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Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.53 no.98 São Paulo jan./jun. 2020

 

TEMAS LIVRES

 

O estruturalismo na obra de Jacques Lacan: um retorno a questão da linguagem1

 

Structuralism in Jacques Lacan's work: returning to the question of language

 

Estructuralismo en el trabajo de Jacques Lacan: un regreso a la cuestión del lenguaje

 

Le structuralisme dans l´oeuvre de Jacques Lacan: un retour á la question du langage

 

 

Vitor Augusto Werner dos ReisI; Patrícia Simões de Almeida Justo da Silva WernerII

IPsicanalista, membro da Maiêutica Florianópolis – Instituição Psicanalítica. Graduado em Psicologia e mestre em Linguística (UFSC), doutorando em Ciências da Linguagem (UNISUL). Florianópolis / vitorwerner@gmail.com
IIPsicanalista, adjunto da Maiêutica Florianópolis – Instituição Psicanalítica. Graduada e mestre em Psicologia (UFSC). Florianópolis / patriciasajs@gmail.com

 

 


RESUMO

Este artigo busca analisar as contribuições do movimento estruturalista para o avanço da psicanálise lacaniana. Para isso, apresentamos um breve histórico sobre as origens desse pensamento e suas principais filiações. Tanto a antropologia de Lévi-Strauss quanto a linguística de Jakobson possibilitaram que Lacan realizasse o seu projeto freudiano atravessado por uma nova forma de produzir ciência. No entanto, destacamos que a relação de Lacan com a linguística saussuriana teve um impacto singular para os rumos da psicanálise. Lacan encontrou na linguística estrutural uma possibilidade de trazer a psicanálise de volta para o seu campo específico - o da linguagem. Desse modo, o estruturalismo ocupa um lugar importante na história da psicanálise, fato este que tentamos demonstrar nesse trabalho.

Palavras-chave: psicanálise, estruturalismo, linguística, Lacan, linguagem


ABSTRACT

This article analyzes the contributions of the structuralist movement to the advance of Lacanian psychoanalysis. The study presents a brief history of the structuralism and its main affiliations. Both Lévi-Strauss's anthropology and Jakobson's linguistics enabled Lacan to carry out his Freudian project characterized by a new way of producing science. However, the study highlights that Lacan's relationship with Saussurian linguistics had a unique impact on the direction of psychoanalysis. Lacan found in structural linguistics a possibility of bringing psychoanalysis back to its specific field – language. Thus, structuralism occupies an important place in the history of psychoanalysis, a fact that we try to demonstrate in this work.

Keywords: psychoanalysis, structuralism, linguistics, lacan, language


RESUMEN

Este artículo analiza las contribuciones del movimiento estructuralista al avance del psicoanálisis lacaniana. Para esto, presentamos una breve historia sobre los orígenes de este pensamiento y sus principales afiliaciones. Tanto la antropología de Lévi-Strauss como la lingüística de Jakobson le permitieron a Lacan realizar su proyecto freudiano atravesado por una nueva forma de producir ciencia. Sin embargo, destacamos que la relación de Lacan con la lingüística saussuriana tuvo un impacto único en la dirección del psicoanálisis. Lacan encontró en la lingüística estructural la posibilidad de devolver el psicoanálisis a su campo específico: el del lenguaje. Así, el estructuralismo ocupa un lugar importante en la historia del psicoanálisis, un hecho que intentamos demostrar en este trabajo.

Palabras clave: psicoanálisis, estructuralismo, linguística, Lacan, lenguaje


RESUMÉ

Cet article cherche à analyser les contributions du mouvement structuraliste pour le développement de la psychanalyse lacanienne. Pour ce faire, nous présentons un bref historique des origines de cette pensée et ses filiations plus importantes. Aussi bien l'anthropologie de Lévi-Strauss que la linguistique de Jakobson ont permis à Lacan de réaliser son projet freudien coupé par une nouvelle façon de produire de la science. Nous signalons, cependant, que le rapport de Lacan avec la linguistique saussurienne a frappé, particulièrement, la marche de la psychanalyse. Lacan a trouvé, dans la linguistique structurelle, une possibilité de faire revenir la psychanalyse à son domaine spécifique, celui du langage. Ainsi, le structuralisme occupe une place importante dans l'histoire de la psychanalyse, un fait que nous essayons de démontrer dans cet ouvrage.

