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Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.52 no.97 São Paulo July/Dec. 2019

 

EROS

 

A escuta polifônica no atendimento psicanalítico de adolescentes1

 

The polyphonic listening in psychoanalytic care of adolescents

 

La escucha polifónica en el tratamiento psicoanalítico de adolescentes

 

L'écoute polyphonique dans le soins psychanalytiques des adolescents

 

 

Josefa Maria Dias da Silva Fernandes

Membro associado e psicanalista de crianças e adolescentes da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Membro do Conselho de Ética do Grupo de Estudos de Psicanálise de São José do Rio Preto e Região (GEP Rio Preto e Região). São José do Rio Preto / josefadiassf@gmail.com

 

 


RESUMO

A autora evidencia a adolescência e suas metamorfoses no corpo e na vida emocional, e os conflitos da complexa passagem da infância à adolescência. Compartilha a experiência analítica vivida com dois adolescentes, Jacinto e Íris, que têm em comum o casal parental que apresenta prejuízo em sua constituição desencadeando a inserção destes num universo fantástico e perverso. A escuta polifônica amplia o conhecimento da psicanalista quando se interessa em conhecer assuntos, como jogos e teorias, que estavam distantes de seu repertório cotidiano.

Palavras-chave: psicanálise de adolescentes, parentalidade, objetos internos, estados primitivos da mente, continência


ABSTRACT

The author highlights the adolescence and its metamorphoses in the body and emotional life, and the conflicts of the complex passage from childhood to adolescence. She shares the analytical experience lived with two teenagers, Jacinto and Iris, who have in common the parental couple that presents impairment in their constitution triggering their insertion in a fantastic and perverse universe. Polyphonic listening broadens the psychoanalyst's knowledge when she is interested in knowing subjects such as games and theories that were far from her everyday repertoire.

Keywords: adolescent psychoanalysis, parenting, internal objects, primitive states of mind, continence


RESUMEN

El autor destaca la adolescencia y sus metamorfosis en el cuerpo y la vida emocional, y los conflictos del complejo paso de la infancia a la adolescencia. Comparte la experiencia analítica vivida con dos adolescentes, Jacinto e Iris, que tienen en común la pareja parental que presenta un impedimento en su constitución que desencadena su inserción en un universo fantástico y perverso. La escucha polifónica amplía el conocimiento del psicoanalista cuando está interesada en conocer temas como juegos y teorías que estaban lejos de su repertorio cotidiano.

Palabras clave: psicoanálisis adolescente, paternidad, objetos internos, estados mentales primitivos, continencia


RÉSUMÉ

L'auteur met en évidence l'adolescence et ses métamorphoses dans le corps et la vie affective, ainsi que les conflits du passage complexe de l'enfance à l'adolescence. Elle partage l'expérience analytique vécue avec deux adolescents, Jacinto et Iris, qui ont en commun le couple parental qui présente une altération de leur constitution déclenchant leur insertion dans un univers fantastique et pervers. L'écoute polyphonique élargit les connaissances de la psychanalyste lorsqu'elle s'intéresse à des sujets tels que les jeux et les théories qui étaient loin de son répertoire quotidien.

Mots-clés: psychanalyse d'adolescent, parentalité, objets internes, états d'esprit primitifs, continence


 

 

Introdução

A adolescência é um período do desenvolvimento caracterizado por transformações biopsicossociais. É uma etapa marcada pela intensidade de sentimentos e questionamentos que se interseccionam com as modificações da puberdade.

Puberdade é um processo biológico que se inicia, em nosso meio, entre 9 e 14 anos aproximadamente e se caracteriza pelo surgimento de uma atividade hormonal que desencadeia os chamados "caracteres sexuais secundários". (Outeiral, 1994, p. 5).

A imagem corporal anteriormente estabelecida é posta em questão. Reordenamentos identificatórios, atribuições de novos sentidos a experiências, rompimentos e buscas de ideais, o desenvolvimento da vida subjetiva apresenta-se com confusões e conflitos, mostrando-se em diferentes espectros na clínica psicanalítica.

Freud descreve as transformações da puberdade como próprias de um período, há um despertar de pulsões sexuais que impulsionam as fantasias construídas no tempo da infância, em concomitância com as descobertas referentes ao sexo. A adolescência constitui-se em uma vivência fundamental da constituição identitária, permeada por mudanças, remodelamentos subjetivos e ressignificações. Os adolescentes necessitam reeditar sentimentos e vínculos primários em relação às figuras parentais, revisando seus objetos internos e sua identidade. O objeto de desejo, interditado, precisa ser abandonado para que sejam possíveis novos investimentos objetais.

ao mesmo tempo em que as fantasias claramente incestuosas são superadas e repudiadas, consuma-se uma das mais significativas e, também, uma das mais dolorosas realizações psíquicas do período puberal: o desligamento da autoridade dos pais, um processo que, sozinho, torna possível a oposição, tão importante para o progresso da civilização, entre a nova geração e a velha. (Freud, 1905/1996, p. 234)

Pais e filhos vivem um processo angustiante e confuso, já que vão deparar com questões referentes a separação, diferenciação, finitude, alterações de lugares e papéis na dinâmica familiar, além de frustrações decorrentes do crescimento e escolhas que os diferenciam.

