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Jornal de Psicanálise

versão impressa ISSN 0103-5835

J. psicanal. vol.54 no.100 São Paulo jan./jun. 2021

 

TEMA: O QUE FAZEMOS COM O SEXUAL?

 

A simbolização do sexual no pequeno Hans

 

The symbolization of the sexual in little Hans

 

La simbolización de lo sexual en el pequeño Hans

 

La symbolisation du sexuel dans le petit Hans

 

 

Eduardo Zaidan

Membro filiado ao Instituto de Psicanálise "Durval Marcondes" da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP). Mestre em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo / zaidaneduardo@yahoo.com.br

 

 


RESUMO

Este artigo examina o caso do pequeno Hans com a finalidade de apresentar sua fobia como um trabalho de simbolização do sexual. A análise de Hans começa com a mãe, em conformidade com a teoria da angústia da época, porém migra em direção ao pai. A principal hipótese de Freud é o recalcamento das moções hostis em relação ao pai. As manifestações do Édipo negativo de Hans são exploradas. O Édipo e a castração são localizados não do lado do recalcado, mas da instância recalcante. O axioma de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem é criticado.

Palavras-chave: Freud, Laplanche, Lacan, sexual, sexualidade


ABSTRACT

This article examines little Hans's case in order to relate the child's phobia with a work of symbolization of the sexual. Hans's analysis starts with the mother, in accordance with the theory of anxiety at the time, but migrates towards the father. Freud's main hypothesis is the repression of hostile impulses towards the father. Hans's negative Oedipus manifestations are explored. Oedipus and castration are located not on the repressed side, but on the repressive instance. The axiom that the unconscious is structured like a language is criticized.

Keywords: Freud, Laplanche, Lacan, sexual, sexuality


RESUMEN

Este artículo examina el caso del pequeño Hans para presentar su fobia como una obra de simbolización de lo sexual. El análisis de Hans comienza con la madre, de acuerdo con la teoría de la angustia de la época, pero migra hacia el padre. La principal hipótesis de Freud es la represión de las mociones hostiles hacia el padre. Se exploran las manifestaciones negativas de Edipo de Hans. Edipo y castración se ubican no en el lado reprimido, sino en la instancia represora. Se critica el axioma de que el inconsciente está estructurado como un lenguaje.

Palabras clave: Freud, Laplanche, Lacan, sexual, sexualidad


RÉSUMÉ

Cet article examine le cas du petit Hans afin de présenter sa phobie comme une œuvre de symbolisation du sexuel. L'analyse de Hans commence par la mère, conformément à la théorie de l'angoisse de l'époque, mais migre vers le père. L'hypothèse principale de Freud est le refoulement des motions hostiles envers le père. Les manifestations négatives d'Œdipe de Hans sont explorées. Œdipe et castration se situent non pas du côté refoulé, mais du côté du refoulant. L'axiome selon lequel l'inconscient est structuré comme un langage est critiqué.

Mots-clés : Freud, Laplanche, Lacan, sexuel, sexualité


 

 

Neste artigo pretendemos fazer uma exposição não exaustiva do caso do pequeno Hans com o objetivo de elucidar a fobia como um trabalho de simbolização do sexual.

Na apresentação do caso clínico, a principal hipótese de Freud foi que o sintoma era o resultado do conflito com moções do complexo de Édipo positivo. Contudo, uma análise cuidadosa revela a presença massiva de elementos do complexo de Édipo negativo. Observa-se que ocorreu um recalcamento da identificação com a mãe e do amor homossexual ao pai pela ação deste e de Freud, que conduziram a criança em direção à sexualidade normativa.

Em linha com Laplanche, apresentaremos uma leitura crítica da segunda teoria da angústia de Freud pela razão de que esta considera que a angústia está do lado do recalcante. O axioma lacaniano de que o inconsciente é estruturado como uma linguagem também será criticado.

Ao contrário de Lacan, Laplanche defende que o inconsciente é desestruturado. No colóquio em Bonneval sobre o inconsciente, em 1959, Laplanche e Leclaire (1966/1981) questionaram o axioma lacaniano. Para Laplanche, o inconsciente é a condição para a linguagem.

Para ler o caso clínico, utilizamos como comentadores: Problématiques I , de Laplanche (1980/2006a); a tese de doutorado de Paulo de Carvalho Ribeiro (2000), O problema da identificação em Freud; e o Seminário IV , de Lacan (1994/1995).

 

O pequeno Hans

De acordo com Freud, Hans nasceu em abril de 1903 (1909/2015, pp. 129-130). O "grande acontecimento" de sua vida, o nascimento da irmã, ocorreu quando ele tinha exatamente 3 anos e meio, em outubro de 1906.