Mots-clés: psychanalyse, structuralisme, linguistique, Lacan, langage


 

 

O movimento estruturalista

No ano de 1953, Jacques Lacan deixa a Sociedade Psicanalítica de Paris (SPP) e funda, com Daniel Lagache, Françoise Dolto e outros psicanalistas, a Sociedade Francesa de Psicanálise (SFP). Segundo Roudinesco (2008), a principal causa do conflito entre a SPP e Lacan estava em sua prática clínica. Lacan não concordava com às regras estabelecidas pela Associação Internacional de psicanálise (IPA), principalmente no que se refere à duração fixa das sessões. Lacan não apenas diminuía o tempo da sessão, mas empregava, de acordo com Roudinesco, "uma técnica de sessão com duração variável, que consistia em suspendê-la arbitrariamente" (2008, p. 53).

A cisão de 1953 não produziu apenas uma ruptura entre Lacan e a SPP. Para além de uma simples dissidência, Lacan rompia também com a ipa, instituição detentora e reguladora da prática psicanalítica. Lacan não estava mais revestido pelo véu simbólico e "científico" da IPA, que autorizava e reconhecia a sua prática. Portanto, Lacan e os demais colegas, estavam em "nome próprio", uma vez que, naquele momento, a IPA não aceitou reconhecer a SFP como uma instituição apta à prática psicanalítica.

Assim, mesmo filiado a SFP, faltava a Lacan bases institucionais e teóricas que fomentassem sua práxis. Segundo Dosse (2007), "Lacan apoia-se desta vez explicitamente no paradigma estruturalista que se assume como a própria expressão da modernidade em ciências sociais" (p. 83). Sua ambição é assegurar à psicanálise o acesso ao nível de uma ciência estruturada a partir do retorno à obra de Freud. No entanto, esse retorno não se dá de forma direta. Lacan retorna às fontes freudianas atravessado pelo estruturalismo e por todo suporte científico que este poderia oferecer-lhe.

Ao longo dos anos 1950 e 1960, o estruturalismo conheceu o seu êxito na França. De acordo com Dosse (2007), as razões para tal êxito encontram-se, fundamentalmente, em um paradigma. De um lado, o estruturalismo apresentava a possibilidade do rigor metodológico, uma esperança, principalmente para as ciências humanas, de se fazer ciência sem se apoiar no historicismo e no humanismo. Por outro, o estruturalismo foi produtor de uma consciência crítica frente às tradições vigentes que o colocou no hall de uma ciência moderna. Em diferentes níveis, o estruturalismo possibilitou uma reflexão e um diálogo entre o rigor metodológico das ciências exatas e da natureza com as ciências sociais, que, até então, eram marginalizadas, tratadas como uma espécie de subciência.

Segundo Merquior (1991), o estruturalismo não foi um movimento unificado, tendo em vista as diferentes áreas intelectuais que o compunham. É, segundo o autor, um estilo de pensamento no lado humanístico do conhecimento. As críticas ao humanismo e ao historicismo são críticas direcionadas ao modo de pensar associado ao existencialismo, movimento que dominou grande parte da filosofia francesa a partir da Segunda Guerra Mundial. O existencialismo, que tem sua maior expressão nas ideias de Jean Paul Sartre, trabalha a partir de duas tônicas: concentra-se nas peculiaridades da condição humana (humanismo) e na propensão de ver a experiência humana em um contexto de mudança histórica (historicismo).

Derivado da fenomenologia, o existencialismo ampara-se na primazia da consciência como principal característica de sua doutrina. De acordo com Russell (2001), em Sartre, o homem escolhe continuamente o seu destino. Sua liberdade não é um conceito, mas uma condição humana. Diferentemente da máxima freudiana, em que "o eu não é o senhor da sua própria casa" (Freud, 1917/2006b, p. 178), "o homem sartreano só existe pela intencionalidade de sua consciência" (Dosse, 2007, p. 33), sendo, sim, elevado a senhor da sua própria casa, posto que é pura consciência.