Bloss (1988) aponta o fato de que na adolescência ocorre um segundo momento do processo de separação-individuação. O autor fala da importância de a criança ter adquirido a constância objetal e da essencial disponibilidade dos pais para permitir a separação, diferenciação e individuação do filho.

Na situação edipiana, o adolescente - com suas fantasias e percepções da realidade relacionadas à natureza da relação parental - promoverá experiências que, quando houver o reconhecimento de um casal parental criativo, funcionarão como agente facilitador das transformações de pensamentos e ações do desenvolvimento psíquico. Como disse Carvajal,

romper com o apego primário às figuras parentais, deslocando-o para outros objetos (amigo íntimo, grupo, namorado(a) ... "Permanecer apegado" é uma das maiores causas da adolescência abortada... "acordos inconscientes" ... entre pais que não querem deixar crescer e um adolescente que teme destruí-los ao mudar ou deslocar o objeto de apego. Isso gera uma paralisia do tornar-se adolescente com estancamento ou aborto do processo normal. (Carvajal, 2001, p. 64)

Alguns adolescentes ficam prisioneiros do narcisismo parental, diante de uma identificação alienante aos desejos dos pais e acabam anulando as diferenças geracionais.

Apresento minha experiência com dois adolescentes, Jacinto2 e Íris,3 que exemplificam o prejuízo no desenvolvimento emocional em função das vicissitudes, pré-edípicas e edípicas, decorrentes das falhas nas primeiras identificações com os pais. Os nomes foram inspirados em flores.

 

Jacinto

Filho único, a mãe marcou a consulta em nome dela, mas durante a entrevista informou que o atendimento seria para o filho. Fiquei pensando em quem era, realmente, o paciente nessa família?

Ele fica trancado, no quarto, jogando e quase que o obrigo sair para almoçar. Joga o tempo todo, até na madrugada. Seus amigos são virtuais. Aos 16 anos terminou o Ensino Médio e não quer sair com os colegas e nas atividades familiares fica no celular sem interagir. Não gosta de conversar comigo. Há doze anos dorme com o pai no quarto de hospedes. Progressivamente vem apresentando alguns comportamentos que me preocupam. Sente medo de dormir sozinho, não abre a janela, não deixa a luz entrar. As portas dos armários precisam estar sempre fechadas e reclama com a empregada quando precisa guardar as roupas e limpar o quarto. Ele se tornou esquisito como o pai, os dois são muito parecidos. Como se ele fosse a sombra do pai. Apenas conversa com o pai. No último mês, passou a lavar as mãos várias vezes após cumprimentar alguém. Se escondeu na visita da minha filha e neta, não quis sair para cumprimentá-las. Mas ela insistiu e foi até ele. Quando foram embora percebi que ficou perturbado e começou a gritar dizendo que detesta visitas e não suporta crianças. Fiquei desesperada por não ter instrumentos para ajudá-lo, tentei me aproximar, mas ele gritava mais ainda dizendo que não o tocasse. Quando o pai chegou, ele se acalmou. Seu nome foi indicado há quatro anos, acredito que você pode ajudar meu filho a superar tudo isso, ele precisa se libertar do pai...

Observando o grau de complexidade da dinâmica familiar, optei por conversar inicialmente com os pais. Na entrevista, o pai estava distante das emoções, mas um momento me chamou atenção.

Não sei o que fazer para ajudá-lo. Perdi o controle da situação, é desesperador ver meu filho com comportamento de louco. Ele é superinteligente e precoce. Conversamos sobre política, música clássica, teorias sobre matemática e física. Até hoje, não encontrei ninguém que conversasse comigo esses assuntos. Eu já estava me programando em comprar um apartamento para realizar seu sonho de entrar na USP. Já estava quase tudo esquematizado, e, de repente, ele parou e tudo ficou sombrio. Não quero pensar que meu filho seja autista ou esquizofrênico. Não acredito nesses tratamentos alternativos, quero deixar claro que sou cético. Pesquisei sobre sua linha de trabalho antes de chegar aqui.