A neurose teria se iniciado no começo de 1908.1 Hans acordou chorando após um pesadelo (Angsttraum). Ao acordar, justificou para a mãe: "Quando eu dormia, pensei que você foi embora e que não tenho mais mamãe para fazer carinho" (Freud, 1909/2015, p. 144).

Portanto, ocorreram crises de angústia antes do aparecimento do objeto fóbico, o que tem uma relevância de um ponto de vista teórico. Em mais de um texto, Freud estabeleceu uma diferença entre Angst, Furcht e Schreck (1917/2014a, p. 523; 1920/2010a, p. 169). O primeiro, traduzido geralmente por angústia, corresponde a um estado de expectativa ao perigo, ainda que este seja desconhecido; o segundo, traduzido por medo ou temor, exige um objeto determinado; por fim, o terror ou susto está vinculado ao traumático, uma vez que enfatiza o estado de surpresa, de falta de preparo.

Outra divergência conceitual importante é entre a prontidão ou preparo para a angústia (Angstbereitschaft) e o desenvolvimento da angústia (Angstentwiklung). Não se trata, exatamente, da oposição entre angústia-sinal e angústia automática (Laplanche, 1980/2006a, p. 202), mas de uma ideia que Freud repete tanto nas Conferências introdutórias como em Além do princípio do prazer, de que a angústia protege do terror ou susto. A preparação para a angústia age a serviço da ligação (Bindung) da energia psíquica. O desenvolvimento da angústia, pelo contrário, é a irrupção de uma energia desligada.

No dia 7 de janeiro, Hans estava no parque da cidade com a babá, quando começou a chorar e pedir que o levassem para casa para fazer carinho com a mamãe. Foi apenas no dia seguinte, depois de relutar bastante, que confessou à mãe: "Eu tive medo [gefürchtet] de um cavalo me morder" (Freud, 1909/2015, p. 145). Hans fala em temer (gefürchtet), da mesma maneira que, no início do Caso clínico e análise, o pai diz que Hans tem "medo [Furcht] de que um cavalo o morda na rua..." (Freud, 1909/2015, p. 143).

Não é verdade que Freud se atenha ao termo medo (Furcht) para caracterizar o objeto fóbico de Hans, uma vez que também encontramos no texto as expressões Angst vor dem Vater e Angst vor den Pferden, que, em vez de serem traduzidas por angústia diante do pai e angústia diante dos cavalos, evidentemente foram traduzidas por medo do pai e medo dos cavalos.

O essencial não é que, dependendo do contexto, Angst possa significar angústia, ansiedade ou medo, mas que existe uma Realangst e uma neurotis che Angst. Há um desafio na tradução de Realangst, já que aqui Real é um substantivo, não um adjetivo. Ou seja, não é uma angústia real ou realista, senão estaríamos opondo-a a uma angústia que não é real. Toda angústia é real, inclusive a angústia neurótica. A questão é: de qual realidade se trata. Na angústia-real se trata de uma ameaça externa (Laplanche, 1980/2006a, pp. 51-52).

Freud assevera, com todas as palavras, que a angústia-real é uma manifestação da pulsão de autoconservação (Freud, 1917/2014a, p. 521). O problema é: como saber se aquilo que a criança teme é uma ameaça realista ou uma ameaça interna? Freud toma como exemplo a criança que teme pessoas estranhas. Embora a psicologia possa argumentar que a criança teme os estranhos por lhes atribuir más intenções, Freud ressalta que o que importa não é a presença do estranho, porém a ausência da pessoa amada: a mãe (Freud, 1917/2014a, p. 539). O estranho e a escuridão são temidos pela mesma razão, pela separação da criança de sua mãe.

Há uma precariedade das pulsões de autoconservação; seria até desejável que as crianças herdassem mais desses instintos (Instinkte) protetores da vida: "Na realidade, porém, inicialmente a criança superestima suas forças e age sem medo [angstfrei], porque desconhece os perigos" (Freud, 1917/2014a, p. 540).

Uma série de exemplos são elencados por Freud para demonstrar que as crianças se colocam constantemente em perigo, sempre dependentes de um outro para assegurar sua sobrevivência, contradizendo a perspectiva de que haveria nelas um medo instintivo agindo pelas pulsões de autoconservação. Assim, quando nos encontramos diante de uma angústia ou medo, mesmo que motivado por um perigo externo, pode-se dizer que essa angústia-real teria sempre nos seus fundamentos uma angústia neurótica (Laplanche, 1980/2006a, pp. 53-54).

Na fobia de Hans enxergamos a passagem de uma energia desligada, a crise de angústia, para o aparecimento do objeto fóbico, que cumpre de início uma função de simbolização, já que ocorre uma ligação do afeto de angústia. É isso que Lacan propõe, quando defende que Angstpferde não é uma angústia dos cavalos; é medo mesmo:

Medo de quê? Não o medo do cavalo, mas o medo dos cavalos, de modo que, a partir da emergência da fobia, o mundo lhe parece pontuado por toda uma série de pontos perigosos, pontos de alarme que o reestruturam. (1994/1995, p. 252)

Em outras palavras, a fobia é estruturante.

