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Jornal de Psicanálise

Print version ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.53 no.98 São Paulo Jan./June 2020

 

CHRONOS/KAIRÓS

 

Ritmo e cansaço em sessões presenciais e não presenciais

 

Rhythm and tiredness in face to face and remote sessions

 

Ritmo y cansancio en sesiones presenciales y no presenciales

 

Rythme et fatigue durant les séances présentielles et non-présentielles

 

 

Bruna Paola Zerbinatti

Pós-doutoranda do Instituto de Psicologia da USP e membro filiado ao Instituto de Psicanálise “Durval Marcondes” da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP) / São Paulo / brunapaola@uol.com.br

 

 


RESUMO

Embora as sessões de análise de modo não presencial já fossem uma realidade em alguns contextos, a pandemia causada pelo novo coronavírus faz com que os consultórios dos analistas se transformem em consultórios virtuais de forma abrupta. Desse modo, psicanalistas têm relatado uma sensação de cansaço muito maior ao fim de sessões realizadas nessa modalidade. Um dos fatores que acreditamos estejam relacionados a isso é a diferença de ritmo entre a sessão presencial e a não presencial - estas últimas tendem a ser mais aceleradas e tolerar menos silêncios, sob pena do risco de extinção do encontro analítico. Propomos assim uma reflexão sobre tais fatores, utilizando conceitos da Semiótica Tensiva, do linguista francês Claude Zilberberg, bem como da noção de enquadre como trabalhada por José Bleger e outros autores, construindo assim um trabalho interdisciplinar na interface da semiótica com a psicanálise.

Palavras-chave: ritmo, psicanálise, covid-19, sessões não presenciais, enquadre


ABSTRACT

Although remote psychoanalytical sessions were already a reality in certain situations, the covid-19 pandemic transformed the analyst's consulting rooms into virtual ones in a very unexpected and sudden way. Psychoanalysts have reported being more tired than normal at the end of remote sessions. One of the critical differences, that we perceive, between in-person and remote sessions, is that the latter tends to be more accelerated and also tends to tolerate less silent moments, which risks the extinction of the analytical meeting. Therefore, we propose a discussion about these factors using tensive semiotics concepts from the French semiotician Claude Zilberberg as well as using the notion of setting as developed by José Bleger and other authors, to develop an interdisciplinary paper between semiotics and psychoanalysis.

Keywords: rhythm, psychoanalysis, covid-19, remote sessions, setting


RESUMEN

Aunque las sesiones de análisis no presenciales eran realidad en algunas situaciones, la pandemia causada por la covid-19 está transformando los consultorios de los analistas en consultorios virtuales de manera abrupta. Así, psicoanalistas están relatando una sensación de cansancio mucho mayor al final de las sesiones realizadas en esta modalidad. Uno de los factores que creemos estar relacionado a ello es la diferencia de ritmo entre la sesión presencial y la no presencial, porque las sesiones no presenciales tienen tendencia a ser más aceleradas y tolerar menos silencios bajo pena de riesgo de extinción del encuentro analítico. Proponemos una reflexión sobre tales fatores, usando conceptos de semiótica tensiva, del lingüista francés Claude Zilberberg, así como de la noción de encuadre como trabajada por José Bleger y otros autores, construyendo un trabajo interdisciplinar en la interfaz de la semiótica con la psicoanálisis.

Palabras clave: ritmo, psicoanálisis, covid-19, sesiones no presenciales, encuadre


RÉSUMÉ

Bien que les séances de psychanalyse non-présentielles fussent déjà d'actualité dans certains contextes, la pandémie causée par le covid-19 a soudainement transformé le cabinet du psychanalyste en cabinet virtuel, de sorte que les praticiens ont fait part d'une plus grande fatigue au terme des séances effectuées selon cette modalité. L'un des facteurs que nous y croyons liés est la différence de rythme entre les séances dites présentielles et celles dites non-présentielles, ces dernières tendant à être plus accélérées et à moins tolérer les silences sous peine d'encourir un risque d'extinction de la rencontre analytique. Nous proposons une réflexion sur ces facteurs, à l'aide des concepts de la sémiotique tensive du linguiste français Claude Zilberberg, ainsi que de la notion de cadre telle qu'elle est développée par José Bleger et d'autres auteurs, construisant par là un travail interdisciplinaire à l'interface de la sémiotique et de la psychanalyse.