Avesso aos valores antigos e normativos, o estruturalismo não estava interessado nas teses diacrônicas do historicismo tradicional, mas, sim, na história que ainda não fora contada, no oposto do sentido manifesto, no reprimido, no inacessível da história ocidental (Dosse, 2007). O rigor defendido pelo estruturalismo não equivale a uma ação intencional, ou mesmo consciente, mas ao abandono de uma análise fenomenológica para que fosse possível identificar as motivações desconhecidas ou muitas vezes ignoradas da conduta humana (Merquior, 1991). Não por acaso, as duas áreas do conhecimento que mais se apropriaram do movimento estruturalista foram a psicanálise e a antropologia, uma vez que ambas privilegiam, o inconsciente em sua concepção teórica (Dosse, 2007).

Comumente, três áreas das ciências humanas são reconhecidas como os pilares do estruturalismo: a linguística, representada por Roman Jakobson e Ferdinand de Saussure, a antropologia de Lévi-Strauss e a psicanálise laca-niana. Esse estilo de pensamento engloba fenômenos muito diversificados, uma vez que cada disciplina exerce, de diferentes formas, uma importante influência sobre as outras, fato que não exclui a existência de uma base unificadora, encontrada no modelo da linguística moderna e na figura daquele que é apresentado como o seu fundador: Ferdinand de Saussure.

Lacan encontrou na linguística estrutural uma possibilidade de trazer a psicanálise de volta para o seu campo específico - o da linguagem, do qual os psicanalistas pós-freudianos haviam se afastado. Para isso, aproximou-se da obra de Saussure, principalmente do conceito de signo linguístico, que, segundo Dosse, é retomado por Lacan "a fim de minorar o significado em proveito do significante numa torção que acentua ainda o caráter imanente da abordagem da língua" (2007, p. 87).

Tanto a antropologia de Claude Lévi-Strauss quanto a linguística de Saussure e Jakobson possibilitaram que Lacan realizasse o seu projeto freudiano atravessado por uma nova forma de se produzir ciência. Segundo Dor, esses autores constituíram a base do projeto lacaniano rumo à "restauração da originalidade freudiana da experiência do inconsciente, sob a égide de uma hipótese tão audaciosa como esta: o inconsciente é estruturado como uma linguagem" (Dor, 1989, p. 12).

 

O encontro de Lacan com os fundamentos da linguística clássica

Os primeiros contatos de Lacan com a obra saussuriana ocorreram por intermédio de Lévi-Strauss. Até que o Curso de Linguística Geral2 (CLG) chegasse as mãos de Lacan, muitas fronteiras foram transpostas. Foi só a partir do encontro entre dois judeus exilados nos eua que a obra póstuma de Saussure recebeu a devida atenção, isso quase 30 anos após a sua publicação. Longe dos seus países e fugindo da perseguição nazista, o encontro entre o belga Claude Lévi-Strauss e o russo Roman Jakobson, não poderia ter sido mais fecundo.

Na ocasião, foi Jakobson que apresentou a obra de Saussure a Lévi-Strauss, que logo se apropriou dos seus principais conceitos, sobretudo da ideia de sistematização da língua. Desse modo, foi a leitura saussuriana de Jakobson, somada à sua imersão nos avanços científicos conduzidos por Trubetzkoy3 no campo da fonologia, que produziu a primeira versão daquilo que mais tarde seria considerado o início do pensamento estruturalista.

Jakobson relaciona dois conceitos linguísticos de forma a produzir um terceiro. Apropria-se do conceito de relações sintagmáticas e associativas de Saussure, e da ideia de Trubetzkoy de dividir um determinado segmento de língua em segmentos cada vez menores, tendo, ao mesmo tempo, de identificá-los por meio das substituições permitidas pela língua. Segundo Saussure (1916/2006), a relação entre os eixos sintagmático e associativo produz a cadeia da fala. O eixo sintagmático é responsável pela relação entre os elementos presentes no mesmo segmento de língua. Seu valor linguístico é produzido a partir da combinação de seus elementos. Nas palavras de Saussure "colocado num sintagma, um termo só adquire seu valor porque se opõe ao que o precede ou ao que o segue, ou a ambos" (1916/2006, p. 208).