No atendimento psicanalítico com crianças e adolescentes, as dificuldades dos filhos podem representar uma ferida narcísica nos pais. Segue-se aí a importante função analítica de nomear os fenômenos psíquicos presentes entre eles, por repressão e identificação projetiva, que, por estarem na mente dos filhos, trazem repercussões em seu desenvolvimento. Tema que remete a Kancyper, quando afirma que

a história do adolescente nasce antes do seu nascimento biológico. Existe uma ordem simbólica, ordem lógica que precedeu seu nascimento cronológico. Esta ordem é o lugar que ocupa o filho na fantasmática individual em cada um dos progenitores e no casal, lugar que estará determinado em relação com o sistema narcisista, e que se plasmará em uma representação: será o representante narcisista primário do desejo inconsciente da mãe e do desejo inconsciente do pai, e assim se manterá a homeostase narcisista da situação do meio familiar...

(Kancyper, 1999, pp. 85-86)

O exercício da análise permite conhecer e conviver com diferentes estados de mente da dupla paciente e analista. Quem é o paciente que vamos encontrar ao iniciarmos a sessão, qual linguagem vamos utilizar na tentativa de estabelecer um contato e um diálogo analítico?

Na primeira entrevista com Jacinto, na sala de espera, fui surpreendida ao encontrá-lo andando pela sala, com as mãos tampando os ouvidos. Na sala de análise digo que parecia que ele se protegia de algo que não queria ouvir.

J - O barulho do som do celular, daquela que estava lá esperando, era muito alto, agrediu meus ouvidos.

A - Está sensível aos sons.

J - Ouço música com fone de ouvido, mas não são todos os sons que eu aguento ouvir.

Comunicava ter um corpo sensível, mostrando o primitivismo e a peculiaridade da experiência sensorial de estar sendo invadido por estímulos auditivos.

Fico curiosa em saber sobre sua seletividade.

A - E o que lhe interessa?

J - Eu aceitei vir aqui, apesar de não acreditar no método psicanalítico, mas como a médica psiquiatra disse que você vai me ajudar a melhorar para que eu possa estudar na USP!

Lembrei-me do relato dos pais sobre seu isolamento e esquisitices, fiquei curiosa em querer entender sua afirmação.

A - O que você sente que precisa melhorar?

J - Eu quero ficar mais calmo e conseguir estudar para cursar a USP, universidade pública. Ah! Antes que eu esqueça, não gosto de cumprimentar dando as mãos, somente com a cabeça.

Jacinto é um desafio, ele apresenta uma característica do seu funcionamento sensorial, como chamá-lo para uma relação analítica que se torne palco de vivências com significados? Jacinto novamente verbaliza seus pedidos, não gosta das aproximações, dos sons e do corpo que vêm de fora, mas quer receber da analista o preparo para atingir um ideal, a USP. Enfatizo um momento de esforço de Jacinto se conectar ao humano, mas seus recursos emocionais eram tão frágeis, que se desligava novamente e ficava submerso no mundo virtual, onde o fantasioso torna-se viável à sobrevivência psíquica.

A - Você parece cansado?

J - Ainda estou com sono. Ontem, o dia todo estive jogando Dark Souls. A minha mãe fica brava, não aceita que eu jogue. Já o meu pai não diz nada. Apenas parei para almoçar e depois joguei até às 3 h.

A - Você conta como seus pais reagem, e parece que eles não sabem o que você está vivendo.

J - Eles não sabem como funciona jogar em rede. Este sistema de jogo não dá para parar enquanto não termina.

Pega o celular e lê sobre o jogo sem aparente emoção:

J - Dark Souls foca em combates estratégicos e dinâmicos. Apresenta o mundo como um lugar extremamente vazio, sem cor, significados ou relevância. Existências por si só não eram presentes, conceitos não eram definidos, tudo estava em seu lugar vivendo sua eternidade silenciosa. Em meio a Dragões de Pedra, um silêncio e árvores gigantes, uma chama apareceu nas profundezas do mundo e mortos-vivos se levantaram, dentro dessa chama mágica surgiu vida, morte, luz, escuridão.

A - Talvez o jogo esteja apresentando como é estranho e confuso viver sozinho entre paradoxos de vida-morte, escuridão-luz.

J - Eu não sinto fome e não quero parar de jogar. Meu pai fica dormindo e nem vê a hora que vou dormir. Mas sou acordado por minha mãe com o café da manhã. Ela quer que eu beba leite...

A - O virtual torna o real inútil.

O discurso solitário me fez pensar que ele fez uma tentativa de conectar-se comigo, mas não se sustentou e se desligou. A experiência analítica se aproxima do que seria seu refúgio defensivo. Vi o quanto ele estava envolvido num impasse entre o mundo virtual e a realidade, entre vitalizar e desvitalizar sua existência humana, e as condições básicas de sobrevivência como comer, dormir e ter contato afetivo. Considerei a possibilidade de um clima transferencial, quando fala sobre sua preferência pelas "Almas Negras", e não pelos pais. Como ajudá-lo a reconhecer a natureza dos vínculos humanos que se aproximam dele? Qual a qualidade das representações e identificações no seu mundo interno?

Talvez ele sinalize que os pais o perdem de vista na medida em que não tomam atitude ao deixá-lo muito tempo sozinho no jogo.