Mots-clés : rythme, psychanalyse, covid-19, séances non-présentielles, cadre


 

 

Le monde ne vaut que par les extremes et ne dure que par les moyens. (Paul Valéry)

 

Acontecimento

A pandemia causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2; covid-19 é o nome da doença relacionada), com toda sua intensa carga de um acontecimento inesperado e com impacto de grandes proporções, alterou de muitas maneiras a vida de quase todos os cidadãos, incluindo a própria maneira de trabalhar. No caso de psicólogos e psicanalistas, houve a passagem de sessões que eram realizadas presencialmente para a via não presencial. As sessões não presenciais, seja por Skype, WhatsApp, telefone ou outros suportes, já existiam, até mesmo estavam previstas como uma possibilidade pelo próprio Conselho de Psicologia, mas eram, em geral, utilizadas só em casos específicos, por exemplo, com pacientes que se mudavam de cidade ou país e para quem não era viável uma análise na nova localização ou então em situações em princípio temporárias nas quais o contato presencial no consultório estava impossibilitado.

Alguma bibliografia já se encontrava disponível a propósito dessas mudanças de enquadre, trabalhos versando principalmente sobre as possibilidades desses atendimentos com base em noções de enquadre interno e das diferenças que o corpo, sua presença e ausência fazem, influenciando uma análise (Revista, 2015; ipa, 2020). O que mudou com a pandemia é que o caráter de exceção que ainda ocorria em tais atendimentos saiu de cena, e eles se tornaram a regra. O consultório do analista deslocou-se, e, em vez de em sua poltrona, é diante do celular ou computador que ele passa a maior parte do dia. Desde que esta se tem tornado uma realidade, ao menos nas primeiras semanas de atendimento dessa forma, psicanalistas de todo o mundo têm constatado um maior cansaço ao final das sessões e após um dia de trabalho, em relação à mesma jornada e a pacientes em modo presencial. Acredito que esse "cansaço" se deva a múltiplos fatores, mas neste trabalho tenho a intenção de propor uma reflexão sobre uma possível variável que leva a ele. O que gostaria de pensar é no ritmo - e, mais especificamente, no andamento - do enquadre presencial e não presencial, tomando assim noções provenientes da semiótica tensiva1 de Claude Zilberberg para tratar questões que se vêm tornando psicanalíticas.

Em um artigo anterior (Zerbinatti, 2019), foram trabalhados os mesmos conceitos, de andamento e de enquadre, pensando em como podiam funcionar nas sessões analíticas por meio de vinhetas clínicas. Naquele momento, o interesse era pensar principalmente nas diferenças de andamento entre expressão e conteúdo dos discursos essencialmente verbais de anali-sandos e no que provocavam na dupla analítica. Agora, o foco não são mais as variáveis de ritmo e andamento dentro de um enquadre estabelecido, mas sim o ritmo próprio de cada enquadre, que é, sim, essencialmente diferente. Cabe, então, antes de prosseguir, retornar um pouco às ideias de enquadre para construirmos nosso pensamento.

 

O enquadre

Um artigo clássico que trata do enquadre, também chamado de setting, e que foi base para tantos outros desenvolvimentos é "Psicanálise do enquadre psicanalítico", de José Bleger (1967/2002). O autor chama de "situação analítica" todos os fenômenos que ocorrem na dupla de análise e faz uma distinção entre processo e enquadre, sendo o primeiro composto das variáveis da situação analítica e o segundo, por sua vez, sendo um não-processo, uma moldura, um conjunto de invariáveis que garantem a ocorrência do processo. Embora admita que o enquadre possa tomar a frente de certas análises, não sendo apenas uma variante, seu foco é o estudo do enquadre quando é mantido, e não quando é quebrado pelo analisando, ou, em suas palavras, quando "não é um problema" (Bleger, 1967/2002, p. 104).

Ideias que já vêm sendo muito utilizadas desde esse célebre texto de Bleger incluem a tomada do "corpo como setting", como propõe Nelson Coelho Junior (2008), e do também chamado "enquadre interno". Desta maneira, o enquadre deixa de estar fixado em um "espaço" e, sendo interiorizado e carregado pelo próprio analista, pode ser recriado nos mais diversos espaços e situações, ampliando as possibilidades da escuta psicanalítica. Seria esta então uma noção essencial para que sessões não presenciais possam ainda ser analíticas, mesmo que apresentem a diferença, não sem importância, de os corpos não estarem presentes no mesmo espaço. Trata-se de uma situação em que o enquadre é, sim, um problema, principalmente por ter sido fruto de uma mudança brusca, de uma variável social inesperada e generalizada.