No eixo associativo, segundo Merquior (1991), as relações são entre o mesmo elemento e outros ausentes, mas mutuamente substituíveis. Um elemento pode ser associado a outro(s) sempre que as palavras oferecerem algo em comum. Conforme Saussure, essas associações não se apresentam nem em número definido nem numa ordem determinada, "sua sede está no cérebro; elas fazem parte desse tesouro interior que constitui a língua de cada indivíduo" (1916/2006, p. 42).

Em seu trabalho sobre as afasias, Jakobson transpôs para os eixos sintagmático e associativo a dicotomia metáfora/metonímia (Merquior, 1991). A partir dessas duas figuras de linguagem, Jakobson definiu um novo conceito de signo linguístico, estabelecido a partir da diferença entre duas espécies de distúrbios de fala. Segundo o autor, no "distúrbio de similaridade", o paciente desenvolveria uma deficiência de seleção. Como efeito, apresentaria dificuldades ou seria incapaz de selecionar e/ou substituir uma palavra por outra. Nesse caso, o afásico recorreria à metonímia como forma de comunicação. Com relação ao "distúrbio de contiguidade", o paciente teria uma deficiência de combinação e de contexto; há uma desordem no discurso, um caos na associação das palavras para a formação da sentença. O afásico preserva a palavra núcleo de seus enunciados e tende a reduzir o discurso a pequenas construções frasais, recorrendo à metáfora como instrumento de comunicação.

Cada uma dessas patologias afeta um dos eixos da linguagem: a seleção está para a dimensão paradigmática, que depende do processo metafórico, assim como a substituição está para o eixo sintagmático em que se processa a metonímia. Segundo Jakobson (1967/2010), os distúrbios da fala podem afetar, em graus diversos, a capacidade de concretizar uma das duas operações acionadas pelo falante. De acordo com Souza (2008), Jakobson propõe uma estrutura de linguagem fundada numa lógica de oposições que se organiza segundo dois eixos principais: um de seleção (polo metafórico) e um outro de combinação (polo metonímico). Para o linguista russo, todo o ato de fala está determinado por essas duas operações, que passam a funcionar de maneira simultânea.

Jakobson estrutura o signo linguístico a partir de um sistema binário, onde a mensagem é produzida pela ausência ou presença de termos no eixo sintagmático ou paradigmático. Segundo Souza, Lacan apropria-se desse conceito jakobsoniano para propor sua definição canônica de inconsciente. Um sistema que "se estrutura como uma linguagem e que tem seu funcionamento regulado pelo movimento destes dois eixos estabelecidos por Jakobson" (Souza, 2008, p. 24).

Retornando a Lévi-Strauss, Merquior (1991) nos indica que o antropólogo serviu-se do modelo lógico4 produzido pela linguística para por meio dele, entender outras formas de comunicação social. Lévi-Strauss produziu uma revolução no pensamento filosófico e antropológico de sua época. Ao romper com o naturalismo, buscou "desbiologizar" o fenômeno antropológico, apresentando um novo olhar sobre conceitos antes atribuídos exclusivamente à biologia, como a questão da consanguinidade.

O que antes era interpretado em termos de filiação, como a questão das múltiplas práticas matrimoniais, com Lévi-Strauss passa a significar um fato social. De acordo com Dosse, a proibição não é mais reduzida a um fato puramente negativo, mas, pelo contrário, como positivo, fundador da ordem social. "O sistema de parentesco é analisado como dependente de um sistema arbitrário de representação, à maneira da arbitrariedade do signo saussuria-no" (Dosse, 2007, p. 52). A noção de sistema e a existência de uma correspondência formal entre a estrutura da língua e a do sistema de parentesco, garantiram a Lévi-Strauss aquilo que mais tarde Lacan também vai encontrar na linguística estrutural: um modelo de ciência.

 

A linguística clássica como base para a construção de uma teoria do sujeito

É sabido que as relações que Lacan estabeleceu com a linguística contribuíram de forma significativa para o avanço da psicanálise. Podemos exemplificar essa contribuição por meio da transposição e correspondência de conceitos, bem como da reinterpretação e construção de outros. Entre eles, destacamos a noção de língua, que na versão lacaniana ganhou uma forma outra daquela definida pela linguística moderna. Essa língua visada pela psicanálise recebe o nome de lalíngua, que segundo Milner (1996), é aquilo que representa a língua em sua dimensão não-toda. Em outras palavras, lalíngua é aquilo que contempla, num só golpe, a língua e o inconsciente.