Encontra-se presente, até o momento, uma apresentação clínica em conformidade com a primeira teoria da angústia freudiana. Primeiro, na ausência da mãe, a libido insatisfeita se transforma em angústia. Mesmo que o objeto ansiado seja reencontrado, a angústia não pode ser reconvertida em libido. Finalmente, a angústia se fixa a um objeto, o objeto fóbico (Freud, 1909/2015. pp. 148-149).

A pergunta de Freud é pertinente: se imaginamos que o cavalo é um substituto para a mãe, então o que significa o medo que Hans tem à noite de que o cavalo entre no seu quarto? (1909/2015, p. 149). A resposta de Laplanche é esclarecedora: se o quarto representa tanto o corpo de Hans, como o seu eu, então a angústia de Hans consiste na efração do eu pelo próprio desejo ou pela própria pulsão (Laplanche, 1980/2006a, pp. 132-133).

O que é preciso ter em conta em relação à primeira teoria da angústia é a importância da perda do objeto. Na ausência deste, o sujeito se encontra impotente diante de sua própria excitação. A angústia automática, da qual Freud fará alusão em Inibição, sintoma e angústia, tem fortes laços com essa teoria. Freud escreve que a angústia "aparece, então, como reação à falta do objeto... A situação que ele avalia como perigosa, contra a qual deseja estar garantido, é a da insatisfação, do aumento da tensão gerada pela necessida de, diante da qual é impotente" (Freud, 1926/2014b, pp. 78-79).

Em uma nota acrescentada em 1923, apesar de limitar o nome com plexo de castração para os estímulos e efeitos vinculados à perda do pênis, Freud admite que o desmame e a deposição regular das fezes, e até mesmo o nascimento, são separações da mãe que servirão de protótipo para a castração; são as suas raízes (1909/2015, p. 128). Desse ponto de vista, as fases do desenvolvimento da libido podem ser consideradas uma simbolização progressiva da perda do objeto, sendo que a primeira castração, o nascimento, não é vivida subjetivamente pelo bebê como uma separação. A castração ganha um caráter intersubjetivo, tendo em vista que, no nascimento, a castração é da mãe (Freud, 1926/2014b, pp. 70-71).

No princípio, o ponto de vista econômico tinha prioridade na análise dos efeitos da perda do objeto, até que em Luto e melancolia essa teoria sofreu uma ampliação que, mais tarde, também foi desenvolvida por Melanie Klein. Com a perda do objeto bom se opera uma cisão que lançará a sombra do objeto mau sobre o sujeito, objeto que será introjetado (Laplanche, 1980/2006a, pp. 359-360). Por conseguinte, a separação não é representada como uma ausência, mas como um ataque na fantasia de um objeto mau, perseguidor. O cavalo que Hans teme atacá-lo à noite é a sua própria pulsionalidade, a energia desligada do desejo.

Na noite do dia 27 para o dia 28 de março, na fantasia da girafa grande e da girafa amassada, a suposição foi que o pai era a girafa grande, e que o sentar (draufgesetzt) na girafa amassada era provavelmente uma representação de Hans para tomar posse (Besitzergreifens) da mãe. Utilizando-se da relação etimológica entre draufsetzen, sentar em cima, e besitzen, possuir, a fantasia expressaria o triunfo de Hans sobre as queixas do pai (o grito da girafa grande) em relação a Hans vir para o quarto e se apossar da mãe (Freud, 1909/2015, pp. 160-163).

No dia 29 de março,2 Hans ofereceu outra interpretação para essa fantasia. Na verdade, a girafa grande era a mãe, enquanto a amassada era Hanna, sua irmã que ele desejava tomar posse para si (Freud, 1909/2015, p. 164). O silenciamento das associações de Hans impede de escutar o seu anseio pela gravidez.

Então, avançamos para a tarde de 30 de março em que Hans e seu pai visitaram Freud. Nessa consulta, a análise de Hans sofreu uma reviravolta: "Tivemos que admitir que não eram muitas as relações entre os cavalos que o angustiavam [ängstigte] e os sentimentos de ternura para com a mãe que se haviam mostrado" (Freud, 1909/2015, p. 165). A análise, que patinava, migra da mãe para o pai (Freud, 1909/2015, p. 260).

Até o momento, a suposição de Freud era de que a libido insatisfeita tinha se transformado em angústia. Agora, era a projeção da hostilidade ao pai que deveria ser responsável pela fobia. Notavelmente, ao final da Epícrise, Freud (1909/2015, p. 275) até mesmo avalia a sugestão de Adler de que a angústia seria o resultado do recalque da pulsão de agressão. O que faz Freud recuar dessa hipótese é que esta implicava uma dessexualização da agressividade. É no interior da pulsão sexual que devemos localizar tanto a hostilidade ao pai como o sadismo à mãe (Laplanche, 1980/2006a, p. 136).