Do ambiente relativamente estável do consultório, em que estão presentes os corpos da dupla seja frente a frente, seja com o uso do divã ou com as variações possíveis, passa-se a um ambiente virtual, mediado por um aparelho, seja ele qual for o escolhido. Gostaria de desenvolver a ideia de que uma das variáveis que mudam com essa mediação, com a adição de um outro meio, envolve uma diferença de ritmo, e principalmente de andamento, da sessão.

 

Ritmo e andamento

Andamento é um conceito que muitas vezes se confunde com o de ritmo. Ambos têm uma estreita relação explicitada pelas indicações musicais nas partituras (e.g. allégrettos e andantes). Consideramos o andamento como um dos componentes do ritmo, e o tomamos em sua acepção relacionada à velocidade: um andamento lento ou rápido, acelerado ou desacelerado.2 Tais ideias correspondem às definições do teórico francês Claude Zilberberg, que, com base na ideia de pulsão freudiana, juntamente com a teoria de linguagem de L. Hjelmslev, desenvolve uma "estrutura tensiva", pensando em um estruturalismo processual. Não cabe aqui esmiuçar a teoria do autor, porém, é preciso fazer certas considerações acerca dela. O autor propõe a tensividade como o termo complexo que subsume dois outros: intensidade e extensidade. À intensidade, correspondem os "estados de alma", o sensível, o afeto, e à extensidade, os "estados de coisas", o inteligível. Tais dimensões dividem-se também em subdimensões, a saber, a intensidade comporta andamento e tonicidade e a extensidade, temporalidade e espacialidade. É assim que dois tipos de correlação entre as duas dimensões são possíveis: correlação conversa e inversa. Na correlação conversa temos a relação "quanto mais... mais", ou seja, um aumento de intensidade corresponde sempre a um aumento de extensidade. Já na correlação inversa temos um "quanto mais. menos", o que quer dizer um aumento de intensidade corresponde a uma diminuição de extensidade, e vice-versa.3

Por esse viés, seria possível considerar que uma sessão não presencial tende a ser mais acelerada do que uma sessão presencial.4 Entre as várias condições que mudam com base nessa mediação - e muitas delas podem ser adaptadas sem muito prejuízo da escuta analítica -, uma que parece ficar mais saliente é a questão do silêncio.

 

Entre extinção e saturação

É possível notar que, via de regra, ao menos nas primeiras semanas, a tolerância ao silêncio, seja ela do analista ou do analisando, parece ser menor em sessões não presenciais. É comum que as sessões iniciem por um "você está me ouvindo?", seja da parte do analista, do analisando ou de ambos, e que silêncios, que em sessões presencias não eram considerados prolongados, na nova modalidade sejam considerados longos e levem a essa mesma questão. Esses silêncios encurtados acabam levando a mais falas de ambos os lados e, talvez mais do que isso, a uma maior necessidade de fala, o que não significa, por sua vez, que se falará mais necessariamente. Assim, as sessões não presenciais são mais aceleradas, gerando maior cansaço. Mas por que essa maior necessidade de fala? Talvez ela esteja relacionada a um risco maior proporcionado pelo suporte, pela não presença ao vivo dos participantes, de que o silêncio seja entendido como uma interrupção, como um problema técnico de "falta de conectividade" - sendo o termo já muito propício para chegarmos ao assunto da intimidade, ou seja, o risco do silêncio um pouco mais prolongado é a extinção da sessão. Poderia dizer assim, usando termos tensivos, que uma sessão de análise não presencial é mais tensa (intensa e extensivamente) que uma sessão presencial.

Se pensarmos em termos de intervalos pondo em comparação sessões presenciais e não presenciais, os intervalos não presenciais são mais extremos, o receio da extinção leva mais rapidamente a uma possibilidade de saturação, enquanto nas sessões presenciais os intervalos parecem durar mais pelos meios.

Explicando de outra forma, e utilizando ainda a conceptualização proposta por Zilberberg, imaginemos uma linha e unidades tensivas como menos e mais. Em um ponto extremo teremos só menos e no outro só mais. Quando vamos aumentando a velocidade, indo em direção a um aumento desenfreado de mais, podemos no limite chegar à saturação. Por outro lado, se tudo vai se desacelerando, se vamos em direção a um cada vez menos, o risco que se corre é o da extinção (ver Figura 1).