Steiner (1997) relata que um paciente, aparentemente aprisionado em seu mundo interno, fica estagnado, isolado e fora de alcance. É um estado que surge a partir da operação de um forte sistema defensivo.

Steiner analisa que o retraimento é natural quando temporário, mas torna-se perigoso quando excessivo ou indiscriminado. Percebe que esse estado tende a ser mais frequente na análise de pacientes borderline ou psicóticos, em que há uma acomodação maior ao refúgio. A sensação é que o paciente se encontra fora de contato, e a analista se vê fazendo enorme esforço numa tentativa de alcançá-lo. No trabalho analítico com pacientes como Jacinto, o analista deve levar em conta os riscos de ficar prisioneiro e identificado com o refúgio do paciente. Mas, apesar de ser uma situação tecnicamente difícil de abordar, foi possível perceber transformações no significado de suas conexões. Na perspectiva transferencial, desencadeou-se na analista a esperança de ajudá-lo a enfrentar os combates, do mundo virtual ao real, da escuridão à luz.

 

Após um ano e oito meses

A - O que está pensando?

J - Ontem terminei de estudar o efeito fotoelétrico, dado em 1905 por Albert Einstein. Aumentar a intensidade de radiação provoca o efeito fotoelétrico, não aumenta a velocidade dos fotoelétrons, mas aumenta o número de fotoelétrons. Para se aumentar a velocidade dos fotoelétrons, é necessário excitar a placa com radiações de frequências maiores e, portanto, energias mais elevadas.

Fiquei pensando na função analítica como uma recarga de um celular. Estaria Jacinto querendo comunicar que as trocas afetivas do encontro analítico abastecem e provocam ressonância dentro dele?

A - Interessante, Jacinto, será que você está querendo pensar sobre como nosso encontro acontece? Um encontro que recarrega suas energias?

J - Eu sei que existem trocas entre nós. Acabo as sessões me sentindo melhor. Ontem pela manhã corri, fiz academia e depois do almoço estudei até a hora do jantar. Já estou entendendo melhor as matérias. Mas química ainda continua sendo um desafio. Estou começando a ficar convencido de que o cursinho é necessário.

Ele fala num sistema de trocas, e eu convoco a transferência, ele afirma que reconhece o sistema de trocas entre nós, mas se refugia no corpo. Ele não fala da dupla, ele fala do corpo. Mas, para quem estudava sozinho, ficava refugiado no computador, ele já fala sobre trocas com a analista. Está falando de aprendizado e dizendo que o cursinho é necessário. Parece que, quando refere "ontem pela manhã, corri", não é apenas um aspecto regredido, mas um movimento, o plano que ele consegue identificar é o corpo, já mostra a tentativa de dizer que percebe algo novo. Não é só um corpo que corre, agora entende melhor as matérias, mas química ainda está difícil...

A estrutura USP parece um lugar idealizado. Será que o cursinho é necessário? Ele admite ser fraco em química e precisa do outro, cursinho-analista? Procurou o cursinho na busca fanática pelo caminho de um santuário - USP - e agora começa a surgir um vislumbre de outra qualidade de experiência, a emocional, despertada pelo encontro analítico?

 

No verão de 2017

Faz silêncio:

J - Ontem cheguei mais cedo no cursinho e aquela secretária ficou conversando comigo. Ela é engraçada e parece que gosta de mim. Perguntou sobre meu final de semana e me adicionou no WhatsApp da minha turma. Ela conta piadas e é a única pessoa que consegue me fazer rir. Aquela menina pediu minha borracha emprestada e ficou me olhando. Por que será que ela ficou me olhando?

Para um jovem que vivia numa restrição de campo de percepção, nesse momento analítico ele se surpreende ao ser observado, e começa a perceber que existem trocas entre as pessoas, ele fala pelo vértice afetivo, de experiências relacionais.

A analista olhando para ele, a secretária e a menina pedindo a borracha, são os estímulos fotoelétricos - estímulos afetivos. Está sendo reconhecido. Como uma relação afetiva implica a competência de o objeto investir no sujeito, de os pais investirem no filho e a competência deste em convocar o investimento deles.

A - Por que ela ficou te olhando, eu não sei, porém, imagino que ela deve ter curiosidade em conhecê-lo. Você existe, tem um lugar na vida de quem convive com você. Aqui comigo, na sua casa, no cursinho, com seus amigos.

Quando há uma falha na simbolização, a analista empresta sua competência ao vínculo, constrói uma narrativa nomeando o significado da experiência emocional vivida com o paciente que a desconhece.

 

No inverno de 2017

J - Hoje estudei "Os teoremas da incompletude", provados por Kurt Gödel, em 1931. São importantes tanto para a lógica matemática quanto para a filosofia da matemática...