Durante a consulta, depois que Hans afirmou que os cavalos tinham algo diante dos olhos, e a cor preta na região da boca, Freud formulará a interpretação do Édipo positivo. Para Lacan, é espantosa a posição que Freud assume: "ele assume justamente a posição que eu poderia chamar de divina - é do alto do Sinai que ele fala ao jovem Hans, e este não deixa de demonstrar que sabe disso" (Lacan, 1994/1995, p. 281).

Como um Deus ou oráculo, Freud conta para Hans ter profetizado o seu Édipo: "Muito antes dele nascer eu já sabia que haveria um pequeno Hans que iria amar tanto a sua mãe que teria medo [fürchten] do pai por causa disso, e eu havia contado isso a seu pai" (Freud, 1909/2015, p. 166). Ao final da consulta, no caminho de volta para casa, Hans perguntou ao pai: "Então o professor fala com Deus, para saber tudo antes?" (Freud, 1909/2015, p. 167).

O pai, influenciado pela interpretação de Freud, tenta convencer o filho de que não estava aborrecido com ele, no entanto, o faz no plano da realidade material, esquecendo-se de que a interpretação operava no campo da realidade psíquica.

Esse é um aspecto que Laplanche (1980/2006a, pp. 148-149) considera absurdo da segunda teoria da angústia, tal como encontramos em Inibição, sintoma e angústia e em Angústia e instintos nas Novas conferências introdutórias, a ideia de que a castração consistiria numa ameaça real, externa. A partir de 1926 ocorre uma inversão: não é o recalque que cria a angústia, porém a angústia que faz o recalque. Assim, a pulsão fica dotada de uma positividade: é o perigo externo que angustia, não a pulsão.

Enquanto na primeira teoria havia uma ligação originária entre pulsão e angústia, e secundariamente uma solda à castração, na segunda teoria a angústia só seria soldada secundariamente à pulsão por causa da ameaça externa da castração (Laplanche, 1980/2006a, pp. 142-143). No que insistirá Laplanche é que o Édipo e a castração não estão do lado do recalcado, mas do recalcante, de organizadores do jogo pulsional (Laplanche, 1980/2006a, p. 246).

Essa função estruturante da castração é o que observamos quando Freud escreve que Hans "topou com a barreira do incesto" (1909/2015, p. 165), apesar de que não era o pai real que colocava essa interdição. O pai, pelo contrário, tentava convencer Hans de que não estava aborrecido com ele, que nunca tinha o castigado (Freud, 1909/2015, p. 166). Hans não se convence com os argumentos do pai; está certo de que o pai tem raiva dele (Freud, 1909/2015, p. 213).

Ao evocar essa posição oracular, Freud introduz a preeminência da estrutura, das fantasias originárias sobre o real, sobre o empírico. O pai que Hans teme não é o pai real, nem é somente uma projeção de sua própria hostilidade; é um pai que cumpre uma função estruturante porque o pai real é insuficiente. Hans tenta evocar o pai do mito, do pai castrador que possa exercer sua função de interditor do incesto (Laplanche, 1980/2006a, p. 87). É o que escreve Lacan: "Todo o problema reside aí. Trata-se de que o pequeno Hans encontre uma suplência para este pai que se obstina em não querer castrá-lo" (1994/1995, p. 375).

Esse pai castrador aparece na tradução que o pai fez da primeira fantasia de Hans da banheira, em 11 de abril: "Eu estava na cama com a mamãe. Aí veio o papai e me expulsou. Com seu grande pênis ele me afastou [verdrängt] da mamãe" (Freud, 1909/2015, p. 193). Como diz Ribeiro: "Nada mais adequado do que o verbo verdrängen (recalcar) para descrever uma situação em que a criança é separada da mãe por intermédio de um grande pênis" (2000, p. 145).

Três dias após a consulta com Freud, pode-se dizer que Hans, em uma conversa com o pai, rejeitou as interpretações de Freud: "Por que você disse que eu gosto da mamãe, e por isso tenho medo [fürcht], se eu gosto de você?" (1909/2015, p. 168).