Desse modo, Lacan não compete com a linguística, pois toda apropriação de conceitos relacionados a língua são desenvolvidas no campo da psicanálise. Assim, Lacan não propõe a reformulação do algoritmo saussuriano, ele produz um outro que marca uma diferença entre as duas formulações. Por isso, não há qualquer sentimento evolutivo com relação a subversão do signo saussuriano. Mas sim, um reconhecimento do seu valor teórico, já que além de servir à linguística, possibilitou a Lacan desenvolver a sua noção de significante.

No Curso Linguística Geral, Saussure (1916/2006) apresenta o signo linguístico por meio de um algoritmo composto por um conceito (significado) sob uma imagem acústica (significante) e duas flechas, uma em cada lado da fórmula, indicando a relação recíproca entre os termos. Para o linguista (1916/2006), o significado e o significante são indissociáveis e possuem uma relação recíproca frente à significação, como ilustra a metáfora do papel: "o pensamento é o anverso e o som o verso; não se pode cortar um sem cortar, ao mesmo tempo, o outro; assim tampouco, na língua, se poderia isolar o som do pensamento, ou o pensamento do som" (Saussure, 1916/2006, p. 131). O caráter científico da obra saussuriana apoia-se juntamente nessa operação, que foi, em algum grau, extrapolada pelos editores da versão-padrão do CLG. Segundo Arrivé (1999), as flechas que Lacan remove para formulação do seu algoritmo nunca foram descritas por Saussure, como pode ser verificado nos rascunhos do linguista ainda preservados no acervo da família.

Para Lacan, a preocupação é outra. Sua busca não é por um modelo científico, mas pela constituição de uma teoria do sujeito. Se Lacan anula a reciprocidade do signo é porque no seu algoritmo há uma hierarquia entre os termos. O significado assume o lugar de denominador, subordinado ao significante, agora sobre a barra, que "Lacan a lê materialmente, como a barreira que ela não é em Saussure" (Arrivé, 1999, p. 84). Uma barra que representa uma barreira à significação, uma separação radical entre o significado e significante.

 

O significante como materialidade da linguagem e condição para o advento do sujeito

Estabelecidas as diferenças na notação do signo saussuriano e do algoritmo proposto por Lacan, passemos agora para a noção de significante. De acordo com Saussure (1916/2006) "o significante linguístico; em sua 337 essência, não é de modo algum fônico; é corpóreo, constituído, não por sua substância material, mas unicamente pelas diferenças que separam sua imagem acústica de todas as outras" (p. 137-138). No seminário 17, Lacan (1969-70/2007) apresenta a seguinte definição: "todos os significantes se equivalem de algum modo, pois jogam apenas com a diferença de cada um com todos os outros, não sendo cada um, os outros significantes" (p. 93). Como podemos notar, tanto em Saussure quanto em Lacan, o significante é definido a partir das relações entre os seus termos. Desse modo, as duas definições são estruturalmente equivalentes.

Por que somente em sua estrutura? Porque para Saussure o significante não é material, diferentemente de Lacan (1955-56/2008), que o toma no sentido material da linguagem. Mas de que materialidade Lacan está se referindo, uma vez que o "significante é, enquanto tal, um significante que não significa nada?" (p. 217). Como uma substância pode assumir um valor negativo? Antes de tentarmos responder essas questões, temos de nos ocupar da arbitrariedade do signo linguístico.

De acordo com Saussure, "o laço que une o significante ao significado é arbitrário ... podemos dizer mais simplesmente: o signo linguístico é arbitrário" (1916/2006, p. 81); em outras palavras, não há nenhuma determinação do significado frente ao significante e vice-versa. Segundo Arrivé, o significante lacaniano segue o princípio da arbitrariedade proposta por Saussure, mas com uma ressalva: para Lacan, o termo arbitrário pressupõe uma decisão, e toda decisão implicaria um "decisor", ou seja, uma ação subjetiva que anularia o caráter arbitrário do signo. Por isso Lacan propõe substituir o termo arbitrário por contingente, evitando, de acordo com Arrivé, toda alusão subjetiva pressuposta no termo saussuriano. "Podemos sem dúvida anunciar que Lacan é aqui mais saussuriano do que o próprio Saussure" (Arrivé, 1999, p. 104).