A - Puxa! Que interessante, a lógica da matemática, de que você gosta tanto, também não explica tudo. Será que a vida é como a matemática, tem limites? Entre as pessoas deve ter alguns limites, diferentes dos joguinhos que são ilimitados.

J - Ah! A consistência humana é a incompletude. Isso é assustador. No virtual fico mais seguro. Não preciso mostrar minhas fraquezas, nem minhas necessidades.

A - Nossa! Você está descobrindo tantas coisas, mas parece que tudo, ainda, é muito estranho.

J - Aos 15 anos beijei uma garota e namorei com ela por duas semanas. Não senti nada, achei a experiência muito estranha. Eu não entendo por que temos que beijar. Acho que aprendi com meu pai, raramente vi ele beijar alguém. Quando ele chega, me dá um abraço e um beijo no cabelo. Já a minha mãe é muito pegajosa, vive querendo me beijar, meu rosto fica molhado...

Parece que Jacinto está descobrindo nuances de um relacionamento afetivo.

A - Você continua dizendo que ainda acha isso tudo muito estranho. Mas como você não é um robô, e sim um homem, está descobrindo que as pessoas quando se encontram se abraçam, se beijam, algumas namoram...

Como parte da função psicanalítica, com base na reverie, a analista, capta e procura transformar as experiências emocionais do paciente nela projetados e trabalha com os sentimentos evocados em sua mente pela identificação projetiva, dando a esses sentimentos uma primeira representação mental, e também a estados não mentais, algo que Caper (2002) denomina função alfa sintética ou modificando a representação de estados mentais intoleráveis, de maneira que a experiência que adquiriu representação se torne mais fácil de assimilar pelo aparelho mental denominado por ele "função alfa analítica".

 

No verão de 2018

Jacinto começa a se interessar por outra qualidade de jogos, Steins;Gate.4 O jogo segue um enredo não linear e oferece cenários com interações com o jogador. Relata o prazer por novelas e jogos animê em que os personagens se aproximam dos sentimentos humanos.

J - Ontem descansei e fiquei jogando Steins;Gate.

A - Do que trata?

J - É uma série de animê. O único que consegue misturar um tema científico com relações sociais, acompanhado de terror psicológico, comédia e uma pitada de romance...

Nossa! Ele falou em romance? Opto por investigar melhor.

A - Teve algum personagem que chamou sua atenção?

J - Gostei de dois personagens, Okabe e a Kurisu. Okabe é de fato um gênio da ciência e um dos responsáveis pela criação da máquina do tempo, que mudará para sempre a forma como encara a vida. E a Kurisu é peça-chave na descoberta das diferentes linhas do tempo e a influência da viagem temporal. Amiga de infância de Okabe, muito meiga, linda e encantadora... Eu vivo dentro dessa novela, ao interagir fico excitado com ela e perco minha timidez.

A - Parece que algo novo está sendo despertado em você quando interage com esses personagens.

Lembrei-me de que os adolescentes se apaixonam por personagens de novelas, filmes, componentes das bandas que se tornam seus ídolos.

J - Ela é encantadora...

Nas sessões referia-se à beleza dos personagens de origem oriental, erotizando dois deles, o personagem masculino, Okabe e a feminina, Kurisu. Como se trata de um adolescente, parece ter reconhecido um corpo sexualizado, inaugurando seu mundo interno, um repertório de expressões anímicas, sustentadas pela construção simbólica de natureza afetiva.

No início, Jacinto vivia num mundo fechado, a luta pela sobrevivência psíquica esteve presente, a dupla psicanalítica enfrentou as corredeiras e teve momentos surpreendentes.

O trabalho psicanalítico foi interrompido após três anos, pois ele mudou de cidade. Mora num quarto individual, num pensionato. Está fazendo cursinho para o vestibular. Pelo telefone sua mãe me informou que "ele está muito bem e, finalmente, se libertou do pai. Já o relacionamento do casal está cada vez pior...".

 

Íris

Uma linda adolescente, com 13 anos, sensível, amorosa e frágil. Foi levada à análise por ter compulsão alimentar, ansiedade e dificuldades escolares. Era considerada uma adolescente triste, infeliz e sem amigos, vivia em constante conflito e ressentimento pela separação dos pais. Além dos conflitos da adolescência, tornou-se objeto de disputa de poder e triunfo entre os pais, diante do ódio nutrido entre eles. Fui informada de que a separação dos pais ocorreu quando Íris tinha 7 anos, num clima de alegação de traições de ambas as partes. A guarda da menor ficou com o pai, foi privada do convívio com a mãe, que mora em outra cidade e namora um homem quinze anos mais jovem, com o qual Íris rivaliza. Após alguns meses da separação dos pais, ele casou novamente, e dessa união nasceram gêmeos.