O que se impõe, e que foi recalcado tanto pelo pai como por Freud, é a vertente negativa do Édipo, homossexual. Freud tinha a hipótese de que parte da angústia era duplamente construída: medo do pai e medo pelo pai. A primeira se originaria da hostilidade para com o pai, enquanto a última do conflito entre hostilidade e ternura (Freud, 1909/2015, pp. 169-170). Ribeiro é bastante crítico dessa interpretação:

Hans não está às voltas com um desejo já marcado pela interdição, mas com o descobrimento gradual da inadequação de seu desejo. Em outras palavras, não se trata do desafio de uma prerrogativa do pai capaz de expor o menino à sua ira, mas de um rastreamento feito por Hans nas reações dos adultos (pai e mãe principalmente) de um verdadeiro inquirimento sobre os sinais enigmáticos de um obscuro mal-estar paterno relacionado a seu desejo e a suas fantasias. O caso do pequeno Hans não é, em princípio, a história dos efeitos de um recalcamento, mas a história da instauração de um recalcamento. Sua fobia não é propriamente o resultado de um retorno do recalcado, mas a expressão do desenrolar de um recalcamento. (2000, p. 144)

Em Inibição, sintoma e angústia permanece o recalque do Édipo negativo de Hans. Nesse texto há a afirmação espantosa de que a castração é uma angústia-real:

Mas o afeto da angústia [Angstaffekt], que constitui a essência da fobia, não vem do processo de recalque, nem dos investimentos libidinais das moções recalcadas, mas da instância recalcante mesma; a angústia [Angst] da fobia de animal é o medo da castração [Kastrationsangst] inalterado, ou seja, uma angústia-real [Realangst], angústia [Angst] ante um perigo propriamente ameaçador ou considerado real. (Freud, 1926/2014b, p. 43)

Adicionalmente, comparando Hans ao Homem dos lobos, enquanto neste último Freud entende que o que havia sido recalcado era a atitude passiva diante do pai, Hans, por outro lado, foi um "garoto normal", com um complexo de Édipo "positivo" (1926/2014b, p. 41). Podemos acompanhar Ribeiro (2000) na sua leitura de que na análise de Hans ocorreu um recalcamento da identificação com a mãe e do amor homossexual ao pai em direção ao Édipo positivo, normativo.

Apesar das "ideias antecipatórias" (Freud, 1909/2015, p. 237), a análise avança. O pai começa a notar que Hans tem medo principalmente das carruagens quando viram na frente do portão de entrada do apartamento. Hans confirma: "Eu tenho medo [fürcht] dos cavalos caírem quando a carroça vira" (Freud, 1909/2015, p. 171). Em seguida, lembra que viu um cavalo de uma carruagem-ônibus cair, que foi quando ele adquiriu a "bobagem" (Dummheit) - um significante dado por Freud (1909/2015, p. 150), no início do Caso clínico e análise, quando foi combinado com os pais que diriam ao filho que o problema com os cavalos não passava de uma tolice, de uma bobagem.

Hans afirma que se assustou porque ao cair o cavalo fez muito barulho com os pés. Surge uma nova conexão. Quando Hans tem raiva ou quando precisa fazer Lumpf (defecar), tem o hábito de fazer barulho com os pés (Freud, 1909/2015, p. 180).

Também tomamos conhecimento de que, em Gmunden, Hans brincava com as crianças de cavalo. Hans explica: "Porque eles sempre disseram 'por causa [wegen] do cavalo', 'por causa [wegen] do cavalo' (ele enfatiza o por causa [wegen]), e então eu posso ter ficado com a bobagem porque eles falavam 'por causa [wegen] do cavalo'" (Freud, 1909/2015, p. 185).

Freud recorre ao jogo de significantes para elucidar o sintoma:

E eu acrescento algo que a criança não é capaz de dizer: que a palavra wegen ["por causa"] abriu o caminho para estender a fobia do cavalo para as carroças (Wagen, ou, como Hans a ouvia pronunciada, Wägen [pronúncia semelhante a wegen]. (1909/2015, p. 186)

Ao insistir em compreender o significado de "por causa", a resistência de Hans se acentua, e o pai desiste, ao que Freud replica: "Não havia outra coisa a obter senão a relação entre as palavras, que escapou ao pai" (1909/2015, p. 187). Nesse ponto, a intervenção de Laplanche (1980/2006a, pp. 96-102) é crucial, que pergunta se o pai não tinha razão em acreditar que havia algo além da ponte verbal, o que nos exige uma digressão.

Apesar de a análise percorrer uma malha representativa, não se restringe às pontes verbais. Por que esse conjunto de representações foi escolhido no lugar de outros? O que orienta as associações? Ora, é preciso lembrar que uma energia circula pelas representações, os afetos, que dão a sustentação para o sintoma e para as formações do inconsciente. Essa energia, esse afeto, é somente um: a libido ou o desejo (Laplanche, 1980/2006a, pp. 100-101).

O que a teoria freudiana nos ensina é que o material linguístico que compõe as formações do inconsciente é, na verdade, pré-consciente. Esse material, na formação de compromisso, é ligado à energia do desejo, que é a contribuição propriamente do inconsciente.