 

 

Uma sessão presencial estaria quase no meio da linha: não tem menos demais nem mais demais, não é uma sessão saturada nem extinta, ela se desenvolve principalmente com base em conteúdos verbais e não verbais, seja com o uso do divã, seja em uma sessão frente a frente, mas o nível de tensão da sessão se dará pelos conteúdos e expressões produzidos pela dupla analítica, não estando nem saturado nem extinto. A sessão não presencial tende a ser mais acelerada, por tolerar menos o silêncio. Ela pode ir rumo a uma saturação exatamente para não correr o risco de se extinguir com o silêncio prolongado. Tomemos o exemplo hipotético de um analisando que esteja contando uma cena de seu fim de semana com seus filhos. Em uma sessão presencial, o ritmo em que se apresenta essa fala é moderado, tem certos silêncios e desacelerações, que levam a lembranças e associações, e em outros momentos apresenta acelerações, em que mais conteúdos são contados. Uma cena similar em uma sessão feita por Skype, por exemplo, tende a tornar o intervalo mais extremo, o mesmo "tempo de silêncio" pode levar a imaginar que a ligação caiu, a sessão se extinguiu e a dupla não está mais se escutando. O corolário disso pode ser tanto uma fala mais acelerada, com mais conteúdos e menos espaços do analisando, quanto o próprio analista pode tender a falar mais, tanto em comentários e interpretações, quanto com marcadores fáticos como "uhum, sim, estou ouvindo". O que entra em jogo, nesse caso, é a atenção da dupla, que passa a se preocupar com o enquadre, que, de outro modo, seja em uma situação de face a face, seja no divã, é algo que de alguma maneira já está garantido, era uma invariante.5

 

Contrastes

Diremos então que toda sessão de análise não presencial é sempre mais "tensa" e tende mais a uma aceleração - sendo, por esse parâmetro, mais cansativa - do que sessões presenciais?

Não necessariamente. Porque devemos considerar não apenas o aspecto da intensidade, como também o da extensidade. De novo estamos no campo dos contrastes. O que leva à diferença de andamento é o parâmetro primeiramente estabelecido pelas sessões presenciais. Se o andamento das sessões presenciais é prevalente, porque na extensão do tempo já há uma certa duração em que as coisas acontecem assim, a mudança de enquadre passa para uma aceleração. A tendência é, considerando a tensão, uma curva inversa entre intensidade e extensidade (ver Figura 2), ou seja, a sessão é muito intensa, porque pouco extensa, porque nova, e espera-se que ao longo do tempo essa intensidade vá diminuir. Já no caso de sessões que desde o início se dão por via remota, sente-se menos - embora ainda exista - o impacto, visto que todas as sessões durante um período extensivo são feitas sob esse parâmetro.

 

 

Passando para um outro exemplo, basta pensarmos nos filmes em geral, mas tomo aqui especificamente o caso de filmes para crianças, de décadas atrás, em contraste com os de hoje. Os filmes mais antigos tendem a ser mais desacelerados, as cenas demoram mais, eles são mais durativos. Os desenhos animados mais atuais tendem a ser mais rápidos e trazer mais informações em uma mesma cena e em uma mesma extensão. A duração dos filmes é a mesma, mas a velocidade, o andamento e o ritmo são diferentes. Mas isso é sentido principalmente por uma geração que passou por essa mudança de paradigma. Quem por bastante tempo esteve em contato com filmes mais lentos tende a perceber a velocidade dos filmes mais rápidos. Já as crianças, que estão expostas desde sempre aos filmes mais rápidos, consideram-nos normais e tendem a achar tediosos e extremamente lentos os filmes mais antigos. Isso, entretanto, também não é imutável: podemos nos acostumar com o andamento dos filmes atuais, tornando-os "habituais" e "normais". Ou seja, quero dizer com isso que as sensações de velocidade ou de lentidão e o cansaço e receio de extinções ou saturações dependem basicamente do sujeito - em linguística, chamaríamos de "o observador", no caso das sessões de análise, da dupla analítica.

O andamento na sessão analítica não está apenas no enquadre, bem como não é o único componente que diferencia as sessões presenciais das não presenciais, porém, creio que seja um dos parâmetros que oferecem uma chave de leitura para nossos cansaços e estranhamentos e nos instrumentam a procurarmos os ajustes necessários, as "justas medidas" dos participantes da sessão com o objetivo de torná-las sempre possíveis, mesmo nos tempos e condições mais difíceis.