Curiosamente, quem me procurou foi a madrasta solicitando atendimento. Ao telefone disse "você está preparada para assumir uma bomba?"Fiquei impactada com o anúncio, uma adolescente "bomba"? Eu estaria diante de um requerimento técnico para investigar quem seria a bomba desse grupo familiar? Fui acometida por sentimentos de medo, lembrei-me de um homem-bomba, que conduz um indivíduo tanto à desintegração quanto ao suicídio. Refleti sobre como o suicídio do pensamento pode utilizar o corpo como refém dessa impactante programação do mal, diante da capacidade destrutiva do ser humano.

Nas entrevistas, o pai e a madrasta dizem que a mãe de Íris é perturbada e vive manipulando a filha para conseguir a guarda e pensão. Querem um profissional que possa fornecer um laudo para proibir as visitas da mãe, por ser uma pessoa com distúrbios de caráter.

Diz a madrasta:

- Íris passou a mentir e esconder as conversas com a mãe, mas, como tenho a senha, quando ela está dormindo vejo todas as conversas com a mãe e com as amigas. Na escola, as notas estão baixas, e, ao que tudo indica, parece que vai ser reprovada. A queixa é que ela não consegue se concentrar e se dedicar aos estudos.

Procuro estudar com ela, mas ela me desgasta. Não tenho mais paciência. Toma Ritalina há dois anos e, mesmo assim, está cada vez pior. Na escola, sofre bullying, ficando sem amigos. Sempre se envolve em confusões que geram punições na escola e em casa. Conosco o castigo é ela ficar sem celular, dificultando a comunicação com a mãe, e também sem assistir a filmes.

O pai conta que "A mãe é bloqueada nos meus contatos e, quando ela quer falar, é somente via Carla (madrasta)". Quando volta da casa da mãe fica confusa e deprimida. Passa dias isolada no quarto desorganizado e dorme com três cachorros e três gatos. Isolada no quarto, assalta a geladeira à noite e come tudo o que vê pela frente. Contam que dificultam o acesso a alimentos para ajudá-la a emagrecer. Mesmo com a orientação da nutricionista, boicota o regime e come compulsivamente. A escola alertou que anda com um grupo de usuários de narguilé, entre os quais alguns cometiam cutting. Começamos com três sessões semanais e, depois, passamos a quatro. No início, Íris parecia agitada, com urgência em ser ouvida, falava sem pausa. Em outros momentos, referia ter cansaço e sono. Contou sua história e suas impressões familiares.

I - Tia, meu pai é muito louco, ele também precisa se tratar, está sempre berrando e mal-humorado. Parece que não enxerga ninguém. Até meus irmãos, coitadinhos ficam assustados. Até minha madrasta fala que ele está precisando de um bom tratamento. Você pode ajudá-lo?

A - Parece que sua esperança é que eu seja alguém que possa ajudá-la a compreender tantas coisas difíceis que acontecem em sua vida.

I - Eu preciso que você me ajude a explicar para o meu pai, que quero ficar mais tempo com minha mãe. Sinto tanta falta dela!

A - Apesar de viver rodeada de pessoas, você parece sentir-se sozinha, sente saudades de sua mãe, talvez porque reconheça a importância de sua companhia.

I - Minha mãe é muito carinhosa. (Começa a chorar.) Você não sabe o quanto ela me faz falta! Quando saímos é muito gostoso, ela é divertida, conta suas histórias e pede para que eu conte tudo o que eu estou fazendo. Já o meu pai é um grosso, grita comigo e fica bravo quando não quero estudar, fazer academia. Não sabe mais conversar. Quando eu era criança me abraçava, brincava comigo e me levava para o parque. Depois que separou da minha mãe, também separou de mim...

Depois de um breve silêncio...

I - Eu sinto cansaço. Eu só queria ficar quietinha no meu quarto, com meus cachorros e meus gatinhos e não viver nada disso...

A - A vida de um adolescente não é fácil! Você está estranhando que agora não reconhece mais o pai da infância, mas aquele que procura lembrá-la de suas responsabilidades.

I - Ele cobra muito, não estou aguentando tanta cobrança. Eles não entendem que eu não estou conseguindo sair do quarto.Íris manifesta que é difícil acompanhar emocionalmente as cobranças inerentes à adolescência. Reconhece o contraste entre o pai da infância e o pai atual. Suponho que a convivência no novo grupo familiar lhe cause sofrimento. Estaria vivendo um momento de desidealização da companhia do pai? Será que, para ela, o que resta é olhar para a mãe com a expectativa de um ninho acolhedor?

 

Após oito meses

O litígio dos pais continuou, Íris foi ouvida pelo juiz e manifestou o desejo de morar com a mãe. Vinha às sessões com uma cachorra de que cuidava como se fosse humana. Eu tinha a impressão de que se identificava com os cuidados que investia nela. Numa sessão, trouxe uma cama para a cachorra e deitou-se no divã com os pés na cabeceira, coberta com uma manta e fazendo uma espécie de cabana, ficou toda envolvida, deixando os pés de fora.