Na concepção estruturalista de inconsciente, o que importa não é a existência de conteúdos inconscientes; o inconsciente é sempre vazio, limita-se a impor leis estruturais, a função simbólica (Lévi-Strauss, 1949/2012, pp. 289-290). Todavia, o inconsciente lacaniano não é exatamente o mesmo da ideia de estrutura lévi-straussiana, tendo em vista que "não é nem ser nem não ser, mas é algo de não realizado" (Lacan, 1973/2008, p. 37).

É claro que o inconsciente freudiano não é o mesmo que o lacaniano, o que se traduz inclusive em diferentes técnicas. A Deutung freudiana é mais realista do que o termo interpretação nos leva a crer, porque não consiste na criação de um sentido, mas de um reencontro (Laplanche, 1968/2008b, p. 23). A interpretação visa ao recalcado.

Ao contrário de Freud, para Lacan o inconsciente é onticamente evasivo: "O estatuto do inconsciente, que eu lhes digo tão frágil no plano ôntico, é ético" (1973/2008, p. 40). Essa ideia será duramente criticada por Laplanche, que enfatiza que: "O inconsciente é individual; para ser escandaloso, eu diria que está na cabeça de cada indivíduo" (1981, p. 144).

Em uma entrevista para o Departamento de Psicanálise do Instituto Sedes Sapientiae, em 1993, Laplanche especificou sua divergência com Lacan:

Para mim, há algo de muito nefasto numa psicanálise que concebe um inconsciente que não seja individual. Creio que, a partir do momento em que pensemos um inconsciente que não seja individual, isto é, que seja transindividual, como disse Lacan, a prática psicanalítica se perde, deixa de existir. (1994, p. 84)

Voltemos ao caso. Em relação à fantasia da banheira, surge uma associação com a barriga da mãe: a banheira corresponde ao ventre materno (Freud, 1909/2015, p. 198). Em seguida, Hanna, a irmã de Hans, é associada ao Lumpf, com as fezes, o que está de acordo com as equivalências simbólicas das teorias sexuais infantis (Freud, 1909/2015, p. 204). Hans só teme as carruagens-ônibus quando estão carregadas, quando estão cheias, assim como a mãe ficou carregada de Hanna quando estava grávida do bebê-Lumpf (Freud, 1909/2015, p. 223).

E, finalmente, encontramos o desejo de que ele próprio, Hans, pudesse ficar carregado e ter filhos: "Pelas anotações anteriores vê-se que Hans, desde o retorno de Gmunden, está sempre fantasiando com seus 'filhos', tendo conversas com eles etc." (Freud, 1909/2015, p. 225). Freud, em uma nota de rodapé, não se convence e nega a identificação de Hans com a mãe, com o argumento de que a criança estava apenas repetindo vivências felizes que teve junto à mãe num papel ativo. À revelia do pai e de Freud, Hans continua repetindo que sua identificação era com a mãe (Freud, 1909/2015, pp. 225-226).

A análise dá mais um passo. Quando estava tendo um Lumpf, Hans pensou que estava tendo um filho. E, quando ele viu o cavalo cair, foi como quando nasce um bebê. Freud lembra que o verbo niederkommen, dar à luz, significa literalmente vir para baixo, isto é, se conecta à queda do cavalo (Freud, 1909/2015, p. 228).

Aparece, então, a segunda fantasia da banheira. Na primeira, em 11 de abril: "Estava na banheira, aí veio o encanador [Schlosser] e desprendeu ela. Então ele pegou uma furadeira [Bohrer] e encostou na minha barriga" (Freud, 1909/2015, p. 193). Na segunda, em 2 de maio:

Veio o encanador [Installateur] e primeiro me tirou o bumbum com um alicate e então me deu outro e depois o pipi. Ele disse: Deixe eu ver o bumbum e eu tive que me virar, e tirou ele e depois disse: Deixe eu ver o pipi. (Freud, 1909/2015, p. 231)

Após essa última fantasia, Freud encerra o Caso clínico e análise com a afirmação de que "foi superada a angústia [Angst] proveniente do complexo de castração, a expectativa dolorosa transformou-se em algo mais feliz. Sim, o médico, encanador [Installateur] etc., surge e retira o pênis, mas somente para lhe dar um maior em troca" (1909/2015, p. 233).