Se Bleger fala do enquadre como "aquilo que sempre está, só se percebe quando falta" (Bleger, 1967/2002, p. 104), agora parece ser um grande desafio que o transformemos em algo que "esteja sempre" durante o tempo que precisarmos dele, ainda que o sempre - esperamos e desejamos! -seja momentaneamente e por não muito tempo, e que possa ser vivido com menos cansaço, em intervalos mais equilibrados entre a extinção e a saturação, porque os conteúdos dos processos que ocorrem dentro desse enquadre são predominantemente intensos e duradouros.

 

Agradecimentos

Ficam meus agradecimentos a "A Psicanálise Experimental - Grupo de Pesquisa" pela leitura cuidadosa e comentários feitos ao texto.

 

Referências

Bleger, J. (2002). Psicanálise do enquadre psicanalítico. Revista FEPAL, pp. 103-113.(Trabalho original publicado em 1967)        [ Links ]

Coelho Junior, N. E. (2008). Psicanálise, corpo e setting. In L. C. Figueiredo & N. E. Coelho Junior, Ética e técnica em psicanálise (pp. 97-106). Escuta.         [ Links ]

IPA - International Psychoanalytical Association (2020). PANY - Tele-treatment reading list - Spring 2020. Recuperado em 19 julho 2020 de https://www.ipa.world/IPA/en/News/corona_remote_sessions.aspx.         [ Links ]

Revista Brasileira de Psicanálise, 49, n. 1 (2015). (número especial, dossiê "O homem do futuro, hoje")        [ Links ]

Zerbinatti, B. P. (2015). O ritmo em semiótica: teoria e análise de Catatau e ExIsto. Tese de doutorado, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.         [ Links ]

Zerbinatti, B. P. (2019). Semiótica tensiva e psicanálise: o andamento na sessão analítica. Estudos Semióticos, 15 (Edição Especial), pp. 146-155.         [ Links ]

Zilberberg, C. (2006). Eléments de grammaire tensive. Presses Universitaires de Limoges.         [ Links ]

Zilberberg, C. (2011). Des formes de vie aux valeurs. PUF.         [ Links ]

 

 

Recebido em: 31/5/2020
Aceito em: 29/6/2020

 

 

1 A semiótica divide-se em três escolas principais: a semiótica anglo-saxônica, que tem como maior representante Charles Peirce; a semiótica russa, também conhecida como semiótica da cultura, de Yuri Lotman; e a semiótica francesa, de Algirdas Greimas. A semiótica tensiva de Claude Zilberberg insere-se na tradição francesa, inicialmente como um desenvolvimento da semiótica narrativa de Greimas, tendo como objetivo tratar dos aspectos 42 afetivos do sentido.
2 Um estudo mais aprofundado sobre o ritmo em semiótica, e particularmente na obra de Zilberberg, pode ser encontrado em Zerbinatti (2015).
3 Embora a teoria tensiva do autor esteja na maior parte de suas obras, escolhi aqui como principais referências os livros Des formes de vie aux valeurs (Zilberberg, 2011) e Elements de grammaire tensive (Zilberberg, 2006).
4 Realço neste momento que estou considerando uma sessão com a mesma dupla analítica nas diferentes modalidades. Faz parte da própria teoria psicanalítica levar em conta as infinitas diferenças de subjetividade, que tornam impossível e indesejável uma generalização absoluta.
5 Essa sensação de estar à beira da extinção pelas vias mediadas é prevista e leva a tentativas de ser amenizada pelos próprios programas que a promovem. Tanto algumas redes de telefones celulares quanto programas como Skype dizem ter o que se chama "ruído de conforto" em sua constituição. Isso quer dizer que os próprios meios promovem certo ruído constante em baixa frequência para que não haja a sensação de a ligação ter "caído", sido interrompida. Curiosamente, embora seja um ruído quase imperceptível e que deveria ser reconfortante para a maior parte das pessoas, muitos nem sequer o escutam, e alguns o escutam com muita sensibilidade, ficando incomodados e sentindo-se interrompidos pelo som. Neste caso específico, algo que existe para não deixar haver extinção produz o efeito contrário, o de uma saturação, bem como as possíveis adições de falas.

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