Contrastando com Saussure, o significante lacaniano é concebido no campo do Outro. De acordo com Schãffer et al. "se o significante é concebido como autônomo em relação ao significado, ele irá assumir uma função completamente diferente da de significar: a de representar o sujeito e também a de determiná-lo" (2002, p. 195). Dos vários sentidos atribuídos, Lacan propõe no artigo "Subversão do sujeito e dialética do desejo" a definição do significante psicanalítico, afirmando que não existe outra:

Um significante é aquilo que representa o sujeito para outro significante. Esse significante, portanto, será aquele para o qual todos os outros significantes representam o sujeito: ou seja, na falta desse significante, todos os demais não representariam nada. Já que nada é representado senão para algo. (1966/1998, p. 833)

De acordo com a definição, podemos supor um movimento de en-cadeamento de termos, dados da seguinte maneira: significante - sujeito -significante - sujeito - etc. "Isso quer dizer que o significante lacaniano não está numa dimensão representativa, mas pertence à ordem do inconsciente (e não do mundo) que se impõe para o sujeito" (Schaffer et al., 2002, pp. 212-213). Desse modo, o significante sempre carrega consigo uma verdade, não da realidade, mas do sujeito que o enuncia. Mas que verdade? A do inconsciente, que revela algo sobre o seu desejo.

Se, segundo Lacan, "a estrutura do significante está, como se diz comumente da linguagem, em ele ser articulado" (1966/1998, p. 504), não com um significado, mas com outros significantes submetidos a uma ordem sincrónica, podemos presumir que o significante é marcado pela falta de univocidade, de significado único e, por isso, pode carregar inúmeros significados (Alves, 2002). Fato este que esclarece, desde Freud, a única regra da psicanálise, a associação livre. O analista reconhece que a palavra faz parte do código, mas, em vez de designar quem está falando, parece nos dizer algo a respeito do falante. (Fink, 1998). A apropriação lacaniana da linguagem aponta, radicalmente, na direção do sujeito e não da comunicação. Segundo Milner, Lacan não se prende a linguagem,

ele a evoca explicitamente, para abandoná-la logo no instante em que nela se detém. O ponto de referência absoluto não é a linguagem em si, nem as línguas nas quais se polimeriza, mas aquilo que a linguagem, reduzida a seu real, é o substituto. Isto é, o sujeito. (Milner, 1996, p. 73)

Se a linguagem é a condição do inconsciente, o significante lacaniano é a condição para advento do sujeito. De acordo com Miller "o sujeito não é nada antes de ser captado pela alienação significante, não é nada antes que um significante o represente - absolutamente nada" (1996, p. 157).

 

O sujeito como efeito do significante

Em psicanálise devemos diferenciar dois tipos de sujeito: o sujeito barrado, que possibilita a entrada dos significantes para sua constituição e o sujeito não barrado, que faz objeção à falta que o constitui na linguagem, dando lugar à estrutura psicótica (Miller, 1996). Diferentemente de Freud, que constrói a sua teoria embasado nas neuroses, Lacan pensa a psicanálise a partir do campo das psicoses. Por isso, o sujeito lacaniano não é o resultado de um processo "evolutivo", mas do seu fracasso, posto que sua constituição é o produto de uma falha em meio a busca pela completude.

Em Lacan, o corpo biológico morre dando lugar ao corpo verbalmente constituído. E por quem? Pelo Outro. É o significante do Outro direcionado ao bebê que o marca como Um no mundo. Segundo Miller "quanto ao que concerne ao sujeito, isso fala, no sentido de que isso fala dele. Isso fala dele antes que ele fale, antes que ele chame ou mesmo que ele grite ...antes que ele mesmo fale dele" (1996, pp. 156-157). Esse antes assinalado por Miller (1996) é o antes do corte no sujeito, do traço que o divide, tornando-o não-todo. Segundo Conté (1995), esse tempo avant é introduzido por Lacan como alienação primordial.