Na Epícrise, Freud aventa a hipótese da fantasia de fecundação:

Hans traz subitamente uma nova fantasia: o bombeiro [Schlosser] ou encanador [Installateur] desatarraxou a banheira em que ele está, e encostou-lhe na barriga a sua grande furadeira [Bohrer]. A partir desse instante, nossa compreensão caminha claudicantemente atrás do material. Só mais tarde percebemos que isso é a reelaboração, distorcida pelo medo [angstentstellt], de uma fantasia de fecundação. A grande banheira com água, em cujo interior se acha Hans, é o ventre materno; a "furadeira" [Bohrer], que já o pai reconhece como um grande pênis, é mencionada por sua ligação com "nascer" [Geborenwerden]. Naturalmente soa bastante peculiar a interpretação que temos que dar à fantasia: "com seu grande pênis você me 'gebohrt' (zur Geburt gebracht) ['furou' (fez nascer)] e me pôs no ventre materno". (1909/2015, p. 262)

Primeiro, cabe notar que na primeira fantasia era um Schlosser que veio desprender a banheira, enquanto na segunda um Installateur. O primeiro termo pode ser traduzido por serralheiro.3 O segundo pode ser tanto um encanador como um eletricista. O que chamou a nossa atenção é que Schloss pode significar tanto castelo, como também fecho e fechadura. Chave, por sua vez, é Schlüssel. Não escapou a Freud, no caso Dora, observar o que a chave "abre" (1905[1901]/2016a, p. 249). Se Hans associou a banheira com o ventre materno, então o Schlosser que coloca a furadeira na barriga de Hans não estaria introduzindo nela com o seu grande pênis os bebês? A interpretação de Ribeiro avança nesse sentido: "ao contrário de ser simbolicamente reinstalado no ventre materno, Hans desejava ter em seu ventre uma pequena banheira onde seus bebês pudessem ser alojados" (2000, p. 149).

Estamos às voltas com "representações simbólicas da gravidez, e que ele não pode ter visto, na queda dos cavalos pesados ou pesadamente carregados, outra coisa que não um parto, um dar à luz [Niederkommen, literalmente, 'descer, cair']" (Freud, 1909/2015, p. 263).

Em relação à segunda fantasia, nem temos a associação de Hans, porque o pai "apreende a natureza da fantasia que envolve um desejo, e em nenhum momento duvida da única interpretação permitida" (Freud, 1909/2015, p. 231, grifo nosso).

A interpretação de Freud (1909/2015, p. 266) pressupõe uma superação do medo da castração [Kastrationsangst] a partir de uma identificação com o pai. Ribeiro se opõe novamente, entendendo que o pai retoma sua função recalcante e insiste na identificação masculina, oferecendo-se, mais uma vez, de modelo a seu filho (2000, p. 159).

Em uma nota de rodapé adicionada em 1923, Freud menciona sua descoberta da fase fálica, na qual haveria o primado do falo, que será o pano de fundo do complexo de castração (Freud, 1909/2015, p. 244). Onde Freud apenas enxergou um medo da castração, um perigo externo com um suporte filogenético, Laplanche defenderá a existência de um desejo de castração, o que retira a positividade da pulsão. Nas palavras de Laplanche: "A psicanálise, por sua vez, colocaria mais prontamente a interdição na origem do desejo do que o contrário" (1980/1983, p. 236). A interdição, por conseguinte, se encontra nas raízes mesmo do desejo humano, não podendo ser reduzida pela análise a uma relíquia anacrônica de medos infantis (Laplanche, 1967/2008a, p. 18).

Na esteira desse pensamento, Ribeiro reconhecerá em Hans o desejo de castração para poder engravidar como a mãe (2000, p. 160). No entanto, esse desejo será acompanhado da corrente contrária, tanto a ação das forças recalcantes ligadas à lei do pai, como também pela importância do pênis como fonte privilegiada de prazer.

 

Conclusão

Acompanhamos o caso do pequeno Hans para expor como a sua fobia expressa um trabalho de simbolização do sexual. O sintoma revela um duplo sentido da simbolização: de um lado, a simbolização de uma representação, de um conteúdo representativo; de outro, a fixação ou ligação de um afeto, em particular do afeto de angústia (Laplanche, 1980/1983, p. 300).

A crítica de Laplanche a Inibição, sintoma e angústia é elementar. Ao colocar a angústia do lado do recalcante, Freud apresenta uma concepção da pulsão que será desenvolvida por Anna Freud e pela psicologia do ego. Nessa escola, a pulsão é pura positividade, porque não é perigosa em si mesma, somente pelas suas consequências.

Acreditamos estar de acordo com o percurso freudiano ao afirmar que o inconsciente é o sexual, tendo em vista que, se o que é recalcado é uma representação sexual incompatível com o eu, então o recalcado é por excelência a sexualidade (Laplanche, 1970/2006b, p. 51). Não a sexualidade edípica, genital, que é estruturante, poderíamos dizer até mesmo recalcante, porém a sexualidade infantil polimorfa.

No desenvolvimento da fobia de Hans, vimos como uma série de hipóteses foram sendo formuladas, desde uma angústia em razão da separação da mãe; ao medo do pai por razão da projeção de moções hostis; ao medo pelo pai pelo conflito entre seu amor e sua hostilidade; à função estruturante do pai castrador; além do desejo de castração e da gravidez. Uma interpretação não exclui a outra em razão da sobredeterminação do sintoma.