A - Quem está aí?

I - Ainda não sei muito bem...

A - Será que tem uma jovem precisando ter coragem de sair de baixo das cobertas e enfrentar a vida?

I - Por mim eu ficaria mais tempo aqui. Lá fora é tudo muito difícil... Eu tenho prova de recuperação de três matérias. Está difícil entender matemática e história. Não assimilo geografia, mas hoje tenho uma novidade boa, você acredita que meu pai está me esperando lá fora? Ele vai me ensinar matemática depois que acabar a sessão. Vamos direto para a casa dele, eu já estava com saudades.

A - Parece surpresa e, ao mesmo tempo, feliz ao encontrar seu pai.

I - Estou muito. Ele me ligou dizendo que estava com saudades e me convidou para passar a tarde com ele, e vai estudar comigo. Já conversamos bastante antes de chegarmos aqui.

A - Hoje está reconhecendo um pai amoroso. E vale lembrar que ele tem contribuído com nosso trabalho assumindo os honorários de suas sessões.Íris começa a dar um novo significado à figura paterna. Nessa sessão parece reconhecer um pai terno e disponível, um objeto interno diferente. Isso proporciona uma abertura de diálogo com o pai real e com a analista.

No início da sessão já anunciava algo diferente, quando se deitou no divã e deixou a cachorra em outro espaço, sugerindo a busca de uma diferenciação. Até então, deitava-se no chão misturada com a cachorra. Entre tantas conjecturas que fiz, teria sido uma forma de ela expressar para a analista as falhas simbólicas dos objetos primários?

Novamente a polifonia da escuta analítica se fez presente, vários elementos inconscientes encontram formas de comunicação, demonstrados com a presença da cachorra na sessão, e a sua fusão com ela.

Precisei ter a tolerância de aguardar o não saber daquela experiência emocional, e o desenvolvimento dessa forma de comunicação foi-se transformando em uma linguagem possível de ser apreendida.

 

Após três anos

I - Josefa, você pode me dar um talo da sua babosa para fazer um tratamento no meu cabelo? Sabe que é um bom remédio para renovar os cabelos? Assim o que não está saudável será cuidado.

A - Claro que pode pegar a babosa, parece que com esse pedido está reconhecendo o quanto nosso encontro lhe oferece coisas saudáveis.

I - Na sexta-feira vou com minhas amigas dormir na fazenda da Raíra. A mãe dela é muito legal e aceitou fazermos a noite das amigas.

A - Parece que você está sonhando viver bons momentos com suas amigas.

I - No final de semana minha mãe viajará com o meu padrasto, e eu não tenho onde ficar, meu pai e minha madrasta estão viajando. Acho que minha mãe está sentindo-se culpada por não me levar com eles. Aí, ela deu a ideia para convidar minhas amigas para um almoço, ela cozinha bem.

A - Parece sentir pesar quando reconhece como sua mãe administra a vida.

I - Você sabe que não é surpresa para mim. Ela é socialite. Eu abomino a vida medíocre e de aparências que ela leva. Já perdemos muito...

As experiências de amparo e desamparo diante do processo da adolescência têm nas relações familiares os campos primordiais de experiência intersubjetiva. Penso que Íris desenvolveu recursos internos para significar e administrar a inter-relação nesse espaço familiar carregado de exigências para o enfrentamento de diferentes demandas. A análise tem oferecido uma escuta que favorece conhecer suas verdades e reparar os objetos internos parentais, munindo-a de recursos para conviver com os pais reais e para a ressignificação de si mesma. Parece que o desenvolvimento da noção de corpo e mente permite desenvolver suas identificações com o universo feminino. A adolescência torna-se, então, um tempo crucial da constituição do ser em relação às referências simbólicas nas quais está inserido.

 

Atendendo os pais dos adolescentes

No atendimento psicanalítico de crianças e adolescentes, há famílias que manifestam a necessidade de acolhê-las no setting psicanalítico para oferecer escuta analítica a suas dificuldades parentais.

Costumo realizar entrevistas periódicas com os pais na presença do adolescente, para não correr o risco de ruptura do vínculo. O adolescente estabelece com o analista uma duplicidade de transferência. Em parte, o analista é alguém próximo dos pais, mas também próximo a ele, ao percebê-lo empático às suas experiências como adolescente, mas, se ele pensar que o analista faz parceria com os pais, isso pode desencadear uma transferência negativa e persecutoriedade, ao imaginar que seriam três contra ele. O contato com os pais requer ética, bom senso, liberdade, sinceridade e flexibilidade. Cabe esclarecer a necessidade do atendimento, pois existem adolescentes que não querem participar das sessões com os pais, como foi o caso de Jacinto e Íris, mas eu notava alívio em ambos quando atendia os pais.

