de eleição da psicanálise, restringirmo-nos a ela pode comprometer a riqueza da experiência humana que, no setting, deve legitimar o vínculo como sustentação das palavras, cuja finalidade vai mais além do que apenas informar. Há sempre algo de inclassificável da experiência analítica, cuja autoria sensível pertence à dupla que a pratica. É no espaço criado por ambos ao longo do percurso de análise que surgem conflitos ou prazeres que são revividos e, portanto, atualizados com base na singularidade do vínculo que estrutura a relação dessa dupla na qual cabem incontáveis imagos. Ao psicanalista corresponde contextualizar o que ali se passa e genuinamente receber as manifestações que surgem, para que seja possível vislumbrar-se um outro destino para aqueles afetos, quando necessário. É para a ética da psicanálise que aqui se olha, algo que se baseia em princípios, que incluem o respeito ao analisando e ao que ele nos traz. Como diz Freud em "Análise terminável e interminável" (1937/2018), não esqueçamos que o relacionamento analítico se fundamenta no amor à verdade.

A experiência analítica mobiliza afetos, traz o ambíguo chiaroscuro da natureza humana e refere-se a algo de uma poética do sensível que flui com base em um mútuo desejo de contato. A psicanálise, assim como a literatura, me arremessa para uma outra dimensão, onde o elemento sensível ganha potência e se torna um dos pilares principais da atividade terapêutica, ocupando um espaço de relevância compartilhado com a teoria e com a técnica.

O texto literário é uma obra de arte. No bolso de Van Gogh, no dia de sua morte, havia um bilhete que dizia: "No meu trabalho, eu arrisco a minha vida e a minha razão dissolvida". Rilke, o poeta, em uma carta a sua esposa Clara, escreveu que as obras de arte são sempre o produto de um risco que se correu, uma experiência levada ao extremo, até o ponto em que o homem não pode mais continuar. Penso que é sobre a experiência psicanalítica que esses dois artistas nos falam. Concluindo, no texto "Acessos de palavras", Elias Canetti (2011) diz que, para ele, não há a menor dúvida de que as palavras estão carregadas de uma espécie particular de paixão, e que elas são como os homens, não se deixam negligenciar nem esquecer, e não importa como sejam guardadas, pois elas sempre conservam sua vida e surgem repentinamente, exigindo seus direitos. Para mim, escritores e psicanalistas criam com o que resta, aproximam-se do traumático, confrontam-se com as pulsões, tangenciam limites e buscam forjar novos sentidos com as palavras e os afetos que, nas sessões, psicanalista e analisando se encarregam, juntos, de fazer ali circular.

 

Referências

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Recebido em: 30/10/2019
Aceito em: 16/11/2019

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