O lugar do Outro, imaginariamente definido pelo sujeito, é equivalente ao lugar que Descartes confere ao seu Deus não enganador, que lhe garante a existência. O Deus cartesiano não é posto em dúvida, segundo Conté (1995), Ele "é a garantia única de que a verdade existe, garantia tão mais pura na medida em que a verdade como tal poderia ser outra, se Deus assim quisesse" (p. 170). Mesmo assim, o sujeito de Descartes é evanescente, pois para se convencer de que existe, "ele precisa repetir para si mesmo as palavras 'eu penso' ... E, tão logo pare de repetir essas palavras, sua convicção inevitavelmente se evapora" (Fink, 1998, p. 64). O sujeito cartesiano está sempre em busca da confirmação de sua existência, seja pela crença na autonomia de seus pensamentos ou na existência de um Deus devotado.

Em Descartes, a luta do sujeito é pela existência, já em Lacan, no tempo da separação, o sujeito busca uma confirmação de sua singularidade, de um significante que o represente como Um frente ao Outro. Em Freud (1920-1922/2006a), essa relação foi definida como o "traço único" (einziger Zug), que segundo Kaufmann (1996) confere um valor de identidade para o sujeito, pois constitui a relação mínima entre o eu e seu objeto. Em Lacan, einzig é traduzido como unário, "para deixar bem claro que não se trata de um unificador, mas de um contável, ele mesmo visado em seu ponto inaugural" (Conté, 1995, p. 171), como uma função distintiva. Tomando a contribuição de Saussure (1916, 2006), o traço unário é a pura diferença, é aquilo que os outros não são, capaz de produzir a noção de identidade. Um exemplo é o "nome próprio", que, segundo Kaufmann (1996), "funciona como traço porque importa uma diferença pura: ele se transmite, mas não se traduz" (p. 561). É um significante que presentifica uma falta, pois no momento em que o traço é marcado o objeto se apaga e sua contagem ocorre por meio de sua ausência.

O jogo do Fort-Da, observado e descrito por Freud (1920-1922/2006a), ilustra essa ideia. No artigo "Além do princípio do prazer", o psicanalista define o jogo de seu neto como um brincar de "ir embora". O fort-da opera como uma experiência simbólica em que a criança começa a produzir um sentido singular à falta. A repetição dos movimentos de presença e ausência do carretel marca uma ação, uma atividade da criança frente à linguagem. A tentativa de produzir uma fala é uma resposta à falta, e também uma confirmação de que a criança pode seguir sem a mãe.

Segundo Lacan, "esse jogo de bobina se acompanha de uma vocalização que é característica do que é o fundamento mesmo da linguagem do ponto de vista dos linguistas, e que, por si só, permite aprender o problema da língua, a saber, uma oposição simples" (1953-1954/1983, p. 200). Mais do que pronunciar as palavras Fort/Da, que em última análise são aproximações das onomatopeias o-o-o-ó/a-a-a-á, o que está em questão é a manifestação da língua, os primeiros passos da criança rumo ao campo simbólico. "Nessa oposição fonemática, a criança transcende, introduz num plano simbólico o fenômeno da presença e ausência. Torna-se mestre da coisa, na medida em que, justamente, a destrói" (Lacan, 1953-1954/1983, p. 200).

A criança busca um representante (Repräsentanz) para a representação (Vorstellung) que lhe falta. Os representantes da representação (Vorstellungsreprasentanz) são os significantes que possibilitam o surgimento da cadeia que significa o sujeito. A ausência dos Vorstellungsreprasentanz, definidos por Lacan como (S2), mantém o significante mestre (S1) também ausente, sem significação. É a presença de S2 que garante a significação da ausência de S1 e a presença do sujeito na linguagem. "O registro do significante institui-se pelo fato de um significante representar um sujeito para outro significante" (Lacan, 1966/1998, p. 854).

É somente a partir do campo do Outro que sujeito e significante podem se encontrar. Mesmo antes de nascer, o lugar que o sujeito irá habitar já se encontra estruturado, constituído, ordenado. O sujeito é produzido por uma linguagem que o antecede e o prescreve. "O Outro é o lugar do tesouro do significante" (Lacan, 1966/1998, p. 827), isto é, os significantes que atravessam o sujeito são produzidos por um Outro discurso - o discurso do Outro; que não se reduz à fala da realidade, meramente comunicativa, mas àquilo que o discurso tenta encobrir com as palavras, a saber, o desejo inconsciente. De acordo com Lacan, "toda palavra tem sempre um mais-além, sustenta mais funções, envolve muitos sentidos. Atrás do que diz um discurso há o que ele quer dizer, e, atrás do que ele quer dizer, há ainda um outro querer dizer, e nada será nunca esgotado" ((1953-1954/1983, p. 225).