 

Considerações finais

A experiência da adolescência mostra a condição fundamental da constituição identitária, permeada por mudanças e significações de diversas ordens. O adolescente necessita reeditar sentimentos e vínculos primários nas relações com as figuras parentais, revisando, assim, seus objetos internos e sua identidade. Para os pais o processo é angustiante e confuso, principalmente, quando deparam com questões referentes a separação, diferenciação, alterações de lugares e papéis na dinâmica familiar, além das inevitáveis frustrações decorrentes do crescimento e das escolhas dos filhos.

A peculiaridade do desenvolvimento de Jacinto e Íris me permitiu viver, sentir e reconhecer, nas vísceras, o fato clínico intersubjetivo. No exercício da função analítica com eles, ao lhes oferecer, tecnicamente, uma escuta polifônica, foi possível ampliar meu conhecimento como psicanalista e minha concepção de adolescência levando-me a me interessar e buscar conhecer assuntos, como jogos e teorias, que estavam distantes de meu repertório cotidiano, mas que foram fundamentais para compreender outras linguagens comunicativas e apreender o objeto psicanalítico.

Esses adolescentes pareciam estar capturados por um sistema de refúgio, e o contato analítico pareceu ter aberto fronteiras para novas descobertas.

Jacinto tinha um corpo extremamente sensível, tomava emprestado o mundo virtual, parecia que ele nem tinha um repertório, a conversa com a analista era feita numa linguagem virtual e os assuntos eram sobre eletrônicos e matemática. No decorrer dos atendimentos ele transformou aquele discurso tão distante da realidade, e as pessoas passaram a ter alguma representação simbólica.

Íris vivia numa espécie de refúgio diante do litígio dos pais, submetida à nova composição familiar, chegou com uma percepção deformada do corpo, do mundo interno e do real. Idealizou o reencontro com a mãe, e foi viver com ela. Oportunidade que permitiu, com base na análise e em uma escuta polifônica, inseri-la em suas verdades, desenvolvendo sua visão binocular para reparar os objetos internos parentais, munindo-a de recursos para conviver com os pais reais e para a ressignificação de si mesma. É uma adolescente que está em desenvolvimento e que já começa a ter noção do seu corpo e dos movimentos da sua vida emocional, o que possibilita o desenvolvimento de suas identificações com o universo feminino. Íris, além do significado da flor, tem a ver com os olhos, com um olhar para dentro e outro para fora (visão binocular).Ouvi tantas histórias, que minha mente percorreu um novo repertório, entre sons da casa da mãe e da casa do pai. Entendo esse trânsito como polifonia, uma escuta que transita entre a história de cada adolescente e a de seus pais.

O que eu vi de constituição identitária em Jacinto e Íris?

Jacinto era um rapaz absorto,  com grande sensibilidade sensorial,  capturado por uma dinâmica familiar e um pai alienante. Durante a experiência da análise, procurou modelos de identificação. Sua busca implicou separar-se dos pais, ao mudar de cidade. As conversas com a analista desenvolveram condições para despertar trocas afetivas.

Íris realizou verdadeiras metamorfoses no processo de reedição de suas primeiras identificações com os objetos parentais. Quando fui procurada pela madrasta, fiquei impactada com o tipo de anúncio: ela tinha sido apresentada como uma adolescente "bomba". A procura da analista seria para desativar as inscrições do homem-bomba e preservar a vida?

Apesar de que a figura materna tenha sido atacada pelas circunstâncias da separação dos pais, Íris lutou para morar com a mãe, na expectativa de um ninho acolhedor e uma busca identificatória com a figura feminina, reconheceu seu corpo, agora investido de afeto, cuidados físicos e alimentares, e continua arauta da adolescência.

 

Referências

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Recebido em: 19/9/2019
Aceito em: 2/11/2019

 

 

1 Trabalho apresentado no dia 13 de setembro de 2019 às 19h30 na Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).
2 Uma antiga lenda grega descreve a origem do Jacinto. Dois dos deuses, Apolo e Zephyr, adoravam um jovem grego bonito chamado Hyakinthos. Apolo estava ensinando a Hyakinthos a arte de lançar um disco. Zephyr, que era o deus do vento ocidental, estava sobrecarregado com o ciúme, e ele soprou o disco de volta. Golpeou Hyakinthos na cabeça e matou-o. De seu sangue cresceu uma flor, Jacinto.
3 Íris: planta herbácea cuja floração ocorre durante o ano todo, sendo mais abundante na primavera-verão. E, na mitologia grega, Íris é a deusa do arco-íris. Considerada como a mensageira dos deuses para a humanidade. É filha do titã Thaumas e da ninfa Electra, é retratada como uma jovem mulher com asas e seus atributos são um arauto e um lançador.
4 A história de Steins;Gate  acontece em  Akihabara  e é sobre um grupo de amigos que customizaram seu micro-ondas em um dispositivo que pode mandar mensagens para o passado.

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