Sem dúvida, encontramos na exposição do caso clínico uma insistência de Freud e do pai para que a criança se identificasse ao modelo masculino, recalcando sua identificação feminina.

Quanto à pergunta O que fazemos com o sexual? - não existe uma solução satisfatória. Se a sexualidade é traumática, não pelas suas consequências, não em razão da ameaça de castração externa e da repressão civilizatória, mas porque é despertada por uma sedução (Freud, 1905/2016b, pp. 144-145), o que é também dizer que a pulsão (Trieb) não se confunde com o instinto (Instinkt), logo, o traumatismo é constitutivo.

É evidente que podemos, e devemos, como Freud, criticar que a

exigência, expressa em tais proibições, de uma vida sexual uniforme para todos, ignora as desigualdades na constituição sexual inata e adquirida dos seres humanos, priva um número considerável deles do prazer sexual e se torna, assim, a fonte de grave injustiça. (1930/2010d, pp. 68-69)

O problema é que o buraco é mais embaixo, como se diz, sendo esta uma expressão bem adequada, diga-se de passagem. Em Sobre a mais comum depreciação na vida amorosa, Freud escreve: "Acho que devemos levar em conta, por mais estranho que pareça, a possibilidade de que algo na natureza da própria pulsão sexual não seja favorável à plena satisfação" (1912/2013, p. 360).

Em outra passagem, em O mal-estar na civilização, Freud afirma algo semelhante: "Há ocasiões em que acreditamos perceber que não somente a pressão da cultura, mas também algo da essência da própria função nos recusa a plena satisfação e nos impele por outros caminhos" (1930/2010d, p. 70).

Se, por um lado, a interdição do incesto encolhe cada vez mais nos costumes e nas instituições, se restringindo a apenas os parentes mais próximos, no inconsciente do sujeito observamos uma verdadeira invasão da interdição. O encadeamento lógico: "sua mãe está proibida, portanto todas as outras te são permitidas" é substituído ou é sobreposto a outro encadeamento: "sua mãe está proibida..., portanto... todas as outras estão proibidas" (Laplanche, 1967/2008a, p. 19).

Assim, a severidade do supereu não corresponde necessariamente à rigidez da educação recebida. O pai brando e indulgente pode até mesmo favorecer a formação de um supereu demasiado rigoroso (Freud, 1930/2010d, p. 101). É o que vimos em Hans, a benevolência do pai contribuiu para acentuar a ameaça do incesto.

Ao mesmo tempo que existe um trabalho da cultura, uma evolução cultural (Freud, 1930/2010d, pp. 58-59), Freud reconhece, para além da cultura, uma característica que parece estrutural: "podemos dizer que a intenção de que o homem seja 'feliz' não se acha no plano da 'Criação'" (1930/2010c, p. 30).

O pessimismo freudiano não se restringe à afirmação de que a civilização requer uma limitação da vida sexual, mas de que: "Os homens, ao buscarem a felicidade, entendida dessa forma positiva, não se dão conta de que buscam o impossível, exatamente pela razão de que todo o seu aparelho psíquico está estruturado para atingir outra finalidade" (Monzani, 2005, p. 165).

Essa finalidade - lembrando que Freud utiliza o termo Ziel para nomear a meta ou alvo da pulsão - é o conservadorismo da nossa vida pulsional, o que leva Freud a concluir que "o objetivo [Ziel] de toda vida é a morte" (1920/2010a, p. 93).

Essa estrutura do aparelho psíquico então é justamente a ideia de que o modelo de funcionamento do inconsciente não é de vida, é de morte (Laplanche, 1970/2006b, p. 93). O princípio que rege o inconsciente é mortuário - visa à evacuação absoluta da energia psíquica.

Com a concepção de homem freudiana, não é à toa a maneira como Freud encerra O mal-estar na civilização: "Mas quem pode prever o sucesso e o desenlace?" (1930/2010d, p. 122).

 

Referências

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Recebido em: 22/2/2021
Aceito em: 22/4/2021

 

 

1 Há um lapso na edição da Companhia das Letras, na página 144, pois declara que Hans tinha 3 anos e 9 meses nos primeiros dias de 1908, quando na verdade tinha 4 anos e 9 meses.
2 Novamente, há um lapso na edição da Companhia das Letras, que escreve 19 de março.
3 Agradecemos a Paulo César de Souza por nos esclarecer essa tradução. Na época de Freud, Schlosser era também encanador, porque as tubulações eram de ferro ou chumbo. Por isso a edição Standard inglesa utiliza plumber. O tradutor não confirmou uma relação entre Schlosser e chave, até porque em alemão não há um correspondente ao chaveiro, uma vez que quem faz esses serviços são firmas (Schlüsseldienst).

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