 

O significante e a função da palavra

Com Lacan, a palavra adquire a função de significante, podendo assumir diversos sentidos no discurso. Como técnica psicanalítica, a palavra obedece a outras leis que não as do discurso corrente. "Santo Agostinho argumentava - a palavra pode ser enganadora" (Lacan, 1953-1954/1983, p. 299), mas para aquele que escuta a sua enunciação, "por ser enganadora, a palavra se afirma como verdadeira" (p. 299), pois revela o sujeito do inconsciente.

Desde a experiência de Freud com Anna O., a palavra está na origem da prática psicanalítica, contudo, isso não a define como uma técnica semântica, fixada no sentido. A experiência analítica está para além do discurso, a palavra dita pelo sujeito ultrapassa, sem que ele saiba, os seus limites de sujeito da linguagem. O que interessa à psicanálise não é a palavra em si, mas sua falha, sua equivocação, que só é possível a partir da palavra plena. Segundo Lacan, "é com a palavra que se coloca em causa a palavra, e cria a dimensão da verdade" (1953-1954/1983, p. 229).

A função da palavra contempla tanto a fala verídica quanto a dissimulada, não há diferença estrutural, ambas são suscetíveis ao erro, tendo a mesma possibilidade de desvelar a verdade do sujeito. Para Lacan,

é claro que o erro só é definível em termos de verdade. Mas não se trata de dizer que não haveria erro se não houvesse verdade, como não haveria branco se não houvesse preto. As coisas vão mais longe - não há erro que não 342 se coloque e não se ensine como verdade. Em suma, o erro é a encarnação habitual da verdade. (1953-1954/1983, p. 300)

É na contradição do discurso que o erro da palavra se revela. Nesse dado momento, há um corte no discurso, uma desorganização na cadeia significante, algo sai do controle e as palavras ditas assumem um outro sentido, pois a linguagem tem vida própria. "Muitas vezes temos a sensação de que escolhemos nossas palavras, outras vezes elas são escolhidas para nós" (Fink, 1998, p. 32). O sujeito do enunciado, representante da consciência e representado pelo "eu", insiste na ilusão de que um elemento do código refere-se unicamente à mensagem, de que "um charuto é apenas um charuto", nada mais. Já o sujeito da enunciação, porta-voz do desejo inconsciente, aponta "para um falante ambivalente que diz sim e não ao mesmo tempo, que enquanto diz uma coisa, insinua outra" (Fink, 1998, p. 61).

 

Considerações finais

Reconhecemos que as relações entre a psicanálise e a linguística são complexas, mas que, segundo Milner (2010), "essas relações evoluíram; elas foram, com efeito, tão profundamente transformadas pela obra de Jacques Lacan que se pode falar, a esse respeito, de corte" (p. 2). Lacan, ao se aproximar do estruturalismo, restaura o caráter linguageiro da psicanálise e fundamenta, a partir de um modelo de pensamento que eleva as ciências humanas a um sistema lógico e formal, a teoria e a prática psicanalítica.

 

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Recebido em: 5/9/2019
Aceito em: 9/7/2020

 

 

1 Artigo derivado da dissertação de mestrado intitulada Os lugares ocupados pelo caso Dora nos quatro discursos lacanianos, de Vitor Augusto Werner dos Reis. Orientado por Fábio Lopes da Silva junto ao Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal de Santa Catarina.
2 Obra publicada postumamente sob a organização de Charles Bally e Albert Sechehaye a partir das anotações de alguns dos alunos de Saussure que frequentaram os três Cursos de Linguística Geral ministrados na Universidade de Genebra entre os anos de 1907 e 1911
3 Linguista russo, Nikolai Trubetzkoy foi um dos fundadores do "Círculo de Praga", grupo constituído por críticos literários e linguistas que se estabeleceram em Praga entre os anos de 1928 a 1939. Roman Jakobson também pertencia ao grupo.
4 Segundo Merquior (1991), esse modelo lógico baseia-se na primazia da estrutura e na ideia de que o foco da estrutura consiste num número finito de componentes.

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